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Jornal do Brasil, 06/08/2014
A 'crise' e os lucros
Jornal do Brasil
Nunca, em tempo algum de nossa história, os bancos privados brasileiros lucraram tanto quanto no último semestre.
Anunciou-se, ontem, que o Itaú Unibanco obteve o lucro de nove bilhões e trezentos e dezoito milhões de reais. Em cifras: 9.318.000.000,00.
Na semana passada, o Bradesco já havia anunciado o maior lucro líquido contábil de sua história para este período do ano, de 3,778 bilhões no segundo trimestre de 2014, 9,7% superior ao verificado nos três primeiros meses do ano, e 28,1%, maior que o obtido no segundo trimestre de 2013.
O Santander lucrou mais de 1 bilhão de reais no primeiro semestre, aumentando os lucros que manda para fora do país, para sua sede na Espanha, que deverão ficar ainda maiores depois da "recompra" com notório prejuízo para os investidores, de suas ações lançadas em bolsa há quatro anos.
Grande parte do lucro dos bancos foi auferida com os empréstimos consignados, nos quais a inadimplência é zero; com medidas do governo destinadas a aumentar a oferta de crédito; com a aplicação em títulos públicos; e a cobrança de serviços, muitas vezes, escorchante, aos seus correntistas.
Quando se fala em abusos do sistema bancário privado, vem à memória dos historiadores o veto oposto pelo presidente Andrew Jackson, à renovação da patente do Banco dos Estados Unidos, controlado pelos aristocratas da Filadélfia. Jackson havia sido eleito pelo povo contra um deles, Henry Clay, com o projeto de exercer o poder executivo em sua plenitude, acima do legislativo e do judiciário. Defensor dos fazendeiros e da incipiente indústria manufatureira, Jackson fora eleito contra o poderoso apoio que Nicholas Biddle, presidente do Banco, dava a seu competidor, em 1828.
Ao assumir a presidência, em 1829, Jackson decidiu não renovar a patente do Banco dos Estados Unidos, e foi contrariado pela decisão do Congresso, reafirmada pela Suprema Corte de antecipar a renovação do privilegio. "Assim como o Sol nasceu para todos - disse Jackson - o governo deve defender os que trabalham em suas fazendas e em suas indústrias. O papel dos bancos é o de promover o bem-estar comum."
Daí nasceu a sua controvertida doutrina, segundo a qual o chefe do poder executivo interpreta a Constituição como quiser: desde que seu juramento - ao assumir o cargo - é o de cumpri-la conforme a sua consciência .
Os bancos públicos existem para reaplicar seus ganhos em ações sociais e de desenvolvimento. Os bancos privados para dar lucros obscenos a seus acionistas controladores e a seus executivos. E para emitir - por meio de "analistas" e "entendidos" - notas desacreditando o país, como fez o Santander.
O extraordinário lucro dos bancos, que se multiplicou por várias vezes nos últimos anos, na esteira do crescimento do emprego, da renda, da safra agrícola, da produção de automóveis, do crédito e do consumo, é o maior desmentido à repetida falácia de que o país está em crise - e endossa as afirmações feitas, ontem, pelo Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, lembrando que não existe crise em um país que está com o mais baixo desemprego da história; que a inflação se encontra controlada; e que a queda das expectativas de crescimento econômico é um fenômeno planetário, que atinge, igualmente, países desenvolvidos e em desenvolvimento de todas as regiões do mundo.
Nunca, em tempo algum de nossa história, os bancos privados brasileiros lucraram tanto quanto no último semestre.
Anunciou-se, ontem, que o Itaú Unibanco obteve o lucro de nove bilhões e trezentos e dezoito milhões de reais. Em cifras: 9.318.000.000,00.
Na semana passada, o Bradesco já havia anunciado o maior lucro líquido contábil de sua história para este período do ano, de 3,778 bilhões no segundo trimestre de 2014, 9,7% superior ao verificado nos três primeiros meses do ano, e 28,1%, maior que o obtido no segundo trimestre de 2013.
O Santander lucrou mais de 1 bilhão de reais no primeiro semestre, aumentando os lucros que manda para fora do país, para sua sede na Espanha, que deverão ficar ainda maiores depois da "recompra" com notório prejuízo para os investidores, de suas ações lançadas em bolsa há quatro anos.
Grande parte do lucro dos bancos foi auferida com os empréstimos consignados, nos quais a inadimplência é zero; com medidas do governo destinadas a aumentar a oferta de crédito; com a aplicação em títulos públicos; e a cobrança de serviços, muitas vezes, escorchante, aos seus correntistas.
Quando se fala em abusos do sistema bancário privado, vem à memória dos historiadores o veto oposto pelo presidente Andrew Jackson, à renovação da patente do Banco dos Estados Unidos, controlado pelos aristocratas da Filadélfia. Jackson havia sido eleito pelo povo contra um deles, Henry Clay, com o projeto de exercer o poder executivo em sua plenitude, acima do legislativo e do judiciário. Defensor dos fazendeiros e da incipiente indústria manufatureira, Jackson fora eleito contra o poderoso apoio que Nicholas Biddle, presidente do Banco, dava a seu competidor, em 1828.
Ao assumir a presidência, em 1829, Jackson decidiu não renovar a patente do Banco dos Estados Unidos, e foi contrariado pela decisão do Congresso, reafirmada pela Suprema Corte de antecipar a renovação do privilegio. "Assim como o Sol nasceu para todos - disse Jackson - o governo deve defender os que trabalham em suas fazendas e em suas indústrias. O papel dos bancos é o de promover o bem-estar comum."
Daí nasceu a sua controvertida doutrina, segundo a qual o chefe do poder executivo interpreta a Constituição como quiser: desde que seu juramento - ao assumir o cargo - é o de cumpri-la conforme a sua consciência .
Os bancos públicos existem para reaplicar seus ganhos em ações sociais e de desenvolvimento. Os bancos privados para dar lucros obscenos a seus acionistas controladores e a seus executivos. E para emitir - por meio de "analistas" e "entendidos" - notas desacreditando o país, como fez o Santander.
O extraordinário lucro dos bancos, que se multiplicou por várias vezes nos últimos anos, na esteira do crescimento do emprego, da renda, da safra agrícola, da produção de automóveis, do crédito e do consumo, é o maior desmentido à repetida falácia de que o país está em crise - e endossa as afirmações feitas, ontem, pelo Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, lembrando que não existe crise em um país que está com o mais baixo desemprego da história; que a inflação se encontra controlada; e que a queda das expectativas de crescimento econômico é um fenômeno planetário, que atinge, igualmente, países desenvolvidos e em desenvolvimento de todas as regiões do mundo.
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