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Blog do Santayana, 06/08/2014
A VIVO, a TIM e a GVT
Por Mauro Santayana
A
compra da GVT pela Telefónica, caso seja concretizada, evidenciará duas coisas:
a irresponsável entrega do mercado nacional para uma empresa estrangeira, e a
total inexistência, no Brasil, de uma política de defesa da concorrência digna
desse nome.
Disposta a consolidar, a ferro e fogo, seu controle
sobre o mercado brasileiro de telecomunicações, a Telefónica da Espanha, dona
da Vivo, volta agora sua cobiça para a GVT.
Segundo anunciado pela imprensa europeia, a empresa
ofereceu ontem à Vivendi francesa, pouco mais de 20 bilhões de reais pelas
operações da GVT no Brasil.
Antes, já tentara tomar, indiretamente, parte do
controle da TIM, com a compra de participação acionária em sua matriz. As
ligações entre a Telefónica e a Telecom Itália, que estaria também interessada
na compra da GVT, são apenas a ponta do iceberg do mercado mundial de
telecomunicações: um negócio gigantesco, no qual meia dúzia de sujeitos, donos
de meia dúzia de grandes empresas privadas, explora centenas de milhões de
consumidores, levando dinheiro, a cada vez que eles usam um telefone fixo, um
computador, um celular ou uma televisão.
As únicas nações que escapam disso, dessa verdadeira
escravidão digital, são aquelas que mantiveram suas próprias telecoms - grandes companhias de telecomunicações - nas
mãos do estado, como fez a China, por exemplo, dona da maior empresa de
telecomunicações do mundo, condição da qual o Brasil abdicou ao esquartejar e
vender, majoritária e criminosamente a estrangeiros, a área de prestação de
serviços da Telebras, no final dos anos
1990.
A Telefónica ganhou, líquidos, no primeiro semestre de
2014, dois bilhões e seiscentos e cinquenta milhões de reais no Brasil,
triplicando, entre abril e junho, os lucros do primeiro trimestre, que foram de
660 milhões de reais. Além dos bilhões que envia todos os anos para a Espanha,
a empresa, que deve centenas de milhões de reais ao BNDES, ainda cobra “juros”
sobre o capital de sua subsidiária brasileira, que pelo que se prevê, chegarão,
em 2015, a quase 100 milhões de euros.
É preciso lembrar ao CADE – Conselho Administrativo de
Defesa Econômica, ao Congresso, à imprensa e à sociedade, que, na área de
telecomunicações, o que o Brasil precisa não é de uma situação de virtual
cartel, com grandes empresas estrangeiras controlando cada vez mais nosso
mercado, mas de novos concorrentes, que possam oferecer serviços melhores e a
um custo menor para um público que já
paga, por péssimos serviços, segundo organizações internacionais, das maiores tarifas
de telefonia celular do mundo.
No Brasil, o que precisávamos, desde o início, era de
uma empresa privada 100% nacional que pudesse fazer isso, ou que a TELEBRAS
tivesse sido mantida no mercado para fazer frente aos espanhóis, italianos e
mexicanos que para aqui vieram na década de noventa.
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