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O Carcará só pousa em matéria porreta. Notícia besta e factóide, o "Carcará pega, mata e come"!
Na TV, Dilma eleva tom contra bancos privados e pede corte em juros
BRASÍLIA, 30 Abr (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff elevou o tom
na guerra do governo para que bancos privados reduzam os juros cobrados a
consumidores, instou as instituições a seguir movimento de cortes
anunciado pelos concorrentes públicos e disse ser inadmissível que o
Brasil continue com uma das taxas mais altas do mundo.
A guerra para a redução das taxas se intensificou nas últimas semanas,
com Banco do Brasil e Caixa anunciando cortes nos juros numa tentativa
de forçar uma redução por bancos privados, que acompanharam em parte o
movimento.
Em pronunciamento em rádio e televisão dominado pela temática
econômica, Dilma disse que o governo tem uma "posição firme" para a
redução dos juros e foi direta na mensagem às instituições privadas.
"É inadmissível que o Brasil, que tem um dos sistemas financeiros mais
sólidos e lucrativos, continue com um dos juros mais altos do mundo",
disse Dilma durante pronunciamento em comemoração ao Dia do Trabalhador,
transmitido na noite desta segunda-feira.
"A economia brasileira só será plenamente competitiva quando nossas
taxas de juros, seja para o produtor seja para o consumidor, se
igualarem às taxas praticadas no mercado internacional".
Além de usar os bancos estatais como arma para forçar a redução das
taxas, o governo tem tido a colaboração do Banco Central, que tem
cortado sistematicamente a taxa básica de juros brasileira, hoje em 9%.
"Os bancos não podem continuar cobrando os mesmos juros para empresas e
para o consumidor, enquanto a taxa básica Selic cai, a economia se
mantém estável e a maioria esmagadora dos brasileiros honra com presteza
e honestidade os seus compromissos", disse.
"O setor financeiro, portanto, não tem como explicar essa lógica perversa aos brasileiros".
Dilma e outros integrantes do governo vêm demonstrando publicamente
desagrado com as taxas de juros e o spread bancário -a diferença entre o
valor pago pelos bancos para captar recursos e o cobrado pelos
tomadores de crédito.
A presidente disse ainda que o governo vai continuar buscando meios
para baixar os impostos e voltou a citar a defesa dos empregos da
indústria.
"Para que nosso país tenha uma economia mais forte, é preciso ainda que
encontremos mecanismos que permitam uma diminuição equilibrada dos
impostos para produtos e para consumidores", disse.
"E que tenhamos uma taxa de câmbio que defenda nossa indústria e nossa agricultura, em suma, os nossos empregos".
Lula, mais uma vez, tinha razão. Muitos
não entenderam seu empenho na criação da CPI Demóstenes/Cachoeira.
A íntegra do inquérito contra
Demóstenes comprova sua intuição política.
Diálogos reveladores da parceria entre o bicheiro, o senador, tucanos, magistrados e a revista 'VEJA' incluem provas
explícitas de conluio e conspiração contra o país. Trata-se de um golpe mortal na jugular da
credibilidade demotucana e de seu dispositivo midiático.
Serra deu R$ 34 milhões à editora que publica a revista Veja quando era governador de SP
Do R7
Um
levantamento feito junto ao Diário Oficial do Estado de São Paulo
mostra que o ex-governador José Serra, quando ocupava o cargo, pagou
cerca de R$ 34 milhões ao longo de um ano ao Grupo Abril, responsável
pela publicação da revista Veja.
A pesquisa feita pelo jornalista Altamiro Borges em 2010, do jornal
Correio do Brasil, revela que o dinheiro era transferido do governo
paulista para o grupo por causa de assinaturas de revistas.
Parte do dinheiro foi destinado para a compra de cerca de 25% da tiragem
da Nova Escola e injetou alguns milhões nos cofres de Roberto Civita, o
empresário que controla a Editora Abril.
Além disso, na época, o tucano também apresentou proposta curricular que
obrigava a inclusão no ensino médio de aulas baseadas nas edições do
Guia do Estudante, outra publicação do grupo.
Depois de vários contatos, o R7 aguardava o retorno prometido pelos assessores do ex-governador.
Recentemente, Serra, atual pré-candidato do PSDB à Prefeitura de São
Paulo, anunciou o jornalista Fábio Portela, ex-editor de Brasil da
revista Veja, como coordenador de imprensa de sua campanha.
Folha.com, 29/04/2012
-
20h30
Vídeos mostram envolvimento de policiais federais com grupo de Cachoeira
DE SÃO PAULO
Imagens obtidas pela Folha com exclusividade revelam como o grupo
do empresário Carlinhos Cachoeira corrompia a polícia, segundo as
investigações da Polícia Federal na Operação Monte Carlo.
O vídeo abaixo, exibido no programa "TV Folha" (Cultura) deste domingo,
mostra o que o Ministério Público aponta em sua investigação: que, para
agir, o grupo de Cachoeira contava com a participação de policiais.
As imagens mostram o delegado da Polícia Federal Fernando Byron,
apontado pela Operação Monte Carlo como informante do esquema ilegal,
entrando e saindo do carro de Cachoeira depois de marcar encontro pelo
telefone.
Uma CPI foi instalada no Congresso para investigar o caso. Cachoeira está preso em Brasília, no prédio da Papuda.
Por causa das ligações com Cachoeira, o senador Demóstenes Torres
(ex-DEM-GO) sofre processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho
de Ética do Senado.
Relatório da Polícia Federal mostra que o senador informava Cachoeira
com antecedência sobre operações a serem realizadas pelo Ministério
Público contra o grupo do contraventor.
O vídeo acima mostra ainda uma ligação telefônica entre Cachoeira e
Byron. Segundo a investigação, o delegado, que trabalhava em Goiânia,
era consultado por Cachoeira toda a semana para saber sobre as
atividades da PF na região.
29/4/2012
Demóstenes quadriplicou o patrimônio em apenas quatro meses
Por Redação - de Brasília, Goiânia e São Paulo
Apenas quatro meses depois das eleições de 2010, o patrimônio do senador Demóstenes
Torres (ex-DEM-GO) cresceu quatro vezes, segundo constata investigação
rasa de setores da Receita Federal. O parlamentar comprou do seu
suplente, o empresário Wilder Morais, um apartamento em um dos prédios
mais luxuosos de Goiânia (GO), no valor de R$ 1,2 milhão. A transação
imobiliária ocorreu três meses após a Construtora Orca, de propriedade
de Wilder, comprar o imóvel de outra empresa goiana. Wilder, cuja mulher
se separou dele para viver com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o
Carlinhos Cachoeira, também está envolvido na organização criminosa
investigada pela PF.
Em 2010, quando se reelegeu senador, Demóstenes declarou à
Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 374 mil. Na relação de bens
apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não havia um imóvel
sequer declarado. O parlamentar listou um carro de R$ 102,4 mil e R$
63,3 mil em contas bancárias. Informou ainda ter duas aplicações
financeiras que não chegavam a R$ 10 mil.
Os valores apresentam uma pequena redução quando comparados aos que o
parlamentar declarou ter em 2006, quando ele concorreu ao governo de
Goiás. Naquela época, Demóstenes informou que morava em uma casa no
Jardim América, bairro classe média de Goiânia, com a ex-mulher, Leda
Torres. O valor estimado do imóvel era de R$ 70 mil e, a área de lazer
vizinha ao sobrado, R$ 65 mil. A certidão do Cartório de Registro de
Imóveis de Goiânia mostra que o senador pagou R$ 400 mil à vista pelo
apartamento de luxo. O restante teria sido financiado pelo Banco do
Brasil. No entanto, o contrato de compra e venda não foi registrado.
Ocupando todo o 15º andar do Edifício Parque Imperial, o apartamento
tem 701 m², com living, sacadas, biblioteca, sala de jantar, lavabo,
sala de estar, saleta, quatro áreas de serviços, dois quartos de
empregada, suítes com closet, rouparia, louceiro, copa, cozinha e
depósito. O imóvel fica no Setor Oeste, um dos mais nobres de Goiânia.
Corretores imobiliários ouvidos pelo Estado afirmaram que o apartamento
estaria estimado em R$ 2 milhões. O Parque Imperial seria o antecessor
do Edifício Excalibur no mercado de prédios de luxo na capital goiana.
Às vésperas de a ocupação da PM na
cracolândia completar quatro meses, a venda e o consumo de drogas
permanecem intensos na região.
Cercados de usuários, traficantes podem
ser encontrados na área oferecendo drogas em diversos momentos do dia,
informa reportagem de Afonso Benites publicada na edição desta
segunda-feira da Folha.
No início do ano, a PM dissera que em
30 dias o tráfico de crack estaria desarticulado na área. Ontem, o chefe
da PM na região disse não haver prazo.
O amigo navegante deve se lembrar da ofensiva militar de 300 homens que, no inicio do ano, arrasou a Cracolândia e os usuários com armas de
fogo. Foi uma razzia.
E pareceu uma medida preventiva contra o lançamento do programa do
Governo Federal para combater o tráfico e tratar do usuário.
Os tucanos de São Paulo sairam na frente, para não se sentirem “sob intervenção”.
A Chuíça é um Estado à parte.
Agora, está aí o que se previu: o crack derrotou a incompetência tucana.
Em 18 anos de Governo, os tucanos afundaram a Chuíça.
Segundo a própria Folha(**), parte dos usuários da Cracolândia migrou para a
Avenida Roberto Marinho.
Breve, ocupará a ponte do “seu” Frias ali perto e se concretizará –
literalmente – a Magna Obra do PiG (***) e dos tucanos: marginalizar os
viciados em crack, os sub-seres da Chuíça. Paulo Henrique Amorim (*) Chuíça é o que o PiG de São Paulo quer que o resto do Brasil
ache que São Paulo é: dinâmico como a economia Chinesa e com um IDH da
Suíça. (**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler,
porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que
entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou
da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC
com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um
filho que depois descobriu que não é dele; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava arros de reportagem aos torturadores. (***) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais
conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma
única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se
transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa
Golpista.
Depois de anos de um silêncio de sepulcro, o
semeador argentino de tumbas, general da reserva Jorge Rafael Videla,
86 anos, condenado a duas penas de prisão perpetua por ter cometido
crimes de lesa-humanidade e enfrentando uma longa fila de processos e
julgamentos, decidiu falar. Primeiro, para um repórter benevolente da
revista espanhola Cambio 16. Depois, para um jornalista argentino,
Ceferino Reato, que transformou vinte horas de conversa gravada num
livro de impacto. E agora, na sexta-feira dia 27 de abril, para uma
juíza chamada Martina Forns, num processo que tem por objetivo, entre
outras coisas, saber o paradeiro dos restos de Mario Roberto Santucho, o
mítico chefe do ERP (Exército Revolucionário do Povo), assassinado em
certa madrugada gelada de julho de 1976.
Videla sabe que não tem
futuro. Está preso numa cela de um quartel e ficará lá até o fim de seus
dias. Há pouco admitiu que sua última esperança tinha se esvaído, com a
reeleição de Cristina Fernández de Kirchner. Será por isso que resolveu
enfim falar? Será que o que deu nele foi a certeza de que os tempos de
impunidade acabaram de vez e para sempre, e que calar perdeu o sentido?
Impressiona
a frieza com que descreve o que todo mundo sabia mas ninguém antes
havia admitido: o mecanismo feroz do terrorismo de Estado. A figura do
‘desaparecido’, diz ele, foi ‘cômoda, não provocava o impacto de um
fuzilamento público’. Admitiu, também pela primeira vez, a existência de
listas de condenados à morte – os tais ‘desaparecidos’. Disse que cada
comandante tinha suas próprias listas, integradas por nomes de pessoas
de sua zona ou área militar, e que graças a um acordo entre os chefes
supremos de cada arma – Aeronáutica, Marinha e Exército – essas listas
jamais foram publicadas ou divulgadas.
Esclareceu que as listas
‘não foram bem organizadas, havia certa confusão de nomes’, e que também
por isso, em dado momento, foi tomada a decisão de não divulgá-las. Ou
seja: nem todos os nomes de todas as listas foram assassinados, e nem
todos os assassinados apareciam em alguma lista. Enfim,
aproveitou para afirmar que os tenebrosos ‘vôos da morte’, quando
prisioneiros eram levados meio sedados para aviões e depois despejados
sobre o Atlântico ou o rio da Prata, foram uma ‘coisa específica da
Marinha’, que não havia como evitá-los, e que ‘todo mundo sabia de seu
destino’.
Há exatos catorze anos, um Jorge Rafael Videla cheio de
soberba e prepotência assegurou, diante de outro tribunal, que não
sabia nada sobre Mario Roberto Santucho. Agora, confessa, sem
pestanejar, ter dado a ordem de segredo absoluto sobre a decisão de
esconder o corpo do guerrilheiro, ‘para evitar homenagens’.Disse não
saber onde os restos foram enterrados. Mas contou que outro general
também processado, Santiago Riveros, sabe.
Ao falar sobre os
desaparecidos, admitiu que hoje pode-se discutir ‘o procedimento’. Mas
enfatizou que ‘naquele momento, a sociedade não iria tolerar
fuzilamentos’. Além do mais, ‘era difícil pensar que tanta gente poderia
ser julgada, e além do mais os juízes se sentiam perseguidos’.
Enfim,
acrescentou que ‘como as circunstâncias mudaram’, hoje ele fala o que
não quis falar há catorze anos. E fala muito, o general genocida: seu
depoimento durou mais de três horas, surpreendendo a todos na sala do
tribunal – a começar pela própria juíza. Em nenhum momento demonstrou
uma mísera gota de autocrítica, quanto mais de arrependimento. Continua
defendendo que o que houve em seu país foi uma ‘guerra contra a
subversão’. Conta o que conta com o ar de um burocrata cansado que
resolve prestar contas de sua tarefa. Assim, os fuzilamentos
clandestinos e o sumiço dos corpos era parte do seu trabalho.
Com
ar ainda altivo, vestindo um terno de bom corte e uma gravata de bom
gosto, Jorge Rafael Videla chegou algemado ao tribunal. O tom de sua voz
é firme e seguro. Sabe que alguns de seus contemporâneos de farda e
terrorismo de Estado o criticam por ter enfim decidido falar. Sabe que
outros o apoiam, com certo alívio. E sabe que ao abrir a boca está
abrindo caminho para que oficiais de patente menor, e que também
respondem a processos por crimes contra a humanidade, sigam seu exemplo.
Há um mar sem fundo de questões sem resposta, a começar pelo
mais cruel dos procedimentos: o sequestro e roubo de uns 500 bebês. Até
agora, cem deles foram recuperados. Cem histórias de identidades
roubadas, de vidas roubadas, de memória roubada. Faltam outras
quatrocentas.
Até agora, ninguém admitiu e deu detalhes de como
funcionavam os campos de concentração, nem especificou a cumplicidade da
Igreja Católica e de partes substantivas do empresariado e do meio
financeiro na longa duração da ditadura. Mas o general começou a falar. E se começou, ninguém sabe onde ele vai parar.
.....
CartaCapital, Ed. 694
Torturadores, tremei!
Caldas. "A revisão da lei é questão de tempo". Foto: Glaucio Dettmar
Há
poucos dias, em decisão inédita, o juiz Guilherme Dezem, de São Paulo,
determinou que no atestado de óbito de João Batista Drummond, dirigente
do PCdoB, morto em 1976, conste que ele morreu em decorrência de
“torturas físicas”e não de “traumatismo craniano encefálico” como
consta hoje.
Esse é o mais recente indício de quea Lei da Anistia brasileira não resistirá ao ambiente democrático.
“A
revisão dessa lei é só uma questão de tempo”, sustenta o advogado
Roberto Caldas, indicado pelo governo brasileiro para disputar, na
Assembleia da Organização dos Estados Americanos (OEA), a vaga de juiz
titular da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), com sede em
San José da Costa Rica.
Além
da criação da Comissão da Verdade, a indicação de Caldas é mais um
sólido sinal de intolerância do governo Dilma à Lei da Anistia.
Talvez
não haja ninguém no País mais versado sobre o tema do que ele.
Profissional sóbrio e sem paixões partidárias, Caldas participa das
decisões da CIDH desde 2008 e, como juiz ad hoc, já votou por três vezes
pela condenação do Estado brasileiro. A mais recente delas foi a
decisão sobre a Guerrilha do Araguaia.
O
julgamento ocorreu em 2010, com base na Convenção Americana de Direitos
Humanos, que, segundo Caldas, “declarou nula, de pleno direito, a Lei
da Anistia brasileira quanto aos crimes cometidos por agentes do
Estado”.
A razão é simples. As regras jurídicas
não admitem uma lei de autoanistia. Ela é inexistente, inválida, para a Corte e para os tribunais
internacionais.
Caldas
não tem dúvidas sobre a -necessidade de o Brasil se submeter às
decisões impostas por tratados internacionais que assinou: “A ordem
jurídica internacional está atenta para não permitir que os detentores
do poder político legislem em causa própria, com o objetivo de encobrir
crimes graves contra direitos humanos. Mais uma razão somou-se a isso:
os crimes de lesa-humanidade não podem ser objeto de anistia nem de
prescrição”.
Ele
interpreta assim o sentido dessa decisão: “É a condenação de um crime
muito mais agressivo do que o assassinato. Funciona como pressão contra
um tipo de pensamento que afeta toda a sociedade e não só os que
sofreram”.
Um
exemplo disso é o medo presente na sociedade brasileira quanto a uma possível
retaliação dos militares à apuração de crimes cometidos na ditadura.
Embora
lento por tradição cultural, Caldas acredita que o Judiciário
brasileiro começará a recepcionar as decisões tomadas pelas cortes
internacionais. Talvez um pouco mais tarde do que seria preciso, mas
certamente antes do que muitos gostariam.
Ao declarar a Lei da Anistia constitucional, o STF, no entanto, não a blindou definitivamente?
Roberto
Caldas diz que não, e explica: “A decisão do tribunal ateve-se à
análise da constitucionalidade da lei. Não há qualquer equiparação com
decisões tomadas no âmbito do direito internacional vigente à época. É
anterior ao julgamento do caso da Guerrilha do Araguaia pela Corte
Interamericana, que interpreta e aplica a Convenção Americana, uma
espécie de Constituição continental sobre Direitos Humanos”.
Isso
significa, por exemplo, que “é perfeitamente cabível”, segundo ele, “a
análise dos crimes continuados, por parte de agentes do Estado”.
A
Lei da Anistia não é o nó cego pensado pelos articuladores dela: a
proteção permanente das ações desumanas, imposta aos presos políticos na
ditadura, está com os dias contados. Portanto, torturadores, tremei!
Vaticano teria recebido mais de R$ 1 milhão para enterrar mafioso em basílica
Michael Day, do Independent
MILÃO — O Vaticano enfrenta uma grande controvérsia sobre o enterro
de um notório chefe mafioso ocorrido 22 anos atrás, com novas
informações de que a Igreja teria aceitado um bilhão de liras (mais de
R$ 1,245 milhão), a antiga moeda italiana, como pagamento de uma viúva
para permitir o enterro de seu marido em uma basílica, ao lado de
antigos papas.
Uma
fonte da Santa Sé contou à agência de notícias italiana Ansa que
“apesar da relutância inicial”, o então vigário-geral de Roma, o cardeal
Ugo Poletti, “face a um montante tão conspícuo, deu sua benção”para o
controverso sepultamento de Enrico De Pedis, chefe do grupo mafioso
Banda de Magliana, da capital italiana. O dinheiro teria sido usado em
missões e na restauração da Basílica de São Apolinário, onde De Pedis
foi colocado, ao lado de papas e cardeais, após seu assassinato em 1990.
As
informações, que não foram comentadas pelo Vaticano, podem explicar
como um notório criminoso foi enterrado em um local considerado sagrado.
Na semana passada, para combater as crescentes críticas e ajudar a
resolver o mistério que perdura sobre o assassinato há 20 anos, as
autoridades do Vaticano decidiram retirar os restos mortais de De Pedis
de sua cripta especial.
A pressão aumentou no início deste mês,
quando o procurador Giancarlo Capaldo afirmou que os altos funcionários
do Vaticano sabiam muito mais do que revelavam sobre as ligações do
chefe da Magliana com a Santa Sé e sobre o suposto sequestro e
assassinato de Emanuela Orlandi, filha de 15 anos de um funcionário do
Vaticano, em 1983.
— Há pessoas que ainda estão vivas, e ainda estão dentro do Vaticano, que sabem a verdade — afirmou Capaldo.
Alguns
acreditam que o pai de Emanuela tinha provas ligando o Banco do
Vaticano, Istituto per le Opere di Religione, ao crime organizado, e que
ela foi pega para mantê-lo em silêncio. A teoria é de que De Pedis, que
foi morto a tiros em 1990, organizou o sequestro.
Nas últimas
duas décadas, houve especulações de que os restos mortais de Emanuela
foram postos junto ao túmulo do criminoso. Pietro Orlandi, irmão da
adolescente, integra o grupo dos que pedem para que o túmulo seja
aberto.
O Vaticano — que enfrenta fortes críticas após uma série
de escândalos — negou as acusações e deu a entender que os
investigadores poderão testemunhar a reabertura da cripta, em uma
tentativa de aplacar os rumores.
— Parece que nada foi escondido e
não há segredos do Vaticano a serem revelados — afirmou Federico
Lombardin, porta-voz do Vaticano.
Aparentemente, Enrico De Pedis
será transferido para um destino menos badalado. O local deve ser
decidido em um encontro. Mesmo que os restos mortais de Emanuela não
sejam encontrados no túmulo, o mistério que ronda seu desaparecimento
permanecerá.
Outras teorias sobre o destino de Emanuela também
existem. Uma, mais palatável para o Vaticano, sugere que membros da
Magliana a entregaram a extremistas turcos, que queriam usá-la como
objeto de barganha para conseguir libertar Mehmet ALi Agca, o atirador
turco que tentou matar o Papa João Paulo II em 1981.
Mas outras
pessoas acusam Paul Marcinkus, o ex-chefe do Banco Vaticano que caiu em
desgraça e que esteve envolvido com a falência do Banco Ambrosiano, o
maior banco privado da Itália, em 1982. Pouco depois de o
escândalo vir à tona, o presidente do Banco Ambrosiano, Roberto Calvi,
foi encontrado enforcado embaixo da ponte Blackfriars, em Londres.
A partir deste Primeiro de Maio a Venezuela terá o mais alto salário mínimo de toda a América Latina. Será equivalente a 1310 reais, contando com o ticket alimentação, obrigatório. Lá pagam-se, obrigatoriamente 15 salários anuais - o famoso “aguinaldo” -, assim, na média, o ganho mensal do trabalhador que recebe salário mínimo passa a ser de 1637 reais. O aumento beneficiará a 4 milhões de venezuelanos, incluindo cerca de 2 milhões de aposentados e pensionistas.
O aumento do mínimo terá impacto político importantíssimo na guerra
que o imperialismo e a oligarquia venezuelana travam, sem cessar,
contra Chávez. Apresentam a Venezuela como um país caótico, desordenado.
Agora, agregam à guerra ideológica permanente uma overdose de veneno
para explorar a doença de Chávez.
Até setores progressistas,
distraídos, impressionam-se ante este dilúvio de mentiras e repetem que
Chávez impediu o surgimento de novas lideranças ou que não resolveu o
caos do abastecimento. Na realidade, a
Revolução Bolivariana promove intensamente o florescimento de milhares e
milhares de novas lideranças, estimula a politização das massas.
Segmentos antes avessos à política hoje andam com a Constituição no bolso, conscientes de seus direitos. A nova Lei do Trabalho vai formalizar conquistas quando na Europa se destrói o Estado do Bem-Estar Social. Foi ampliada a comunicação pública e estimulada a leitura de jornais e livros, com distribuição gratuita e pesquisas apontam a Venezuela como o terceiro país em que mais se lê na América Latina. E sem analfabetismo. O uso da TV por Chávez é uma verdadeira escola de quadros a céu aberto estimulando o povo a pensar em política, ideologia, economia, história e cultura. Estimula, também, um controle popular para enfrentar a sabotagem ao abastecimento – a burguesia esconde toneladas de alimentos - já há filmes denunciando esta crime, também combatido com a criação de mercados estatais que vendem produtos a preços 70 % mais baixos.
Chávez enfrenta o câncer e a Revolução Bolivariana consolida-se para enfrentar os desafios que toda revolução enfrenta.
Há alguns anos, o cientista político André Singer cunhou o termo
“lulismo” para dar conta do modelo político-econômico implementado no
Brasil desde o início do século 21.
Baseado em uma dinâmica de aumento do poder aquisitivo das camadas
mais baixas da população por meio do aumento real do salário mínimo, de
programas de transferência de renda e de facilidades de crédito para
consumo, o lulismo conseguiu criar o fenômeno da “nova classe média”.
No plano político, esse aumento do poder aquisitivo da base da
pirâmide social foi realizado apoiando-se na constituição de grandes
alianças ideologicamente heteróclitas, sob a promessa de que todos
ganhariam com os dividendos eleitorais da ascensão social de parcelas
expressivas da população.
O resultado foi umapolítica de baixa capacidade de reforma
estrutural e de perpetuação dos impasses políticos do presidencialismo
de coalizão brasileiro.
No entanto é bem possível que estejamos no momento de compreensão dos
limites do modelo gestado no governo anterior. O aumento exponencial
do endividamento das famílias demonstra como elas, atualmente, não têm
renda suficiente para dar conta das novas exigências que a ascensão
social coloca na mesa.
É fato que o país precisa de uma nova repactuação salarial. As
remunerações são, em média, radicalmente baixas e corroídas por gastos
que poderiam ser bancados pelo Estado. Por isso, é possível dizer que a
próxima etapa do desenvolvimento nacional passe pela recuperação dos
salários. A melhor maneira de fazer isso é por meio de uma certa ação do
Estado. Uma família que recebe R$ 3.500 mensais gasta praticamente um
terço de sua renda só com educação privada e planos de saúde.
Normalmente, taisserviços são de baixa qualidade. Caso fossem
fornecidos pelo Estado, tais famílias teriam um ganho de renda que
isenção alguma de imposto seria capaz de proporcionar.
Entretanto a universalização de uma escola pública de qualidade e de
um serviço de saúde que realmente funcione não pode ser feita sob a
dinâmica do lulismo, pois ela exige investimentos estatais só possíveis
pela taxação pesada sobre fortunas, lucros bancários e renda da classe
alta. Ou seja, isso exige um aumento de impostos sobre aqueles que
vivem de maneira nababesca e que têm lucros milionários no sistema
financeiro. Algo dessa natureza exige, por sua vez, uma mobilização política que
está fora do quadro de consensos do lulismo.Porém a força política que
poderia pressionar essa nova dinâmica ainda não existe no Brasil. Ela
pede uma esquerda que não tenha medo de dizer seu nome.
A deliciosa história sobre a invenção do jogo do bicho
Por Luiz Antonio Simas(historiador)
O jogo do bicho surgiu no Rio de Janeiro em 1893. A criação da loteria
popular mais famosa do Brasil se deve ao complicado contexto político
daqueles tempos. A República, recentemente proclamada, tentava sepultar
os resquícios da Monarquia derrubada — e desse quiproquó entre os
adeptos dos regimes surgiu o jogo. Explico.
.
Nos tempos da Monarquia, o Barão de Drummond, eminência política do
Império e amigo da família real, era fundador e proprietário do Jardim
Zoológico do Rio de Janeiro — que então funcionava em Vila Isabel.
.
A manutenção da bicharada era feita, evidentemente, com uma generosa
subvenção mensal do governo, suficiente, diziam as línguas ferinas dos
inimigos do Barão, para alimentar toda a fauna amazônica por pelo menos
dez anos.
.
Quando a República foi proclamada, o velho Barão perdeu o prestígio que
tinha. Perdeu, também, a mamata que lhe permitia, segundo o peculiar
humor carioca, alimentar o elefante com caviar, dar champanhe francesa
ao macaco e contratar manicure para o pavão.
.
Sem o auxílio do governo, o nosso Barão cogitou, em protesto, soltar os
bichos na Rua do Ouvidor — o que, admitamos, seria espetacular — e
fechar em definitivo o zoológico do Rio.
.
Foi aí que um mexicano, Manuel Ismael Zevada, que morava no Rio e era fã
do zoológico, sugeriu a criação de uma loteria que permitisse a
manutenção do estabelecimento. O Barão ficou entusiasmado com a ideia.
.
O frequentador que comprasse um ingresso de mil réis para o Zoo ganharia
vinte mil réis se o animal desenhado no bilhete de entrada fosse o
mesmo que seria exibido em um quadro horas depois. O Barão mandou pintar
vinte e cinco animais e, a cada dia, um quadro subia com a imagem do
bicho vitorioso.
.
Caríssimos, se bobear essa foi a ideia mais bem-sucedida da história do
Brasil. Multidões iam ao zoológico com a única finalidade de comprar os
ingressos e aguardar o sorteio do fim de tarde.
.
Em pouco tempo, o jogo do bicho tornou-se um hábito da cidade, como os
passeios na Rua do Ouvidor, a parada no botequim, as regatas na Lagoa e o
fim de semana em Paquetá. Coisa séria.
.
A República, que detestava o Barão, proibiu, depois de algum tempo, o jogo no zoológico. Era tarde demais.
.
Popularizado, o jogo espalhou-se pelas ruas, com centenas de apontadores
vendendo ao povo os bilhetes com animais dadivosos. Daí para tornar-se
uma mania nacional, foi um pulo. O jogo do bicho deu samba — com
trocadilho.
.
Contei rapidamente a história da criação do jogo para constatar o
seguinte: a situação atual do zoológico do Rio de Janeiro não parece ser
muito diferente daqueles tempos bicudos do velho Barão de Drummond.
.
Dia destes, o próprio O Globo veio com uma reportagem chamando atenção
para o desleixo a que o jardim está entregue em tempos recentes.
Enquanto a loteria popular prosperou e virou uma espécie de instituição
nacional, o zoológico não teve a mesma sorte.
.
O jogo, que a rigor foi criado apenas para tirar o zoológico da situação
de abandono e com uma inocência digna das histórias de Polyana, a moça,
chegou longe demais. Vejam, por exemplo, as atuais peripécias
republicanas do bicheiro Carlinhos Cachoeira (curiosamente chamado por
alguns da mídia de “empresário da contravenção”).
. A inocente loteria popular ganhou asas e se transformou em uma complexa
organização criminosa, com tentáculos inimagináveis que envolvem até
mesmo cândidas vestais de ternos e togas do moralismo tupiniquim.
.
Deixo aqui a minha sugestão: já que o poder público aparentemente não dá
pelota para a bicharada, confisquem as fortunas que o crime organizado
amealhou em aparente conluio com os bacanas e poderosos da República.
.
Separem um pouquinho da grana tungada e, por justiça histórica, destinem o tutu ao carente Jardim Zoológico do Rio de Janeiro.
.
Uma parte do dinheiro do mafioso Cachoeira deve servir ao nobre destino
de alimentar cobras, leões, passarinhos e macacos que, afinal de contas,
fazem a alegria da criançada carioca em fins de semana.
. A César o que é de César. Ou alguém aí sugere a criação de uma
loteriazinha inocente que pode salvar o zoológico carioca desse
abandono? Não recomendo.
.
Veja tenta se defender atacando "discurso anti-imprensa"
Marco Aurélio Weissheimer
A revista Veja não consegue esconder seu
desconforto, com a profusão e a natureza das citações que vem recebendo
nas conversas interceptadas pela polícia com autorização judicial no
curso das investigações lideradas pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira. As
conversas e as citações indicam que Cachoeira parecia ter uma insólita
influência dentro da redação da revista.
As duas últimas capas
da publicação materializam o desconforto: na semana passada, uma
antológica “reportagem” sobre as virtudes de ser alto; nesta, outra capa
morna com as “lições das chefonas”, um perfil sobre executivas de
grandes empresas. Na parte superior da capa, uma pequena chamada, em tom
ameaçador, diz que Cachoeira pode “contar tudo o que sabe”.Em outros
tempos (recentes), esta seria o destaque de capa. Por alguma razão não
é, assim como não foi na semana anterior.
“Vamo detona aquele
trem na Veja”, “vou dar (um documento) pro Policarpo. Policarpo vai
detonar aquela associação, entendeu (...) Na quarta-feira conforme for a
gente senta com o Policarpo”. Esses são trechos de uma conversa
travada no dia 6 de junho de 2011, entre Carlinhos Cachoeira e um a
pessoa ligada a ele chamada Claudio. “Policarpo” seria Policarpo Júnior,
editor chefe da revista Veja em Brasília. Há vários trechos de
conversas onde Carlinhos Cachoeira ou pessoas próximas a ele afirmam ter
influência direta na definição de pautas da publicação da editora
Abril.
Neste final de semana, a Veja socorreu-se do senador
Álvaro Dias (PSDB-PR), para quem o “discurso anti-imprensa” teria
perdido força com o vazamento do inquérito da operação Monte Carlo
(publicado pelo site Brasil 247).
“O vazamento do inquérito da operação Monte Carlo comprova que o
suposto conluio entre a imprensa e a quadrilha do contraventor Carlinhos
Cachoeira nunca passou de uma invenção de grupos hostis à liberdade de
expressão – o que inclui setores do PT e seus aliados. A íntegra das
investigações reforça o óbvio: o jornalismo investigativo cumpriu o seu
papel sem se sujeitar à máfia”, diz a revista quase que comemorando o
vazamento.
A interpretação da Veja é um tanto fantasiosa e
agarra-se fundamentalmente a um dos trechos interceptados pela Polícia
Federal, onde o senador Demóstenes Torres diz a Cachoeira que tentará
“esvaziar os efeitos de uma reportagem de Veja sobre a empresa Delta,
publicada há cerca de um ano”. As demais (e numerosas) referências à
revista e a Policarpo são simplesmente ignoradas. Álvaro Dias diz que o
“discurso anti-imprensa” perdeu força e não se fala mais no assunto.
Essa é a ideia apresentada pelo site da revista neste sábado.
O
“discurso anti-imprensa” ao qual Veja se refere resume-se na verdade à
ela própria e ao suposto envolvimento de funcionários da empresa com o
bicheiro Carlinhos Cachoeira. O restante da chamada “grande imprensa”
até aqui mantém ruidoso silêncio sobre o caso.
No restrito circuito dos institutos
de pesquisa, pegou mal a pergunta do Datafolha sobre a opção do eleitor sobre o candidato preferencial
do PT em 2014.
Lula obteve 57% e Dilma, 32%.
Outro esforço inutil para abafar a repercussao da aprovação ao Governo Dilma.
"Cada
patrão mandou dez funcionários para cá. A gente tem que ficar até o fim
[do evento] e levar o comprovante de que veio, para não descontar o dia
de trabalho" . A confidência foi feita por um dos participantes
do primeiro congresso do "núcleo sindical" do PSDB, realizado em São
Paulo, na última sexta-feira, conforme relato da Folha (28-04). Uma
espécie de avant-première do 1º de Maio, o encontro liberou caciques
tucanos para o feriadão prolongado com a consciência do dever
cumprido.
A lotação proletária foi assegurada pelo engajamento natural
das bases: donos de construtoras e empreiteiras que prestam serviços ao
Estado convocaram seus trabalhadores à luta, com direito a sanduíche de
queijo, suco, biscoito e maçã. Mediante comprovante de comparecimento, a
militância teria o dia abonado trocando o saco de cimento pela
faiscante oratória tucana. Cada empresa foi convocada a encaminhar pelos
menos dez operários ao meeting.
Serra nem gaguejou ao afirmar aos
presentes que a relação do PSDB com sindicatos 'não é novidade'; em
seguida, pediu apoio à candidatura a prefeito de SP. "Temos nossa
primeira tarefa: mobilizar nossos sindicalistas para a campanha
eleitoral deste ano", disse o ex-governador com indisfarçável mal humor
diante do rival Aécio Neves. Alckmin foi de longe o mais
combativo; sapecou um 'companheiros e companheiras' na saudação e
arrematou com a frase cuja autenticidade sintetiza a de todo o evento:
"O PSDB é um partido que dá prevalência ao trabalho sobre o capital".
CartaCapital Online, 26/04/2012
Deputados tucanos se irritam com cartaz de ‘A privataria tucana’
Por Leandro Fortes
O
que antes era só uma acusação, agora está documentalmente provado: no
dia 7 de fevereiro passado, os deputados tucanos Rogério Marinho (RN) e
Sérgio Guerra (PE), acompanhados de um assessor ainda não identificado,
participaram de um ato de vandalismo no sétimo andar do anexo IV da
Câmara dos Deputados, em Brasília. Estimulado por Guerra, que é
presidente nacional do PSDB, Marinho simplesmente arrancou um cartaz de
propaganda do livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro
Jr., então afixado na porta do gabinete do deputado Protógenes Queiroz
(PCdoB-SP). CartaCapital teve acesso às imagens captadas pelas câmeras
de segurança pelas quais se constata, quadro a quadro, como dois
parlamentares do maior partido de oposição do País se comportam como
delinquentes juvenis nas dependências do Congresso Nacional.
Os
dois primeiros quadros das imagens captadas pelas câmeras de segurança
mostram a dupla de deputados deixando o gabinete de Sérgio Guerra,
localizado a 50 metros do gabinete de Protógenes Queiroz. Depois, no
terceiro quadro, Marinho é flagrado à distância por uma das câmeras no
momento em que arranca o cartaz, com Guerra bem às suas costas, enquanto
o assessor observa a cena, um pouco mais atrás. O último quadro mostra o
trio se afastando, Marinho com o cartaz na mão, ao mesmo tempo em que
fala ao celular. O cartaz de “A Privataria Tucana”, livro que conta as
peripécias de parentes, sócios e amigos do tucano José Serra em
movimentações bilionárias por contas secretas no Caribe, acabou numa
lata de lixo, ao lado de um elevador.
A
molecagem dos deputados tucanos poderá acabar mal. Isso porque o
deputado Rogério Marinho confessou o crime. Segundo ele, arrancar o
cartaz da porta de um outro parlamentar foi “um ato político”. O Código
de Ética da Câmara dos Deputados enquadra a ação de Marinho, contudo,
como infração “às regras de boa conduta nas dependências da Casa”,
passível de ação de quebra de decoro parlamentar. O deputado Queiroz
prestou queixa do ocorrido no Departamento de Polícia Legislativa da
Câmara e, na quarta-feira 26, requereu ao presidente da Casa, deputado
Marco Maia (PT-RS), abertura de procedimento disciplinar contra Marinho e
Guerra.
Caso
o assunto chegue a ser julgado pela Comissão de Ética, os parlamentares
do PSDB poderão sofrer censura verbal em sessão do plenário da Câmara e
uma suspensão de seis meses do mandato parlamentar. É uma briga que vai
se estender à CPI do Cachoeira, onde Queiroz e Marinho são membros
titulares. Guerra, ao saber da queixa do colega do PCdoB à polícia
legislativa, apressou-se em também acusar Queiroz, delegado licenciado
da Polícia Federal, de quebra de decoro por ter sido citado em gravações
da Operação Monte Carlo, nas quais conversa com o araponga Idalberto
Araújo, o Dadá, com quem trabalhou na Operação Satiagraha, em 2008.
Crer que algo vá mudar com a troca da guarda na presidência dos EUA sempre foi a maior roubada. Quem manda é o stablishment, pouco importando as características do seu serviçal da vez na Casa Branca.
John Kennedy, p. ex., nem de longe pode ser considerado a pomba que dele fizeram, embora assassinado por falcões.
Deu sinal verde para a invasão da
Baía dos Porcos em abril/1961, mas refugou quando o show já começara.
Deixou de fornecer a prometida cobertura aérea para o desembarque dos gusanos e estes foram facilmente dominados.
Mas, não fez objeção nenhuma a que exilados cubanos utilizassem o
território dos EUA para prepararem uma incursão armada contra seu país,
nem descartou o apoio intervencionista a tal empreitada.
Foi só na enésima hora que reconsiderou, preferindo evitar um
comprometimento tão ostensivo com a agressão a uma nação soberana sem
ter-lhe declarado guerra.
Resultado: o mundo inteiro ficou sabendo, da mesmíssima maneira, que
os EUA estavam acumpliciados com a invasão. E esta fracassou
rotundamente.
Depois que John e Robert Kennedy foram assassinados por
ultradireitistas hidrófobos, houve quem os tentasse erigir em grandes
democratas.
"JOÃO DO AMOR"?!
Em 1968, no IV Festival de MPB da TV Record, foi até inscrita uma
música homenageando o clã, composta por Ary Toledo e Chico Anysio. John
Kennedy, quem diria, metamorfoseou-se em "João do amor" que "cantava a
paz e o bem", mas cuja canção foi calada por "um tiro à traição". Dessa
vez, o simpático Jair Rodrigues não recebeu muitos aplausos por sua
interpretação...
Justiça seja feita, John Kennedy
teve lá seu grande momento quando administrou a crise dos mísseis
cubanos sem ceder às pressões militares para endurecer com a URSS. Com
um Nixon na presidência, talvez a humanidade tivesse ido pro beleléu.
Durante a Guerra do Vietnã, eram bem heterodoxos os discursos do
precandidato democrata à presidência em 1968, Eugene McCarthy, a ponto
de sensibilizarem os jovens contestadores, que fizeram campanha por ele.
Mas a indicação acabou ficando com o anódino Hubert Humphrey. Nunca
saberemos se Gene, no poder, teria sido fiel à sua retórica.
George McGovern, menos à esquerda mas igualmente comprometido com o
fim da guerra, conseguiu ser candidato em 1972, perdendo a eleição para o
coadjuvante do macartismo Richard Nixon. O menos pior dos presidentes estadunidenses nas últimas décadas foi,
sem dúvida, Jimmy Carter, que estimulou a redemocratização da América
Latina tanto quanto seus antecessores haviam semeado ditaduras. Foi
mediador do primeiro acordo de paz entre um país árabe (o Egito) e
Israel, amenizou o embargo econômico a Cuba e adotou uma política de paz
em relação aos países comunistas.
...E O VENTO LEVOU!
Está sendo uma completa decepção a grande esperança negra
Barack Obama (aquele que, dentre outras promessas que o vento levou,
comprometeu-se a desativar Guantánamo, só faltando assinar um papelzinho como os do Serra).
Tão insignificante vem sendo seu governoque nada melhor ele tem para
erigir em trunfo eleitoral, nesta altura da campanha para reeleger-se,
do que a hedionda operação pirata para extermínio de Osama Bin Laden e
quem mais estivesse por perto, ao arrepio da soberania do governo
paquistanês.
Tolamente, o rival republicano Mitt Romney afirmou que "não vale
mover céus e terras gastando milhares de dólares só para pegar uma
pessoa".
Levantou a bola para os democratas explorarem um tema que lhes favorece junto ao eleitorado de jecas e brucutus dos EUA.
Começando por Bill Clinton, que deu uma declaração mais feia ainda do que as mulheres que escolhe para pular a cerca: disse que, ao tomar a decisão de autorizar uma vendetta caracteristicamente mafiosa contra Bin Laden, Obama teria escolhido "o mais difícil e mais honrado caminho".
Fez-me lembrar o título em inglês de um ótimo filme policial francês (d. Jean Herman, 1968, com Alain Delon e Charles Bronson): Honra entre ladrões. Pois nada existe de mais desonroso do que ordenar matança tão covarde.
Não está em pauta, na CPI do Cachoeira, o sigilo de fontes jornalísticas. Ninguém se interessa em saber qual foi a fonte do senhor Policarpo
Júnior, da Veja, para os oito anos de matérias bombásticas, com
gravações de diálogos escusos e revelação de supostos negócios ilegais.
Não tem interesse, porque todos já sabem: Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o “empresário de jogos”.
O que se quer saber é outra coisa: como foi o pacto de interesses políticos firmado entre a revista e o contraventor.
Cachoeira usava a Veja como instrumento de seu esquema de coação, chantagem, propinagem.
Veja usava Cachoeira como fonte de combustível para a fornalha de seu ódio político contra governos de esquerda, Lula e Dilma.
A maior prova é que as ligações de Cachoeira com Demóstenes Torres e
Marcone Perillo, dois aliados de Veja no campo político, nunca foram
objeto de apuração por parte da revista. Ao contrário, o tal “grampo” do diálogo entre Demóstenes e o então
presidente do STF, Gilmar Mendes, foi apresentado como resultado de
arapongagem governista e fez estragos dentro da Polícia Federal.
Repíto: não se quer saber quem era a fonte de Veja, porque isso já se
sabe, mas quais foram as relações entre a revista e a editora Abril no
uso de gravações clandestinas, que eram as ferramentas de chantagem de
Cachoeira.
Não existe “sigilo de fonte” na decisão interna de um órgão de imprensa em manter uma longa sistemática relação com um bandido.
Qualquer jornalista sabe a diferença entre receber informações de um
bicheiro sobre algum caso e a de, sistematicamente, receber dele
material clandestino que incrimine os policiais que lhe criem problemas.
Sobretudo, durante anos e sem qualquer menção à luta de submundo que se
desenvolvia nestes casos.
No primeiro caso, é jornalismo. É busca da informação e sua apresentação no contexto em que ela se insere.
No segundo, é cumplicidade. É uma associação para delinquir, criminal e jornalisticamente.
No crime, porque viola, de forma deliberada, direitos e garantias
constitucionais. No caso Murdoch, o escândalo foi seu jornal ter
grampeado telefones por razões políticas. Neste, o de ter utilizado por
anos gravações clandestinas fornecidas por um terceiro, um
contraventor.
Sob o ponto de vista jornalístico, a pergunta é: se o “grampeador” de Murdoch tivesse trabalhado de graça, o seu jornal, News of the World, teria menos culpa? Cachoeira trabalhou “de graça” para a revista, mas a revista sabia
perfeitamente de seus lucrativos interesses em fornecer-lhe “o
material”.
Seria o mesmo que o repórter de polícia, durante anos, saber que a
fonte das informações que recebia as transmitia por estar interessado em
“tomar” outros pontos de bicho e ampliar seu império zoológico.
É irrelevante se o repórter fazia isso por dinheiro ou por prestígio. Repórter que agia assim, no meu tempo, chamava-se “cachorrinho”. E tinha o desprezo da redação.
Não se ofenda a profissão confundindo as duas coisas e nem se diga
que o sr. Policarpo é mero repórter. É alguém, que pelo seu cargo, tem
relações diretas com a administração empresarial da revista. Não tem sentido falar em “preservação de fontes jornalísticas”
quando a fonte e o relacionamento entre ela e um editor – não um simples
e inexperiente repórter – já são objeto de registro policial
devidamente autorizado pela Justiça.
Sobre o que Veja e Cachoeira conversavam está no processo, não há sigilo a se quebrado aí. O que se quer saber é como e porque Veja e Cachoeira viveram esta longa relação mútua e que benefícios para uma e outro advieram dela.
Por isso, o senhor Policarpo Júnior deve prestar, como testemunha, declarações à CPI.
Poderá alegar preservação de fontes quando for perguntado se a direção da editora sabia a origem do material que publicava? Não parece que isso seja sigilo profissional, do contrário Murdoch escaparia ileso.
As gravações hoje pelo jornalista Luis Carlos Azenha,no Viomundo, reveladas a partir dos documentos publicados pelo Brasil 247, são uma pá de cal no tal segredo de justiça que, todos estão vendo, não existe mais. Dois bandidos assumem que dirigiam as publicações de “escândalos” na Veja.
E isso é um escândalo, que não pode ficar oculto.
Ocultar fatos, sim, é que é um atentado à liberdade de imprensa.
Novas escutas complicam ainda mais a situação de Perillo, Cabral e Gilmar Mendes
28/4/2012 21:25,
Por Redação - de Brasília, Goiânia e Rio de Janeiro
Gilmar Mendes era amigo de Demóstenes Torres, que era amigo de Cachoeira, que era amigo de Cavendish, que era amigo de Cabral
O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), mandava recados para o
chefe da organização criminosa chefiada pelo bicheiro Carlos Augusto de
Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, por intermédio do
senador Demóstenes Torres (ex-DEM). Os negócios da quadrilha não se
resumiam ao império dos jogos de azar no Centro-Oeste do país, mas
chegavam até o Supremo Tribunal Federal. À série de documentos vazados
para jornais e revistas, que começou a ser divulgada logo após a prisão
de Cachoeira, há três semanas, foi acrescentada, neste sábado,
uma nova leva de escutas. A divulgação de fotos do governador
fluminense, Sérgio Cabral (PMDB), em Paris, ao lado de Fernando
Cavendish, dono da Delta Construções, empresa envolvida na CPMI do Cachoeira, também chama a atenção da Polícia Federal (PF).
Entre os diálogos gravados com autorização judicial estava o telefonema de Demóstenes a Cachoeira:
O abraço de Demóstenes ao bicheiro deixou evidente, na realidade, uma
face mais deformada no relacionamento entre os integrantes dos poderes
Legislativo e Judiciário. A influência exercida por Demóstenes junto a
altas patentes do Superior Tribunal Federal era usada na tentativa de
influenciar decisões das cortes mais altas do país. Há pouco mais de um
ano, após a prisão pela PF de 19 policiais militares no Mato Grosso do
Sul durante a operação Sexto Mandamento, (“Não matarás”), todos
envolvidos com um grupo de extermínio acusado de matar inclusive
crianças, adolescentes e mulheres sem envolvimento com práticas
criminosas, a ação de Cachoeira e Demóstenes para influir no processo
judicial foi captada nas escutas telefônicas.
Em 3 de março de 2011, logo após a prisão dos PMs, o assunto mobilizou Cachoeira
e Demóstenes. Este foi portador de um pedido de Cachoeira ao governador
Marconi Perillo, para que o chefe do Executivo goiano transferisse os
policiais para um presídio em Goiânia. As gravações ilustram como o
senador orientou o bicheiro no procedimento para ajudar os PMs acusados
de assassinato.
“Eu tava com o Ronald hoje (…) o Estado interceder através do Ronald
para puxar esse pessoal pra cá pra cumprir aqui”, diz Cachoeira.
“Ronald” era o Ronald Bicca, procurador-geral de Justiça de Goiás à
época, e estava escalado para a tentativa de liberar os suspeitos. Ele
seria auxiliado por ninguém menos do que o próprio senador, que já havia
ocupado o cargo de procurador-geral do Ministério Público (MP) de Goiás
e de secretário da Segurança do Estado.
– Eu já falei com a turma para dar o parecer favorável. Fica tranquilo – diz Demóstenes a Cachoeira, que pergunta quanto tempo levaria para que a situação fosse resolvida.
Demóstenes o tranquiliza e diz que será quando “assumir o moço”. Passados oito desde o diálogo, Benedito Torres, irmão de Demóstenes,
assumiu a Procuradoria-Geral do MP de Goiás. Em junho daquele ano, a
Justiça autorizou a transferência dos 15 presos para o Centro de
Custódia da Polícia Militar, em Goiânia e hoje, pouco mais de um ano
depois da prisão, apenas um dos acusados continua preso. Os outros
exercem atividades administrativas na PM. Amizades encardidas
Enquanto o senador Demóstenes ainda ocupava o papel de defensor da
moral e dos bons costumes no Congresso, ele e o ministro Gilmar Mendes,
do Supremo Tribunal Federal, faziam questão de aparecer juntos em
ocasiões sociais, ao longo de uma década de amizade acima de qualquer
suspeita. Ambos figuravam nas páginas políticas dos meios de comunicação
enquanto discutiam temas de interesse nacional, como a Proposta de
Emenda Constitucional (PEC) que visava reforçar o papel da Corregedoria
do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), entre outras.
“Até o dia em que vieram a público os fatos em torno do senador
Demóstenes, autoridades públicas se relacionavam com naturalidade com o
referido senador. Até então o senador era credor da respeitabilidade de
que desfrutava”, desconversava na semana passada, em nota, o ministro
Gilmar Mendes. Mas os ventos mudaram de direção. Nos quatro minutos de
diálogo, gravados no dia 16 de agosto do ano passado, Cachoeira
e Demóstenes falavam sobre a queda de Wagner Rossi (PMDB) do Ministério
da Agricultura e sobre o ex-ministro José Dirceu (PT), até que o nome
do ministro Gilmar Mendes foi à tona, em um processo a que responde a
Companhia Energética de Goiás (Celg). Cachoeira comemorava a decisão do
ministro favorável à companhia.
– Conseguimos puxar aqui para o Supremo uma ação da Celg aí. Viu? O
Gilmar mandou buscar, deu repercussão geral pro trem aí – lembra
Demóstenes.
Na véspera, Gilmar Mendes dissera no processo que o STF era o órgão
competente para julgar uma disputa em que a Celg reclama indenização de
R$ 1,2 bilhão da União, da Eletrobras e da Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel). O processo tramitava na Justiça Federal de Goiás, mas
advogados da Celg recorreram ao Supremo por entender que a Corte era o
foro adequado. Gilmar aceitou os argumentos da Celg.
“Há patente conflito federativo”, afirmou Gilmar em sua decisão,
baseado em uma “jurisprudência do Supremo”. Ele também negou aos
jornalistas que o procuraram ter tratado do assunto com Demóstenes. Delta, Cabral e Perillo As ligações entre os governadores Marconi Perillo e Sérgio Cabral
(PMDB), do Rio de Janeiro, com o bicheiro e sua “organização criminosa”,
segundo descrição do procurador-geral da República, Roberto Gurgel,
ganham um ponto de apoio com a ascensão meteórica da Delta Construtora. O
processo, encaminhado à CPMI do Cachoeira, em curso no Parlamento,
deixa mais clara a ligação entre Perillo e a organização criminosa. Os
grampeados falam em detalhes sobre a situação de diversos contratos da
Delta.
A autorização para a remessa do inquérito ao Congresso foi concedida
pelo ministro Ricardo Levandovski. Os dados poderão ser analisados
também pela Comissão de Sindicância da Câmara dos Deputados, que
investiga os parlamentares João Sandes Junior (PP-GO) e Carlos Alberto
Leréia (PSDB-GO), pelo envolvimento com o Cachoeira.
A situação do governador fluminense também se torna mais delicada com
a divulgação de uma série de fotos, em Paris, nas quais Cavendish
aparece ao lado de Sérgio Cabral e secretários estaduais, entre eles o
de Saúde, Sérgio Côrtes, aparentemente embriagado, em uma espécie de
comemoração. Cabral e Cavendish partilham, além da amizade declarada por
ambos, de um episódio nebuloso com a queda de um helicóptero em
Trancoso, no Sul da Bahia, 17 de junho do ano passado, período em que a
Delta recebeu do governo fluminense R$ 127 milhões sem licitação e mais
R$ 420 milhões licitados.
O procurador-geral de Justiça do Estado do Rio arquivou o inquérito
sobre o acidente e disse que governador pode ser amigo “de quem quiser” e
que contratos da Delta com governo são legítimos Claudio Lopes mandou
arquivar a investigação do Ministério Público Estadual sobre possíveis
irregularidades nas relações de amizade do governador Cabral Filho com
os empresários Fernando Cavendish e Eike Batista, ambos com negócios
milionários com o governo fluminense. Após o estouro do escândalo em que
Cavendish e Cachoeira aparecem como possíveis sócios no crime, Cabral desautorizou Lopes e disse que irá investigar os contratos milionários.
Cachoeira caiu na gargalhada ao ver lista com membros de CPI
DE SÃO PAULO
Um dos interlocutores do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos
Cachoeira, afirma que ele caiu na gargalhada ao ver a lista de
parlamentares que fazem parte da CPI que o investigará no Congresso,
informa a coluna de Mônica Bergamo, publicada na edição deste sábado da Folha (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Confira os parlamentares que fazem parte da CPI
Cachoeira, que está preso no prédio da Papuda, em Brasília, teria
afirmado estar curioso para saber as perguntas que alguns integrantes,
que conhece, farão no dia em que ele for depor na comissão.
A comissão, composta por 16 deputados e 16 senadores, vai investigar as
relações do empresário de jogos ilegais com políticos e agentes
privados.
Sobre Civita: "Já se foi longe demais para não convocar"
Gilberto Prazeres
A possibilidade do presidente do conselho de administração e
diretor editorial do grupo Abril, Roberto Civita, ser blindado na CPI
Cachoeira , revelada, na semana passada com exclusividade pelo 247,
parece não intimidar alguns parlamentares. O deputado federal Fernando
Ferro (PT-PE), por exemplo, afirma que nenhuma explicação foi dada até o
momento para que se descarte a convocação do dono do grupo que publica a
revista Veja. Conforme o parlamentar, as cerca de 200 ligações
telefônicas do jornalista Policarpo Júnior - ponto de ligação entre a
revista e o contraventor Carlos Cachoeira - gravadas pela Polícia
Federal (PF) , são um indicativo forte demais para ser jogado para baixo
do tapete. “Eu já disse isso na tribuna da Câmara. Quem se associa com
bandido tem que se explicar .
São mais de 200 ligações para Cachoeira e
uma sequência de capas de revistas baseadas em informações repassadas
por ele. Para que o Civita ou mesmo o Policarpo não sejam convocados, as
explicações terão que ser dadas de outra forma. Já se foi longe demais
para não convocar”, defendeu Fernando Ferro, completando: “Na
Inglaterra, por muito menos, um jornal foi fechado. E tem magnata
(Rupert Murdoch) depondo”, diz Ferro. O parlamentar, que defendeu, no
início do mês, na tribuna da Câmara, a convocação de Civita, ainda
critica o discurso corporativista adotado pela Veja, Folha de São Paulo e
Rede Globo, de que a CPI Cachoeira poderia se tornar uma CPI de pressão
sobre a mídia e jornalistas. “É um falso discurso. Não tem nada de
ataque à mídia ou aos jornalistas. Esse corporativismo não cola. A
conduta da Veja não é a conduta da maioria dos jornalistas. Querem se
defender com uma mentira”, bateu o petista, assegurando que o clima, em
Brasília, está quente demais para um recuo na investigação das
atividades do contraventor Carlos Cachoeira e sua ligação com a
publicação do Grupo Abril.
Na semana passada, o 247 revelou que o
executivo Fábio Barbosa, presidente do grupo Abril e ex-presidente da
Febraban, foi a Brasília com a missão de impedir a convocação do chefe.
No mesmo período, surgiu a informação de que João Roberto Marinho, da
Globo, teria deixado claro, por meio de intermediários, ao Palácio do
Planalto que o governo seria retaliado se jornalistas ou empresários de
comunicação fossem convocados. E, para assegurar o sucesso dessa
movimentação, o grupo ainda teria um representante dentro da CPI, o
deputado Miro Teixeira (PDT-RJ). A tentativa de barrar a convocação de
Roberto Civita ou mesmo de Policarpo Júnior na CPI do Cachoeira
encontraria a sua maior resistência no desejo do ex-presidente Lula (PT)
de ver a Veja respondendo sobre sua ligação com o contraventor. Alguns
parlamentares, em reserva, garantem que o ex-chefe da Nação está com a
“faca nos dentes” e não quer deixar passar a oportunidade de revidar as
muitas capas de revista com denúncias contra os seus governos
(2003-2006/2007-2010). “E não é só o Lula. É o PT como um todo e muitos
partidos. E não só partidos do governo.
A coisa descambou para um
caminho sem volta. Se (o Civita) vai ser convocado, eu não sei. Mas se
não for vai ser estranho demais. Essa história está muito pública”,
afirmou um deputado federal da oposição. Já do lado governista, há o
sentimento de que “enfim, o troco está vindo”. “É um pedido pessoal do
Lula. É o troco dele. Fica difícil não atender. Se tiver essa história
de retaliação de setores da imprensa, o governo vai ter que segurar a
onda”, sinalizou, também em reserva, um deputado da base do governo.
Observem os comentários - http://brasil247.com/pt/247/midiatech/56739/Ferro-criador-da-palavr...á-se-foi-longe-