sábado, 6 de agosto de 2011

A aproximação inelutável de Odoacro

Resumindo, gente, e como sempre temos registrado no Carcará: Defender que o mercado tem capacidade de se autoregular, que privatizar é a solução, que o Estado deve ser mínimo, É A MAIOR das IMBECILIDADES... OU DAS SAFADEZAS!



Na foto, uma manifestação do Tea Party brasileiro, digo, americano


UOL, 06/08/2011 - 07h53

China critica EUA após rebaixamento de nota da dívida

A imprensa estatal da China criticou neste sábado os Estados Unidos, depois que agência de classificação de riscos Standard & Poor's (S&P) rebaixou a nota da dívida americana de longo prazo pela primeira vez na história. Na sexta-feira, os papéis americanos receberam a nota AA+, em vez da avaliação máxima AAA.

Em um texto opinativo, a agência de notícias estatal Xinhua afirma que a China "tem todo o direito agora de exigir que os Estados Unidos lidem com o seu problema estrutural de dívida e garantam a segurança dos ativos em dólar da China". A China é o maior detentor mundial de papéis da dívida americana. O texto da Xinhua também afirma que já se passou a época em que os Estados Unidos conseguiam tomar empréstimos para se livrar de problemas causados pelos próprios americanos, e sugeriu que uma nova moeda internacional pode surgir para substituir o dólar.

"Supervisão internacional sobre a questão dos dólares americanos deveria ser introduzida e uma nova moeda de reserva global, estável e segura, também pode ser uma opção para evitar uma catástrofe provocada por qualquer país individualmente."
A reação em outros países foi de cautela. Autoridades no Japão, Coreia do Sul e Austrália pediram calma aos investidores.

Nos Estados Unidos, fontes do governo criticaram a S&P e sugeriram que a agência de risco cometeu um erro ao rebaixar a nota da dívida americana. Uma autoridade, cujo nome não foi divulgado, teria detectado um erro de US$ 2 trilhões na avaliação da agência de risco. Isso levou o porta-voz do Tesouro a dizer: "Um julgamento influenciado por um erro de US$ 2 trilhões fala por si só". No entanto, ele não explicou qual teria sido o erro da S&P.

O diretor do comitê de classificações de risco de dívidas soberanas da S&P, John Chambers, disse que o governo americano poderia ter evitado o rebaixamento da dívida caso tivesse agido antes. "A primeira coisa que poderia ter se feito é aumentar o teto da dívida de forma imediata, para que todo esse debate fosse evitado desde o começo", disse ele à rede de televisão CNN. A Standard & Poor's argumenta que o governo americano não conseguiu negociar no Congresso uma forma de reduzir a dívida americana em US$ 4 trilhões ao longo da próxima década. Ao invés disso, o acordo aprovado pelo Congresso na terça-feira passada - após um longo processo de negociação entre democratas e republicanos - faz economias de aproximadamente metade deste valor.

A S&P afirma que os políticos americanos só conseguiram atingir "poupanças relativamente moderadas" que são insuficientes diante das necessidades da economia americana. "De maneira mais ampla, o rebaixamento reflete a nossa visão de que a eficiência, a estabilidade e a previsibilidade da elaboração de políticas americanas e das instituições políticas enfraqueceram em um momento de desafios correntes fiscais e econômicos", explicou a S&P em uma nota divulgada na noite de sexta-feira.

A agência de risco afirma que pode rebaixar a avaliação da dívida americana em mais um ponto - para AA - nos próximos dois anos, caso as medidas de redução dos gastos públicos se provem insuficientes.

Crise da dívida desestabiliza os sistemas políticos da Europa e dos EUA

Luiz Felipe de Alencastro
Colunista do UOL Notícias
A crise da dívida dos Estados Unidos e da Europa junta-se ao rescaldo da Grande Recessão de 2008-2009 e desestabiliza os sistemas políticos europeus e americano. Na sequência da queda de braço entre o Congresso e a Casa Branca, revela-se o entrave das instituições políticas do país. "Os eleitores podem ter escolhido um governo dividido (entre o Congresso e a Presidência), mas eles não votaram para ter um governo disfuncional", declarou o presidente Obama.
Hendrik Hertzberg, um dos editores da revista "The New Yorker", corrigiu o presidente, afirmando que o governo dividido não foi uma escolha dos eleitores, mas aparece como o resultado "de um sistema, único nos países democráticos, com múltiplas eleições superpostas realizadas em intervalos diferentes", em que diferentes eleitorados preenchem diferentes cargos políticos nos quais nenhum dos eleitos está incumbido da responsabilidade final. Para além dos problemas conjunturais, a reflexão dos editorialistas e dos cientistas políticos questiona o funcionamento do sistema decisório e da mais antiga Constituição democrática do mundo.

Na Europa, a crise já derrubou o governo trabalhista na Inglaterra, o governo socialista em Portugal, e ameaça o governo socialista espanhol e os governos conservadores da Itália e da França. Na Espanha, o desgaste do governo Zapatero adiciona-se ao fatalismo do eleitorado socialista. Como em Portugal, boa parte da esquerda espanhola parece pensar que os planos recessivos e seu cortejo de despedimentos e de arrocho salarial devem ser assumidos por um futuro governo conservador, e não pelos socialistas.
Na Itália, a situação política é bem mais complicada. Apesar de toda a desmoralização que atinge o governo Berlusconi, não existe uma oposição organizada. Salvo uma improvável demissão voluntária de Berlusconi, a crise política e econômica do país continuará se arrastando  até 2013, data das próximas eleições legislativas.  Na França, o quadro político tem outros condicionantes. Dado nas sondagens como derrotado por qualquer dos dois candidatos socialistas, tanto Martine Aubry como François Hollande, nas presidenciais do próximo ano, o presidente Sarkozy contava virar o jogo a partir de um argumento frequentemente usado na França: nos momentos de turbulência não se deve mudar o capitão do navio.
Acontece que a turbulência passou dos limites habituais e virou tempestade. Sarkozy não conseguiu obter de Angela Merkel o apoio da Bundesbank, o Banco Central da Alemanha, ao resgate das dívidas espanhola e italiana, agravando a crise do euro e derrubando as bolsas do mundo inteiro.  Neste quadro recessivo, as taxas de desemprego podem voltar a crescer na França, como no resto da Europa, enterrando definitivamente as esperanças eleitorais do presidente Sarkozy.



http://www.conversaafiada.com.br/economia/2011/08/06/golpe-de-direita-fracassou-sp-rebaixa-nota-dos-eua/

Golpe de direita fracassou: S&P rebaixa nota dos EUA

     
    Publicado em 06/08/2011
A agência de avaliação de risco Standard & Poor’s rebaixou a nota da divida dos Estados Unidos de triplo “A” para duplo “A”. Isso nunca tinha acontecido antes.
Os economicistas de sempre dirão que se trata de uma questão fiscal. Há muito tempo se sabe que “a maior potência do mundo não pode ser a maior devedora do mundo”, na opinião de um dos responsáveis pelo desastre, Larry Summers, que foi ministro de Clinton e conselheiro de Obama. Também se sabe há algum tempo que o dólar, progressivamente, deixará de ser a única moeda de reserva do mundo.

Quanto ao Império americano, já se percebe a aproximação inelutável de Odoacro*, vindo do Leste.  

É bom também colocar um pouco de sal na “nota” da Standard & Poor’s. O Tesouro americano diz que houve um pequeno erro de um trilhão de dólares.
E o filme “Inside Job” mostrou que essas agências de risco constróem  seus modelos em cima de uma Ciência que prospera no PiG brasileiro: o “Achômetro”.

Porém, uma novidade importante na “nota” da S&P. É a avaliação política. O problema americano, mais do que fiscal, é a disfuncionalidade do sistema político.
Recentemente, no Valor, Delfim Netto mostrou que os Estados Unidos têm sido capazes de rolar a divida pela mesma taxa de juros, com crise ou sem crise de teto da divida. Os Estados Unidos não têm um problema de solvência e, portanto, não têm um problema da liquidez. Nem os chineses, por ora, com o seu U$ 1,5 trilhão em títulos do Tesouro americano, pretenderiam parar de comprar títulos do Tesouro.

O problema, agora, é outro. O sistema político americano não funciona:

“More broadly, the downgrade reflects our view that the effectiveness, stability, and predictability of American policymaking and political institutions have weakened at a time of ongoing fiscal and economic challenges to a degree more than we envisioned when we assigned a negative outlook to the rating on April 18, 2011,”

Diz a S&P:

O rebaixamento reflete a visão de que as instituições políticas americanas perderam a eficácia, a estabilidade e previsibilidade exatamente agora que se aprofundou o problema fiscal e econômico. Os extremistas de direita do movimento Tea Party – aqui representados, na campanha presidencial de 2010, pelo Padim Pade Cerra – dominaram o Partido Republicano.
O Partido Republicano dominou a agenda política com o controle do PiG, especialmente das empresas do Murdoch – aqui representadas pela Globo e Ricardo Teixeira. O Partido Republicano dominou o Congresso. E dominou o Governo Obama.
O Tea Party deu um Golpe de Estado parlamentar, como o aqui tentado pelo ex-Supremo Presidente Supremo do Supremo, Gilmar Dantas, que quase emplacou um Golpe de Estado da Direita, via Judiciário.
Com o Golpe, o Tea Party aprovou um corte no Orçamento que, breve, poderá significar um arrocho insuportável nos pobres.

Só que desmoralizou o país. Ou melhor, desmoralizou um dos ativos do Império, a credibilidade de sua moeda, de sua divida. O Golpe de Estado não funcionou. Só demonstrou que o Estado não funciona mais.


Paulo Henrique Amorim


http://noticierodiario.com.ar/wp-content/uploads/R%C3%B3mulo-se-postra-ante-Odoacro-276x300.png

Rômulo se postra ante Odoacro

*Odoacro (cerca de 434 - 493), rei da tribo germânica dos hérulos, nasceu perto do Rio Danúbio, em território que hoje é parte da Alemanha. Ao depor o imperador Rômulo Augusto, em 476, pôs fim ao Império Romano do Ocidente e se tornou o primeiro dos reis bárbaros de Roma

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