quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

WikiLeaks (Cablesgate) ( XIX ): Morte ao mensageiro


Jornal do Brasil, 08/12/2010

Morte ao mensageiro

Por Mauro Santayana

O governo dos Estados Unidos, na defesa de seu sistema de domínio, decidiu fazer de Julian Assange, o criador e operador do WikiLeaks, seu inimigo público número 1. Mediante todos os instrumentos de pressão, policiais, diplomáticos, econômicos e militares, fechou o cerco ao jornalista e sua qualificação como jornalista é necessária, honrada e perfeita – que foi detido ontem em Londres, sob a acusação de estupro presumidamente cometido na Suécia. Assange teme ser extraditado para os Estados Unidos, onde tudo lhe pode ocorrer. Mas a nova Caixa de Pandora foi aberta. Mesmo quee isso parece improvável – os norte-americanos conseguissem apagar do éter todos os sinais eletrônicos referentes aos dois conjuntos de documentos vazados pelo soldado Bradley Manning e entregues a Assange, o rei está totalmente desnudo. O mundo jamais será o mesmo, depois dessas revelações, algumas gravíssimas – como as que consideram instalaçõese recursos minerais situados no Brasil, como de interesse estratégico dos Estados Unidos e outras simplesmente ridículas, como as que tratam das aventuras sexuais de Berlusconi e das intrigas de Jobim contra o Itamaraty.

As forças americanas no Oriente Médio, de acordo com os documentos vazados por Manning, atuam com a crueldade dos aterrorizados. A diplomacia americano na revela o mesmo temor diante do mundo, mas não amedronta. Ao contrário, faz rir. É uma derrota moral irremediável.

O mundo está sob a hipótese de se tornar um espaço sem segredos. E um espaço sem segredos é, felizmente, um espaço sem dono.
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O Globo OnLine, 08/12/2010 às 21h37m
Troco

Após Mastercard e PayPal, hackers derrubam acesso ao site do Visa em apoio ao WikiLeaks

Depois de derrubar os sites do PayPal e do Mastercard , o grupo de hackers que se autointitula Anonymous (anônimo) tirou do ar na noite desta quarta-feira o site do Visa, que, a exemplo das outras duas empresas, também havia bloqueado as doações ao WikiLeaks.
Os ativistas anunciaram o ataque no Twitter por volta das 18h (Brasília) e derrubaram a página visa.com minutos depois. Por volta das 20h40, o site já estava acessível novamente.
Depois do ataque, a conta do grupo ativista no Twitter, que tem cerca de 20 mil seguidores, foi aparentemente suspensa. Um perfil do Anonymous no Facebook também já havia sido derrubado, mas já há contas novas com o nome do movimento.
A ação contra os sites foi chamada de "Operation: Payback" ("Operação: Troco"). O grupo de ativistas ublicou um manifesto em defesa do fundador do WikiLeaks, Julian Assnage, que está preso no Reino Unido.
Segundo o Visa, a decisão de suspender os pagamentos foi tomada enquanto são investigados os negócios da organização que vem vazando documentos secretos da diplomacia americana. A medida foi um forte golpe contra o site criado por Assange, que financia suas operações com doações feitas pela internet.
Outras empresas que cortaram suas relações com o WikiLeaks já foram alvos de ataques do Anonymous. O grupo surgiu no 4Chan, fórum de compartilhamento de imagens, onde se destacou com uma campanha contra a igreja da Cientologia. Depois, os ativistas passaram a invadir sites. Um deles foi o do PostFinance, unidade bancária do correio da Suíça que também parou de processar doações à organização de Assange.
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Corretíssimo!

Quem não cuidou de proteger devidamente informações sigilosas foram os negligentes e irresponsaveis norte-americanos.



O Estado de São Paulo OnLine,
08 de dezembro de 2010 | 9h 27

Austrália responsabiliza americanos pelos vazamentos do WikiLeaks


SYDNEY - O ministro de Exteriores da Austrália, Kevin Rudd, isentou nesta quarta-feira, 8, o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, da culpa pelos vazamentos de documentos diplomáticos dos EUA e afirmou que a responsabilidade pelo caso é dos americanos. Rudd afirmou ainda que os vazamentos levantam questões sobre a segurança dos EUA e disse "não dar a mínima" para as críticas feitas contra ele nos documentos.
O chanceler tomou partido de Assange, australiano de 39 anos, chamado anteriormente de irresponsável pela premiê da Austrália, Julia Gillard. "Assange não é o responsável pela divulgação não autorizada dos 250 mil documentos diplomáticos dos EUA. Os americanos são os responsáveis", disse.
"Acredito que as questões a serem feias são sobre a adequação dos sistemas de segurança americanos e sobre o nível de acesso que as pessoas têm a esse material. A responsabilidade, assim como as violações legais, deve ser atribuída a quem está por trás desses vazamentos iniciais", disse o chanceler.
Rudd também se mostrou indiferente sobre as críticas que recebeu em alguns dos papéis divulgados. "Estou certo de coisas muito piores foram escritas sobre mim antes e provavelmente coisas ruins serão escritas no futuro, mas eu não me importo. Meu trabalho é atuar como ministro de Exteriores pelos interesses da Austrália", disse.
Em um telegrama, um ex-embaixador americano na Austrália teria dito que Rudd "faz anúncios sem consultar outros países ou mesmo fontes do governo. Em outro documento, ele é criticado por ter levado a público um telefonema no qual ele cita o ex-presidente dos EUA, George W. Bush, perguntando "o que seria o G20".
Assange é considerado o responsável pelo vazamento dos mais de 250 mil documentos americanos, que começou no dia 28 de novembro e causou constrangimento às autoridades americanas por ter revelado segredos da política externa dos EUA. Washington classificou a ação como irresponsável e como uma ameaça à segurança nacional.
O australiano foi preso na segunda-feira e está sob custódia no Reino Unido, onde aguarda julgamento. Um primeiro pedido para pagamento de fiança foi negado, mas seus advogados já estão se mobilizando para aplicar novos recursos. Assange é procurado na Suécia por crimes sexuais e foi preso em Londres devido a um mandato de prisão expedido por Estocolmo para a polícia britânica.

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