sábado, 6 de agosto de 2011

Os índios da Amazônia levados como escravos para a Inglaterra

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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

 

Índia investiga destino de dois antepassados levados como escravos para a Inglaterra

 
Altino Machado

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A índia amazônica Fany Kuiru, da etnia Witoto, da Colômbia, tenta descobrir, com apoio da organização Survival International, o destino de dois índios escravos levados para a Inglaterra há um século.
Omarino e Ricudo (foto), os antepassados de Fany Kuiru, foram apresentados pela primeira vez ao público britânico pelo jornal Daily News, há 100 anos. Os dois índios foram “presenteados” ao cônsul britânico Roger Casement em Putumayo, no sul da Colômbia, em 1910. Omarino foi trocado por um par de calças e uma camisa; Ricudo foi ganho em um jogo de cartas. Segundo relato da Survival, organização com sede em Londres, Casement, que tinha sido enviado pelo governo britânico para investigar as atrocidades na Amazônia durante o ciclo da borracha, levou os dois para o Reino Unido para divulgar os horrores que tinha descoberto.
A grande demanda pela borracha amazônica começou quando a empresa americana Goodyear descobriu o processo de vulcanização, que deixa a borracha dura o suficiente para ser usada na fabricação de pneus de carro. A descoberta deu origem à primeira produção em massa de carros pela líder do setor, a Ford.
Em apenas 12 anos, Casement estimou que 30 mil indígenas foram escravizados, torturados e assassinados para suprir a crescente demanda de borracha para a Europa e os Estados Unidos.
- Nos enviam longe, muito longe na floresta para pegar borracha, e se nós não conseguimos, ou não fazemos rápido o suficiente, levamos tiro - disse Omarino ao Daily News.
Muitas das tribos de índios isolados da atualidade são descendentes dos sobreviventes das atrocidades do ciclo da borracha, que fugiram nas cabeceiras dos rios para escapar de assassinatos, tortura e epidemias que dizimaram as populações indígenas.



- Cada nação fez a sua parte para exterminar os povos indígenas: Colômbia os negligenciou, Peru foi mentor e cúmplice do holocausto, Inglaterra o financiou, e o Brasil tirou os índios de suas raízes para trabalhar nas plantações de borracha - disse Fany à Survival depois de receber as fotografias de seus antepassados.
Não se sabe o que aconteceu com os dois escravos, cujas palavras de despedida para o Daily News foram:
- Londres é maravilhosa, mas o grande rio e a floresta, onde os pássaros voam, é muito mais bonito. Um dia vamos voltar.
Não se sabe se eles voltaram. Stephen Corry, diretor da Survival International, disse que o ciclo da borracha pode parecer uma história remota, mas seu efeito ainda está conosco.
- Quando o Ocidente começou esse casamento com o automóvel, as cartas de amor foram escritas com sangue indígena. Isso provocou um crime grave contra a humanidade que foi perpetrado por uma empresa britânica, na área dos Witoto. O paralelo não deve ser exagerado, mas hoje ainda existem empresas britânicas, como a Vedanta Resources, planejando o roubo de terras tribais, desta vez na Índia. É hora de pôr um fim a estes crimes e começar a tratar os povos indígenas como seres humanos - afirma Stephen Corry.

Fotos: W. Hardenburg e Cambridge University

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