quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O "dossiê do roubo da Copa de 1962"



São Paulo, quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O "dossiê do roubo da Copa de 1962" vai à Fifa?

Rodrigo Bueno

"O Brasil foi ajudado, todo mundo sabe. Estava 1 a 0 para a Espanha, e o Nilton Santos, dentro da área, deu no cara. O juiz apitou, veio andando do meio-campo, todo mundo viu o pênalti, e ele deu fora da área. É conversa que o juiz [o chileno Sergio Bustamante] não viu.
Além de não dar o pênalti, expulsou Helenio Herrera, um dos melhores técnicos que vi. O Brasil ganhou [2 a 1] com gols de Amarildo.
Depois, compraram um bandeirinha [Esteban Marino] por US$ 15 mil, o uruguaio que veio apitar o Paulista, foi homenageado pelo Santos e deu até volta olímpica. Garrincha, maior jogador da Copa, fez tudo que podia fazer, gênio. O Brasil ganhou de 4 a 2 do Chile, e o Esteban Marino estava na lateral. Garrincha era inocente, fez uma brincadeira, e o árbitro [o peruano Arturo Yamasaki] o expulsou. O Marino levantou a bandeira, o juiz olhou e foi nele. Marino contou que Garrincha tinha dado um pontapé.
No tribunal, não tinha outra penalidade a não ser no mínimo um jogo. Meia hora, uma hora, e onde está o bandeirinha? Não apareceu, e suspenderam o julgamento porque não tinha prova. Garrincha jogou a final.
Esse bandeirinha me contou que o sumiço do tribunal custou US$ 15 mil. Passados alguns anos, encontrei-o numa rua em São Paulo e perguntei o que fazia aqui. Disse: "Estou procurando João Etzel Filho [ex-juiz], o filho da puta recebeu os US$ 15 mil, me deu US$ 5.000 e ficou com US$ 10 mil". O único jogo que o Etzel apitou foi o 4 a 4 entre Rússia [União Soviética] e Colômbia, que só jogava beisebol. A Rússia fez 4 a 0 [4 a 1] e, no segundo tempo, ficou 4 a 4. Roubo, tudo para ajudar o Brasil."
O ex-juiz Olten Ayres de Abreu me contou isso tudo. Contou antes, no primeiro semestre, para Odir Cunha, o pesquisador que elaborou o "dossiê da unificação" que exaltou a fase de ouro do futebol brasileiro e que agradou a João Havelange, presidente da CBD em 1962.
"Minha experiência de pesquisador não me deixa nenhuma dúvida de que a versão de Olten é a definitiva para o caso. Até a quantidade de dólares empregada no suborno é informada por ele", diz Odir em seu blog.
O que será que Havelange e a CBF têm a dizer sobre esse trabalho de Odir para a revista "FourFourTwo"? E não seria o caso de levar esse "dossiê do roubo da Copa de 1962" para a Fifa? Não seria justo, após esse dossiê, cassar o título "roubado"?

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