segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A China acusa o golpe vindo dos EUA

"Governar para os ricos e esquecer-se dos mais pobres e da classe média era a acusação de Obama contra Bush e trilha sonora de seus empolgados discursos. Agora, tornou-se o veneno que o presidente Democrata bebe em uma taça e oferece em brinde ao povo americano. " (Antonio Lassance - Pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e professor de Ciência Política)


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O Globo OnLine, 08/08/2011 às 07h37m

 

Mídia chinesa culpa excessos militares dos EUA por crise


Reuters/Brasil Online

PEQUIM (Reuters) - A mídia estatal da China disse nesta segunda-feira que os enormes gastos militares dos Estados Unidos são os culpados pela crise que levou ao rebaixamento do rating do país. A agência de notícias Xinhua advertiu os EUA para não tentar estimular as exportações por meio do enfraquecimento do dólar, algo que teria impacto dramático sobre a China, já que cerca de 70 por cento das reservas internacionais chinesas estão investidas em ativos denominados na moeda norte-americana.
A China também tem um gasto pesado com suas forças armadas de 2,3 milhões de pessoas, voltando a um aumento de dois dígitos neste ano. Isso gera desconforto entre os vizinhos e nos EUA.
Em cerca de 93,5 bilhões de dólares para 2011, o orçamento chinês de defesa ainda é pequeno em relação ao dos EUA. Em fevereiro, o Pentágono recebedeu um orçamento de 553 bilhões de dólares para o ano fiscal de 2012, embora o governo de Barack Obama esteja procurando reduzir os gastos militares.
"Precisa ser compreendido que se os EUA, a Europa e outras economias avançadas não conseguirem arcar com sua responsabilidade e continuarem com sua confusão incessante em torno de interesses egoístas, isso seriamente impedirá o desenvolvimento estável da economia global", dizia um artigo do jornal People's Daily, porta-voz principal do Partido Comunista chinês.

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A China acusa o golpe

 
VINICIUS MOTA
 
SÃO PAULO - Enquanto a política americana exibe suas entranhas ao mundo, a China reage em velho estilo. Os Estados Unidos, diz um comunicado da agência de notícias chinesa, deveriam curar seu vício pelo endividamento, passando a viver com seus próprios meios.
A China empresta muito do que poupa a governos nos EUA e na Europa. Em títulos da dívida americana, deposita 40% de suas economias -US$ 1,2 trilhão, ou um PIB do México. Com o valor e os juros do dólar em queda, o patrimônio chinês se desvaloriza.
Mas o pior para a China é que a deterioração do poder de compra do Ocidente chacoalha o solo no qual brotou e vicejou o "milagre chinês". Estava combinado que a Ásia reprimiria seu consumo, enquanto se tornava uma fabulosa fábrica de mercadorias baratas, para satisfazer e financiar europeus, americanos e quem mais viesse. Se os EUA decidirem "viver com os próprios meios", o que a China fará com tanta capacidade produtiva?
Pequim vai permitir -ou vai conseguir evitar- que os chineses consumam e se endividem em ritmo mais acentuado? Que cresçam salários e itens de bem-estar escassos na China, como aposentadoria, férias, assistência médica e descanso semanal? Que a fatia da população urbana aumente depressa e atinja níveis de países ricos? Os efeitos de uma transição como essa seriam suportáveis pela ditadura?
Coisas estranhas ocorrem na China. A "repressão preventiva" após a Primavera Árabe foi brutal. Um acidente com trem-bala no mês passado gerou volume inusual de crítica pública ao governo. Perto da sucessão no PC, emerge a figura exótica de Bo Xilai, um tipo populista que chefia o partido em Chongqing, com seus 30 milhões de habitantes.
Agora a crise nas economias ocidentais atormenta o status quo da ditadura chinesa com o pesadelo de o país ter de consumir tudo o que produz. De um jeito dramático, o mundo está ficando interessante.

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