8 de agosto de 2012
Cenário muda após defesa dos acusados
Por Ricardo Kotscho
O resultado do julgamento pode até não sofrer grandes alterações, já que os
meritíssimos ministros do STF parecem estar com a cabeça feita e com seus votos
prontos, pelo menos no rascunho, mas o cenário em Brasília mudou desde
segunda-feira quando começaram a ser apresentadas as defesas dos 38 réus do
processo do mensalão.
Até a semana passada, o que vimos foi um massacre midiático, com apenas um time em campo jogando sozinho: o da acusação.
Passados os primeiros momentos de excitação, agora que temos dois times em campo para disputar os votos dos 11 juizes, já dá para saber quais são os esquemas táticos de cada um para atacar ou se defender.
Acusação: esquema de compra de votos para a aprovação de projetos de interesse do governo Lula com a utilização de dinheiro público e privado.
Defesa: pagamento de dívidas eleitorais dos partidos aliados com dinheiro levantado em bancos privados; falta de provas documentais na acusação apresentada pelo procurador-geral.
Em resumo, é isso. Os dois lados baseiam-se em provas testemunhais e depoimentos para defender as suas teses.
"A principal mudança que verificamos é que pela primeira vez a defesa está sendo ouvida e as pessoas começaram a perceber que a história tem um outro lado", constata o advogado Arnaldo Malheiros Filho, advogado do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, com quem conversei assim que ele voltou a São Paulo nesta quarta-feira.
Ao citar uma pesquisa do Datafolha, segundo a qual 80% da população não sabe o que é o mensalão, Malheiros diz que a "pressão sobre os ministros é feita por uma minoria barulhenta".
O que vimos até a semana passada foi um movimento organizado nas redes sociais, amplificado por setores da mídia, que exigem a condenação de todos os réus, independentemente das provas dos autos e dos argumentos da defesa.
Agora, até a cobertura da imprensa parece ter ficado mais equilibrada, com a desonrosa exceção de alguns pistoleiros na blogosfera, que se mostram cada vez mais histéricos e inconformados porque os advogados de defesa, ora vejam, fazem a defesa dos seus clientes.
Apesar de todo o barulho, no entanto, não se viu até agora as massas dos porta-vozes da chamada "opinião pública" se manifestarem na praça diante do STF, em Brasília, ocupada apenas por jornalistas.
Conversei também rapidamente por telefone hoje de manhã com o ex-ministro Marcio Tomás Bastos, advogado de José Roberto Salgado, do Banco Rural, que é acusado de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, fraude e evasão de divisas.
Em meio a uma reunião da defesa, Bastos avaliou que "já está se estabelecendo o contraditório, com as imprecisões da acusação sendo desvendadas".
À tarde, ao fazer a sustentação oral no plenário, contestando ponto por ponto a acusação do procurador-geral, o advogado perguntou: "Qual foi a prova que se produziu nestes autos contra o sr. José Roberto Salgado?".
Bastos se referiu ao processo como "um furacão com a marca de fantasia chamada de mensalão". No final da sua fala, o advogado reclamou de "incoerências vastas espalhadas por todo este processo" e pediu a absolvição do seu cliente por falta de provas, como fizeram todos os outros defensores até aqui.
Em princípio, se não houver novos atrasos, o trabalho dos advogados de defesa deverá ser concluído até quarta-feira da próxima semana.
Até a semana passada, o que vimos foi um massacre midiático, com apenas um time em campo jogando sozinho: o da acusação.
Passados os primeiros momentos de excitação, agora que temos dois times em campo para disputar os votos dos 11 juizes, já dá para saber quais são os esquemas táticos de cada um para atacar ou se defender.
Acusação: esquema de compra de votos para a aprovação de projetos de interesse do governo Lula com a utilização de dinheiro público e privado.
Defesa: pagamento de dívidas eleitorais dos partidos aliados com dinheiro levantado em bancos privados; falta de provas documentais na acusação apresentada pelo procurador-geral.
Em resumo, é isso. Os dois lados baseiam-se em provas testemunhais e depoimentos para defender as suas teses.
"A principal mudança que verificamos é que pela primeira vez a defesa está sendo ouvida e as pessoas começaram a perceber que a história tem um outro lado", constata o advogado Arnaldo Malheiros Filho, advogado do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, com quem conversei assim que ele voltou a São Paulo nesta quarta-feira.
Ao citar uma pesquisa do Datafolha, segundo a qual 80% da população não sabe o que é o mensalão, Malheiros diz que a "pressão sobre os ministros é feita por uma minoria barulhenta".
O que vimos até a semana passada foi um movimento organizado nas redes sociais, amplificado por setores da mídia, que exigem a condenação de todos os réus, independentemente das provas dos autos e dos argumentos da defesa.
Agora, até a cobertura da imprensa parece ter ficado mais equilibrada, com a desonrosa exceção de alguns pistoleiros na blogosfera, que se mostram cada vez mais histéricos e inconformados porque os advogados de defesa, ora vejam, fazem a defesa dos seus clientes.
Apesar de todo o barulho, no entanto, não se viu até agora as massas dos porta-vozes da chamada "opinião pública" se manifestarem na praça diante do STF, em Brasília, ocupada apenas por jornalistas.
Conversei também rapidamente por telefone hoje de manhã com o ex-ministro Marcio Tomás Bastos, advogado de José Roberto Salgado, do Banco Rural, que é acusado de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, fraude e evasão de divisas.
Em meio a uma reunião da defesa, Bastos avaliou que "já está se estabelecendo o contraditório, com as imprecisões da acusação sendo desvendadas".
À tarde, ao fazer a sustentação oral no plenário, contestando ponto por ponto a acusação do procurador-geral, o advogado perguntou: "Qual foi a prova que se produziu nestes autos contra o sr. José Roberto Salgado?".
Bastos se referiu ao processo como "um furacão com a marca de fantasia chamada de mensalão". No final da sua fala, o advogado reclamou de "incoerências vastas espalhadas por todo este processo" e pediu a absolvição do seu cliente por falta de provas, como fizeram todos os outros defensores até aqui.
Em princípio, se não houver novos atrasos, o trabalho dos advogados de defesa deverá ser concluído até quarta-feira da próxima semana.
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