quarta-feira, 25 de julho de 2012

Os EUA e suas ficcções

<b>CORINGA:</b> James Holmes, o atirador que matou 12 pessoas na estreia de 'Batman' nos EUA, fez a primeira aparição ontem diante de um juiz para procedimentos legais

(23/07/2012) CORINGA: James Holmes, 
o atirador que matou 12 pessoas na estreia de 'Batman' nos EUA,
em primeira aparição diante de um juiz para procedimentos legais 
23/07/2012

OS EUA E SUAS FICÇÕES



Por Mauro Santayana

(HD)- Os EUA, enquanto sociedade, sempre transitaram entre a fantasia e a realidade. A construção do mito americano e a sua disseminação pelo mundo, foram essenciais para o “american way of life” e a vitória sobre os soviéticos na Guerra Fria. Usando o cinema como arma de propaganda e cooptação cultural, os Estados Unidos, de Tom Mix a John Wayne, sempre exploraram o mito do cavaleiro solitário, que é rápido no gatilho e vive à margem do sistema, embora, na verdade, Calamity Jane tenha morrido de alcoolismo, Buffallo Bill, de um problema renal, e Bat Masterson, do coração.
O cidadão típico norte-americano acredita piamente nisso, e de vez em quando sua convicção no individualismo vai além da crença, e explode como as bombas do “Unabomber” John Kaczynski, ou do veterano da Guerra do Golfo Timothy McVeigh, que implodiu em 1995 o Edifício Federal de Olklahoma City, com centenas de pessoas em seu interior.
Do hábito de fantasiar o passado de seus mitos os norte-americanos passaram a dar-lhes outras dimensões, mediante a ficção dos quadrinhos, com o aparecimento, em 1938, do Super-Homem, e, não por acaso, um ano antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial. O menino de Krypton seria logo seguido de uma longa linhagem de seres dotados de identidades secretas e super-poderes, e alguns deles, como o Capitão América e o Príncipe Submarino, seriam convocados para combater, no plano da fantasia, os inimigos externos dos Estados Unidos.
Com o tempo, os roteiros e os vilões tornaram-se complexos, soturnos e psicologicamente mais bem estruturados. E a utilização de atores como Danny De Vito e Jack Nicholson para interpretá-los elevou a um outro patamar o que antes estava – teoricamente – dirigido apenas ao público infantil. O cinema foi criado para que fantasia se sobrepusesse à realidade. Mas, de vez em quando, fantasia e realidade, neste novo mundo dominado pela ânsia da ilusão e do escapismo, tornam-se unidimensionais por um instante, e a tragédia eclode – lá e no resto do mundo.
Foi o que aconteceu na semana passada, em uma sala de cinema de shopping center de Aurora, na região de Denver, no Colorado. Como no título do filme, Batman – O Cavaleiro Negro ressurge das Trevas, um universitário de 24 anos, mascarado e vestido de preto, explodiu duas bombas de fumaça e gás lacrimogêneo dentro do cinema, trinta minutos depois do início do filme, e atirou, em seguida, a esmo, matando doze pessoas e ferindo mais de cinquenta, entre elas crianças. Preso pouco depois, fortemente armado, no estacionamento, o matador, James Holmes, identificou-se como o “Coringa”. Apanhadas, como moscas em uma teia de aranha, entre a ilusão e o fato, muitas vítimas foram atingidas por ter continuado onde estavam, acreditando que tudo aquilo era parte do espetáculo. O mundo necessita voltar à realidade.

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Jornal do Brasil, 25/07/2012

EUA: acusado enviou caderno com plano de massacre a psiquiatra

James Holmes, o homem acusado de abrir fogo em um cinema de Aurora, matar 12 pessoas e ferir 59 na última sexta-feira, enviou pelo correio a um psiquiatra da Universidade do Colorado um caderno com os detalhes de como planejava executar o massacre. A correspondência, no entanto, permaneceu fechada em uma sala até a última segunda-feira, quando o crime já tinha ocorrido, segundo publica em seu site nesta quarta-feira a Fox News.
A polícia e o FBI foram contatados por membros do campus de Medicina de Anschutz na manhã da última segunda-feira depois que o psiquiatra, professor da faculdade, relatou ter recebido um pacote que considerou suspeito. Embora essa primeira correspondência fosse inofensiva, buscas no campus levaram a outro pacote, também endereçado ao professor e enviado por Holmes.
"Dentro do pacote havia um caderno com detalhes sobre como ele ia matar as pessoas", disse uma fonte ouvida pela Fox. "Havia desenhos do que ele ia fazer, ilustrações do massacre", concluiu.
A correspondência estaria na universidade desde o dia 12 de julho, mas as fontes ouvidas pela Fox não souberam dizer porque ela ainda não havia chegado às mãos do psiquiatra. A emissora americana também não sabe ainda se o professor conhecia Holmes, que havia abandonado o programa de doutorado em neurociência.

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