quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Deu no NY Times: “Fim do mundo? Já é aqui no Brasil”






Tijolaço, 5/1/17



Deu no NY Times: “Fim do mundo? Já é aqui no Brasil”



Por Fernando brito




Vanessa Barbara, colaboradora do The New York Times e colunista do Estadão, publica hoje no jornal nova-iorquino um texto, cujo título está aí em cima, que não podia ser mais claro sobre a situação do nosso país, ao narrar a história política do último mês nesta Terra Brasilis, a começar pela “PEC do Fim do Mundo”:

O fim do mundo já chegou ao Brasil. Pelo menos é o que as pessoas aqui estão dizendo. Uma emenda constitucional aprovada pelo Senado no mês passado está sendo chamado de “o fim do mundo” alteração por seus oponentes. Por quê? Porque as conseqüências da emenda parecem desastrosas – e duradouras. Ele vai impor um limite de 20 anos em todos os gastos federais, incluindo a educação e cuidados de saúde.

Deve ser duro para os gringos entenderem, agora que já não estamos mais no tempo das ditaduras, como…

o Sr. Temer possa realizar tantas reformas, especialmente considerando a maioria delas, incluindo o limite do orçamento, ir contra a agenda da pessoa que – ao contrário do Sr. Temer – realmente ganhou a eleição presidencial mais recente.

Vanessa prossegue:

Além do limite de gastos, Temer apresentou uma proposta de reforma do sistema de pensões do Brasil. Sua proposta fixará uma idade mínima de aposentadoria de 65, em um país onde a pessoa, em média se aposenta em 54. A lei também exigirá pelo menos 25 anos de contribuições para o sistema de segurança social, tanto por homens e mulheres. Há boas razões para o Brasil não ter aprovado leis como essa antes.Embora a expectativa de vida média no Brasil seja de 74 anos , nós somos um dos países mais desiguais do mundo. Por exemplo, em 37 % dos bairros da cidade de São Paulo, as pessoas têm expectativa de vida inferior a 65 anos. É ainda mais curta para os pobres rurais.

E vai adiante, explicando a reforma trabalhista que precariza o trabalho e permite jornadas diárias de até 12 horas, além da terceirização indiscriminada. Diz que, por isso, não é “surpreendente que a administração Temer seja profundamente impopular: uma pesquisa em dezembro descobriu que 51% dos brasileiros a classificaram como “ruim” ou “terrível” e apenas 10% dos entrevistados disseram aprová-lo”.

Mas estes 10% são uma categoria muito especial, esclarece a colunista:

No entanto, o novo governo já recebeu o apoio total das seguintes organizações: Federação Brasileira de Bancos, Frente Parlamentar da Agricultura, Confederação Nacional da Indústria, Organização Mundial do Comércio, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e do Estado do Rio de Janeiro,  Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil, a Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores e e de vários altos executivos.

E, então, Vanessa desenha, em inglês, para quem ainda não entendeu:

Para alguns brasileiros, pelo menos, o fim do mundo é o início de uma oportunidade de ouro.

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