segunda-feira, 23 de julho de 2012

Brasil antecipou calendário Maia

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BRASIL ANTECIPOU CALENDÁRIO MAIA
 
 
José Paulo Vieira
Diretor do SINAL/SP 

 
Uma mostra da agilidade dos economistas brasileiros: em setembro de 2011 o mundo caiu. Isso ocorreu após a decisão do COPOM de 31/8 de reduzir a taxa básica de juros, de 12,5% a.a. para 12,0% a.a. Frise-se: uma redução de 0,5%.
O nosso BC teve de atravessar um corredor polonês de críticas, a grande maioria pautadas por nível semelhante nos quesitos elegância e fundamentação.
"Uma decisão imprudente, temerária, sem correspondência com a realidade"; disparou Mailson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda e sócio da Tendências Consultoria Integrada, concluindo que "a medida reflete uma pressão que o Banco Central, "submisso‟, não soube resistir" (Infomoney, 1.9.2011).
"Foi uma decisão precipitada e desnecessária, que põe em dúvida a autonomia do BC"; sentenciou o ex-diretor de Política Monetária do BC Luís Eduardo Assis, atual presidente da Fator Seguradora (O Estado de SP, 2.9.2011). 
"O Banco Central está atuando como um apostador de cassino",  fuzilou Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC e ex-economista-chefe do ABN/Real e do Santander Brasil (Agência Estado, 1.9.2011).
"Decisão foi "equivocada‟ e mostrou certa imprudência do colegiado do BC" foi a sentença de Gustavo Loyola, outro ex-dirigente do BC sócio da Tendências (Agência Estado, 1.9.2011). Pelos dados e pelo cenário que temos hoje,  a queda foi, no mínimo, sem juízo! julgou E.Campos, com o destaque: "O Fim da Credibilidade" (Valor, 1.9.2011)

SERÁ QUE O BC ERROU TANTO?
A primeira resposta veio do seio do próprio mercado: "O mercado calou hoje os analistas que classificaram como erro histórico a decisão do Copom". A forte alta (6ª consecutiva) da Bolsa de Valores de São Paulo refletiu "a percepção dos investidores de que, com juros mais baixos, as empresas encontrem melhores condições para crescer. O mercado parece ter entendido que a discussão sobre se o governo pressionou ou não o Banco Central a reduzir a taxa era uma discussão estéril diante dos efeitos práticos do corte na Selic" (Agência Estado, 1.9.2011).
Apesar do título da reportagem "Imprensa internacional também alerta para as pressões políticas" (O Estado de SP, 2.9.2011) uma análise mais detida permite constatar que a imprensa internacional foi bastante mais ponderada em suas conclusões do que a brasileira. 
 
 
IMPRENSA INTERNACIONAL MOSTROU MAIOR EQUILÍBRIO O Financial Times afirma que a decisão do Banco Central brasileiro inspira "admiração, medo e ciúme".
Wall Street Journal afirma que o corte de 0,5 ponto na Selic pode ser o início de uma "ampla campanha para conter os efeitos da crise internacional".
The Economist analisa que o Brasil migra de uma situação de política fiscal frouxa e política monetária ortodoxa para uma fase de aperto fiscal e relaxamento monetário.
Cf.
O Estado de SP, 2.9.2011.
 
A reação dos analistas brasileiros foi tão forte que mesmo o decano jornalista Clóvis Rossi se impressionou: "É espantosa a histeria desatada pela decisão do Banco Central de reduzir a taxa de juros". (Folha de SP, Editorial, 2.9.2011).
Na mesma linha o Valor Investe (do Valor Econômico, 6.9.2011) deu destaque aos comentários de um grande banqueiro, entre os quais vale destacar: (1) "estou cansado das viúvas do juro alto". Para ele, (2) "o Brasil tem uma escola ultraconservadora de política monetária"; (3) " assumem riscos na ponta altista [dos juros], de derrubar crescimento e inflação". Paradigmática esta conclusão vinda de um banqueiro:
 
(4) "a falta de credibilidade (do BC) significa basicamente ir contra os interesses dos rentistas e contra as apostas dos especuladores que acham que o Brasil é um grande cassino". Conclusão dos analistas „frios e corretos‟...
Reportagem da mesma semana...
"qualquer análise fria e correta (seja por parte de operadores ou economistas) mostrava que a queda de juros por parte do Copom era praticamente descartável".
Isso "me faz perder a credibilidade no BC: a decisão foi claramente política!"
Eduardo Campos, Valor Econômico, 1.9.2011
Valor Econômico/ Valor Investe, 6.9.2011: Tratado sobre a cegueira dos consultores Sub título: Qualquer operador de juros que se preze sabia do corte (isso já estava „precificado‟ pelo mercado)

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