UOL,11/03/2012
Soldado americano comete massacre de civis no Afeganistão
Fawad PeikarEm Cabul
Um membro do conselho administrativo local, Agha Lalay, informou à Agência Efe que entre as vítimas há mulheres e crianças, e que o militar americano abriu fogo contra as pessoas após deixar sua base, localizada no distrito de Panjwai, por razões desconhecidas.
A Força Internacional de Assistência para Segurança (Isaf, missão militar da Otan no Afeganistão) divulgou no começo da manhã um comunicado no qual lamentou "um incidente que causou vítimas afegãs" e expressou suas condolência às famílias dos envolvidos. A nota informou que o autor do "incidente" havia sido detido, mas não revelou o número de vítimas causadas por sua ação. O texto também não indicou o motivo que o teria levado a cometer o massacre, sobre o qual a Isaf anunciou que abrirá uma "investigação".
O porta-voz da Isaf em Cabul, Justin Brockhoff, confirmou à Efe a detenção do militar, e declarou que "segundo os relatórios preliminares não houve mortos, apenas feridos".
Por outro lado, em declarações à agência local "AIP", um porta-voz do movimento talibã, Qari Muhammad Yousaf Ahmadi, afirmava que 45 civis haviam morrido no incidente e que não havia se tratado de uma ação individual.
"Não foi obra de um soldado só, mas de vários que entraram nas casas para matar as pessoas", disse o porta-voz insurgente, que garantiu que em apenas um povoado tinham morrido 11 membros da mesma família.
Berço do movimento talibã na década de 1990, Kandahar é um dos principais redutos dos insurgentes, que contam com a simpatia popular na província e a transformaram em palco frequente de operações armadas.
Em declarações dadas ao canal de televisão local "Tolo", o porta-voz do Ministério de Interior afegão Sediq Sediqi fez um apelo à calma, e pediu à população de Kandahar que permaneça tranquila até que "o incidente seja esclarecido".
O massacre ocorreu em meio a um forte clima antiamericano no Afeganistão registrado após a queima do Corão por soldados dos Estados Unidos no final de fevereiro na base de Bagram, próxima a Cabul e a principal da Otan em solo afegão. Cerca de 30 pessoas morreram na repressão das manifestações de protesto convocadas em diversos pontos do Afeganistão contra a profanação, que o comando americano lamentou e atribuiu a "um equívoco".
Um total de 130 mil soldados estrangeiros permanecem no Afeganistão após o começo da retirada gradual do contingente da Otan desdobrado no país, de acordo com um calendário que está previsto que termine em 2014. O processo coincide com uma dos períodos mais sangrentos do conflito iniciado há mais de uma década.
Além disso, abre incógnitas sobre o futuro do Afeganistão diante do fracasso das tentativas de iniciar um processo de negociação entre o governo do presidente Hamid Karzai e o movimento talibã, para garantir a paz no país
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