quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A indústria dos planos de saúde nos EUA contra Michael Moore

Amy Goodman – Democracy Now

Michael Moore, ganhador do Oscar como melhor documentarista, faz excelentes filmes que, em geral, não são consideradas obras de suspense que gerem a sensação de estar “à beira do abismo”. Tudo isso poderia mudar a partir de uma denúncia feita por um informante do noticiário de Democracy Now, segundo a qual executivos de empresas de planos de saúde pensaram que talvez fosse necessário por em marcha um plano para “atirar Moore pelo precipício”.
O informante era Wendel Potter, ex portavoz da gigante dos planos de saúde Cigna. Potter mencionou uma reunião de estratégia industrial na qual se tratou do tema de como responder ao documentário Sicko, de Michael Moore, produzido em 2007, filme que critica a indústria de seguros de saúde dos Estados Unidos. Potter me disse que não estava seguro da gravidade da ameaça, mas acrescentou em tom inquietante: “Ainda que não tenham pensado em fazer isso literalmente, para ser honesto, quando comecei a fazer o que estou fazendo, temi por minha própria saúde e bem estar; talvez tenha sido paranoia, mas essas empresas jogam para ganhar”.
Moore ganhou um Oscar em 2002 com seu filme sobre a violência armada intitulado Bowling for Columbine. Logo depois fez Farenheit 9/11, um filme sobre a presidência de George W. Bush que se transformou no documentário de maior arrecadação na história dos Estados Unidos. Quando Moore disse a um jornalista que seu próximo trabalho seria sobre o sistema de saúde estadunidense, a indústria de planos de saúde tomou nota.
A associação comercial Planos de Saúde dos Estados Unidos (AHIP, na sigla em inglês), principal grupo de pressão das empresas do setor, teve um enviado secreto na estreia mundial de “Sicko” no Festival de Cannes, na França. O agente saiu rapidamente da estreia e foi participar de uma teleconferência com executivos da indústria, entre eles Potter.
“Tínhamos muito medo”, disse Potter, “e nos demos conta de que teríamos que desenvolver uma campanha mais sofisticada e cara para conseguir rechaçar a ideia da cobertura de saúde universal. Temíamos que isso realmente despertasse a opinião pública. Nossas pesquisas nos diziam que a maioria das pessoas estava a favor de uma intervenção maior do governo no sistema de saúde”.
A AHIP contratou uma equipe de relações públicas, APCO Worldwide, fundada pelo poderoso escritório de advogados Arnold & Poter, para coordenar a resposta. A APCO formou o falso movimento de base de consumidores “Health Care America” para contrapor a prevista popularidade de “Sicko”, o filme de Moore, e para gerar medo em torno do chamado “sistema de saúde dirigido pelo governo”.
Em seu recente livro “Deadly Spin: An Insurance Company Insider Speaks Out on How Corporate PR is Killing Health Care and Deceiving Americans” (Giro mortal: um informante explica como as relações públicas das empresas de seguros estão acabando com o sistema se saúde e enganando os estadunidenses) Potter escreve que se encontrou “com um filme muito comovedor e eficaz na hora de condenar as práticas das empresas privadas de seguros de saúde. Várias vezes tive que fazer um esforço para conter as lágrimas. Moore conseguiu entender bem qual é o problema”.
A indústria de seguros anunciou que sua campanha contra “Sicko” havia sido um rotundo sucesso. Potter escreveu: “AHIP e APCO Worldwide conseguiram introduzir seus argumentos na maioria dos artigos sobre o documentário quando nenhum jornalista havia investigado o suficiente para descobrir que as empresas tinham fornecido a maior quantidade de dinheiro para a criação da Health Care America. De fato, todos, desde a cadeia de notícias CNN até o jornal USA Today, referiram-se a Health Care America como se fosse um grupo legítimo.
O jornal New York Times publicou um artigo, uma espécie de resenha de “Sicko”, na qual citava o porta voz da Health Care America dizendo que isso representava um passo na direção do socialismo. Nem esse jornalista, nem nenhum outro que tenha visto, tentaram tornar público que, de fato, este movimento estava financiado em grande medida pelas empresas de seguro da saúde.
Moore disse que Potter era o “Daniel Ellsberg dos Estados Unidos corporativo”, uma referência ao famoso informante do Pentágono cujas revelações ajudaram a por fim à guerra do Vietnã. A corajosa postura de Potter gerou um impacto no debate, mas a indústria dos planos de saúde, os hospitais e a Associação Médica Estadunidense continuam debilitando os elementos do plano que ameaçam os seus lucros.
Um estudo recente da Faculdade de Medicina de Harvard indicou que quase 45 mil estadunidenses morrem anualmente (um a cada doze minutos) principalmente porque não têm seguro de saúde. Mas para o grupo de pressão das empresas, a única tragédia seria a possibilidade de uma verdadeira reforma do sistema de saúde. Em 2009, as maiores empresas do setor destinaram mais de 86 milhões de dólares à Câmara de Comércio dos Estados Unidos para que esta se opusesse à reforma do sistema de saúde. Este ano, as cinco maiores seguradoras do país aportaram uma soma de dinheiro três vezes maior tanto para candidatos republicanos como para democratas com a intenção de fazer retroceder ainda mais a reforma da saúde. O representante democrata por Nova York, defensor do sistema de saúde público, declarou no Congresso que “o Partido Republicano é uma subsidiária que pertence por completo à indústria de seguros”.
Provavelmente estarão a favor da retórica das empresas privadas quando afirmam que necessitamos ter mais ‘soluções baseadas no mercado’ (como eles dizem) e menos regulações, que, sem dúvida, são o tipo de coisa que os republicanos vão tratar de conseguir porque regulação é o que essas empresas não querem”, disse Potter.
A indústria de seguros da saúde não está desperdiçando seu dinheiro. Moore disse: “Neste informe estratégico compilado pelas empresas acerca do dano que “Sicko” poderia ocasionar, há uma linha que basicamente diz que no pior dos casos o filme poderia desencadear um levante populista contra as companhias. Essas empresas, em 2006 e 2007, já sabiam que os estadunidenses estavam fartos das empresas de seguros com fins lucrativos e que um dia o povo poderia se levantar e dizer ‘isto terminou’. Este é um sistema enfermo: permitimos que as empresas lucrem a nossa custa quando ficamos doentes!”
Isso é estar doente de verdade.
Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

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Os EUA vendem sua sociedade ao mundo como um modelo de democracia e justiça, mas na verdade esta sociedade reflete o conservadorismo e o egoísmo na sua mais pura essência.
 
Não é coincidência ser o país com maior percentual de serial killers, organizações de crime organizado, sem falar destes atiradores, muitos deles estudantes adolescentes, que, de uma hora para outra, saem detonando todo mundo.
 

 
UOL, 22/03/2010
 

Após aprovação da reforma da saúde, Obama recebe ameaças de morte pelo Twitter

Thiago Chaves-Scarelli*
Do UOL Notícias
O serviço secreto dos Estados Unidos está investigando um internauta que pediu a morte do presidente Barack Obama, depois que o projeto de reforma da saúde defendido pelo líder democrata foi aprovado pela Câmara dos Representantes, na noite de ontem.

Ameaça contra o presidente Obama

  • Reprodução/Jezebel.com
    Imagem do twitter de Solomon “Solly” Forell mostra ameaça contra o presidente, que configura um crime federal. O autor se define como "blogueiro conservador" e mantém vários sites anti-Obama
Um internauta autodenominado Solomon “Solly” Forell, que mantém diversos blogs com críticas a Obama, publicou hoje em seu twitter uma apologia à morte do presidente.
“Assassinato! EUA, sobrevivemos aos assassinatos de Lincoln e Kennedy. Com certeza vamos superar uma bala na cabeça de Obama”, afirmava o post, segundo o site de notícias NYDailyNews.
Forell se descreve como “blogueiro conservador e escritor de ficção científica”, de acordo com seu perfil na internet. “Atualmente, Forell está escrevendo um livro de auto-ajuda sobre golfe e publica regularmente em diversos blogs, incluindo: Barack Obama foi um erro eleitoral americano”, acrescenta seu perfil público.
“Estamos cientes das mensagens e isso está sendo investigado ativamente”, afirmou uma fonte do serviço secreto, em entrevista ao Daily Finance.

"Uso indevido"

O serviço que hospedava o microblog de Forell informou que o site seria suspenso por “uso indevido”.
“É contra o termo de serviços do Twitter utilizar o serviço para cometer atos ilegais. Ameaçar a vida do presidente (ou presidente eleito) é um crime federal”, indicou o sistema de publicação, acrescentando que qualquer violação seria encaminhada às autoridades, segundo informa o site de notícias Jezebel.com.
Até a tarde de hoje, o site continuava acessível, como pode confirmar o UOL Notícias. Entre outros posts contra o democrata estão: “Se eu tivesse uma varinha mágica e pudesse fazer Obama desaparecer, eu faria” e “America! Derrube Barack Obama agora! Destrua Obama já! Por qualquer meio necessário. Obama é um erro terrível”.
O tema despertou forte reação das alas conservadoras da sociedade norte-americana, na esteira de uma onda de reação anti-Obama que ganhou força nos últimos meses. Segundo analistas, este fenômeno, que inclui desde democratas mais ao centro até a retomada da extrema-direita, explicita uma profunda divisão política no país.

“A reforma salvará a vida dos republicanos também”, diz Michael Moore

Divulgação
Ao lado das mensagens iradas dos conservadores, a internet foi palco também de posts comemorando a passagem do projeto pela Câmara.
Entre eles ganhou destaque a “carta aberta aos republicanos”, que o documentarista Michael Moore divulgou em seu blog.

“Sim, meus amigos republicanos, mesmo que vocês se oponham à lei da reforma da saúde, nós fizemos isso para cobrir vocês também,
no momento em que precisarem”, escreve o diretor de “Sicko”, filme que se propõe a expor as mazelas do sistema médico dos EUA.

(Vejam este filme. É sensacional! Ivan)

“Eu sei que vocês estão chateados agora. Eu sei que vocês provavelmente acham que se vocês fossem atingidos por uma doença ou despejados de casa
por causa das despesas médicas, de alguma maneira vocês se levantariam sobre suas botas e sobreviveriam. Eu seu que essa é uma história reconfortante
para se apegar, e se John Wayne estivesse vivo ainda tenho certeza que faria um filme com você”, acrescenta o cineasta irônico.

“Por favor, meus amigos republicanos, se vocês puderem, tirem um momento longe de seu rádio AM e das redes de notícia a cabo na manhã de hoje e fiquem
contentes por seu país. Estamos melhorando. E estamos melhorando para vocês também”, conclui Moore.
*Com informações de NYDailyNews.com, Jezebel.com e Daily Finance
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O mercado das empresas de saúde estão jogando sujo e pesado para que a reforma não passe. Deixarão de mamar às custas das desgraças do povo norte-americano.
Em contrapartida, os profissionais de saúde e as parcelas mais humildes e socialmente comprometidas da população não estão de braços cruzados.
 
 
Médicos e profissionais de saúde participam de uma manifestação em Washington em prol da reforma da saúde do país.
 
UOL, 22/03/2010
 
Obama planeja assinar reforma da saúde nesta terça-feira
 
Do UOL Notícias
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, planeja assinar já nesta terça-feira (23) a lei de reforma do sistema de saúde norte-americano
aprovada na Câmara dos Representantes no último domingo, segundo informou o porta-voz da Casa Branca.
Com 219 votos contra 212, os parlamentares da Câmara confirmaram a legislação aprovada pelo Senado em 24 de dezembro do ano passado. Com isso, esse projeto
é encaminhado para o presidente.
A medida promete estender a cobertura médica para até 95% da população norte-americana, ao mesmo tempo em que pretende deixar os planos
privados mais baratos e mais competitivos, subsidiar custos para classe baixa e média, além de coibir abusos das companhias como restrições
contra clientes com histórico de doenças prévio. Estima-se que o plano envolva US$ 940 bilhões em dez anos.
Depois de aprovar o projeto, a Câmara também passou um pacote de emendas (acordado entre representantes, senadores e a Casa Branca), que agora vai para o
Senado em um regime especial de votação.
Esse regime, chamado de “reconciliação”, é aprovado por maioria simples, o que deixaria os democratas com folga, já que o partido do governo
controla 59 das 100 cadeiras da Casa.
No entanto, a votação dos senadores, que pode acontecer ainda essa semana, pode ser travada por pedidos de emendas e outros recursos legais aos quais
os republicanos já prometeram recorrer.
Republicanos e críticos na indústria da saúde alegam que a proposta de lei é uma intervenção autoritária no setor que ampliará os custos, aumentará o déficit orçamentário
e reduzirá as escolhas dos pacientes. Ao menos 11 Estados, incluindo Flórida, Virginia e Alabama, planejam entrar com ações contra o projeto.
“Se o presidente transformar esse projeto em lei, nós entraremos com uma ação para proteger os direitos e os interesses dos cidadãos americanos”, disse o procurador
geral da Flórida, o republicano Bill McCollum.


O que está em jogo na reforma da saúde nos Estados Unidos
Os Estados Unidos é o único dos grandes países industrializados que não oferece um sistema de saúde universal. O governo oferece cobertura a idosos e deficientes por meio do Medicare, aos mais pobres, a funcionários de governo e veteranos militares através do Medicaid.
Um total de 15,4% da população dos Estados Unidos - ou 46,3 milhões de pessoas - não tinham seguro saúde em 2008, segundo o Census Bureau.
Entre eles, 10 milhões são imigrantes ilegais.
Cerca de 45.000 pessoas morrem anualmente nos Estados Unidos por não ter seguro saúde, destaca um estudo recente da Harvard University.
Os prêmios de seguro saúde oferecidos pelos empregadores duplicaram desde o ano 2000, e a maioria dos trabalhadores estão gastando mais de seu bolso, ao mesmo tempo em que os serviços cobertos diminuíram.
É prática comum que as companhias seguradoras neguem e até revoguem a cobertura em caso de "condições pré-existentes", ou seja, maior predisposição a certas doenças.
Enquanto os Estados Unidos destacam-se em questões como combate ao câncer, estão atrás de outros países industrializados nas hospitalizações evitáveis por asma e diabetes, afirmou a comissão do congresso. As disparidades também conduzem a altas taxas de mortalidade infantil e uma menor  espectativa de vida.

Os principais pontos da proposta de reforma do governo Obama

Cobertura de saúde mínima obrigatória, em um sistema no qual o cidadão terá de optar por um plano público ou por plano do mercado, ou será taxado pelo governo.
Filhos são considerados dependentes dos planos de saúde dos pais até os 26 anos.
Participação mínima das empresas no pagamento do plano de saúde dos empregados.
Estabelecimento de um serviço básico mínimo para qualquer plano de saúde no mercado.
Punições contra abusos praticados pelas seguradoras, como discriminação de pessoas com mais chances de desenvolver doenças e cobrança excessiva nos planos de saúde para idosos.
Criação de novos impostos para pessoas de alta renda como financiamento parcial do sistema.  
     
Para os republicanos, essas propostas seriam elementos de uma "reforma socialista", que aumenta a interferência do governo na economia, ao mesmo tempo em que
restringe a liberdade das escolhas individuais.
Empresas afirmam que a contribuição obrigatória deixaria a mão-de-obra mais cara, aumentando as demissões.
*Com agências internacionais e NYT
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Viva! Viva! Após o estrondoso fracasso do sistema privado de saúde nos EUA, que havia sido criminosamente reforçado, principalmente, nos últimos governos republicanos
 na base daquelas lorotas da filosofia econômica liberal, eis os EUA tendo de reestruturar o sistema de saúde com e criando um sistema equivalente ao SUS brasileiro,
ou seja, um sistema estatal para a saúde naquele país.
 
As consequências deste quase monopólio da iniciativa privada na área de saúde foi e tem sido trágico para uma significativa parcela da população norte-americana
(Fala-se em 36 milhões de pessoas sem acesso a nada em serviços de saúde), inclusive levando muitas a quebrarem economicamente, e sendo obrigadas a venderem tudo
 o que tinham, porque adoeceram e não tinham como bancar o que os planos privados exigiam. Outros, nem assim! Só puderam esperar sua hora chegar, definhando dia-a-dia!
 
A reação dos representantes dos planos de saúde privados contra esta reforma tem sido de uma virulência monstruosa. O que se caluniou Obama, o que se mentiu,
o que se investiu em propagandas, o que se utilizou da Lei de Goebbels para levar a parcela rica, alienada e/ou egoísta do povo norte-americano a protestar contra o plano
foi impressionante. Ora, mas o que importa não é a saúde das pessoas, não é o bem comum, mas o lucro, certo?
 
Felizmente, com esta crise e o fracasso dos dogmas neoliberais, uma grande parcela do povo de lá mostrou-se mais consciente e não mais se deixando enganar:
apoiaram Obama e pressionaram os milionários deputados a aprovarem a reforma. 
 
Como já havia escrito em outras mensagens, quem quiser ter uma exata noção de como são até o presente momento os serviços de saúde nos EUA, que é a maior
potência econômica do mundo, que assista ao documentário "Sicko", de Michael Moore. É algo aterrador! Têm norte-americanos que viajam para Cuba
(Isto mesmo, para Cuba!) para poderem tratar de sua saúde!
 
Vejam úm trecho deste documentário no link http://video.google.com/videoplay?docid=-8478265773449174245&hl=pt-BR

Sicko - $O$ Saúde (DVD Duplo) 
(Sicko)
 

As palavras "sistema de saúde" e "comédia" não são facilmente encontradas na mesma frase, mas no mais recente filme de Michael Moore elas podem ser vistas lado a lado.
Para mostrar como as coisas funcionam na terra do Tio Sam, Moore ouve as histórias de vários americanos comuns cujas vidas foram despedaçadas,
ou arruinadas pelo sistema de saúde americano
.
Sicko - $O$ Saúde (DVD Duplo)
O filme mostra que a crise não somente afeta os milhões de cidadãos que não têm seguro de saúde - mas também milhões de outros que pagam
religiosamente suas prestações e que estão freqüentemente lutando com a burocracia e com suas regras oficiais obscuras.
 
Para provar que nem tudo está perdido, o cineasta compara outros sistemas de saúde visitando o Canadá, a Inglaterra, a França e a Cuba
onde todas as pessoas recebem um bom atendimento médico de forma gratuita.
 


UOL, 22/03/2010

 

Câmara dos Estados Unidos aprova reforma da saúde proposta por Obama


Do UOL Notícias*
Em São Paulo

A Câmara de Representantes dos Estados Unidos (equivalente à Câmara dos Deputados do Brasil) aprovou em votação histórica e apertada
na noite deste domingo (21) a polêmica reforma da saúde proposta pelo presidente Barack Obama. A nova lei foi aprovada por 219 votos contra 212. Eram necessários pelo menos 216 votos favoráveis. Ao todo, 34 deputados democratas - do partido de Obama -
votaram contra a reforma, que passa a beneficiar mais de 30 milhões de norte-americanos que não tinham cobertura médica.
Aprovada na Câmara, o projeto segue agora para votação no Senado, em um procedimento chamado de "reconciliação", que permite a aprovação por maioria simples de 51 votos, o que deve ser conseguido com facilidade pelos democratas. O texto deve ainda ser sancionado por Obama.
A reforma do sistema de saúde é uma das principais bandeiras da política interna de presidente Barack Obama e é considerada uma das maiores reformas sociais da história do país.
A votação ocorre após um ano de confronto e de uma dramática semana, na qual Obama fez intensa campanha para obter apoio ao projeto, fundamental para seu futuro político.
Antes aprovação, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos havia aprovado, no início da noite deste domingo, as regras para a votação final do projeto. A definição das regras foi aprovada com 224 votos a favor e 206 contra, numa prévia do que seria a posterior votação da reforma.
Também antes do início da votação, milhares de ativistas protestaram do lado de fora do Capitólio (Congresso dos EUA) portando faixas amarelas dizendo "Não Pisem em Mim" e gritando "matem a proposta". Muitos entraram no Congresso e ficaram passeando pelos corredores para atrapalhar os procedimentos da Câmara.
Neste domingo, o presidente Obama se comprometeu a assinar documento que reafirma a vigente proibição aos abortos com dinheiro público, o que ampliou sua margem de apoio à reforma entre os democratas conservadores.
O projeto visa, principalmente, a ampliar a cobertura médica a 32 milhões de americanos que hoje não têm qualquer tipo de assistência. Com a lei, 95% dos quase 300 milhões de habitantes dos EUA terão cobertura médica, após uma reforma que custará US$ 940 bilhões de dólares em 10 anos.
O sistema americano de saúde sofre críticas há quase um século. Gerações de presidentes, desde Theodore Roosevelt (1901-1909) a Bill Clinton (1993-2001), não conseguiram aprovar seus projetos para modificar a situação.
As empresas de plano de saúde se opuseram fortemente ao projeto, que acabará com práticas da indústria médica como a recusa de cobertura a pessoas com doenças pré-existentes.
Críticos republicanos dizem que o projeto é uma intromissão no setor dos planos de saúde e que causará aumento de custos, do déficit orçamentário e redução na escolha dos pacientes.
A iniciativa passou pelo Senado no final de dezembro, e desde então sofreu numerosas modificações.
No sábado, Obama foi pessoalmente ao Congresso para pedir apoio à reforma: "se vocês acreditam de alma e consciência que não vamos melhorar a situação atual (...) então votem não (...), mas se estão de acordo sobre o fato de que o sistema não atende mais as famílias modestas, se vocês conheceram as mesmas histórias que eu por todo o país, me ajudem a consertar este sistema".
"Não façam isto por mim, não o façam pelo Partido Democrata, façam pelo povo americano".
Chamado da história
Na noite deste domingo, após a aprovação da proposta, Obama voltou a se manifestar a respeito do projeto e agradeceu os votos dos parlamentares favoráveis ao projeto. Durante pronunciamento, o presidente dos Estados Unidos assegurou que a histórica aprovação na Câmara de Representantes (Deputados) da reforma do sistema de saúde "responde aos sonhos de muitos americanos".
"O voto de hoje não foi fácil para muitos dos congressistas, mas é o voto correto. Esta noite nos elevamos acima da política...
E demonstramos que somos capazes de fazer grandes coisas", disse Obama. "Esta noite respondemos ao chamado da História", completou.
"Não afastamos nossas responsabilidades, as abraçamos. Não nos acovardamos perante o futuro, lhe damos forma", declarou Obama, que antes de sua breve declaração, após a qual não aceitou perguntas, tinha ligado para a presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, para felicitá-la.
O primeiro dos projetos de lei aprovado esta noite, que contém o grosso da reforma e que já recebeu o sim do Senado em dezembro do ano passado, passa agora a Obama para sua assinatura e conversão em lei.
O segundo irá para o Senado, que deve vê-lo esta semana e possivelmente votá-lo na sexta-feira (26) ou no sábado (27).
A Casa Branca informou que Obama assinaria a lei esta terça-feira (23). O presidente deve se deslocar esta semana fora de Washington para
promover a medida.
Segundo explicou o porta-voz presidencial, Robert Gibbs, Obama acompanhou a votação do salão Roosevelt da Casa Branca, em companhia de cerca de 40 funcionários.
Quando a reforma foi aprovada houve "vivas e aplausos" e "abraços generalizados", enquanto Obama cumprimentava seu chefe de Gabinete,
Rahm Emanuel, segundo Gibbs.

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