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Carta Maior, 25/08/2014
De que solidariedade nos fala a União Europeia?
Por Emir Sader
Porta vozes da União Europeia reclamam contra países latino-americanos que aceitaram exportar produtos alimentícios e laticínios para a Rússia, como alternativa a exportações para a Europa e os EUA. Queriam que fôssemos solidários com ele nas sanções que impõem à Rússia pela questão da Ucrânia.
É uma expressão mais de como a Europa está fechada sobre si mesma, sem se dar conta do que acontece no mundo, menos ainda na América Latina e, talvez, nem sequer do que acontece na própria Europa.
Quando solicita um tipo de solidariedade com os países que perdem mercado na Rússia, não se sabe muito bem por que razão a América Latina teria que ser solidaria com a UE e com os EUA, que decidiram sanções contra a Rússia, sem nenhum tipo de consulta com a América Latina. Por acaso acreditam que existe ainda alguma forma de alinhamento automático dos países do “Ocidente” com eles, como se fossem lideres “naturais” desta parte do mundo?
Eles tomaram medidas por sua própria conta e agora querem que países latino-americanos – Brasil, Argentina, Equador, Chile – se somem a decisões deles, deixando de defender seus próprios interesses. Supõe que seus inimigos são nossos inimigos e que eles são, por definição, nossos amigos?
Já há muito tempo a Europa optou por ser aliado subalterno dos EUA. Vários governos latinoamericanos decidiram por um caminho oposto: contra o modelo neoliberal ainda vigente na Europa e contra a hegemonia imperial norteamericana e a favor de um mundo multipolar.
Talves nem se dêem conta da importância das resoluções da reunião dos Brics, na recente reunião no Brasil, assim como da reunião dos Brics com o Mercosul e com a Celac. Ensimesmadas e pegas na armadilha pela crise ucraniana, não sabem que o mundo caminha na direção oposta à que eles tomaram.
Tão encerrada em seus enormes problemas que parece que a Europa não se dá conta da tristemente acelerada decadência da Europa. Depois de ter construído o Estado de bem estar social, um dos mais generosos e democráticos sistemas que a história já conheceu, essa mesma Europa se põe agora, dolorosa e cruelmente, a destruí-lo.
Depois de ter acenado, em alguns momentos, para uma liderança alternativa à dos EUA e com alianças com regiões como a América Latina, a Europa decidiu aderir ao modelo neoliberal – de que a política de austeridade é expressão direta – e à posição subalterna em relação aos EUA. As sanções à Rússia são produto dessa postura, com a qual a America Latina não tem por que ser solidária.
Ao contrário, nós somos solidários com as vítimas das políticas de austeridade na Europa. Solidários com a África e com a Ásia, na resistência às políticas imperiais dos EUA, às quais a Europa se associa. Não nos peçam solidariedade com essa política de adesão a Washington na sua política imperial.
Nós, ao contrário, estamos construindo outro tipo de sociedade, distinta do neoliberalismo, outro mundo possível, fundado no desenvolvimento com inclusão social - como dizia o lema da reunião dos Brics no Brasil, - e não na estagnação com exclusão – como faz tristemente a Europa.
Por Emir Sader
Porta vozes da União Europeia reclamam contra países latino-americanos que aceitaram exportar produtos alimentícios e laticínios para a Rússia, como alternativa a exportações para a Europa e os EUA. Queriam que fôssemos solidários com ele nas sanções que impõem à Rússia pela questão da Ucrânia.
É uma expressão mais de como a Europa está fechada sobre si mesma, sem se dar conta do que acontece no mundo, menos ainda na América Latina e, talvez, nem sequer do que acontece na própria Europa.
Quando solicita um tipo de solidariedade com os países que perdem mercado na Rússia, não se sabe muito bem por que razão a América Latina teria que ser solidaria com a UE e com os EUA, que decidiram sanções contra a Rússia, sem nenhum tipo de consulta com a América Latina. Por acaso acreditam que existe ainda alguma forma de alinhamento automático dos países do “Ocidente” com eles, como se fossem lideres “naturais” desta parte do mundo?
Eles tomaram medidas por sua própria conta e agora querem que países latino-americanos – Brasil, Argentina, Equador, Chile – se somem a decisões deles, deixando de defender seus próprios interesses. Supõe que seus inimigos são nossos inimigos e que eles são, por definição, nossos amigos?
Já há muito tempo a Europa optou por ser aliado subalterno dos EUA. Vários governos latinoamericanos decidiram por um caminho oposto: contra o modelo neoliberal ainda vigente na Europa e contra a hegemonia imperial norteamericana e a favor de um mundo multipolar.
Talves nem se dêem conta da importância das resoluções da reunião dos Brics, na recente reunião no Brasil, assim como da reunião dos Brics com o Mercosul e com a Celac. Ensimesmadas e pegas na armadilha pela crise ucraniana, não sabem que o mundo caminha na direção oposta à que eles tomaram.
Tão encerrada em seus enormes problemas que parece que a Europa não se dá conta da tristemente acelerada decadência da Europa. Depois de ter construído o Estado de bem estar social, um dos mais generosos e democráticos sistemas que a história já conheceu, essa mesma Europa se põe agora, dolorosa e cruelmente, a destruí-lo.
Depois de ter acenado, em alguns momentos, para uma liderança alternativa à dos EUA e com alianças com regiões como a América Latina, a Europa decidiu aderir ao modelo neoliberal – de que a política de austeridade é expressão direta – e à posição subalterna em relação aos EUA. As sanções à Rússia são produto dessa postura, com a qual a America Latina não tem por que ser solidária.
Ao contrário, nós somos solidários com as vítimas das políticas de austeridade na Europa. Solidários com a África e com a Ásia, na resistência às políticas imperiais dos EUA, às quais a Europa se associa. Não nos peçam solidariedade com essa política de adesão a Washington na sua política imperial.
Nós, ao contrário, estamos construindo outro tipo de sociedade, distinta do neoliberalismo, outro mundo possível, fundado no desenvolvimento com inclusão social - como dizia o lema da reunião dos Brics no Brasil, - e não na estagnação com exclusão – como faz tristemente a Europa.
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