sexta-feira, 23 de março de 2012

Em time que está perdendo não se mexe

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Convenção tucana em SP: vence a desagregação?


Por Saul Leblon


O sociólogo Alberto Carlos Almeida não esconde preferências políticas e ideológicas. Membro do corpo de analistas do Instituto Millenium, ao lado dos não menos explícitos Merval Pereira e Demetrio Magnoli, entre outros, Almeida nomeou, em sua coluna no Valor, de 09-03, quem, no seu entender, deveria liderar o embate da oposição contra o PT, em 2014. E explicitou como fazê-lo. "Não existe nada mais correto do que o que Aécio está fazendo. Ele sabe que aqueles que hoje são oposição a Dilma vão votar nele de qualquer maneira em 2014. O que o ex-governador de Minas quer é o voto daqueles que atualmente votariam em Dilma. O líder dos tucanos não deseja que o atual eleitorado de Dilma se afaste dele. A melhor maneira de evitar isso é não bater muito forte no governo da presidente", recomenda.

Depois de elogiar Margareth Thatcher pelos seus 12 anos no poder, 'de sucesso absoluto', o sociólogo aecista volta as baterias contra o que considera a principal ameaça ao êxito tucano em 2014: José Serra. O tema retornaria à coluna desta 6ª feira, antevéspera da convenção municipal em que o PSDB de SP escolhe o candidato à Prefeitura, sendo Serra o favorito.

Não há trégua e o título vai direto ao ponto: 'Com Serra, o PSDB só tem a perder'. No que se segue, fica claro que, mesmo vitorioso domingo, ninguém acredita que o candidato da derrota conservadora ficará circunscrito aos limites municipais. Todos admitem que a prefeitura de SP é só a cortina de fumaça de um objetivo que o coloca em rota de colisão frontal com Aécio. O texto do sociólogo aecista ilustra o que vem por aí: uma guerra de extermínio, da qual a disputa de domingo é só um aquecimento .

Trechos: "Caso Serra seja o escolhido nas prévias do PSDB para concorrer à Prefeitura de São Paulo, será também escolhido o mais novo lema do partido: em time que está perdendo não se mexe. A pior forma de solidão é a companhia de José Serra. É por isso que o PSDB está na iminência de cometer mais um erro político: escolhê-lo como candidato a prefeito de São Paulo. O candidato derrotado por Dilma Rousseff de maneira acachapante não prima por ser um homem partidário. Não custa lembrar o que ele fez na última eleição para prefeito de São Paulo: apoiou um candidato de outro partido, Gilberto Kassab, fazendo tudo para que Geraldo Alckmin, o candidato do PSDB, fosse derrotado. É impressionante que haja tucanos dispostos a apoiar um político que fez isso. (...) Serra jamais defendeu o que foi realizado por Fernando Henrique Cardoso.

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(...) O ponto culminante desse comportamento antipartidário foi quando Serra colocou em sua propaganda eleitoral de 2010 ninguém menos do que Lula (...) Serra é tão desagregador que a simples colocação de seu nome como pré-candidato já resulta em uma importante cizânia interna. No último fim de semana foi amplamente noticiada pela mídia uma discussão pública entre o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, e o senador Aloysio Nunes. O motivo do conflito público, obviamente, gravitava em torno de Serra. (...) Assim, caso o PSDB o escolha candidato a prefeito em 2012, estará optando por perder a eleição qualquer que seja o resultado dela. É uma obviedade que, se o candidato Serra perder, se tratará de mais uma derrota para os tucanos. Porém, se Serra for eleito, também será uma derrota. Uma vez na prefeitura e diante da eleição para governador de Estado em 2014, caso Kassab seja candidato enfrentando Alckmin, o prefeito da capital vai apoiar Kassab. Ele já fez isso uma vez, o que torna mais fácil ainda fazer uma segunda vez. (...)

Serra prefeito será uma pedra no sapato de Aécio Neves. (...) Quanto a uma eventual vitória de Serra nas prévias, Lula e o PT agradecem. Afinal, o PSDB terá consagrado seu mais novo lema: "Em time que está perdendo não se mexe".

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