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Carta Maior, 27/08/2014
Marina, o xale, o relho e o lombo
Por Saul Leblon
Imagine o seguinte roteiro espetado nas entranhas de uma agremiação política de esquerda:
Um jatinho carregando um candidato a Presidente da República e mais seis pessoas espatifa-se em Santos no dia 13 de agosto.
Todos os seus ocupantes morrem.
A caixa preta do avião está muda.
Uma outra caixa preta, porém, passa a emitir sinais intrigantes no curso das investigações.
A aeronave, descobre a Polícia Federal, não tem dono conhecido. Sua documentação é ilegal.
O partido do candidato morto não contabilizou o seu uso na prestação de contas ao TSE.
AF Andrade - empresa que aparece como última proprietária no registro da Anac, tirou o corpo fora.
Afirma que já havia repassado o avião a outro empresário, que o emprestou para um outro, ligado à campanha do presidenciável morto.
Um labirinto típico das rotas do dinheiro frio desenha-se então nas provas de um suposto leasing do avião, envolvendo pagamentos feitos por laranjas que vão de uma peixaria de Recife a escritórios localizados em lugar nenhum...
Entre as poucas pistas sabe-se que a autorização de uso na campanha teria sido feita pelo empresário João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e o empreendedor Apolo Santana Vieira.
Vieira responde a processo criminal por sonegação fiscal na importação fraudulenta de pneus pelo Porto de Suape, que fica no estado de origem do candidato morto no acidente.
A fraude gerou prejuízo de R$ 100 milhões aos cofres públicos de Pernambuco, de acordo com os autos da Justiça Federal.
Na verdade, segundo PF, duas aeronaves usadas pela candidatura agora liderada pela ex-senadora Marina Silva foram arrendadas pela mesma Bandeirantes Pneus, de Pernambuco, de propriedade do mesmo Vieira, incriminado no mesmo processo milionário de sonegação.
O valor do jatinho equivale a uma taxa de 20% sobre o total da fraude de que Vieira é acusado.
Em sua defesa, o empresário alega que apenas manifestou interesse na compra do avião, mas a operação de transferência não chegou a ser efetivada. E devolve a bola ao ponto inicial do labirinto: a empresa AF Andrade - que aparece como proprietária no registro da Anac...
Repita-se: imagine esse roteiro espetado nas entranhas de uma agremiação política de esquerda. Ademais dos registros incontornáveis, que tem sido feitos, reconheça-se, que tipo de campanha ensejaria nas fileiras dos savonarolas da mídia, do colunismo da indignação seletiva e das togas justiceiras?
Estamos no campo da ‘nova política’, porém.
E isso altera de forma significativa as fronteiras da tolerância ética.
Se ainda restava alguma dúvida sobre o que significa esse termo ela foi dissipada no debate da Bandeirantes desta 3ª feira pela sua expressão auto- nomeada, Marina Silva, que fez uma empolgada defesa da ‘elite brasileira’.
Ademais dos elogios à progenitora programática, Neca do Itaú, a candidata do PSB creditou ao dono da Natura, o milionário Guilherme Leal, outro esteio da ‘nova política’, um epíteto sonoro: ‘uma pessoa que dedicou a vida ao desenvolvimento sustentável’.
É mais ou menos como dizer que o bilionário Warren Buffet –que agora investe na interação entre Burguer Kings e a rede canadense de rosquinhas Tim Hortons- faz parte da elite humanitária, por dedicar a vida à luta contra a fome.
Marina é o PSDB de xale.
E nisso reside o seu potencial; ao mesmo tempo, a sua vulnerabilidade.
O xale enlaça o desejo justo e difuso por ‘mudança’.
Um jatinho carregando um candidato a Presidente da República e mais seis pessoas espatifa-se em Santos no dia 13 de agosto.
Todos os seus ocupantes morrem.
A caixa preta do avião está muda.
Uma outra caixa preta, porém, passa a emitir sinais intrigantes no curso das investigações.
A aeronave, descobre a Polícia Federal, não tem dono conhecido. Sua documentação é ilegal.
O partido do candidato morto não contabilizou o seu uso na prestação de contas ao TSE.
AF Andrade - empresa que aparece como última proprietária no registro da Anac, tirou o corpo fora.
Afirma que já havia repassado o avião a outro empresário, que o emprestou para um outro, ligado à campanha do presidenciável morto.
Um labirinto típico das rotas do dinheiro frio desenha-se então nas provas de um suposto leasing do avião, envolvendo pagamentos feitos por laranjas que vão de uma peixaria de Recife a escritórios localizados em lugar nenhum...
Entre as poucas pistas sabe-se que a autorização de uso na campanha teria sido feita pelo empresário João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e o empreendedor Apolo Santana Vieira.
Vieira responde a processo criminal por sonegação fiscal na importação fraudulenta de pneus pelo Porto de Suape, que fica no estado de origem do candidato morto no acidente.
A fraude gerou prejuízo de R$ 100 milhões aos cofres públicos de Pernambuco, de acordo com os autos da Justiça Federal.
Na verdade, segundo PF, duas aeronaves usadas pela candidatura agora liderada pela ex-senadora Marina Silva foram arrendadas pela mesma Bandeirantes Pneus, de Pernambuco, de propriedade do mesmo Vieira, incriminado no mesmo processo milionário de sonegação.
O valor do jatinho equivale a uma taxa de 20% sobre o total da fraude de que Vieira é acusado.
Em sua defesa, o empresário alega que apenas manifestou interesse na compra do avião, mas a operação de transferência não chegou a ser efetivada. E devolve a bola ao ponto inicial do labirinto: a empresa AF Andrade - que aparece como proprietária no registro da Anac...
Repita-se: imagine esse roteiro espetado nas entranhas de uma agremiação política de esquerda. Ademais dos registros incontornáveis, que tem sido feitos, reconheça-se, que tipo de campanha ensejaria nas fileiras dos savonarolas da mídia, do colunismo da indignação seletiva e das togas justiceiras?
Estamos no campo da ‘nova política’, porém.
E isso altera de forma significativa as fronteiras da tolerância ética.
Se ainda restava alguma dúvida sobre o que significa esse termo ela foi dissipada no debate da Bandeirantes desta 3ª feira pela sua expressão auto- nomeada, Marina Silva, que fez uma empolgada defesa da ‘elite brasileira’.
Ademais dos elogios à progenitora programática, Neca do Itaú, a candidata do PSB creditou ao dono da Natura, o milionário Guilherme Leal, outro esteio da ‘nova política’, um epíteto sonoro: ‘uma pessoa que dedicou a vida ao desenvolvimento sustentável’.
É mais ou menos como dizer que o bilionário Warren Buffet –que agora investe na interação entre Burguer Kings e a rede canadense de rosquinhas Tim Hortons- faz parte da elite humanitária, por dedicar a vida à luta contra a fome.
Marina é o PSDB de xale.
E nisso reside o seu potencial; ao mesmo tempo, a sua vulnerabilidade.
O xale enlaça o desejo justo e difuso por ‘mudança’.
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