quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Globo: os princípios, a credibilidade e a prática

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http://www.viomundo.com.br/denuncias/deputado-do-pt-querem-que-globo-peca-desculpas.html

11 de agosto de 2011


TV Globo é criticada por acusações equivocadas

do deputado Paulo Pimenta, via e-mail


Os deputados Paulo Teixeira (PT-SP), líder da bancada, e Paulo Pimenta (PT-RS) manifestaram solidariedade em plenário à ex-vice-presidente de Tecnologia da Informação da Caixa Econômica Federal, Clarice Coppetti, citada ontem de maneira “açodada e irresponsável , pela TV Globo, de que estaria envolvida em escândalo em curso no ministério do Turismo”, denunciou Paulo Pimenta.
Ela não tem qualquer envolvimento. E eu creio que a Rede Globo deve pedir desculpas a ela, já que foi um equívoco da emissora, mas, nesse caso, gerando um dano enorme a essa mulher”, ressaltou Paulo Teixeira.
Na avaliação de Paulo Pimenta, a atitude da TV Globo foi extremamente grave. “Clarice Coppetti jamais teve qualquer vínculo com o Ministério do Turismo, não tem nada a ver com esse episódio. Isso é uma brutal violência porque a Rede Globo informou ao Brasil a prisão de um inocente, que não tem nenhum envolvimento com o episódio, reconhecida pela sua seriedade, honestidade”, reiterou o parlamentar.

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http://www.conversaafiada.com.br/pig/2011/08/10/principios-da-globo-chegam-ao-fim/

“Princípios” da Globo chegam ao fim

    Publicado em 10/08/2011

No Princípio, eram os Princípios

A Globo divulgou a sua Epístola aos Parvos com os Princípios que guiam seu jornalismo.

Isso foi no sábado. No domingo, o Fantástico provou que o Nunca Dantes e a Presidenta provocariam um choque de duas aeronaves em pleno vôo, sobre território brasileiro.

Foi uma forma singela de saudar a nomeação de Celso Amorim.

Na segunda-feira, desde o “Bom (?) Dia Brasil” até o jornal nacional, a Globo tratou de destruir o mundo com a crise econômica.

No processo, se bem sucedida, destruiria o Brasil e a própria Globo. (O jornal da globo não conta, porque, de todos os jornais do mundo, é o mais matutino.)

Os Princípios da Globo se afogaram irremediavelmente já nesta terça-feira, quando a chamada do jornal nacional decretou a prisão de Clarice Copete, que foi vice-presidente da Caixa para assuntos de tecnologia.

A Globo dentro de seus sacros Princípios, não quis saber da própria encarcerada se ela, de fato, num cárcere estava.

Não ligou nem para o emprego ou para a cozinheira para confirmar o encarceramento.

Afinal, Princípios são Princípios.


No jornal nacional, na maiora cara de pau, a Globo reconheceu a pequena falha do sistema.

Depois de provocar mal irremediável à vítima.

Esse Ali Kamel …

Paulo Henrique Amorim



Segunda-Feira, 08 de Agosto de 2011

Globo: os princípios, a credibilidade e a prática


Venício Lima

Deve ter sido coincidência. Todavia, não deixa de ser intrigante que os “Princípios Editoriais das Organizações Globo” tenham sido divulgados apenas algumas semanas após o estouro do escândalo envolvendo a News Corporation e um dia depois que um ex-jornalista da própria Globo tenha postado em seu Blog – com grande repercussão na blogosfera – que havia uma orientação na TV Globo para tentar incompatibilizar o novo Ministro da Defesa com as Forças Armadas.

Credibilidade: questão de sobrevivência
A credibilidade passou a ser um elemento absolutamente crítico no “mercado” da notícia. O monopólio dos velhos formadores de opinião não existe mais. Não é sem razão que as curvas de audiência e leitura da velha mídia estejam em queda e o “negócio”, no seu formato atual, ameaçado de sobrevivência. Na contemporaneidade, são muitas as fontes de informação disponíveis para o cidadão comum e as TICs ampliaram de forma exponencial as possibilidades de checagem daquilo que está sendo noticiado. Sem credibilidade, a tendência é que os veículos se isolem e “falem”, cada vez mais, apenas para o segmento da população que compartilha previamente de suas posições editoriais e busca confirmação diária para elas, independentemente dos fatos.

O escândalo do “News of the World” explicitou formas criminosas de atuação de um dos maiores conglomerados de mídia do mundo, destruiu sua credibilidade e levantou a suspeita de que não é só o grupo de Murdoch que pratica esse tipo de “jornalismo”. Além disso, a celebrada autorregulamentação existente na Inglaterra – por mais que o fato desagrade aos liberais nativos – comprovou sua total ineficácia. As repercussões de tudo isso começam a aparecer. Inclusive na Terra de Santa Cruz.

Os Princípios da Globo
No Brasil ainda não existe sequer autorregulamentação e as Organizações Globo, o maior grupo de mídia do país, não tem um único Ombudsman em suas dezenas de veículos para acolher sugestões e críticas de seus “consumidores”. Neste contexto, a divulgação de princípios editoriais – sejam eles quais forem – é uma referência do próprio grupo em relação à qual seu jornalismo pode ser avaliado. Não deixa de ser um avanço.

A questão, todavia, é que o histórico da Globo não credencia os Princípios divulgados. Em diferentes ocasiões, ao longo dos últimos anos, coberturas tendenciosas que se tornaram clássicas, foram documentadas. E alguns pontos reafirmados e/ou ausentes dos Princípios agora divulgados reforçam dúvidas. Lembro dois: a presunção de inocência e as liberdades “absolutas”.

Presunção de inocência
O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, adotado pela FENAJ, acolhe uma garantia constitucional (inciso LVII do artigo 5º) que tem origem na Revolução Francesa e reza em seu artigo 9º: “a presunção de inocência é um dos fundamentos da atividade jornalística”.

Não é necessário lembrar que o poder da velha mídia continua avassalador quando atinge a esfera da vida privada, a reputação das pessoas, seu capital simbólico. Alguém acusado e “condenado” pela mídia por um crime que não cometeu dificilmente se recupera. Os efeitos são devastadores. Não há indenização que pague ou corrija os danos causados. Apesar disso, a ausência da presunção de inocência tem sido uma das características da cobertura política das Organizações Globo.

Um exemplo: no auge da disputa eleitoral de 2006, diante da defesa que o PT fez de filiados seus que apareceram como suspeitos no escândalo chamado de “sanguessugas”, o jornal “O Globo” publicou um box de “Opinião” sob o título “Coerência” (12/08/2006, Caderno A pp.3/4) no qual afirmava:

“Não se pode acusar o PT de incoerência: se o partido protege mensaleiros, também acolhe sanguessugas. Sempre com o argumento maroto de que é preciso esperar o julgamento final. Maroto porque o julgamento político e ético não se confunde com o veredicto da Justiça. (...) Na verdade, a esperança do PT, e de outros partidos com postura idêntica, é que mensaleiros e sanguessugas sejam salvos pela lerdeza corporativista do Congresso e por chicanas jurídicas. Simples assim.”

Em outras palavras, para O Globo, a presunção de inocência é uma garantia que só existe no Judiciário. A mídia pode denunciar, julgar e condenar. Não há nada sobre presunção de inocência nos Princípios agora divulgados. Aparentemente, a postura editorial de 2006 continua a prevalecer nas Organizações Globo.

Liberdades absolutas?
Para as Organizações Globo a liberdade de expressão é um valor absoluto (Seção I, letra h) e “a liberdade de informar nunca pode ser considerada excessiva” (Seção III).

Sem polemizar aqui sobre a diferença entre liberdade de expressão e liberdade de imprensa – que não é mencionada sequer uma única vez nos Princípios – lembro que nem mesmo John Stuart Mill considerava a liberdade de expressão absoluta. Ela, como, aliás, todas as liberdades, têm como limite a liberdade do outro.
Em relação à liberdade de informar, não foi exatamente o fato de “nunca considerá-la excessiva” que levou a News Corporation a violar a intimidade e a privacidade alheia e a cometer os crimes que cometeu?

O futuro dirá
Se haverá ou não alterações na prática jornalística “global”, só o tempo dirá. Ao que parece, as ressonâncias do escândalo envolvendo o grupo midiático do todo poderoso Rupert Murdoch e a incrível capilaridade social da blogosfera, inclusive entre nós, já atingiram o maior grupo de mídia brasileiro.

A ver.

Professor Titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Regulação das Comunicações – História, poder e direitos, Editora Paulus, 2011.

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