segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Violência toma cidades da Inglaterra. Jovens fazem ataquesem plena luz do dia

Pessoal, isto tem tudo a ver com a crise do sistêmica do capitalismo.
Este rapaz que foi morto por policiais na última quinta-feira, em Tottenham, foi o estopim da bomba que está há muito armada, tal qual o tunisino que se autoimolou foi o das revoltas nos países árabes,

Esta garotada não enxerga um futuro na sociedade em que vivem. São os sem educação, sem trabalho, sem esperanças... Os filhos do neoliberalismo.


E outro aspecto que devemos observar é que as coisas lá na Inglaterra não é um caso isolado de uma localizade. A violência explosiu já em diversas cidades, tal qual ocorreu aqui no Brasil faz poucos anos quando dos ataques do PCC.


O que o PIG e aqueles que sofrem de complexo de vira-lata têm a dizer disto?



UOL, 08/08/2011 - 16h36

8.ago.2011 - Prédio incendiado no bairro de Tottenham é isolado pela polícia.
Revoltas que explodiram na noite de sábado no bairro se espalharam para outras regiões de Londres na noite de domingo,
que foi marcada por saques e violência em ruas da cidade. Max Nash/AP


No 3º dia, distúrbios chegam a um dos bairros mais violentos de Londres

Do UOL Notícias*
Em São Paulo

O bairro de Hackney, em Londres, foi palco nesta segunda-feira para novos confrontos entre a polícia e um grupo de jovens que saquearam lojas e atacaram ônibus. O local possui uma das taxas de criminalidade mais altas do Reino Unido. De acordo com as informações da rede de televisão BBC, os distúrbios se desencadearam depois que a polícia efetuou algumas apreensões na rua, o que causou a reação de um grupo de encapuzados que passaram a enfrentar os agentes lançando pedras e garrafas. Segundo o jornal britânico "The Guardian", o prefeito de Londres, Boris Johnson, confirmou que retornará à cidade nesta terça-feira (9) para tentar resolver a crise. Mais de 200 pessoas já foram presas.
As imagens aéreas da rua Mare, uma das vias principais do bairro, mostravam como os manifestantes utilizavam pedaços de madeira para quebrar vitrines e janelas de alguns ônibus. Uma unidade policial antidistúrbios confrontava o grupo, enquanto três helicópteros das forças de segurança sobrevoavam a região. “Eu vi carros sendo queimados, nós vimos um ônibus pegar fogo e explodir. Nossas casas ficaram cheias de fumaça”, disse Marcia Simmons, 37, moradora do bairro. Outros bairros atingidos pelos distúrbios nesta segunda-feira foram Lewisham e Peckham. Em Lewisham, grupos de jovens ateou fogo em dois carros e em contêineres, enquanto as ruas adjacentes foram cortadas pela polícia. No bairro de Peckham, também no sudeste de Londres, um ônibus foi queimado, segundo uma porta-voz do serviço de transportes de Londres.
Os protestos que explodiram na noite de sábado no bairro de Tottenham já se espalharam para outras regiões de Londres, como Brixton, no sul, e Oxford Circus, no centro turístico da capital britânica. Estima-se que o prejuízo causado pelos danos seja superior a 115 milhões de euros. Em Brixton, palco de conflitos violentos nos anos 80 e 90, jovens quebraram vidros, atacaram carros da polícia, incendiaram latas de lixo e lojas. Segundo informações da polícia, os jovens – que usavam capuzes para encobrir seus rostos – se organizaram por meio do Twitter e de mensagens no celular, que agora estão sendo monitorados pela polícia na tentativa de prever onde os protestos vão ocorrer.
O vice-prefeito de Londres, Kit Malthouse, disse que a violência era culpa de um pequeno número de criminosos motivados pela ganância, e não pela conduta da polícia ou de problemas sociais mais amplos causados pela lenta recuperação econômica do Reino Unido. “Isso é um grupo relativamente pequeno de pessoas dentro de nossa comunidade em Londres que... francamente estão procurando coisas para roubar. Eles estão escolhendo tipos de lojas específicas, porque querem um novo par de tênis ou o que for”, disse ele à rede Sky News.
Os distúrbios começaram após um protesto pela morte de Mark Duggan, 29. Ele foi morto por policiais na última quinta-feira, em Tottenham, depois de ser abordado em um táxi por uma unidade que investiga crimes com armas de fogo no bairro. Os policiais não divulgaram detalhes do suposto tiroteio, em que um policial também foi ferido à bala, mas prometeram uma investigação.
*Com informações da Efe, Reuters e Associated Press

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O Globo OnLine, 08/08/2011 às 17h11m


Violência na sede olímpica

Jovens fazem ataques em plena tarde em bairros na periferia de Londres; Violência chega a Birmingham


O GloboCom agências internacionais

Brixton amanhece com vidraças quebradas e lojas saqueadas nesta segunda-feira/Reuters

LONDRES - A promessa de justiça rápida da Scotland Yard e a prisão de 215 pessoas não foram suficientes para inibir novos ataques na periferia de Londres em plena luz do dia. Grupos de jovens atacaram nesta segunda-feira os bairros de Hackney, Peckham, Lewisham, Croydon e Kilburn. A violência também se alastrou para além da capital, chegando a Birmingham, segunda cidade mais populosa do país. É a primeira vez que os confrontos entre moradores e policiais ocorrem de dia, desde a ação de vandalismo, no sábado, em Tottenham. Diante dos ataques, o prefeito de Londres anunciou que vai interromper suas férias e retornar à cidade.
Em imagens transmitidas ao vivo pela TV inglesa, era possível ver os manifestantes quebrando vidraças de lojas e restaurantes e ateando fogo em carros e até prédios. Usando capuzes para esconder o rosto, os jovens ainda jogaram pedaços de madeira nos policiais, que tentavam fazer uma barreira na região. Segundo os primeiros relatos, a confusão teria começado durante uma operação de busca da Scotland Yard em Hackney. De acordo com jornal "The Guardian", trens não estão parando na estação do bairro e ônibus precisaram ser desviados.Em Peckham, Croydon e Lewinsham, no subúrbio londrino, também foram registrados saques em lojas e ataques a ônibus. Em Kilburn, no noroeste da capital, 20 pessoas foram presas.
Segundo o "Guardian", cerca de 200 jovens entraram em confronto com policiais no Centro de Birmingham e vitrines foram quebradas. Um cordão de isolamento foi instalado ao redor do shopping center Bullring. A polícia local disse que mais agentes foram convocados para trabalhar depois que trocas de mensagens na Internet alertavam para uma mobilização na cidade.

Carro pega fogo em Hackney, nesta segunda-feira/Reuters

No domingo, os conflitos se espalharam por outros bairros da cidade, além de Tottenham, onde um grupo de jovens protestou violentamente contra a morte de Mark Duggan, morador do bairro de 29 anos, baleado numa troca de tiros com policiais na quinta-feira passada. Ao todo, 35 policiais ficaram feridos, nove só na madrugada passada.A Scotland Yard classificou de "atos de vandalismo" os últimos episódios na periferia na capital inglesa. O comissário assistente da polícia metropolitana de Londres, Stephen Kavanagh, disse que agentes estão deixando, voluntariamente, as férias para trabalhar. Kavanagh descreveu a onda de protestos como um "comportamento lamentável, que está destruindo a vida e os negócios" dos londrinos e prometeu justiça rápida. Como a expectativa é que os conflitos continuem à noite, um esquema especial está sendo montado.
Grupos de jovens saquearam lojas de eletrodomésticos, de celulares e de roupa em Enfield, ao norte, em Walthamstow, ao leste, e em Brixton, ao sul da capital inglesa. Também foram registrados problemas em Islington, também ao norte, e em Oxford Circus, no centro comercial londrino. O vice-primeiro-ministro britânico, Nick Clegg, condenou os ataques deste domingo, classificando-os de "atos oportunistas de violência e roubo, que não têm nada tem a ver com a morte de Marl Duggan".
Ainda que os incidentes de domingo não tenham alcançado o nível de violência que a cidade viveu no sábado em Tottenham, o anúncio de centenas de prisões é visto como uma estratégia da Scotland Yard, que espera que as numerosas detenções inibam novos atos de vandalismo.
Com os Jogos Olímpicos marcados para o ano que vem, Londres vive os piores conflitos sociais dos últimos 30 anos, e o medo da falta de segurança assombra a cidade sede das Olímpiadas. Em comunicado divulgado neste domingo, o prefeito de Londres, Boris Johnson, afirmou ter "total confiança na polícia e no fato de que Londres continua sendo uma das cidades mais seguras do mundo".
Os primeiros incidentes de domingo começaram ainda na tarde de ontem em Edmonton. Mas, segundo a BBC, os piores conflitos aconteceram em Brixton, onde a falta de policiamento deu liberdade a vários grupos que assaltassem diversas lojas, entre elas a cadeia H&M e restaurantes do Mc Donald's. Ainda não foi esclarecido se foi um problema de estratégia da Scotland Yard ou se a corporação está sem homens para cobrir a periferia de Londres, já que parte do efetivo está de férias. Policiais de várias partes do país foram deslocados para a capital inglesa.


 

Explode panela de pressão social nos subúrbios de Londres


Wilson Sobrinho, correspondente da Carta Maior em Londres

Se alguém pudesse argumentar motivações de justiça social por trás do protesto que deu origem à rebelião em Tottenham, no norte de Londres, no início da noite de sábado, menos de 24 horas depois essas razões já tinham sido vaporizadas quando os bairros de Enfield, Walthamstow, Islington e Brixton vivenciaram saques, quebra-quebra e violência gratuita (1). Porém, mesmo que qualquer política estivesse longe dos objetivos dos jovens que passaram a chuvosa noite de domingo em Londres quebrando vitrines de lojas de calçados esportivos e artigos eletrônicos, os resultados das decisões políticas ainda eram visíveis para qualquer um que olhasse com mais atenção para a trilha de destruição.

Uma semana antes dos eventos que entram para a história de Londres como as piores rebeliões em quase três décadas, um jovem negro da comunidade de Tottenham alertava, em um vídeo produzido pelo The Guardian, para a grande panela de pressão que haviam se tornado as ruas da capital Britânica em seus bairros mais desfavorecidos economicamente. “As ruas de Londres são duras, existem muitas gangues e crimes. E quando os clubes juvenis se foram eles acabaram cortando as raízes e as conexões dos jovens. Eles ficaram sem ter para onde ir... E é por isso que tem mais crime nas ruas: não há nada para se fazer.” Ele termina em tom de alerta: “Vai ter rebelião”. (2)

Os clubes juvenis a que ele se refere são centros comunitários onde jovens ingleses podem aprender profissões, praticar esportes, compor e gravar música e, acima de tudo, ficar longe das ruas e da influência das gangues, um problema particular em áreas mais carentes e afastadas do centro da mais rica capital europeia. “Se você cortar as atividades de Verão dos jovens, tão certo como a noite segue o dia, você vai ver aumento na criminalidade”, disse o professor John Pitts (3) ao The Guardian, no dia 26 de julho, dias depois do começo das férias escolares de verão. “ Meu nervosismo é que esses membros de gangues que estavam na escola irão para as ruas. Junte isso a cortes nos serviços que eles usam e menos assistentes sociais que podem mediar a situação, e essas ruas estarão muito mais perigosas e eu imagino que o nível de crime e violência irá aumentar”, disse em tom quase premonitório.

De acordo com o jornal, ainda que as médias dos cortes orçamentários apresentados no plano de austeridade do governo conservador tenha ficado em 28%, algumas das autoridades locais estão cortando de 70 a 80% do orçamento de programas sociais destinados a jovens. Um bom exemplo disso é a sub-prefeitura de Haringey, onde fica o bairro de Tottenham, cujo orçamento desses serviços foi dizimado por um corte de 75% e oito de um total de treze desses centros foram fechados nos últimos meses.
“Em um nível mais simples”, diz Pitts, “isso significa um aumento no vandalismo e no comportamento antisocial. Em longo prazo, se você retirar a proteção do estado então haverá um aumento da influência dos grupos para cobrir esse vácuo”.

E foi exatamente o que se viu nas ruas londrinas – principalmente na noite de domingo. Gangues juvenis aproveitando o clima de caos, e a certeza de que a polícia não poderia conter tantos ataques simultâneos, para praticar crimes. Não há nada de político ou organizado nisso – tão somente caos e anarquia patrocinados por adolescentes sem perspectivas de futuro. O início do processo porém difere em gênero. Uma centena de pessoas se reuniu em frente à delegacia de Tottenham para exigir da polícia respostas pela ação que culminou na morte de Mark Duggan, na quinta-feira anterior. Duggan, de 29 anos, foi baleado e morto pela polícia em circunstâncias não-esclarecidas em um táxi próximo à estação de trem de Tottenham. Uma comissão policial investiga o caso.

NOTAS
(1) BBC News: London riots: timeline of violence

(2) The Guardian (vídeo): Haringey youth club closures: 'There'll be riots'

(3) Knife crime and gang violence on the rise as councils reduce youth services

(4) We warned Tottenham situation could get out of control – community leaders
 

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