quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A Batalha do Rio ( VI ): Forças de segurança ocupam o ‘coração’ do tráfico

 

 São Paulo, segunda-feira, 29 de novembro de 2010


ROGÉRIO PAGNAN
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Praticamente sem resistência dos traficantes, a polícia do Rio e as Forças Armadas dominaram em menos de duas horas o Complexo do Alemão, coração do Comando Vermelho, a maior facção criminosa do Rio.
Das centenas de traficantes escondidos lá, 20 foram presos e 3 mortos.
Pouco segundos antes das 8h, blindados começaram a se movimentar em direção ao interior da favela pela rua Joaquim Queiroz, enquanto centenas de homens entravam a pé por outros lados.
Pouco depois das 9h, o comandante da PM do Rio, Mario Sergio Duarte anunciou: "Vencemos".
Os policiais esperavam uma resistência sangrenta por se tratar do principal reduto do Comando Vermelho, facção temida até pelos outros grupos criminosos, com um dos maiores arsenais cariocas. E reforçados pelos traficantes que fugiram da Vila Cruzeiro na quinta.
Dois sinais foram a recusa à proposta de rendição pacífica, anteontem, e a troca de tiros por duas horas, na sexta, dia do cerco ao complexo.
Ontem, quando os policiais se posicionavam numa avenida para iniciar a ação, às 6h58, houve troca de tiros.
Ao iniciar a subida à favela, os policiais civis e federais demonstravam tensão. Subiram no morro andando, sem carros blindados.
Logo nos primeiros metros, começou nova troca de tiros. Helicópteros da polícia davam apoio ao grupo com voos rasantes e com disparos em direção ao morro.
Em seguida, vieram os blindados da Marinha e homens do Bope. Eles subiram por outras ruas destruindo os bloqueios montados há anos pelo tráfico, como trilhos de ferro cravados no asfalto e blocos de concreto.
Ao todo, entre policiais e homens das Forças Armadas, foram 2.700 pessoas, além de veículos blindados de guerra e armas de vários tamanhos e calibres.
Um sinal de fumaça no topo do morro era o sinal que ele estava retomado.
Às 14h, um helicóptero com um bandeira do Brasil sobrevoou o complexo. Policiais civis hastearam a bandeira nacional e outra da Polícia Civil -depois trocada pela do Estado do Rio- no alto do morro. Era a coroação da vitória.
"Aqui era a fortaleza, o coração da facção maior (CV), com maior poder de fogo, da facção que tinha interesse em dominar as outras facções. Essa era a mais esperada de todas as missões", disse o comandante da PM.
Para especialistas, a ação só terá resultado se a ocupação pelo Estado do complexo de favelas for permanente.
De acordo com a polícia, os traficantes fugiram deixando armas e drogas.
Os policiais disseram que parte dos criminosos ainda poderia estar dentro da favela e, por isso, o cerco ao morro deveria permanecer por tempo indeterminado.
A PM realizou buscas de casa em casa. Moradores reclamavam de invasões pela polícia, que não foram não autorizadas pelo morador.
A operação foi desencadeada após série de atentados ocorridos na cidade desde o dia 21, com 106 veículos queimados. Ontem, não houve nenhum ataque.

 
Criminosos já estavam arrasados, diz mediador

PLÍNIO FRAGA
DO RIO

Há 17 anos na mediação de conflitos em favelas do Rio, José Júnior, 41, coordenador do Grupo AfroReggae, tentou convencer traficantes do Complexo do Alemão a deporem as armas, tendo como interlocutores lideranças que defendiam seu assassinato.
Cartas apreendidas em agosto no presídio de Catanduvas (PR), destinadas a chefes do Comando Vermelho, pediam autorização para matá-lo. A polícia acredita que os autores foram os traficantes Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, e Fabiano Atanásio da Silva, o FB.
"Posso ser mal interpretado e é tudo o que os reacionários querem ouvir: eu não queria que os bandidos morressem. Não é um exercício de generosidade, bondade, mesmo com pessoas que tramaram contra mim e que poderiam me pegar como refém", disse ele à Folha.
Júnior diz como encontrou os traficantes: "O governo cansou os caras. Encontrei um grupo arrasado emocionalmente. Não demonstravam interesse no confronto."



 
Folha - Por que traficantes queriam matá-lo?
José Júnior -
O que motivou a carta foram mediações que fizemos. 99% do que a carta diz é verdade no que diz respeito ao Afroreggae. Duas pessoas ficaram muito incomodadas. Uma delas havia me ajudado a mediar muitas coisas. Até enviar a carta, foi para mim um facilitador para mediar muitos conflitos. Foi uma decepção. Não que não esperasse uma coisa dessas do crime, mas dessa pessoa. Quando vem de alguém que você tem contato, que, mesmo sendo bandido, sempre teve uma postura de não ir para o confronto, gera uma decepção muito grande. Depois disso, acontecem esses ataques. E, por eu estar como alvo, sabia que, se a carta chegasse ao Marcinho VP, líder do CV na cadeia, ele não autorizaria que me matassem. Acho que ele não autorizou esses ataques também. Foi coisa de algumas pessoas do tráfico, não de todas.

Como decidiu ir negociar a rendição?
No início, me senti desmotivado a mediar por ser alvo. Anteontem recebi recados. Foram três telefonemas perguntando se existiria possibilidade de negociação. Eu disse que só a rendição completa e total. "Não existe uma alternativa?", me perguntou um deles. Primeiro, disse que não me cabia isso. Havia falado com o Allan Turnovski [diretor de Polícia Civil]. Ele disse que a polícia garantia que não esculacharia nem mataria ninguém, se eles se entregassem sem confronto.
Os traficantes, ficou claro agora, não queriam confronto. Sempre que fui mediar, nunca tinha sido alvo. Meus amigos policiais diziam que eu não deveria ir ao Alemão. Já que havia uma bronca contra mim.
Minha ida lá foi porque os moradores me pediam o tempo todo, os traficantes me pediam também. Posso ser mal interpretado e é tudo o que os reacionários querem ouvir: eu não queria que os bandidos morressem. A verdade é essa. Não é um exercício de generosidade, bondade, mesmo com pessoas que tramaram contra mim e que poderiam me pegar como refém. Eu fui para o risco. Deixei um e-mail até para o governador dizendo que eles não tinham responsabilidade e que eu assumia o risco.

O que encontrou?
O governo cansou os caras. Inteligentemente. Encontrei um grupo arrasado emocionalmente. Eles não demonstravam interesse no confronto naquele momento. Eu disse que a polícia tinha interesse de prender todos vivos, sem confronto.
Estavam conscientes do aparato militar. Foquei muito na vida e na morte. Disse que, se eles atacassem, iriam morrer. Fui falar das alternativas que tinham: se entregar ou se entregar. Abandonar as armas. É bom deixar claro o que é esta negociação. Não propusemos nada em troca.
Quando eles disseram que não se entregariam?
Ninguém falou isso. Várias pessoas se entregaram. Os caras tentam fugir. Não deu, se entregam.

.....

Beltrame passa por cima do PiG de SP com um anfíbio da Marinha

    Publicado em 29/11/2010


Só os anfíbios da Marinha conseguiram ultrapassar as barricadas


No domingo, a manchete da Folha (*) foi:

Tráfico tenta negociar antes de invasão policial”.

É outra ficha falsa da Dilma.

O tráfico não tentou negociar nunca.

Manchete do Estadão de hoje:

“Polícia ocupa o Alemão; traficantes fogem”.

“… forças a segurança invadem o complexo no Rio, mas não prendem principais líderes do tráfico”.

Sim. Provavelmente, os líderes do tráfico, ao sair de BMW da Vila Cruzeiro, foram para o Alemão e, de lá, tomaram seus jatinhos para São Paulo.

Devem estar agora com seus advogados na Av. Paulista.

A elite branca (e separatista, no caso de São Paulo), de que a Folha e o Estadão são expressões, não pensa o Brasil, como diz o sábio Fernando Lyra.
E, como não pensa, não entende nada de Brasil.
Aliás, não entende nada da cidade de São Paulo, do Capão Redondo ou do Jardim Romano, de onde o Padim Pade Cerra fugiu de helicóptero, quando os moradores, afogados num alagamento, exigiram providências.

Além disso, faz parte da ideologia da elite branca de São Paulo (e, portanto, separatista) satanizar o Rio.
Transformar o Rio no pólo contrário e desprezível: do lado de cá, a virtude, o espaço santificado, onde ninguém cheira cocaína nem crack e não faz aborto; do lado de lá, Sodoma e Gomorra instaladas no centro de Bagdá.

Sobre Segurança, os governos tucanos têm duas marcas.

Geraldo Alckmin decretou o fim do PCC.

Padim Pade Cerra combateu o crime com vigor  – nas estatísticas.


Todo mês, era uma batalha sangrenta entre a imprensa e o Governo dele, para apurar os verdadeiros números da criminalidade.
Segundo entrevista que será exibida na integra nesta terça-feira, na RecordNews, Beltrame anuncia que forças federais vão ficar no Alemão até que, no meio do ano que vem, se formem os  profissionais da Polícia Militar que vão administrar as UPPS.

Beltrame também informou, numa coletiva, ontem, que, brevemente,  vai entrar na Rocinha (onde já há uma UPP) e no vizinho Vidigal.

A propósito da fuga dos líderes do tráfico da Rocinha, segundo o Estadão, aquele jornal que confessou querer derrubar o presidente do Senado para prejudicar a Dilma.

O Estadão é capaz de identificar os líderes do tráfico no Alemão tanto quanto sabe quem são os líderes do Hezbollah no Líbano.
Agora, amigo navegante, pergunta-se: como é que eles fugiram ?

Eles estavam na Vila Cruzeiro.

O Beltrame entrou na Vila Cruzeiro.

Eles resistiram.

Quando viram que os anfíbios da Marinha ultrapassavam as barricas de concreto nas ruas estreitas, eles fugiram a pé para o Alemão.

E foram para onde ?

Para o Porcão de Ipanema, para o Adegão Português, no campo de São Cristóvão, comer bacalhau a Gomes de Sá
?

Não, caro amigo navegante.

Eles foram se esconder numa zona de conforto, ali ao lado: o Alemão.

O que fez o Beltrame ?

Fechou as 44 saídas do Alemão com soldados do Exército.

Não entrava nem saía ninguém sem ser revistado.

Suspeito ?


Detido.

Vi várias cenas dessas.


Mas, para o Estadão, não, os “chefões”, que o Estadão não sabe quem são, estão todos numa nice, do lado de fora.

Outro detalhe importante.

O Governo de Minas fechou as barreiras com o Estado do Rio para não deixar ninguém entrar.


O governo de São Paulo assistia a tudo na televisão.

De mau humor.

Porque o Rio ganhou.


Clique aqui para ler “A vitória de Beltrame no Rio constrange”.

Ou como diz a manchete do Globo, recentemente convertido à estratégia do Beltrame: “O Rio mostrou que é possivel”.


Paulo Henrique Amorim

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