Mais que necessárias, absolutamente necessárias!
Jornal do Brasil, 16.8.2012
As estatais necessárias
Por Mauro Santayana
As empresas estatais são necessárias, em qualquer país do mundo,
para o processo de desenvolvimento econômico e social da população e a
conquista e defesa de soberania e independência com relação às outras
nações.
Nos Estados Unidos,
que são citados como paradigma da livre iniciativa, o Exército, com 75
usinas, é o maior operador de hidrelétricas do país e a AMTRAK, a
gigantesca empresa ferroviária nacional, subsidiada pelo governo - o que ninguém estranha - oferece um dos melhores serviços de transporte de passageiros do mundo.
Na China, com quase 4 trilhões de dólares em reservas internacionais, pouquíssimas empresas não têm participação majoritária do estado ou até mesmo do Partido Comunista Chinês.
Elas competem entre si, dentro e fora do país, até mesmo na compra de
empresas estrangeiras, principalmente da Europa, da América Latina e dos
Estados Unidos.
No Brasil, também já tivemos grandes estatais, que foram essenciais para o desenvolvimento da siderurgia, da energia, do transporte, das telecomunicações, nos governos de Getúlio Vargas, de Juscelino e durante o regime militar. O problema das estatais não é o fato de pertencerem ao Estado, mas quem se coloca à frente delas. Como diz o economista Delfim Netto, não há diferença essencial entre empresa pública ou empresa privada, mas, sim, entre empresa bem administrada e mal administrada.
Infelizmente,
muitas delas foram esquartejadas, desnacionalizadas e vendidas a preço
de banana nos anos 1990, para empresas internacionais. Por ironia, muitas das compradoras eram estatais estrangeiras, ou tinham participação de governos estrangeiros,
até mesmo de países menos desenvolvidos do que o nosso, que tinham
acesso a dinheiro barato e subsidiado, e estão quebrando agora, como é o
caso da Espanha.
Entre
os argumentos para privatização, estava o de que o preço dos serviços
ia cair e que ia se acabar com os cabides de empregos. E o que aconteceu? Pagamos, em telecomunicações, por exemplo, algumas das tarifas mais altas do mundo. Os
serviços são tão “bons”, que empresas estiveram proibidas de
comercializá-los até que melhorassem o funcionamento de suas redes.
Seus lucros servem para pagar ao genro do Rei da Espanha, um jogador de
handebol envolvido com a corrupção, mais de um milhão de euros por ano
para participar de algumas reuniões como conselheiro da Telefónica
(Vivo) para a América Latina.
A administração das estatais deve ser conduzida por critérios técnicos e sempre subordinada politicamente ao interesse nacional maior.
Escândalos como o da Valec, com o
prejuízo de mais de 400 milhões de reais, desgastam o Estado diante da
opinião pública, o que só favorece aos estrangeiros que querem dominar a
nossa economia.
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