Site do
Lula, 18/01/17
Bolsista do ProUni faz TCC sobre condução coercitiva de Lula
Da esquerda para a direita:
Rafaela Amaral, Matheus Alves, Rita Garrido e Émerson
da Costa.
Todos são bolsistas do ProUni
Até poucos anos atrás, a universitária de jornalismo Rita Correa
Garrido, de 26 anos, sequer pensava em cursar o ensino
superior, assim como milhões de brasileiros e brasileiras.
Filha de comerciantes, estudante
de escolas públicas durante todo o ensino fundamental e médio, Rita
resolveu apostar no ProUni, que lhe propiciou uma bolsa de 50% no curso
de Jornalismo, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São
Leopoldo (RS). Para garantir o restante da graduação, Rita teve auxílio do FIES e pode financiar os outros 50% do
curso.
Após enfrentar jornadas exaustivas de trabalho, estudo, preconceito e até exclusão dos colegas, que
faziam piadas de sua condição de bolsista, Rita está a poucos dias de sua
maior conquista: a formatura, no próximo dia 20.
Pensando na caçada judicial e midiática contra Lula,
principalmente sobre a condução coercitiva sofrida pelo ex-presidente em março
do ano passado, Rita resolveu abordar o acontecimento em sua pesquisa de conclusão
de curso. Com o tema ‘A Construção de Sentidos Sobre a Condução Coercitiva do
Ex-Presidente Lula: análise das notícias em CUT-RS e Zero Hora’,
a pesquisa busca reforçar a importância do contraponto dos demais meios
jornalísticos (sindical, independente e alternativo).
"A condução coercitiva do ex-presidente Lula ocorreu
em meio à pesquisa, no momento em que eu ainda estava procurando um
acontecimento que demonstrasse a importância do contraponto no jornalismo. Acredito
que o jornalismo sindical tem esse
potencial, justamente por se dirigir diretamente à classe trabalhadora como um
instrumento de conscientização e formação de senso crítico", afirmou.
Na pesquisa, Rita analisou os sentidos que se
construíram nas publicações de Zero
Hora e da CUT-RS. "O contraponto apareceu, pois o mesmo acontecimento
foi noticiado de maneira distinta pelos dois veículos, a partir das fontes
escolhidas, dos trechos de falas selecionados, das informações
contextualizadas", explica.
Para comemorar a
formatura, Rita enviou uma carta ao ex-presidente Lula e fez o convite para ele
participar de sua festa. Como não poderá estar presente, Lula fez questão de ligar para a
universitária para agradecer a carta e o convite. Durante a conversa, o ex-presidente
falou sobre a importância de programas como ProUni e Fies para garantir o
acesso democrático ao ensino superior.
"Eu tenho consciência do significado do ProUni na vida
das pessoas. Mas, lamentavelmente, no
Brasil ainda tem gente que não quer compreender e não quer que os mais humildes
sejam iguais a ele. Esse é o grande problema. As pessoas não estão preocupadas
se você está tirando delas, as pessoas não querem que
você seja igual a elas. Querem que você esteja no degrau debaixo",
disse Lula.
O ex-presidente afirmou que ficou muito emocionado com
a carta e com a garra da estudante. "Estou te ligando para te dar os
parabéns. Quando for ao Sul, vou te ligar. Teria um imenso prazer de te
dar um abraço e um beijo". Para Rita, a conversa teve um significado
especial. "Senti a necessidade de agradecer a oportunidade que tive em
cursar o ensino superior. Fiz isso por meio de uma carta e um convite para a
formatura. Receber este retorno foi
gratificante e me certificou ainda mais sobre quem está comprometido com
questões de inclusão social e igualdade".
Com a expansão e interiorização das universidades federais,
a entrada dos jovens pobres no ensino superior e bolsas de estudo para as
melhores universidades do mundo, a universidade no Brasil deixou de ser sinônimo de
privilégio e passou a representar acesso democrático ao conhecimento.
Prioridade máxima dos governos Lula e Dilma Rousseff, nos últimos
13 anos a educação brasileira deu um salto de qualidade e começou a
construir um caminho de oportunidades e de futuro para todos. O orçamento cresceu fortemente: de R$ 18
bilhões em 2002 para R$ 115,7 bilhões em 2014. O
aumento real foi de 218%.
Primeiro brasileiro sem diploma universitário a chegar à
Presidência, Lula promoveu uma revolução no ensino superior. Construiu 14
novas universidades federais. Espalhou extensões universitárias pelo interior
do país. Implantou o Reuni, ampliando a oferta de cursos e vagas nas universidades
federais que já existiam. Criou o ProUni, que garante o acesso de estudantes
carentes às faculdades privadas. Dilma continuou a obra de Lula, e em dez anos
o Brasil dobrou o número de matrículas em instituições de educação superior: de
3,5 milhões em 2002 para mais de 7,1 milhões em 2014. E tudo começou com
um presidente que tinha apenas o diploma de torneiro mecânico do Senai.
A íntegra da carta que Rita enviou ao
ex-presidente:
Canoas,
28 de dezembro de 2016
Ao
ex-presidente e companheiro Luiz Inácio Lula da Silva,
Me
chamo Rita Correa Garrido, tenho 26 anos e estou a alguns dias de uma grande
conquista. Em 2010, ingressei na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, a
Unisinos, em São Leopoldo-RS, para estudar jornalismo. Até poucos anos antes,
sequer pensava em cursar o ensino superior, assim como milhares de estudantes
Brasil a fora.
Filha
de comerciantes, estudante de escolas
públicas durante todo o ensino fundamental e médio, resolvi apostar no ProUni, que logo me propiciou uma bolsa
de 50%. Peguei!
Durante
seis anos, estudei em uma universidade particular tida como referência no Sul
do país. Tive mudanças significativas na minha percepção de sociedade,
principalmente na maneira como me incluo nela, e com isso, pude construir uma
visão mais ampla, crítica e humana em relação ao mundo. Muito além de uma
profissão, cresci como ser humano e me fortaleci como cidadã.
Também
nestes anos, enfrentei jornadas exaustivas de trabalho, preconceito e exclusão.
As jornadas, resolvi mais uma vez com os programas de inclusão. Solicitei o FIES e financiei os 50% pagos do curso,
quase já no final da graduação. Ao
preconceito e a exclusão, lutei, junto com inúmeros colegas, contra piadas do
nível “bolsista também não ganha estojo com lápis, apontador e borracha” e gritos
de “CALA BOCA, PROUNI”, durante uma ampla mobilização, em frente ao DCE da
Universidade, contra o golpe dado na presidenta eleita Dilma Rousseff.
Mesmo
diante dos percalços, nunca omiti minha ideologia e meus posicionamentos
políticos, que só se reforçaram com minha entrada no setor de comunicação do
Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita, em maio de 2014. Aqui,
mais uma vez, tive a oportunidade de ampliar visões e me aproximar de algo que
julgo essencial no jornalismo: a
comunicação popular voltada à classe trabalhadora.
Frente
à condução coercitiva, tentei levantar um grão de areia de clareza ao abordar o
acontecimento em minha pesquisa de conclusão de curso, intitulada: A Construção de Sentidos Sobre a Condução
Coercitiva do Ex-Presidente Lula: análise das notícias em CUT-RS e Zero Hora.
Contrariando minhas expectativas, o trabalho foi muito bem recebido e avaliado
pela banca de professores, rendendo-me o
grau de Distinção (equivalente a notas entre 9 e 10) com direito a publicação
na biblioteca da Universidade.
A
pesquisa segue, para que vejas o esforço feito dentro da academia para
esclarecer fatos e lutar contra o monopólio da informação e a falta de
democratização dos meios de comunicação.
Também,
e sendo este o principal motivo do meu contato, encaminho formalmente o convite
da Cerimônia de Formatura, a ser realizada no dia 20 de janeiro de 2017, no
auditório Pe. Werner da Unisinos São Leopoldo, a partir das 21h. Junto com os
demais colegas do jornalismo, em grande parte bolsistas do ProUni e do Fies,
comemorarei a conquista citada no início desta carta. A tua presença será uma
honra para todos!
No
sábado, dia 21 de janeiro, comemorarei de forma simples e informal com alguns
poucos familiares, amigos e companheiros do Sindicato a formatura. O encontro
será na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita, a
partir das 21h. Igualmente será uma honra tua presença nesta celebração.
Por
fim, ainda incerta da presença, mas confiante no convite, agradeço-te desde já à oportunidade dada a milhões de estudantes em
todo o país. O término de uma graduação não significa meramente a conquista de um
canudo, mas também a conquista de dignidade, igualdade e oportunidades. Ainda que longe de atingir uma sociedade justa e
igual para todos e todas, se faz necessário agradecer e reconhecer àqueles que, de
alguma forma, acreditaram e investiram em um país melhor a partir da educação! Seguimos,
mais do que nunca, nesta luta! Muito obrigada!
Atenciosamente,
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