(23/07/2012) CORINGA: James Holmes,
o atirador que matou 12 pessoas na estreia de 'Batman' nos EUA,
em primeira aparição diante de um juiz para procedimentos legais
23/07/2012
OS EUA E SUAS FICÇÕES
Por Mauro Santayana
(HD)- Os EUA, enquanto
sociedade, sempre transitaram entre a fantasia e a realidade. A construção do
mito americano e a sua disseminação pelo mundo, foram essenciais para o
“american way of life” e a vitória sobre os soviéticos na Guerra Fria. Usando o cinema como
arma de propaganda e cooptação cultural, os Estados Unidos, de Tom Mix a John
Wayne, sempre exploraram o mito do cavaleiro solitário, que é rápido no gatilho
e vive à margem do sistema, embora, na verdade, Calamity Jane tenha morrido de
alcoolismo, Buffallo Bill, de um problema renal, e Bat Masterson, do
coração.
O cidadão típico
norte-americano acredita piamente nisso, e de vez em quando sua convicção no
individualismo vai além da crença, e explode como as bombas do “Unabomber” John
Kaczynski, ou do veterano da Guerra do Golfo Timothy McVeigh, que implodiu em
1995 o Edifício Federal de Olklahoma City, com centenas de pessoas em seu
interior.
Do hábito de fantasiar
o passado de seus mitos os norte-americanos passaram a dar-lhes outras
dimensões, mediante a ficção dos quadrinhos, com o aparecimento, em 1938, do
Super-Homem, e, não por acaso, um ano antes da eclosão da Segunda Guerra
Mundial.
O menino de Krypton
seria logo seguido de uma longa linhagem de seres dotados de identidades
secretas e super-poderes, e alguns deles, como o Capitão América e o Príncipe
Submarino, seriam convocados para combater, no plano da fantasia, os inimigos
externos dos Estados Unidos.
Com o tempo, os
roteiros e os vilões tornaram-se complexos, soturnos e psicologicamente mais bem
estruturados. E a utilização de atores como Danny De Vito e Jack Nicholson para
interpretá-los elevou a um outro patamar o que antes estava – teoricamente –
dirigido apenas ao público infantil.
O cinema foi criado
para que fantasia se sobrepusesse à realidade. Mas, de vez em quando, fantasia e
realidade, neste novo mundo dominado pela ânsia da ilusão e do escapismo,
tornam-se unidimensionais por um instante, e a tragédia eclode – lá e no resto
do mundo.
Foi o que aconteceu na
semana passada, em uma sala de cinema de shopping center de Aurora, na região de
Denver, no Colorado. Como no título do filme, Batman – O Cavaleiro Negro
ressurge das Trevas, um universitário de 24 anos, mascarado e vestido de
preto, explodiu duas bombas de fumaça e gás lacrimogêneo dentro do cinema,
trinta minutos depois do início do filme, e atirou, em seguida, a esmo, matando
doze pessoas e ferindo mais de cinquenta, entre elas crianças. Preso pouco
depois, fortemente armado, no estacionamento, o matador, James Holmes,
identificou-se como o “Coringa”. Apanhadas, como moscas em uma teia de aranha,
entre a ilusão e o fato, muitas vítimas foram atingidas por ter continuado onde
estavam, acreditando que tudo aquilo era parte do espetáculo.
O mundo necessita
voltar à realidade.
.....
Jornal do Brasil, 25/07/2012
EUA: acusado enviou caderno com plano de massacre a psiquiatra
A polícia e o FBI foram contatados por membros do campus de Medicina de Anschutz na manhã da última segunda-feira depois que o psiquiatra, professor da faculdade, relatou ter recebido um pacote que considerou suspeito. Embora essa primeira correspondência fosse inofensiva, buscas no campus levaram a outro pacote, também endereçado ao professor e enviado por Holmes.
"Dentro do pacote havia um caderno com detalhes sobre como ele ia matar as pessoas", disse uma fonte ouvida pela Fox. "Havia desenhos do que ele ia fazer, ilustrações do massacre", concluiu.
A correspondência estaria na universidade desde o dia 12 de julho, mas as fontes ouvidas pela Fox não souberam dizer porque ela ainda não havia chegado às mãos do psiquiatra. A emissora americana também não sabe ainda se o professor conhecia Holmes, que havia abandonado o programa de doutorado em neurociência.
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