O Globo.com, 15/08/12 - 10h55
Flautista Altamiro Carrilho morre de câncer aos 87 anos
RIO - O flautista Altamiro Carrilho morreu, vítima de câncer no pulmão, na manhã desta quarta-feira, aos 87 anos. Músico e compositor, com mais de cem discos gravados ao longo da carreira, ele estava internado na Clínica Ênio Serra, em Laranjeiras, desde o início da semana. O velório e o enterro (este último, marcado para quinta) serão em Santo Antônio de Pádua, cidade no interior do Rio onde ele nasceu.
Nascido em 21 de dezembro de 1924, Altamiro compôs cerca
de 200 canções em seus mais de 70 anos de carreira e se apresentou em
mais de 40 países difundindo o choro brasileiro. Algumas de suas principais músicas são "Rio antigo", "A galope", "Acorda, Luiz", "Bem Brasil" e "Canarinho teimoso".
Músico de estúdio dos mais ativos, Altamiro gravou pelo menos
duas das mais inconfundíveis introduções de flauta da história da MPB:
as de "Detalhes" (Roberto Carlos) e "Meu caro amigo" (Chico Buarque).
No especial de televisão de 1976, Roberto Carlos recebeu Carrilho, que
tocou "O calhambeque" com ele. Disse Roberto então: "Eu já gravei na
Europa e nos Estados Unidos e, talento como o de Altamiro Carrilho, eu
posso contar nesses dedos aqui. E conto deconfiado, hein!". Altamiro ganhou a primeira flauta aos 5 anos, como um presente de Natal. Em seguida começou a produzir seus própios instrumentos com bambu. Só aos 11 anos, passou a ter aulas de música gratuitas com um carteiro.
Em 1938, integrou a banda de seu avô "Banda Lira de Arion", na qual tocava caixa de guerra. Pouco tempo depois, tocando flauta, venceu o programa de calouros de Ary Barroso. Trabalhou como farmacêutico e continuou seus estudos de música à noite, até conseguir comprar uma flauta de segunda mão e iniciar sua carreira.
Em 1951, entrou para o Regional do Canhoto, substituindo Benedito Lacerda, flautista, compositor e parceiro de Pixinguinha. Ainda na década de 1950, com o grupo Altamiro e Sua Bandinha, teve programa na TV Tupi e emplacou o sucesso "Rio Antigo", com mais de 700 mil cópias vendidas.
Nos anos 1960, excursionou fora do país, e na década seguinte passou a ser um dos flautistas mais requisitados, por conta do movimento de redescoberta do choro. De sua discografia, os discos "Choros imortais" (1964) e "Choros imortais 2" (1965) figuram, para especialistas, como alguns dos trabalhos mais marcantes da história do gênero.
Altamiro, que recebeu o título de Cidadão Carioca, morava em Copacabana e, recentemente, havia sido internado no hospital São Lucas, também no bairro. Ele continuava tocando e participando de gravações, mas já sentia dificuldade para se apresentar nos últimos anos. O músico tinha uma filha, chamada Marina.
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