Mantenhamos sempre na memória os nomes destes "iluminados" que subservientemente fizeram tudo o que foi determinado pelo Consenso de Washington - e ainda insistem em fazê-lo - não medindo esforços para colocar o Brasil de joelhos perante as potências estrangeiras e o capital internacional.
Os mais conhecidos e descarados entreguistas deste país: FHC, José Serra, Collor e seus comparsas aninhados no PSDB e DEM, principalmente.
Jornal do Brasil 23/12/2010
O Estado e os ladrões
Por Mauro Santayana
Há vinte anos houve, no Brasil, mais do que nos outros países, a condenação formal do Estado como organizador e dirigente das sociedades nacionais. O Estado perdera a sua razão de ser, diziam os nossos iluminados acadêmicos, fascinados pelos norte-americanos que haviam produzido o famoso documento Consenso de Washington.
As relações mercantis, internas e externas, teriam que se submeter ao Acordo Mundial de investimentos, que impunha a soberania do capital sobre todos os atos humanos. Os tribunais nacionais perdiam o seu direito de julgar, porque os códigos de cada país estariam, ipso facto, anulados diante das cláusulas do acordo internacional. Dada a indecência de suas cláusulas, acabou sendo denunciado por países importantes e só foi aplicado, em suas cláusulas mais fortes, mediante entendimentos bilaterais.
No Brasil e em outros lugares, alguns de seus dispositivos, como as privatizações, as leis de patentes e a revogação do controle sobre o sistema financeiro foram cumpridos durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, e o Banco Central afrouxou o controle cambial, permitindo o refúgio de dinheiros mal havidos em paraísos fiscais.
Outro dos grandes projetos do Consenso de Washington foi o de substituir a ação do Estado também em outros setores, como os da educação, da proteção do meio ambiente, da assistência social e de saúde, pela iniciativa soi-disant da cidadania, mediante as organizações não governamentais de âmbito mundial.
O Estado transferiu para essas organizações grande parte do orçamento nacional, terceirizando os serviços de sua responsabilidade. Milhares de trabalhadores perderam seus empregos formais, sendo obrigados a salários menores sem quaisquer garantias legais. As eficientes empresas estatais foram privatizadas e sólidas empresas nacionais passaram ao controle estrangeiro.
A prática demonstrou que o sistema financeiro, comandado, em muitos setores, por ladrões vulgares - como esse senhor Madoff -não passa de organização mafiosa, montada a fim de lesar os aplicadores, os acionistas e o Estado.
Os governos, começando pelo Brasil, com o Proer, como ocorrera em outras crises, salvaram o sistema da falência, com a injeção de bilhões e bilhões de dólares. O último aporte, nos Estados Unidos, foi de US $600 bilhões, decidido pelo FED. A falência teria sido salutar, como salutar foi a crise financeira durante a Presidência de Andrew Jackson, o estadista que enfrentou os banqueiros privados, 100 anos antes que Roosevelt o fizesse em 1933.
Apesar dessa lição, muitos Estados nacionais, ainda ocupados pelos neoliberais, continuam agindo em favor de alguns grandes meliantes, que levam países inteiros à falência, como fizeram com a Irlanda. A Irlanda, a Grécia, a Espanha e Portugal estão quebrando, para que não quebrem os grandes bancos europeus, sediados em Londres, Paris e Frankfurt e, no caso do Santander, em Madri.
Em entrevista recente, publicada no Brasil pela Revista Época, Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia, defendeu o modelo escandinavo de estado de bem-estar social, contra o do Estado dominado pelo capital financeiro, de corte norte-americana. Em artigo recente, diz Delfim Neto: "O sistema financeiro, em vez de servir aos setores da produção, pretende ser o senhor do sistema produtivo. Este foi o fator dominante nos últimos anos do século 20 e em quase toda a primeira década do século 21, o que resultou na monumental fraude que derrubou a economia dos países desenvolvidos. E, em consequência, trinta desonestos roubaram os empregos de 30 milhões de trabalhadores de ganhar a vida honestamente". O mundo precisa, com urgência, de estados for tes, que encabrestem o capital e coloquem todos os ladrões na cadeia.
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