terça-feira, 16 de agosto de 2011

Centenário de Cantinflas

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São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 2011

Cinemateca celebra a partir de hoje o "Chaplin latino"

DE SÃO PAULO

No México, diz-se "cantinflear" quando alguém fala, fala sem dizer grande coisa.
De hoje até o próximo domingo, os paulistanos poderão compreender o verbo em sua essência, com a minimostra que a Cinemateca Brasileira apresenta em homenagem ao centenário do ator cômico Mario Moreno, o Cantinflas (1911-1993).
Serão quatro filmes do mexicano que já foi chamado "Chaplin latino" -o próprio Chaplin, aliás, chegou a dizer que Cantinflas era o maior comediante do mundo.
Em "O Analfabeto", o espectador poderá conferir o discurso disparatado do artista -por exemplo, quando tenta explicar a fabricação de um caixão, todo errado.
Já "O Padrezinho", em que faz um pároco socialista, ilustra um protagonista de outra galeria: a dos que promovem o bem contra os poderosos.
A seleção de longas do evento, realizado em parceria com o Consulado-Geral do México em São Paulo, reflete ainda um dos aspectos do personagem que Cantinflas cunhou na tela: o do homem que, por pura obra do destino, muda de situação.
Não deixa de ser a história do próprio Mario Moreno, que, depois de fazer bicos variados, trabalhava num teatro quando teve a chance de subir ao palco, no lugar de um apresentador adoecido.

CENTENÁRIO DE CANTINFLAS
ONDE Cinemateca Brasileira (largo Senador Raul Cardoso, 207, 0/xx/11/3512-6111)
QUANDO de hoje a domingo (veja programação completa no site www.cinemateca.com.br)
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO 12 anos

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O Estado de São Paulo, 11 de Agosto de 2011

Cantinflas, o "Charlie Chaplin do México", faria 100 anos

Por Márcia Oliveira


Amanhã é dia de festa no México. Fortino Mario Alfonso Moreno Reyes nasceu na Cidade do México a 12 de Agosto de 1911. Faria, portanto, 100 anos se estivesse vivo. Mas a festa poderá não se ficar pelo México: afinal estamos a falar do homem que chegou a ser o actor mais bem pago dos Estados Unidos e que introduziu uma nova palavra no dicionário espanhol - cantiflear. Se o nome do bilhete de identidade não lhe diz nada, a alcunha Cantiflas correu o mundo. O encenador Jorge Silva Melo compara-o com Charlie Chaplin e diz que Cantiflas "era uma resposta popular ao inglês". O cineasta António-Pedro Vasconcelos, por outro lado, descreve-o como "atarantado, desastrado e com a chamada esperteza saloia".

Biografia

De família bastante humilde, Cantinflas era o sexto de 12 filhos. A sua adolescência não foi fácil e, embora sonhasse ser médico, foi obrigado a desistir dos estudos devido às necessidades financeiras da família. Engraxador, aprendiz de toureiro, motorista de táxi e pugilista profissional foram algumas das suas profissões. No entanto, aos 20 anos, a sua vida finalmente mudou. Começou a trabalhar como empregado de um teatro popular e, quando o apresentador do espectáculo adoeceu, teve a oportunidade de o substituir. A dançar e a cantar melodias de um jeito gaiato e alternando as cantigas com discursos galhofeiros com expressões invertidas e palavras trocadas e abusando do improviso, o jovem Mário Moreno conquistou o público. A partir daí, as portas do mundo artístico abriram-se e depressa cria a personagem que o eternizou na história do cinema, o Cantinflas. A origem do nome perde-se na lenda: uma versão afirma que ele próprio o inventou, a fim de impedir que os pais soubessem que ele trabalhava no mundo do espectáculo, o que estes consideravam pouco respeitável. Segundo outra versão, durante uma apresentação, o medo do palco fez com que se esquecesse do monólogo inicial. Pôs-se a improvisar numa incoerência "brilhante", até que alguém no público irritado com suas frases sem sentido gritou: "En la cantina inflas", o que significa "beber no bar", batizando assim o seu carácter. Mário Moreno, por alguma razão divertida, encurtou o insulto e tornou-o nome profissional, Cantinflas.

Lendas à parte, a verdade é que o seu caráter côico fez sucesso não só pela sua caracterização física, que ficaria como a sua imagem de marca, mas também pela forma de falar, que muitas vezes era atabalhoada, com frases sem nexo e repletas de expressões características da linguagem popular.

Cantinflas apresentava-se como o típico homem do povo de um México pobre, uma pessoa com um enorme respeito pela sua cultura e com uma bondade natural. A fama do ator ultrapassa fronteiras quando em 1956 protagoniza "A Volta ao Mundo em 80 Dias", filme que chegou mesmo a receber o Óscar de Melhor Filme. Mais tarde o actor decide voltar para o México e envolve-se em várias causas humanitárias, assim como na política em defesa da classe trabalhadora.

Jorge Silva Melo recorda a generosidade enorme de Cantinflas, que "tentou dar voz aos pobres e aos oprimidos". Considerado um dos melhores cómicos do mundo, morreu a 12 de Abril de 1993, com 81 anos, de cancro do pulmão.

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