sábado, 13 de agosto de 2011

E Londres já tem até arrastão

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São Paulo, sábado, 13 de agosto de 2011


A Europa se abrasileira, e Londres tem até arrastão

HENRIQUE GOLDMAN
ESPECIAL PARA A FOLHA

Na Inglaterra, estamos em estado de choque com as imagens de jovens, filhos de famílias pobres, atacando a polícia, saqueando lojas e incendiando prédios e carros.
Muitos se apressam em banalizar a ação dos tumultuadores, como se se tratasse de simples questão de criminalidade ou atribuindo-a à ineficiência da polícia.
A gravidade da situação nos obriga a ao menos tentar entender o contexto dessas convulsões. Enquanto o pau começou a comer aqui em Londres, praticamente todos os ministros do governo do mauricinho conservador David Cameron estavam de férias no exterior. Voltaram para casa para pelo menos dar a impressão de que podem "controlar a situação". A ideia de que eles possam controlar alguma coisa é quase risível, pois na raiz do problema está a crescente impotência e irrelevância das instituições políticas. Ficou claro que as rédeas dessa carroça estão nas mãos das grandes corporações, dos bancos e dos complexos militares industriais.
A pobreza desses jovens não é só material. Na ausência de instituições que possam ser minimamente levadas a sério, é uma miséria de valores e de perspectiva.
Nesta semana, um grupo de tumultuadores (manifestantes? bandidos? terroristas?) entrou no Ledbury, um dos restaurantes mais caros da cidade, e passou pelas mesas, assaltando os clientes.
Ao ler a respeito, logo reconheci: um arrastão! Em Londres! Não é só o Brasil-Novo que está ficando mais europeu. A Europa também está se abrasileirando.
As democracias ocidentais passam por uma crise profunda. Daqui, não se vislumbra luz no túnel.

HENRIQUE GOLDMAN é cineasta, diretor de "Jean Charles" (2009) e vive em Londres



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PIB da França fica estagnado e Grécia recua 7% no 2º trimestre


ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK
CAROLINA VILA-NOVA
EM BERLIM
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

Na semana após os títulos dos EUA terem sofrido um rebaixamento histórico, os mercados foram marcados pela forte volatilidade, mas encerraram com perdas menores do que a última segunda-feira indicava.
A recuperação parcial das Bolsas nos últimos dias, no entanto, não significa que os riscos tenham sido afastados, já que a economia real continua a dar sinais preocupantes: a França, segunda maior economia da Europa, está estagnada, a Grécia encolheu mais 6,9% e a confiança do consumidor americano está cada vez menor.
Mais importante índice da Bolsa de Nova York, o Dow Jones encerrou a semana com queda de 1,5% depois de dois pregões seguidos de recuperação - ele se valorizou ontem em 1,13%. No mês, ele já caiu 7%. Na segunda-feira, o indicador recuou 5,6%, ou 634,76 pontos, a sexta maior queda da sua história. Foi o primeiro dia em que os investidores puderam avaliar a decisão da S&P, que, três dias antes, havia retirado dos títulos americanos a nota AAA, de máxima de segurança.
Um dos sinais da volatilidade da semana é que o Dow Jones teve quatro pregões consecutivos com perdas ou ganhos de ao menos 400 pontos, algo que nunca tinha acontecido nos 115 anos do índice.
O aumento da procura pelo ouro e pelos títulos do Tesouro americano (considerados portos seguros pelos investidores, ainda que tenham sido rebaixados) também é um indicador de que as inquietações persistem. A chamada economia real, especialmente nos países desenvolvidos, continua a mostrar sinais preocupantes, aumentando os temores de um novo mergulho na recessão. Isso afetaria não só as nações ricas, como também as emergentes.
A economia francesa, que teve no primeiro trimestre o maior avanço desde 2006 (0,9%), ficou estagnada de abril a junho. O dado surge no momento em que o país aparece como a bola da vez da crise europeia e o governo é pressionado para cortar os gastos para reduzir a dívida.
o país mais afetado pela crise da dívida no bloco, a Grécia, encolheu 6,9% no segundo trimestre na comparação com o mesmo período de 2010, depois de recuar 8,1% nos três meses anteriores. A nova retração faz elevar as dúvidas se vão conseguir manter sua meta fiscal.
Nos EUA, a confiança do consumidor caiu neste mês para patamar não visto nem no auge da crise, em 2008. O índice recuou de 63,7 pontos para 54,9 numa escala crescente, pior resultado em mais de 30 anos. O ânimo do consumidor é vital para a recuperação dos EUA.
O governo italiano anunciou ontem € 45 bilhões em cortes e aumento de impostos até 2013, parte de um pacote para cortar o deficit e acalmar os mercados.

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