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13 de agosto de 2014
Porque os conservadores preferem Marina
Por Paulo Moreira Leite
A falta de cerimônia exibida por tantos colunistas conservadores para emplacar Marina Silva de qualquer maneira como candidata presidencial do PSB, menos de 24 horas depois da morte de Eduardo Campos, é um sintoma de vários elementos da campanha de 2014.
O maior é o receio de que Aécio Neves já tenha chegado a seu limite eleitoral – muito longe daquilo que seria necessário para dar a seus aliados esperanças reais de vencer o pleito – e é preciso encontrar um atalho para tentar derrotar Dilma. Desse ponto de vista, a oportunidade-Marina veio a calhar.
Ao contrário de Aécio Neves, herdeiro identificado com o mais tradicional conservadorismo brasileiro, onde até a denúncia de caráter moral se compromete com a descoberta da pista de aeroporto de R$ 14 milhões na fazenda do tio-avô, Marina consegue apresentar-se como candidata do “novo.”
Uma década de esforço permanente para criminalizar a política a pretexto de combater a corrução não poderia deixar de produzir resultados. O mais visível deles, na campanha de 2013, é Marina.
Foi adotada por eleitores , especialmente jovens, sem partido político, para quem todo político é ladrão e só pensa em se arrumar. Basta reparar quais foram partidos que Marina frequentou e quais aliados cultivou ao longo de sua já longa existência política para ponderar o que há de verdade e de mentira nessa visão – mas este é assunto para um longo debate politico, destinado a proteger e recuperar nossos valores democráticos.
Basta registrar que sua assessoria é formada por economistas que transformaram a austeridade e o baixo crescimento num horizonte de busca permanente, usando o argumento ecológico como instrumento para impedir o crescimento econômico. Veja só. Ao contrário de conservadores tradicionais, partidários de políticas de austeridade por um período determinado, para derrubar a inflação, por exemplo, eles defendem o baixo crescimento como um valor em si. Sei que é meio difícil de acreditar, num país que tem tanto emprego para criar, tanta infraestrutura para desenvolver, tanta carência para sanar. Mas é verdade.
Referindo-se a preservação ambiental, o mais conhecido deles, Eduardo Gianetti da Fonseca, já foi capaz de dizer que é preciso combater o consumo excessivo…de carne e leite. Juro. Para ele, como ninguém respeita os padrões ambientais, é preciso encarecer o preço dessas proteínas para que o consumo seja reduzido. Está lá, no livro “O que os economistas pensam sobre sustentabilidade,” página 72 e seguintes:
“Comer um bife é uma extravagância do ponto de vista ambiental. O preço da carne vai ter de ser muito caro, o leite terá de ficar mais caro. Tudo o que tem impacto ambiental vai ter de embutir o custo real e não apenas monetário. Essa é a mudança decisiva.” Aderindo a palavra de ordem do candidato vizinho de palanque, que falou em medidas impopulares, Gianetti admite na mesma entrevista: “O caminho que estou propondo é sofrido.”
Seu parceiro ideologico, André Lara Rezende, advoga ideias curiosas, próprias de quem admite uma postura de subordinação entre nações. Para ele “a questão Estado-Nação ficou ultrapassada.” Depois de apontar para um futuro onde uma catástrofe ecológica capaz de reduzir a humanidade para 500 milhões de pessoas (hoje somos sete bilhões) já se tornou “irreversível” e “tangível”, Lara Rezende advoga o baixo crescimento, também, mas adverte: “crescimento material com Ecologia é difícil.” É certo que uma candidata com essas ideias teria uma vida difícil no PSB, partido nascido à sombra de Miguel Arraes, o líder popular que resistiu a ditadura de forma exemplar, chegando a ser preso em Fernando de Noronha para não entregar o cargo que os generais de 64 pretendiam lhe tomar. Imagine esses cidadãos no comando da política econômica um partido que pede votos em sindicatos de trabalhadores e que, em 2014, conseguiu apoio de lideranças operárias de tradição, como Ubiraci Dantas de Oliveira, o veterano Bira, metalúrgico de São Paulo, que já era possível encontrar em comícios do 1o de maio no final dos anos 1970, e que hoje é dirigente da CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil).
Ninguém deve ignorar que Marina e Eduardo Campos fizeram um casamento de conveniências quando a presidente da ex-Rede ficou sem partido. Campos lhe abriu uma legenda, na esperança de receber uma necessária transferência de votos. Marina conquistou um palanque, indispensável para quem corria o risco de ficar calada em 2014. Mostrando uma grande capacidade política para agregar apoios e somar contrários, Eduardo Campos transformou-se no grande ponto de equilíbrio político dentro do PSB. Era o protetor de Marina, o que pedia tolerância para suas opiniões e divergências. Querer usar a tragédia do Guarujá para alterar a natureza desse acordo é cometer uma violência. Numa comparação abusada, mas que faz sentido do ponto de vista das diferenças entre PSB e a Rede, o verdadeiro partido de Marina, seria igual a chamar Michel Temer para ser titular na chapa do PT — caso Dilma Rousseff fosse impedida de disputar a presidência por uma razão qualquer.
Um elemento a favor da escolha de Marina não chega a ser especialmente “novo,” como gostam de enxergar seus aliados. Espera-se que, com sua popularidade, ela ajude o partido a engordar a bancada de parlamentares, estaduais e federais. Isso costuma acontecer, mas nem sempre. Em 2010, num caso clínico de sucesso individual, Marina chegou perto de 20% dos votos como candidata presidencial mas não conseguiu acrescentar um único novo parlamentar à bancada do Partido Verde — desempenho que está na origem de boa parte de suas dificuldades para permanecer no PV.
Ainda assim, a popularidade de Marina provoca justo temor no PSDB, pois pode transformar-se numa candidatura capaz de atropelar Aécio e jogá-lo para terceiro lugar e fora da campanha no segundo turno, o que seria, para os tucanos, uma derrota pior que todas as outras desde 2002. Para o PT, a recíproca, no caso, também é verdadeira. Para o QG da campanha petista, o cenário ideal – fora a hipotética vitória em primeiro turno, cada vez menos realista – é enfrentar Aécio Neves numa segunda votação.
Os petistas sempre estiveram convencidos de que, num segundo turno, a maioria dos parlamentares, dirigentes e eleitores do PSB não serão capazes de abandonar a própria história para votar no PSDB, que sempre denunciaram como partido conservador, e farão o caminho de volta para uma aliança com o PT. Era com essa possibilidade que Dilma e Lula sempre trabalharam nos últimos meses. Evitaram atitudes hostis e indelicadas, reservado a artilharia mais pesada para Aécio. Qualquer mudança, neste horizonte, irá atrapalhar os planos de Dilma.
E é por isso que nossos conservadores já apostam em Marina.
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Conversa Afiada, 15/08/2014
Blablá vai enterrar os socialistas
Por Paulo Henrique Amorim
Por Paulo Henrique Amorim
Bláblárina tem primeira função de levar a eleição ao segundo turno.
E, portanto, dar ao jornal nacional o poder de decidir a eleição.
Se eleita, a função que a Direita conferiu à Bláblárina é destruir o legado trabalhista.
E, portanto, nas duas tarefas, enterrar o PSB.
Bláblá não tem nada de Socialista ou Trabalhista.
Ela é Verdista, o que, no Brasil, não elege um vereador.
Que ninguém nos ouça, mas o brasileiro prefere a motosserra e a hidrelétrica, porque gosta de emprego e luz elétrica, e, não, do Greenpeace ou de bagre.
O legado político de Bláblá é uma mistureba trevosa, de um sub-pentecostalismo pre-luterano, misturado com obscurantismo moralista e farisaico.
Ela se fez naquela que foi a mais suja das campanhas presidenciais, sob a regência do Místico da Móoca, o Padim Pade Cerra, que fazia aborto no Chile, mas aqui, não.
Bláblá não tem representatividade. Não tem nada embaixo.
Ela é um instrumento da Direita, contra Lula e Dilma.
Movida pelo ódio a Dilma.
O PSB não precisa mais conviver com a extemporânea ambição de Eduardo Campos.
O PSB não tinha chance, sozinho.
O PSB só tem viabilidade sob o guarda-chuva do trabalhismo e de Arraes.
E foi que disseram as notas fúnebres de Dilma e Lula.
Bláblá significa o definitivo rompimento do PSB com seu passado e futuro.
A matriz nordestina do PSB, desde Arraes, olha para a Bláblá como um ET que não diz coisa com coisa, nem com legenda.
Bláblá é uma aventura da Direita – e dela.
Se for eleita Presidente, o primeiro aliado que ela jogará no lixo será o Socialismo.
Porque governará com o PSDB e o PMDB !
E a Globo !
Bláblá era um corpo estranho no PSB, fruto de um de vários erros de cálculo de Eduardo.
Ela é um corpo estranho, ponto.
E, portanto, ideal para um Golpe.
Ou um putsch pela televisão.
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