segunda-feira, 30 de abril de 2012

Esta nossa Presidenta é, realmente, Dilmais!


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UOL, 30/04/2012 - 20h51

Na TV, Dilma eleva tom contra bancos privados e pede corte em juros

 

BRASÍLIA, 30 Abr (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff elevou o tom na guerra do governo para que bancos privados reduzam os juros cobrados a consumidores, instou as instituições a seguir movimento de cortes anunciado pelos concorrentes públicos e disse ser inadmissível que o Brasil continue com uma das taxas mais altas do mundo.
A guerra para a redução das taxas se intensificou nas últimas semanas, com Banco do Brasil e Caixa anunciando cortes nos juros numa tentativa de forçar uma redução por bancos privados, que acompanharam em parte o movimento.

Em pronunciamento em rádio e televisão dominado pela temática econômica, Dilma disse que o governo tem uma "posição firme" para a redução dos juros e foi direta na mensagem às instituições privadas.

"É inadmissível que o Brasil, que tem um dos sistemas financeiros mais sólidos e lucrativos, continue com um dos juros mais altos do mundo", disse Dilma durante pronunciamento em comemoração ao Dia do Trabalhador, transmitido na noite desta segunda-feira.

"A economia brasileira só será plenamente competitiva quando nossas taxas de juros, seja para o produtor seja para o consumidor, se igualarem às taxas praticadas no mercado internacional".

Além de usar os bancos estatais como arma para forçar a redução das taxas, o governo tem tido a colaboração do Banco Central, que tem cortado sistematicamente a taxa básica de juros brasileira, hoje em 9%.

"Os bancos não podem continuar cobrando os mesmos juros para empresas e para o consumidor, enquanto a taxa básica Selic cai, a economia se mantém estável e a maioria esmagadora dos brasileiros honra com presteza e honestidade os seus compromissos", disse.

"O setor financeiro, portanto, não tem como explicar essa lógica perversa aos brasileiros".

Dilma e outros integrantes do governo vêm demonstrando publicamente desagrado com as taxas de juros e o spread bancário -a diferença entre o valor pago pelos bancos para captar recursos e o cobrado pelos tomadores de crédito.

A presidente disse ainda que o governo vai continuar buscando meios para baixar os impostos e voltou a citar a defesa dos empregos da indústria.

"Para que nosso país tenha uma economia mais forte, é preciso ainda que encontremos mecanismos que permitam uma diminuição equilibrada dos impostos para produtos e para consumidores", disse.

"E que tenhamos uma taxa de câmbio que defenda nossa indústria e nossa agricultura, em suma, os nossos empregos".

(Reportagem de Hugo Bachega)

Não veja, pense!

 Não há "mensalão" que rivalize com isto.

Lula, mais uma vez, tinha razão. Muitos não entenderam seu empenho na criação da CPI Demóstenes/Cachoeira.
 
A íntegra do inquérito contra Demóstenes comprova sua intuição política.

Diálogos reveladores da parceria entre o bicheiro, o senador, tucanos, magistrados e a revista 'VEJA' incluem  provas explícitas de conluio e conspiração contra o país.
Trata-se de um golpe mortal na jugular da credibilidade demotucana e de seu dispositivo midiático
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Serra deu R$ 34 milhões à editora que publica a revista Veja quando era governador de SP

 

Do R7

Um levantamento feito junto ao Diário Oficial do Estado de São Paulo mostra que o ex-governador José Serra, quando ocupava o cargo, pagou cerca de R$ 34 milhões ao longo de um ano ao Grupo Abril, responsável pela publicação da revista Veja.

A pesquisa feita pelo jornalista Altamiro Borges em 2010, do jornal Correio do Brasil, revela que o dinheiro era transferido do governo paulista para o grupo por causa de assinaturas de revistas.

Parte do dinheiro foi destinado para a compra de cerca de 25% da tiragem da Nova Escola e injetou alguns milhões nos cofres de Roberto Civita, o empresário que controla a Editora Abril. 

Além disso, na época, o tucano também apresentou proposta curricular que obrigava a inclusão no ensino médio de aulas baseadas nas edições do Guia do Estudante, outra publicação do grupo. 

Depois de vários contatos, o  R7 aguardava o retorno prometido pelos assessores do ex-governador.

Recentemente, Serra, atual pré-candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, anunciou o jornalista Fábio Portela, ex-editor de Brasil da revista Veja, como coordenador de imprensa de sua campanha.



Folha.com, 29/04/2012 - 20h30

Vídeos mostram envolvimento de policiais federais com grupo de Cachoeira 

 

DE SÃO PAULO

Imagens obtidas pela Folha com exclusividade revelam como o grupo do empresário Carlinhos Cachoeira corrompia a polícia, segundo as investigações da Polícia Federal na Operação Monte Carlo.
O vídeo abaixo, exibido no programa "TV Folha" (Cultura) deste domingo, mostra o que o Ministério Público aponta em sua investigação: que, para agir, o grupo de Cachoeira contava com a participação de policiais.
As imagens mostram o delegado da Polícia Federal Fernando Byron, apontado pela Operação Monte Carlo como informante do esquema ilegal, entrando e saindo do carro de Cachoeira depois de marcar encontro pelo telefone.
Uma CPI foi instalada no Congresso para investigar o caso. Cachoeira está preso em Brasília, no prédio da Papuda.
Por causa das ligações com Cachoeira, o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) sofre processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética do Senado.
Relatório da Polícia Federal mostra que o senador informava Cachoeira com antecedência sobre operações a serem realizadas pelo Ministério Público contra o grupo do contraventor.
O vídeo acima mostra ainda uma ligação telefônica entre Cachoeira e Byron. Segundo a investigação, o delegado, que trabalhava em Goiânia, era consultado por Cachoeira toda a semana para saber sobre as atividades da PF na região.




29/4/2012

Demóstenes quadriplicou o patrimônio em apenas quatro meses

 

 Por Redação - de Brasília, Goiânia e São Paulo 


Apenas quatro meses depois das eleições de 2010, o patrimônio do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) cresceu quatro vezes, segundo constata investigação rasa de setores da Receita Federal. O parlamentar comprou do seu suplente, o empresário Wilder Morais, um apartamento em um dos prédios mais luxuosos de Goiânia (GO), no valor de R$ 1,2 milhão. A transação imobiliária ocorreu três meses após a Construtora Orca, de propriedade de Wilder, comprar o imóvel de outra empresa goiana. Wilder, cuja mulher se separou dele para viver com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, também está envolvido na organização criminosa investigada pela PF. Em 2010, quando se reelegeu senador, Demóstenes declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 374 mil. Na relação de bens apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não havia um imóvel sequer declarado. O parlamentar listou um carro de R$ 102,4 mil e R$ 63,3 mil em contas bancárias. Informou ainda ter duas aplicações financeiras que não chegavam a R$ 10 mil.
Os valores apresentam uma pequena redução quando comparados aos que o parlamentar declarou ter em 2006, quando ele concorreu ao governo de Goiás. Naquela época, Demóstenes informou que morava em uma casa no Jardim América, bairro classe média de Goiânia, com a ex-mulher, Leda Torres. O valor estimado do imóvel era de R$ 70 mil e, a área de lazer vizinha ao sobrado, R$ 65 mil. A certidão do Cartório de Registro de Imóveis de Goiânia mostra que o senador pagou R$ 400 mil à vista pelo apartamento de luxo. O restante teria sido financiado pelo Banco do Brasil. No entanto, o contrato de compra e venda não foi registrado.
Ocupando todo o 15º andar do Edifício Parque Imperial, o apartamento tem 701 m², com living, sacadas, biblioteca, sala de jantar, lavabo, sala de estar, saleta, quatro áreas de serviços, dois quartos de empregada, suítes com closet, rouparia, louceiro, copa, cozinha e depósito. O imóvel fica no Setor Oeste, um dos mais nobres de Goiânia. Corretores imobiliários ouvidos pelo Estado afirmaram que o apartamento estaria estimado em R$ 2 milhões. O Parque Imperial seria o antecessor do Edifício Excalibur no mercado de prédios de luxo na capital goiana.

Cracolândia volta à Chuíça

http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2012/04/30/cracolandia-volta-a-chuica-lembra-do-massacre/

Cracolândia volta à Chuíça (*). Lembra do massacre ?

    Publicado em 30/04/2012



Saiu na Folha (**):

Tráfico resiste na Cracolândia após 4 meses de operação policial

 

Às vésperas de a ocupação da PM na cracolândia completar quatro meses, a venda e o consumo de drogas permanecem intensos na região.

Cercados de usuários, traficantes podem ser encontrados na área oferecendo drogas em diversos momentos do dia, informa reportagem de Afonso Benites publicada na edição desta segunda-feira da Folha.

No início do ano, a PM dissera que em 30 dias o tráfico de crack estaria desarticulado na área. Ontem, o chefe da PM na região disse não haver prazo.



 O amigo navegante deve se lembrar da ofensiva militar de 300 homens 
que, no inicio do ano, arrasou a Cracolândia e os usuários com armas de fogo.
Foi uma razzia.
E pareceu uma medida preventiva contra o lançamento do programa do
Governo Federal para combater o tráfico e tratar do usuário.
Os tucanos de São Paulo sairam na frente, para não se sentirem “sob intervenção”.
A Chuíça é um Estado à parte.
Agora, está aí o que se previu: o crack derrotou a incompetência tucana.
Em 18 anos de Governo, os tucanos afundaram a Chuíça.
Segundo a própria Folha(**), parte dos usuários da Cracolândia migrou para a
 Avenida Roberto Marinho.
Breve, ocupará a ponte do “seu” Frias ali perto e se concretizará – literalmente –  
a Magna Obra do PiG (***) e dos tucanos: marginalizar os viciados em crack, 
os sub-seres da Chuíça.
Paulo Henrique Amorim
(*) Chuíça é o que o PiG de São Paulo quer que o resto do Brasil ache que São Paulo
 é: dinâmico como a economia Chinesa e com um IDH da Suíça.
(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. 
Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de 
condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; 
da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, 
depois de 18 anos, reconheceu um filho que depois descobriu que não é dele
que matou o Tuma e depois o ressuscitou;  e que é o que é, porque o dono é o que é
nos anos militares, a Folha emprestava  arros de reportagem aos torturadores.
(***) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa 
qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a 
importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – 
o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Videla abre a boca

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Afinal, o que deu nesse general?

 

Eric Nepomuceno


Depois de anos de um silêncio de sepulcro, o semeador argentino de tumbas, general da reserva Jorge Rafael Videla, 86 anos, condenado a duas penas de prisão perpetua por ter cometido crimes de lesa-humanidade e enfrentando uma longa fila de processos e julgamentos, decidiu falar. Primeiro, para um repórter benevolente da revista espanhola Cambio 16. Depois, para um jornalista argentino, Ceferino Reato, que transformou vinte horas de conversa gravada num livro de impacto. E agora, na sexta-feira dia 27 de abril, para uma juíza chamada Martina Forns, num processo que tem por objetivo, entre outras coisas, saber o paradeiro dos restos de Mario Roberto Santucho, o mítico chefe do ERP (Exército Revolucionário do Povo), assassinado em certa madrugada gelada de julho de 1976.

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Videla sabe que não tem futuro. Está preso numa cela de um quartel e ficará lá até o fim de seus dias. Há pouco admitiu que sua última esperança tinha se esvaído, com a reeleição de Cristina Fernández de Kirchner. Será por isso que resolveu enfim falar? Será que o que deu nele foi a certeza de que os tempos de impunidade acabaram de vez e para sempre, e que calar perdeu o sentido?

Impressiona a frieza com que descreve o que todo mundo sabia mas ninguém antes havia admitido: o mecanismo feroz do terrorismo de Estado. A figura do ‘desaparecido’, diz ele, foi ‘cômoda, não provocava o impacto de um fuzilamento público’. Admitiu, também pela primeira vez, a existência de listas de condenados à morte – os tais ‘desaparecidos’. Disse que cada comandante tinha suas próprias listas, integradas por nomes de pessoas de sua zona ou área militar, e que graças a um acordo entre os chefes supremos de cada arma – Aeronáutica, Marinha e Exército – essas listas jamais foram publicadas ou divulgadas.

Esclareceu que as listas ‘não foram bem organizadas, havia certa confusão de nomes’, e que também por isso, em dado momento, foi tomada a decisão de não divulgá-las. Ou seja: nem todos os nomes de todas as listas foram assassinados, e nem todos os assassinados apareciam em alguma lista.
Enfim, aproveitou para afirmar que os tenebrosos ‘vôos da morte’, quando prisioneiros eram levados meio sedados para aviões e depois despejados sobre o Atlântico ou o rio da Prata, foram uma ‘coisa específica da Marinha’, que não havia como evitá-los, e que ‘todo mundo sabia de seu destino’.

Há exatos catorze anos, um Jorge Rafael Videla cheio de soberba e prepotência assegurou, diante de outro tribunal, que não sabia nada sobre Mario Roberto Santucho. Agora, confessa, sem pestanejar, ter dado a ordem de segredo absoluto sobre a decisão de esconder o corpo do guerrilheiro, ‘para evitar homenagens’. Disse não saber onde os restos foram enterrados. Mas contou que outro general também processado, Santiago Riveros, sabe.

Ao falar sobre os desaparecidos, admitiu que hoje pode-se discutir ‘o procedimento’. Mas enfatizou que ‘naquele momento, a sociedade não iria tolerar fuzilamentos’. Além do mais, ‘era difícil pensar que tanta gente poderia ser julgada, e além do mais os juízes se sentiam perseguidos’.

Enfim, acrescentou que ‘como as circunstâncias mudaram’, hoje ele fala o que não quis falar há catorze anos. E fala muito, o general genocida: seu depoimento durou mais de três horas, surpreendendo a todos na sala do tribunal – a começar pela própria juíza. Em nenhum momento demonstrou uma mísera gota de autocrítica, quanto mais de arrependimento. Continua defendendo que o que houve em seu país foi uma ‘guerra contra a subversão’. Conta o que conta com o ar de um burocrata cansado que resolve prestar contas de sua tarefa. Assim, os fuzilamentos clandestinos e o sumiço dos corpos era parte do seu trabalho.

Com ar ainda altivo, vestindo um terno de bom corte e uma gravata de bom gosto, Jorge Rafael Videla chegou algemado ao tribunal. O tom de sua voz é firme e seguro. Sabe que alguns de seus contemporâneos de farda e terrorismo de Estado o criticam por ter enfim decidido falar. Sabe que outros o apoiam, com certo alívio. E sabe que ao abrir a boca está abrindo caminho para que oficiais de patente menor, e que também respondem a processos por crimes contra a humanidade, sigam seu exemplo.

Há um mar sem fundo de questões sem resposta, a começar pelo mais cruel dos procedimentos: o sequestro e roubo de uns 500 bebês. Até agora, cem deles foram recuperados. Cem histórias de identidades roubadas, de vidas roubadas, de memória roubada. Faltam outras quatrocentas.

Até agora, ninguém admitiu e deu detalhes de como funcionavam os campos de concentração, nem especificou a cumplicidade da Igreja Católica e de partes substantivas do empresariado e do meio financeiro na longa duração da ditadura.
Mas o general começou a falar. E se começou, ninguém sabe onde ele vai parar.
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CartaCapital, Ed. 694

Torturadores, tremei!

 

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Caldas. "A revisão da lei é questão de tempo". Foto: Glaucio Dettmar

Há poucos dias, em decisão inédita, o juiz Guilherme Dezem, de São Paulo, determinou que no atestado de óbito de João Batista Drummond, dirigente do PCdoB, morto em 1976, conste que ele morreu em decorrência de “torturas físicas” e não de “traumatismo craniano encefálico” como consta hoje.

Esse é o mais recente indício de que a Lei da Anistia brasileira não resistirá ao ambiente democrático.

A revisão dessa lei é só uma questão de tempo”, sustenta o advogado Roberto Caldas, indicado pelo governo brasileiro para disputar, na Assembleia da Organização dos Estados Americanos (OEA), a vaga de juiz titular da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), com sede em San José da Costa Rica.

Além da criação da Comissão da Verdade, a indicação de Caldas é mais um sólido sinal de intolerância do governo Dilma à Lei da Anistia.

Talvez não haja ninguém no País mais versado sobre o tema do que ele. Profissional sóbrio e sem paixões partidárias, Caldas participa das decisões da CIDH desde 2008 e, como juiz ad hoc, já votou por três vezes pela condenação do Estado brasileiro. A mais recente delas foi a decisão sobre a Guerrilha do Araguaia.

O julgamento ocorreu em 2010, com base na Convenção Americana de Direitos Humanos, que, segundo Caldas, “declarou nula, de pleno direito, a Lei da Anistia brasileira quanto aos crimes cometidos por agentes do Estado”.

A razão é simples. As regras jurídicas não admitem uma lei de autoanistia. Ela é inexistente, inválida, para a Corte e para os tribunais internacionais.

Caldas não tem dúvidas sobre a -necessidade de o Brasil se submeter às decisões impostas por tratados internacionais que assinou: “A ordem jurídica internacional está atenta para não permitir que os detentores do poder político legislem em causa própria, com o objetivo de encobrir crimes graves contra direitos humanos. Mais uma razão somou-se a isso: os crimes de lesa-humanidade não podem ser objeto de anistia nem de prescrição”.

Ele interpreta assim o sentido dessa decisão: “É a condenação de um crime muito mais agressivo do que o assassinato. Funciona como pressão contra um tipo de pensamento que afeta toda a sociedade e não só os que sofreram”.

Um exemplo disso é o medo presente na sociedade brasileira quanto a uma possível retaliação dos militares à apuração de crimes cometidos na ditadura.

Embora lento por tradição cultural, Caldas acredita que o Judiciário brasileiro começará a recepcionar as decisões tomadas pelas cortes internacionais. Talvez um pouco mais tarde do que seria preciso, mas certamente antes do que muitos gostariam.

Ao declarar a Lei da Anistia constitucional, o STF, no entanto, não a blindou definitivamente?

Roberto Caldas diz que não, e explica: “A decisão do tribunal ateve-se à análise da constitucionalidade da lei. Não há qualquer equiparação com decisões tomadas no âmbito do direito internacional vigente à época. É anterior ao julgamento do caso da Guerrilha do Araguaia pela Corte Interamericana, que interpreta e aplica a Convenção Americana, uma espécie de Constituição continental sobre Direitos Humanos”.

Isso significa, por exemplo, que “é perfeitamente cabível”, segundo ele, “a análise dos crimes continuados, por parte de agentes do Estado”.

A Lei da Anistia não é o nó cego pensado pelos articuladores dela: a proteção permanente das ações desumanas, imposta aos presos políticos na ditadura, está com os dias contados. Portanto, torturadores, tremei!

Vaticano teria recebido mais de R$ 1 milhão para enterrar mafioso em basílica

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O Globo.com, 30/04/12


Vaticano teria recebido mais de R$ 1 milhão para enterrar mafioso em basílica

 

Michael Day, do Independent


MILÃO — O Vaticano enfrenta uma grande controvérsia sobre o enterro de um notório chefe mafioso ocorrido 22 anos atrás, com novas informações de que a Igreja teria aceitado um bilhão de liras (mais de R$ 1,245 milhão), a antiga moeda italiana, como pagamento de uma viúva para permitir o enterro de seu marido em uma basílica, ao lado de antigos papas.

Uma fonte da Santa Sé contou à agência de notícias italiana Ansa que “apesar da relutância inicial”, o então vigário-geral de Roma, o cardeal Ugo Poletti, “face a um montante tão conspícuo, deu sua benção para o controverso sepultamento de Enrico De Pedis, chefe do grupo mafioso Banda de Magliana, da capital italiana. O dinheiro teria sido usado em missões e na restauração da Basílica de São Apolinário, onde De Pedis foi colocado, ao lado de papas e cardeais, após seu assassinato em 1990.

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As informações, que não foram comentadas pelo Vaticano, podem explicar como um notório criminoso foi enterrado em um local considerado sagrado. Na semana passada, para combater as crescentes críticas e ajudar a resolver o mistério que perdura sobre o assassinato há 20 anos, as autoridades do Vaticano decidiram retirar os restos mortais de De Pedis de sua cripta especial.
A pressão aumentou no início deste mês, quando o procurador Giancarlo Capaldo afirmou que os altos funcionários do Vaticano sabiam muito mais do que revelavam sobre as ligações do chefe da Magliana com a Santa Sé e sobre o suposto sequestro e assassinato de Emanuela Orlandi, filha de 15 anos de um funcionário do Vaticano, em 1983.


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Há pessoas que ainda estão vivas, e ainda estão dentro do Vaticano, que sabem a verdade — afirmou Capaldo.
Alguns acreditam que o pai de Emanuela tinha provas ligando o Banco do Vaticano, Istituto per le Opere di Religione, ao crime organizado, e que ela foi pega para mantê-lo em silêncio. A teoria é de que De Pedis, que foi morto a tiros em 1990, organizou o sequestro.
Nas últimas duas décadas, houve especulações de que os restos mortais de Emanuela foram postos junto ao túmulo do criminoso. Pietro Orlandi, irmão da adolescente, integra o grupo dos que pedem para que o túmulo seja aberto.
O Vaticano — que enfrenta fortes críticas após uma série de escândalos — negou as acusações e deu a entender que os investigadores poderão testemunhar a reabertura da cripta, em uma tentativa de aplacar os rumores.
— Parece que nada foi escondido e não há segredos do Vaticano a serem revelados — afirmou Federico Lombardin, porta-voz do Vaticano.
Aparentemente, Enrico De Pedis será transferido para um destino menos badalado. O local deve ser decidido em um encontro. Mesmo que os restos mortais de Emanuela não sejam encontrados no túmulo, o mistério que ronda seu desaparecimento permanecerá.
Outras teorias sobre o destino de Emanuela também existem. Uma, mais palatável para o Vaticano, sugere que membros da Magliana a entregaram a extremistas turcos, que queriam usá-la como objeto de barganha para conseguir libertar Mehmet ALi Agca, o atirador turco que tentou matar o Papa João Paulo II em 1981.
Mas outras pessoas acusam Paul Marcinkus, o ex-chefe do Banco Vaticano que caiu em desgraça e que esteve envolvido com a falência do Banco Ambrosiano, o maior banco privado da Itália, em 1982.
Pouco depois de o escândalo vir à tona, o presidente do Banco Ambrosiano, Roberto Calvi, foi encontrado enforcado embaixo da ponte Blackfriars, em Londres.

Venezuela, salário mínimo e mentiras

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Segunda-Feira, 30 de Abril de 2012
 


Venezuela, salário mínimo e mentiras

Beto Almeida
 
A partir deste Primeiro de Maio a Venezuela terá o mais alto salário mínimo de toda a América Latina. Será equivalente a 1310 reais, contando com o ticket alimentação, obrigatório. Lá pagam-se, obrigatoriamente 15 salários anuais - o famoso “aguinaldo” -, assim, na média, o ganho mensal do trabalhador que recebe salário mínimo passa a ser de 1637 reais. O aumento beneficiará a 4 milhões de venezuelanos, incluindo cerca de 2 milhões de aposentados e pensionistas.

O aumento do mínimo terá impacto político importantíssimo na guerra que o imperialismo e a oligarquia venezuelana travam, sem cessar, contra Chávez. Apresentam a Venezuela como um país caótico, desordenado. Agora, agregam à guerra ideológica permanente uma overdose de veneno para explorar a doença de Chávez.

Até setores progressistas, distraídos, impressionam-se ante este dilúvio de mentiras e repetem que Chávez impediu o surgimento de novas lideranças ou que não resolveu o caos do abastecimento. Na realidade,
a Revolução Bolivariana promove intensamente o florescimento de milhares e milhares de novas lideranças, estimula a politização das massas.

Segmentos antes avessos à política hoje andam com a Constituição no bolso, conscientes de seus direitos. A nova Lei do Trabalho vai formalizar conquistas quando na Europa se destrói o Estado do Bem-Estar Social. Foi ampliada a comunicação pública e estimulada a leitura de jornais e livros, com distribuição gratuita e pesquisas apontam a
Venezuela como o terceiro país em que mais se lê na América Latina. E sem analfabetismo.

O uso da TV por Chávez é uma verdadeira escola de quadros a céu aberto
estimulando o povo a pensar em política, ideologia, economia, história e cultura. Estimula, também, um controle popular para enfrentar a sabotagem ao abastecimento – a burguesia esconde toneladas de alimentos - já há filmes denunciando esta crime, também combatido com a criação de mercados estatais que vendem produtos a preços 70 % mais baixos.

Chávez enfrenta o câncer e a Revolução Bolivariana consolida-se para enfrentar os
desafios que toda revolução enfrenta.

Jornalista, Membro da Junta Diretiva da Telesur.

domingo, 29 de abril de 2012

Por uma esquerda que não tenha medo de dizer seu nome

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Folha de São Paulo, 29/04/2012

 

Esquerda sem medo de dizer seu nome

 

Por Vladimir Safatle



Há alguns anos, o cientista político André Singer cunhou o termo “lulismo” para dar conta do modelo político-econômico implementado no Brasil desde o início do século 21.
Baseado em uma dinâmica de aumento do poder aquisitivo das camadas mais baixas da população por meio do aumento real do salário mínimo, de programas de transferência de renda e de facilidades de crédito para consumo, o lulismo conseguiu criar o fenômeno da “nova classe média”.
No plano político, esse aumento do poder aquisitivo da base da pirâmide social foi realizado apoiando-se na constituição de grandes alianças ideologicamente heteróclitas, sob a promessa de que todos ganhariam com os dividendos eleitorais da ascensão social de parcelas expressivas da população.
O resultado foi uma política de baixa capacidade de reforma estrutural e de perpetuação dos impasses políticos do presidencialismo de coalizão brasileiro.
No entanto é bem possível que estejamos no momento de compreensão dos limites do modelo gestado no governo anterior. O aumento exponencial do endividamento das famílias demonstra como elas, atualmente, não têm renda suficiente para dar conta das novas exigências que a ascensão social coloca na mesa.
É fato que o país precisa de uma nova repactuação salarial. As remunerações são, em média, radicalmente baixas e corroídas por gastos que poderiam ser bancados pelo Estado. Por isso, é possível dizer que a próxima etapa do desenvolvimento nacional passe pela recuperação dos salários.
A melhor maneira de fazer isso é por meio de uma certa ação do Estado. Uma família que recebe R$ 3.500 mensais gasta praticamente um terço de sua renda só com educação privada e planos de saúde. Normalmente, tais serviços são de baixa qualidade. Caso fossem fornecidos pelo Estado, tais famílias teriam um ganho de renda que isenção alguma de imposto seria capaz de proporcionar.
Entretanto a universalização de uma escola pública de qualidade e de um serviço de saúde que realmente funcione não pode ser feita sob a dinâmica do lulismo, pois ela exige investimentos estatais só possíveis pela taxação pesada sobre fortunas, lucros bancários e renda da classe alta. Ou seja, isso exige um aumento de impostos sobre aqueles que vivem de maneira nababesca e que têm lucros milionários no sistema financeiro.
Algo dessa natureza exige, por sua vez, uma mobilização política que está fora do quadro de consensos do lulismo.Porém a força política que poderia pressionar essa nova dinâmica ainda não existe no Brasil. Ela pede uma esquerda que não tenha medo de dizer seu nome.

A deliciosa história sobre a invenção do jogo do bicho

A deliciosa história sobre a invenção do jogo do bicho



Por Luiz Antonio Simas (historiador)




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O jogo do bicho surgiu no Rio de Janeiro em 1893. A criação da loteria popular mais famosa do Brasil se deve ao complicado contexto político daqueles tempos. A República, recentemente proclamada, tentava sepultar os resquícios da Monarquia derrubada — e desse quiproquó entre os adeptos dos regimes surgiu o jogo. Explico.
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Nos tempos da Monarquia, o Barão de Drummond, eminência política do Império e amigo da família real, era fundador e proprietário do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro — que então funcionava em Vila Isabel.
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A manutenção da bicharada era feita, evidentemente, com uma generosa subvenção mensal do governo, suficiente, diziam as línguas ferinas dos inimigos do Barão, para alimentar toda a fauna amazônica por pelo menos dez anos.
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Quando a República foi proclamada, o velho Barão perdeu o prestígio que tinha. Perdeu, também, a mamata que lhe permitia, segundo o peculiar humor carioca, alimentar o elefante com caviar, dar champanhe francesa ao macaco e contratar manicure para o pavão.
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Sem o auxílio do governo, o nosso Barão cogitou, em protesto, soltar os bichos na Rua do Ouvidor — o que, admitamos, seria espetacular — e fechar em definitivo o zoológico do Rio.
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Foi aí que um mexicano, Manuel Ismael Zevada, que morava no Rio e era fã do zoológico, sugeriu a criação de uma loteria que permitisse a manutenção do estabelecimento. O Barão ficou entusiasmado com a ideia.
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O frequentador que comprasse um ingresso de mil réis para o Zoo ganharia vinte mil réis se o animal desenhado no bilhete de entrada fosse o mesmo que seria exibido em um quadro horas depois. O Barão mandou pintar vinte e cinco animais e, a cada dia, um quadro subia com a imagem do bicho vitorioso.
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Caríssimos, se bobear essa foi a ideia mais bem-sucedida da história do Brasil. Multidões iam ao zoológico com a única finalidade de comprar os ingressos e aguardar o sorteio do fim de tarde.
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Em pouco tempo, o jogo do bicho tornou-se um hábito da cidade, como os passeios na Rua do Ouvidor, a parada no botequim, as regatas na Lagoa e o fim de semana em Paquetá. Coisa séria.
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A República, que detestava o Barão, proibiu, depois de algum tempo, o jogo no zoológico. Era tarde demais.
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Popularizado, o jogo espalhou-se pelas ruas, com centenas de apontadores vendendo ao povo os bilhetes com animais dadivosos. Daí para tornar-se uma mania nacional, foi um pulo. O jogo do bicho deu samba — com trocadilho.
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Contei rapidamente a história da criação do jogo para constatar o seguinte: a situação atual do zoológico do Rio de Janeiro não parece ser muito diferente daqueles tempos bicudos do velho Barão de Drummond.
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Dia destes, o próprio O Globo veio com uma reportagem chamando atenção para o desleixo a que o jardim está entregue em tempos recentes. Enquanto a loteria popular prosperou e virou uma espécie de instituição nacional, o zoológico não teve a mesma sorte.
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O jogo, que a rigor foi criado apenas para tirar o zoológico da situação de abandono e com uma inocência digna das histórias de Polyana, a moça, chegou longe demais. Vejam, por exemplo, as atuais peripécias republicanas do bicheiro Carlinhos Cachoeira (curiosamente chamado por alguns da mídia de “empresário da contravenção”).
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A inocente loteria popular ganhou asas e se transformou em uma complexa organização criminosa, com tentáculos inimagináveis que envolvem até mesmo cândidas vestais de ternos e togas do moralismo tupiniquim.
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Deixo aqui a minha sugestão: já que o poder público aparentemente não dá pelota para a bicharada, confisquem as fortunas que o crime organizado amealhou em aparente conluio com os bacanas e poderosos da República.
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Separem um pouquinho da grana tungada e, por justiça histórica, destinem o tutu ao carente Jardim Zoológico do Rio de Janeiro.
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Uma parte do dinheiro do mafioso Cachoeira deve servir ao nobre destino de alimentar cobras, leões, passarinhos e macacos que, afinal de contas, fazem a alegria da criançada carioca em fins de semana.
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A César o que é de César. Ou alguém aí sugere a criação de uma loteriazinha inocente que pode salvar o zoológico carioca desse abandono? Não recomendo.
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O desconforto da Óia

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Veja tenta se defender atacando "discurso anti-imprensa"


Marco Aurélio Weissheimer


A revista Veja não consegue esconder seu desconforto, com a profusão e a natureza das citações que vem recebendo nas conversas interceptadas pela polícia com autorização judicial no curso das investigações lideradas pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira. As conversas e as citações indicam que Cachoeira parecia ter uma insólita influência dentro da redação da revista.

As duas últimas capas da publicação materializam o desconforto: na semana passada, uma antológica “reportagem” sobre as virtudes de ser alto; nesta, outra capa morna com as “lições das chefonas”, um perfil sobre executivas de grandes empresas. Na parte superior da capa, uma pequena chamada, em tom ameaçador, diz que Cachoeira pode “contar tudo o que sabe. Em outros tempos (recentes), esta seria o destaque de capa. Por alguma razão não é, assim como não foi na semana anterior.

Vamo detona aquele trem na Veja”, “vou dar (um documento) pro Policarpo. Policarpo vai detonar aquela associação, entendeu (...) Na quarta-feira conforme for a gente senta com o Policarpo”. Esses são trechos de uma conversa travada no dia 6 de junho de 2011, entre Carlinhos Cachoeira e um a pessoa ligada a ele chamada Claudio. “Policarpo” seria Policarpo Júnior, editor chefe da revista Veja em Brasília. Há vários trechos de conversas onde Carlinhos Cachoeira ou pessoas próximas a ele afirmam ter influência direta na definição de pautas da publicação da editora Abril.

Neste final de semana, a Veja socorreu-se do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), para quem o “discurso anti-imprensa” teria perdido força com o vazamento do inquérito da operação Monte Carlo (publicado pelo site Brasil 247). “O vazamento do inquérito da operação Monte Carlo comprova que o suposto conluio entre a imprensa e a quadrilha do contraventor Carlinhos Cachoeira nunca passou de uma invenção de grupos hostis à liberdade de expressão – o que inclui setores do PT e seus aliados. A íntegra das investigações reforça o óbvio: o jornalismo investigativo cumpriu o seu papel sem se sujeitar à máfia”, diz a revista quase que comemorando o vazamento.

A interpretação da Veja é um tanto fantasiosa e agarra-se fundamentalmente a um dos trechos interceptados pela Polícia Federal, onde o senador Demóstenes Torres diz a Cachoeira que tentará “esvaziar os efeitos de uma reportagem de Veja sobre a empresa Delta, publicada há cerca de um ano”. As demais (e numerosas) referências à revista e a Policarpo são simplesmente ignoradas. Álvaro Dias diz que o “discurso anti-imprensa” perdeu força e não se fala mais no assunto. Essa é a ideia apresentada pelo site da revista neste sábado.

O “discurso anti-imprensa” ao qual Veja se refere resume-se na verdade à ela própria e ao suposto envolvimento de funcionários da empresa com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. O restante da chamada “grande imprensa” até aqui mantém ruidoso silêncio sobre o caso.

Uma pergunta que pegou mal

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CartaCapital, Ed. 695

 


“Operação abafa”

 

Maurício Dias


No restrito circuito dos institutos de pesquisa, pegou mal a pergunta do Datafolha sobre a opção do eleitor sobre o candidato preferencial do PT em 2014.

Lula obteve 57% e Dilma, 32%.

Outro esforço inutil para abafar a repercussao da aprovação ao Governo Dilma.

A gênese do peleguismo

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Domingo, 29 de Abril de 2012
 

1º DE MAIO: A GÊNESE DO PELEGUISMO  


"Cada patrão mandou dez funcionários para cá. A gente tem que ficar até o fim [do evento] e levar o comprovante de que veio, para não descontar o dia de trabalho" . A confidência foi feita por um dos participantes do primeiro congresso do "núcleo sindical" do PSDB, realizado em São Paulo, na última sexta-feira, conforme relato da Folha (28-04). Uma espécie de avant-première do 1º de Maio, o encontro liberou caciques tucanos para o feriadão prolongado com a consciência do dever cumprido. 
A lotação proletária foi assegurada pelo engajamento natural das bases: donos de construtoras e empreiteiras que prestam serviços ao Estado convocaram seus trabalhadores à luta, com direito a sanduíche de queijo, suco, biscoito e maçã.  Mediante comprovante de comparecimento, a militância teria  o  dia abonado trocando o saco de cimento pela faiscante oratória tucana. Cada empresa foi convocada a encaminhar pelos menos dez operários ao meeting
Serra nem gaguejou ao afirmar aos presentes que a relação do PSDB com sindicatos 'não é novidade'; em seguida, pediu apoio à candidatura a prefeito de SP. "Temos nossa primeira tarefa: mobilizar nossos sindicalistas para a campanha eleitoral deste ano", disse o ex-governador com indisfarçável mal humor diante do rival  Aécio Neves. Alckmin foi de longe o mais combativo; sapecou um  'companheiros e companheiras' na saudação e arrematou com a frase cuja autenticidade sintetiza a de todo o evento: "O PSDB é um partido que dá prevalência ao trabalho sobre o capital".


CartaCapital Online, 26/04/2012

Deputados tucanos se irritam com cartaz de ‘A privataria tucana’

 

Por Leandro Fortes


O que antes era só uma acusação, agora está documentalmente provado: no dia 7 de fevereiro passado, os deputados tucanos Rogério Marinho (RN) e Sérgio Guerra (PE), acompanhados de um assessor ainda não identificado, participaram de um ato de vandalismo no sétimo andar do anexo IV da Câmara dos Deputados, em Brasília. Estimulado por Guerra, que é presidente nacional do PSDB, Marinho simplesmente arrancou um cartaz de propaganda do livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., então afixado na porta do gabinete do deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP). CartaCapital teve acesso às imagens captadas pelas câmeras de segurança pelas quais se constata, quadro a quadro, como dois parlamentares do maior partido de oposição do País se comportam como delinquentes juvenis nas dependências do Congresso Nacional.

Os dois primeiros quadros das imagens captadas pelas câmeras de segurança mostram a dupla de deputados deixando o gabinete de Sérgio Guerra, localizado a 50 metros do gabinete de Protógenes Queiroz. Depois, no terceiro quadro, Marinho é flagrado à distância por uma das câmeras no momento em que arranca o cartaz, com Guerra bem às suas costas, enquanto o assessor observa a cena, um pouco mais atrás. O último quadro mostra o trio se afastando, Marinho com o cartaz na mão, ao mesmo tempo em que fala ao celular. O cartaz de “A Privataria Tucana”, livro que conta as peripécias de parentes, sócios e amigos do tucano José Serra em movimentações bilionárias por contas secretas no Caribe, acabou numa lata de lixo, ao lado de um elevador.


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A molecagem dos deputados tucanos poderá acabar mal. Isso porque o deputado Rogério Marinho confessou o crime. Segundo ele, arrancar o cartaz da porta de um outro parlamentar foi “um ato político”. O Código de Ética da Câmara dos Deputados enquadra a ação de Marinho, contudo, como infração “às regras de boa conduta nas dependências da Casa”, passível de ação de quebra de decoro parlamentar. O deputado Queiroz prestou queixa do ocorrido no Departamento de Polícia Legislativa da Câmara e, na quarta-feira 26, requereu ao presidente da Casa, deputado Marco Maia (PT-RS), abertura de procedimento disciplinar contra Marinho e Guerra.

Caso o assunto chegue a ser julgado pela Comissão de Ética, os parlamentares do PSDB poderão sofrer censura verbal em sessão do plenário da Câmara e uma suspensão de seis meses do mandato parlamentar. É uma briga que vai se estender à CPI do Cachoeira, onde Queiroz e Marinho são membros titulares. Guerra, ao saber da queixa do colega do PCdoB à polícia legislativa, apressou-se em também acusar Queiroz, delegado licenciado da Polícia Federal, de quebra de decoro por ter sido citado em gravações da Operação Monte Carlo, nas quais conversa com o araponga Idalberto Araújo, o Dadá, com quem trabalhou na Operação Satiagraha, em 2008.

De hora em hora Obama piora

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29 abril 2012

De hora em hora Obama piora

 
Celso Lungaretti

Crer que algo vá mudar com a troca da guarda na presidência dos EUA sempre foi a maior roubada. Quem manda é o  stablishment, pouco importando as características do seu serviçal da vez na Casa Branca.
John Kennedy, p. ex., nem de longe pode ser considerado a  pomba  que dele fizeram, embora assassinado por  falcões.
Deu sinal verde para a invasão da Baía dos Porcos em abril/1961, mas refugou quando o show já começara. Deixou de fornecer a prometida cobertura aérea para o desembarque dos  gusanos  e estes foram facilmente dominados.
Mas, não fez objeção nenhuma a que exilados cubanos utilizassem o território dos EUA para prepararem uma incursão armada contra seu país, nem descartou o apoio intervencionista a tal empreitada.
Foi só na enésima hora que reconsiderou, preferindo evitar um comprometimento tão ostensivo com a agressão a uma nação soberana sem ter-lhe declarado guerra.
Resultado: o mundo inteiro ficou sabendo, da mesmíssima maneira, que os EUA estavam acumpliciados com a invasão. E esta fracassou rotundamente.
Depois que John e Robert Kennedy foram assassinados por ultradireitistas hidrófobos, houve quem os tentasse erigir em grandes democratas.

"JOÃO DO AMOR"?!


Em 1968, no IV Festival de MPB da TV Record, foi até inscrita uma música homenageando o clã, composta por Ary Toledo e Chico Anysio. John Kennedy, quem diria, metamorfoseou-se em "João do amor" que "cantava a paz e o bem", mas cuja canção foi calada por "um tiro à traição". Dessa vez, o simpático Jair Rodrigues não recebeu muitos aplausos por sua interpretação...
Justiça seja feita, John Kennedy teve lá seu grande momento quando administrou a crise dos mísseis cubanos sem ceder às pressões militares para endurecer com a URSS. Com um Nixon na presidência, talvez a humanidade tivesse ido pro beleléu.
Durante a Guerra do Vietnã, eram bem heterodoxos os discursos do precandidato democrata à presidência em 1968, Eugene McCarthy, a ponto de sensibilizarem os jovens contestadores, que fizeram campanha por ele. Mas a indicação acabou ficando com o anódino Hubert Humphrey. Nunca saberemos se Gene, no poder, teria sido fiel à sua retórica.
George McGovern, menos à esquerda mas igualmente comprometido com o fim da guerra, conseguiu ser candidato em 1972, perdendo a eleição para o coadjuvante do macartismo Richard Nixon.
O menos pior dos presidentes estadunidenses nas últimas décadas foi, sem dúvida, Jimmy Carter, que estimulou a redemocratização da América Latina tanto quanto seus antecessores haviam semeado ditaduras. Foi mediador do primeiro acordo de paz entre um país árabe (o Egito) e Israel, amenizou o embargo econômico a Cuba e adotou uma política de paz em relação aos países comunistas.

...E O VENTO LEVOU!
Está sendo uma completa decepção a  grande esperança negra  Barack Obama (aquele que, dentre outras promessas que o vento levou, comprometeu-se a desativar Guantánamo, só faltando assinar um  papelzinho  como os do Serra).


Tão insignificante vem sendo seu governo que nada melhor ele tem para erigir em trunfo eleitoral, nesta altura da campanha para reeleger-se, do que a hedionda operação pirata para extermínio de Osama Bin Laden e quem mais estivesse por perto, ao arrepio da soberania do governo paquistanês.
Tolamente, o rival republicano Mitt Romney afirmou que "não vale mover céus e terras gastando milhares de dólares só para pegar uma pessoa".
Levantou a bola para os democratas explorarem um tema que lhes favorece junto ao eleitorado de jecas e brucutus dos EUA.
Começando por Bill Clinton, que deu uma declaração mais feia ainda do que as mulheres que escolhe para  pular a cerca: disse que, ao tomar a decisão de autorizar uma  vendetta  caracteristicamente mafiosa contra Bin Laden, Obama teria escolhido "o mais difícil e mais honrado caminho".
Fez-me lembrar o título em inglês de um ótimo filme policial francês (d. Jean Herman, 1968, com Alain Delon e Charles Bronson): Honra entre ladrões.
Pois nada existe de mais desonroso do que ordenar matança tão covarde.

sábado, 28 de abril de 2012

Pacto Óia - Cachoeira: O que se quer saber

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http://www.tijolaco.com/jornalismo-e-cumplicidade-nao-sao-o-mesmo/



Tijolaço, 28/04/2012


Jornalismo e cumplicidade não são o mesmo


Por Fernando Brito





Não está em pauta, na CPI do Cachoeira, o sigilo de fontes jornalísticas.
Ninguém se interessa em saber qual foi a fonte do senhor Policarpo Júnior, da Veja, para os oito anos de matérias bombásticas, com gravações de diálogos escusos e revelação de supostos negócios ilegais.
Não tem interesse, porque todos já sabem: Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o “empresário de jogos”.
O que se quer saber é outra coisa: como foi o pacto de interesses políticos firmado entre a revista e o contraventor.
Carlos Cachoeira não forneceu uma ou duas informações à Veja. Teve, sim, uma longa convivência que, em termos biológicos, teria o nome de mutualismo: uma interação entre duas espécies que se beneficiam reciprocamente.
Cachoeira usava a Veja como instrumento de seu esquema de coação, chantagem, propinagem.
Veja usava Cachoeira como fonte de combustível para a fornalha de seu ódio político contra governos de esquerda, Lula e Dilma.
A maior prova é que as ligações de Cachoeira com Demóstenes Torres e Marcone Perillo, dois aliados de Veja no campo político, nunca foram objeto de apuração por parte da revista.
Ao contrário, o tal “grampo” do diálogo entre Demóstenes e o então presidente do STF, Gilmar Mendes, foi apresentado como resultado de arapongagem governista e fez estragos dentro da Polícia Federal.
Repíto: não se quer saber quem era a fonte de Veja, porque isso já se sabe, mas quais foram as relações entre a revista e a editora Abril no uso de gravações clandestinas, que eram as ferramentas de chantagem de Cachoeira.
Não existe “sigilo de fonte” na decisão interna de um órgão de imprensa em manter uma  longa sistemática relação com um bandido.
Qualquer jornalista sabe a diferença entre receber informações de um bicheiro sobre algum caso e a de, sistematicamente, receber dele material clandestino que incrimine os policiais que lhe criem problemas. Sobretudo, durante anos e sem qualquer menção à luta de submundo que se desenvolvia nestes casos.
No primeiro caso, é jornalismo. É busca da informação e sua apresentação no contexto em que ela se insere.
No segundo, é cumplicidade. É uma associação para delinquir, criminal e jornalisticamente.
No crime, porque viola, de forma deliberada, direitos e garantias constitucionais. No caso Murdoch, o escândalo foi seu jornal ter grampeado telefones por razões políticas. Neste, o de ter utilizado por anos gravações clandestinas fornecidas por um terceiro, um contraventor.
Sob o ponto de vista jornalístico, a pergunta é: se o “grampeador” de Murdoch tivesse trabalhado de graça, o seu jornal, News of the World,  teria menos culpa?
Cachoeira trabalhou “de graça” para a revista, mas a revista sabia perfeitamente de seus lucrativos interesses em fornecer-lhe “o material”.
Seria o mesmo que o repórter de polícia, durante anos, saber que a fonte das informações que recebia as transmitia por estar interessado em “tomar” outros pontos de bicho e ampliar seu império zoológico.
É irrelevante se o repórter fazia isso por dinheiro ou por prestígio.
Repórter que agia assim, no meu tempo, chamava-se “cachorrinho”. E tinha o desprezo da redação.
Não se ofenda a profissão confundindo as duas coisas e nem se diga que o sr. Policarpo é mero repórter. É alguém, que pelo seu cargo, tem relações diretas com a administração empresarial da revista.
Não tem sentido falar em “preservação de fontes jornalísticas” quando a fonte e o relacionamento entre ela e um editor – não um simples e inexperiente repórter – já são objeto de registro policial devidamente autorizado pela Justiça.
Sobre o que Veja e Cachoeira conversavam está no processo, não há sigilo a se quebrado aí.
O que se quer saber é como e porque Veja e Cachoeira viveram esta longa relação mútua e que benefícios para uma e outro advieram dela.
Por isso, o senhor Policarpo Júnior deve prestar, como testemunha, declarações à CPI.
Poderá alegar preservação de fontes quando for perguntado se a direção da editora sabia a origem do material que publicava?
Não parece que isso seja sigilo profissional, do contrário Murdoch escaparia ileso.
As gravações hoje pelo jornalista Luis Carlos Azenha,no Viomundo, reveladas a partir dos documentos publicados pelo Brasil 247, são uma pá de cal no tal segredo de justiça que, todos estão vendo, não existe mais.
Dois bandidos assumem que dirigiam as publicações de “escândalos” na Veja.
E isso é um escândalo, que não pode ficar oculto.
Ocultar fatos, sim, é que é um atentado à liberdade de imprensa.

Novas escutas complicam ainda mais a situação de Perillo, Cabral e Gilmar Mendes

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Novas escutas complicam ainda mais a situação de Perillo, Cabral e Gilmar Mendes

 

28/4/2012 21:25,  Por Redação - de Brasília, Goiânia e Rio de Janeiro 


Cabral Gilmar Mendes era amigo de Demóstenes Torres, que era amigo de Cachoeira, que era amigo de Cavendish, que era amigo de Cabral
O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), mandava recados para o chefe da organização criminosa chefiada pelo bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, por intermédio do senador Demóstenes Torres (ex-DEM). Os negócios da quadrilha não se resumiam ao império dos jogos de azar no Centro-Oeste do país, mas chegavam até o Supremo Tribunal Federal. À série de documentos vazados para jornais e revistas, que começou a ser divulgada logo após a prisão de Cachoeira, há três semanas, foi acrescentada, neste sábado, uma nova leva de escutas. A divulgação de fotos do governador fluminense, Sérgio Cabral (PMDB), em Paris, ao lado de Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, empresa envolvida na CPMI do Cachoeira, também chama a atenção da Polícia Federal (PF).



Entre os diálogos gravados com autorização judicial estava o telefonema de Demóstenes a Cachoeira:



O abraço de Demóstenes ao bicheiro deixou evidente, na realidade, uma face mais deformada no relacionamento entre os integrantes dos poderes Legislativo e Judiciário. A influência exercida por Demóstenes junto a altas patentes do Superior Tribunal Federal era usada na tentativa de influenciar decisões das cortes mais altas do país. Há pouco mais de um ano, após a prisão pela PF de 19 policiais militares no Mato Grosso do Sul durante a operação Sexto Mandamento, (“Não matarás”), todos envolvidos com um grupo de extermínio acusado de matar inclusive crianças, adolescentes e mulheres sem envolvimento com práticas criminosas, a ação de Cachoeira e Demóstenes para influir no processo judicial foi captada nas escutas telefônicas.
Em 3 de março de 2011, logo após a prisão dos PMs, o assunto mobilizou Cachoeira e Demóstenes. Este foi portador de um pedido de Cachoeira ao governador Marconi Perillo, para que o chefe do Executivo goiano transferisse os policiais para um presídio em Goiânia. As gravações ilustram como o senador orientou o bicheiro no procedimento para ajudar os PMs acusados de assassinato.
“Eu tava com o Ronald hoje (…) o Estado interceder através do Ronald para puxar esse pessoal pra cá pra cumprir aqui”, diz Cachoeira.
“Ronald” era o Ronald Bicca, procurador-geral de Justiça de Goiás à época, e estava escalado para a tentativa de liberar os suspeitos. Ele seria auxiliado por ninguém menos do que o próprio senador, que já havia ocupado o cargo de procurador-geral do Ministério Público (MP) de Goiás e de secretário da Segurança do Estado.
Eu já falei com a turma para dar o parecer favorável. Fica tranquilo – diz Demóstenes a Cachoeira, que pergunta quanto tempo levaria para que a situação fosse resolvida.
Demóstenes o tranquiliza e diz que será quando “assumir o moço”.
Passados oito desde o diálogo, Benedito Torres, irmão de Demóstenes, assumiu a Procuradoria-Geral do MP de Goiás. Em junho daquele ano, a Justiça autorizou a transferência dos 15 presos para o Centro de Custódia da Polícia Militar, em Goiânia e hoje, pouco mais de um ano depois da prisão, apenas um dos acusados continua preso. Os outros exercem atividades administrativas na PM.
Amizades encardidas
Enquanto o senador Demóstenes ainda ocupava o papel de defensor da moral e dos bons costumes no Congresso, ele e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, faziam questão de aparecer juntos em ocasiões sociais, ao longo de uma década de amizade acima de qualquer suspeita. Ambos figuravam nas páginas políticas dos meios de comunicação enquanto discutiam temas de interesse nacional, como a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que visava reforçar o papel da Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), entre outras.
“Até o dia em que vieram a público os fatos em torno do senador Demóstenes, autoridades públicas se relacionavam com naturalidade com o referido senador. Até então o senador era credor da respeitabilidade de que desfrutava”, desconversava na semana passada, em nota, o ministro Gilmar Mendes. Mas os ventos mudaram de direção. Nos quatro minutos de diálogo, gravados no dia 16 de agosto do ano passado, Cachoeira e Demóstenes falavam sobre a queda de Wagner Rossi (PMDB) do Ministério da Agricultura e sobre o ex-ministro José Dirceu (PT), até que o nome do ministro Gilmar Mendes foi à tona, em um processo a que responde a Companhia Energética de Goiás (Celg). Cachoeira comemorava a decisão do ministro favorável à companhia.
Conseguimos puxar aqui para o Supremo uma ação da Celg aí. Viu? O Gilmar mandou buscar, deu repercussão geral pro trem aí – lembra Demóstenes.
Na véspera, Gilmar Mendes dissera no processo que o STF era o órgão competente para julgar uma disputa em que a Celg reclama indenização de R$ 1,2 bilhão da União, da Eletrobras e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O processo tramitava na Justiça Federal de Goiás, mas advogados da Celg recorreram ao Supremo por entender que a Corte era o foro adequado. Gilmar aceitou os argumentos da Celg.
“Há patente conflito federativo”, afirmou Gilmar em sua decisão, baseado em uma “jurisprudência do Supremo”. Ele também negou aos jornalistas que o procuraram ter tratado do assunto com Demóstenes.
Delta, Cabral e Perillo
As ligações entre os governadores Marconi Perillo e Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, com o bicheiro e sua “organização criminosa”, segundo descrição do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ganham um ponto de apoio com a ascensão meteórica da Delta Construtora. O processo, encaminhado à CPMI do Cachoeira, em curso no Parlamento, deixa mais clara a ligação entre Perillo e a organização criminosa. Os grampeados falam em detalhes sobre a situação de diversos contratos da Delta.
A autorização para a remessa do inquérito ao Congresso foi concedida pelo ministro Ricardo Levandovski. Os dados poderão ser analisados também pela Comissão de Sindicância da Câmara dos Deputados, que investiga os parlamentares João Sandes Junior (PP-GO) e Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), pelo envolvimento com o Cachoeira.
A situação do governador fluminense também se torna mais delicada com a divulgação de uma série de fotos, em Paris, nas quais Cavendish aparece ao lado de Sérgio Cabral e secretários estaduais, entre eles o de Saúde, Sérgio Côrtes, aparentemente embriagado, em uma espécie de comemoração. Cabral e Cavendish partilham, além da amizade declarada por ambos, de um episódio nebuloso com a queda de um helicóptero em Trancoso, no Sul da Bahia, 17 de junho do ano passado, período em que a Delta recebeu do governo fluminense R$ 127 milhões sem licitação e mais R$ 420 milhões licitados.
O procurador-geral de Justiça do Estado do Rio arquivou o inquérito sobre o acidente e disse que governador pode ser amigo “de quem quiser” e que contratos da Delta com governo são legítimos Claudio Lopes mandou arquivar a investigação do Ministério Público Estadual sobre possíveis irregularidades nas relações de amizade do governador Cabral Filho com os empresários Fernando Cavendish e Eike Batista, ambos com negócios milionários com o governo fluminense. Após o estouro do escândalo em que Cavendish e Cachoeira aparecem como possíveis sócios no crime, Cabral desautorizou Lopes e disse que irá investigar os contratos milionários.

Gravações da PF mostram Cachoeira editando a Óia


 
Folha.com, 28/04/2012
  

Cachoeira caiu na gargalhada ao ver lista com membros de CPI

DE SÃO PAULO


Um dos interlocutores do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, afirma que ele caiu na gargalhada ao ver a lista de parlamentares que fazem parte da CPI que o investigará no Congresso, informa a coluna de Mônica Bergamo, publicada na edição deste sábado da Folha (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Confira os parlamentares que fazem parte da CPI
Cachoeira, que está preso no prédio da Papuda, em Brasília, teria afirmado estar curioso para saber as perguntas que alguns integrantes, que conhece, farão no dia em que ele for depor na comissão.
A comissão, composta por 16 deputados e 16 senadores, vai investigar as relações do empresário de jogos ilegais com políticos e agentes privados.



Carlinhos Cachoeira, editando a Óia


do Brasil247 (que publicou a íntegra), com a colaboração do Gustavo Costa e do blog Limpinho e Cheiroso, que fez uma seleção de melhores momentos





Sobre Civita: "Já se foi longe demais para não convocar"

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247, 27 de Abril de 2012


Sobre Civita: "Já se foi longe demais para não convocar"


Gilberto Prazeres



A possibilidade do presidente do conselho de administração e diretor editorial do grupo Abril, Roberto Civita, ser blindado na CPI Cachoeira , revelada, na semana passada com exclusividade pelo 247, parece não intimidar alguns parlamentares. O deputado federal Fernando Ferro (PT-PE), por exemplo, afirma que nenhuma explicação foi dada até o momento para que se descarte a convocação do dono do grupo que publica a revista Veja. Conforme o parlamentar, as cerca de 200 ligações telefônicas do jornalista Policarpo Júnior - ponto de ligação entre a revista e o contraventor Carlos Cachoeira - gravadas pela Polícia Federal (PF) , são um indicativo forte demais para ser jogado para baixo do tapete. “Eu já disse isso na tribuna da Câmara. Quem se associa com bandido tem que se explicar .

São mais de 200 ligações para Cachoeira e uma sequência de capas de revistas baseadas em informações repassadas por ele. Para que o Civita ou mesmo o Policarpo não sejam convocados, as explicações terão que ser dadas de outra forma. Já se foi longe demais para não convocar”, defendeu Fernando Ferro, completando: “Na Inglaterra, por muito menos, um jornal foi fechado. E tem magnata (Rupert Murdoch) depondo”, diz Ferro. O parlamentar, que defendeu, no início do mês, na tribuna da Câmara, a convocação de Civita, ainda critica o discurso corporativista adotado pela Veja, Folha de São Paulo e Rede Globo, de que a CPI Cachoeira poderia se tornar uma CPI de pressão sobre a mídia e jornalistas. “É um falso discurso. Não tem nada de ataque à mídia ou aos jornalistas. Esse corporativismo não cola. A conduta da Veja não é a conduta da maioria dos jornalistas. Querem se defender com uma mentira”, bateu o petista, assegurando que o clima, em Brasília, está quente demais para um recuo na investigação das atividades do contraventor Carlos Cachoeira e sua ligação com a publicação do Grupo Abril.

Na semana passada, o 247 revelou que o executivo Fábio Barbosa, presidente do grupo Abril e ex-presidente da Febraban, foi a Brasília com a missão de impedir a convocação do chefe. No mesmo período, surgiu a informação de que João Roberto Marinho, da Globo, teria deixado claro, por meio de intermediários, ao Palácio do Planalto que o governo seria retaliado se jornalistas ou empresários de comunicação fossem convocados. E, para assegurar o sucesso dessa movimentação, o grupo ainda teria um representante dentro da CPI, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ). A tentativa de barrar a convocação de Roberto Civita ou mesmo de Policarpo Júnior na CPI do Cachoeira encontraria a sua maior resistência no desejo do ex-presidente Lula (PT) de ver a Veja respondendo sobre sua ligação com o contraventor. Alguns parlamentares, em reserva, garantem que o ex-chefe da Nação está com a “faca nos dentes” e não quer deixar passar a oportunidade de revidar as muitas capas de revista com denúncias contra os seus governos (2003-2006/2007-2010). “E não é só o Lula. É o PT como um todo e muitos partidos. E não só partidos do governo.

A coisa descambou para um caminho sem volta. Se (o Civita) vai ser convocado, eu não sei. Mas se não for vai ser estranho demais. Essa história está muito pública”, afirmou um deputado federal da oposição. Já do lado governista, há o sentimento de que “enfim, o troco está vindo”. “É um pedido pessoal do Lula. É o troco dele. Fica difícil não atender. Se tiver essa história de retaliação de setores da imprensa, o governo vai ter que segurar a onda”, sinalizou, também em reserva, um deputado da base do governo. Observem os comentários - http://brasil247.com/pt/247/midiatech/56739/Ferro-criador-da-palavr...á-se-foi-longe-
demais-para-não-convocar”.htm