UOL, 23/08/2012
Acrobata do cinema, Gene Kelly completaria 100 anos nesta quinta (23)
Inácio Araújo
Colunista do UOL*
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O ator Gene Kelly e a cena de "Cantando na Chuva" que o consagrou
Treze anos mais novo, Gene Kelly, que nesta quinta-feira (23) completaria 100 anos se estivesse vivo, expressará melhor do que ninguém o pós-guerra em seus musicais. Era um acrobata, ao mesmo tempo que excelente coreógrafo. Sua dança chamava à expansão, aos grandes gestos e aos movimentos arriscados.
Se Astaire, com sua figura magra, parecia capaz de desenhar um balé no espaço de um lenço, o atlético Gene pedia o palco inteiro para espalhar a si mesmo e a suas idéias de coreógrafo. O que já era visível em sua estréia, em "Idílio em Dó-Ré-Mi" (1942), sob a direção de Busby Berkeley e já na MGM. Ali já se podia notar essa enorme energia que caracterizaria sua carreira e se manifestaria plenamente nos arriscados movimentos de "O Pirata" (1948), dirigido por Vincente Minnelli e ainda uma vez com Judy Garland.
A riqueza de suas coreografias o leva, a partir de 1949, a assinar dois clássicos em colaboração com Stanley Donen: "Um Dia em Nova York" (1949) e o insuperável "Cantando na Chuva" (1952), onde seus números de balé sorrateiramente reconduzem o espectador ao cinema mudo, tal a desenvoltura e a clareza da linguagem. Em "Broadway Melody", o principal número coreográfico, talvez o melhor de Kelly em toda sua carreira, são minutos e minutos sem uma palavra sobre a ascensão de um jovem artista (talvez não se deva, esquecer, no entanto, os balés de "Sinfonia de Paris", de 1951).
Se a carreira solo como diretor não foi tão animadora, também não impediu que Gene Kelly se firmasse como um ícone absoluto da grande era dos musicais da Metro. Prova disso são as diversas homenagens, versões e paródias feitas da cena mais famosa de "Cantando na Chuva", em que Gene dança em meio a um temporal.
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