quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Wikileaks (Cablegate) ( I ): Os arquivos secretos da diplomacia dos EUA

s

Juro para vocês, gente: Eu não sei se eu rio ou se eu choro.

Se eles cuidam assim da segurança das informações, como será que cuidam da segurança de seu arsenal nuclear?

 
É aterrorizante pensar nisto!

São Paulo, segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Crise diplomática

NELSON DE SÁ


derspiegel.de


Desta vez o WikiLeaks soltou os documentos via "Guardian", "New York Times", "Der Spiegel", "Le Monde" e "El País".
O jornal britânico foi o que deu mais criticamente, com a manchete "Vazamento de despachos dos EUA detona crise diplomática global", destacando a espionagem de diplomatas da ONU e a pressão saudita por ataque americano ao Irã.
O "NYT" foi mais contido, "Despachos vazados desvendam diplomacia dos EUA", justificando serem textos de uma "era de guerra e terrorismo" e com uma "visão franca " sobre Irã etc. Sublinha que os diplomatas tiveram ampliado seu "papel de espionagem ".


A revista alemã dá na capa (acima) a opinião americana sobre líderes como a primeira-ministra Angela Merkel, que "evita riscos e raramente é criativa". No site, "A visão do mundo por uma superpotência".
No jornal francês, "As revelações do WikiLeaks dos bastidores da diplomacia americana". No espanhol, "Os segredos da diplomacia dos EUA, a descoberto".

Segundo o próprio WikiLeaks, o "NYT" recebeu os documentos na segunda e no mesmo dia informou o conteúdo à Casa Branca, que iniciou operação para controlar danos, inclusive repassando informações a vários países. O governo britânico, depois, ameaçou "Guardian" e outros com processos. E o "Guardian" postou o material dizendo, em nota, que não soltaria "alguns despachos" devido às "leis que impõem um ônus especial sobre as publicações britânicas".
O "NYT" postou nota dizendo que, "por temerário que seja publicar este material contra objeções oficiais, seria presunçoso concluir que os americanos não têm direito de saber o que é feito em seu nome". "Le Monde" e "El País" postaram justificativas semelhantes.

......

http://www.viomundo.com.br/denuncias/vazamento-de-mensagens-causa-crise-diplomatica-global.html


28 de novembro de 2010 às 20:39

Vazamento de mensagens causa crise diplomática global

US embassy cables leak sparks global diplomatic crisis
28/11/2010, do jornal britânico Guardian
Tradução do coletivo da Vila Vudu, com colaboração do Viomundo

Os EUA foram lançados em uma crise diplomática mundial com o vazamento, para o jornal britânico Guardian e outros veículos internacionais, de mais de 250 mil telegramas secretos de embaixadas dos EUA, alguns dos quais enviados em fevereiro de 2010.
Na primeira matéria de uma série sobre telegramas diplomáticos diários enviados pelas embaixadas dos EUA e classificados como “secretos” o Guardian já pode informar que líderes árabes têm pressionado privadamente em defesa de ataque aéreo contra o Irã e que funcionários de embaixadas dos EUA receberam instruções para espionar líderes da ONU.
Essas duas primeiras revelações já reverberam em todo o mundo. Mas os telegramas secretos aos quais WikiLeaks teve acesso também revelam avaliações feitas por Washington sobre várias outras questões internacionais altamente sensíveis.
Entre os telegramas vazados há notícias de importante alteração nas relações entre China e República Popular Democrática da Coreia, sobre a crescente instabilidade no Paquistão e detalhes dos esforços clandestinos dos EUA para combater a al-Qaeda no Iêmen.
Dentre centenas de outras revelações que causarão furor em todo o mundo, os telegramas detalham:
• Grave temor em Washington e Londres sobre a segurança do programa nuclear do Paquistão, com autoridades alertando que enquanto o país corre o risco de colapso econômico, funcionários públicos poderiam contrabandear material nuclear suficiente para terroristas construirem a bomba;
• Suspeitas de corrupção no governo afegão, com um telegrama alegando que o vice-presidente Zia Massoud estava carregando 52 milhões de dólares em dinheiro quando foi parado durante uma visita ao Emirados Árabes Unidos. Massoud nega que tenha tirado dinheiro do Afeganistão.
• Como os ataques de hacker que forçaram o Google a abandonar a China em janeiro foram orquestrados por um membro importante do Politburo, que deu uma busca com seu nome na versão global do buscador e encontrou artigos que o criticavam pessoalmente.
A extraordinariamente próxima relação entre Vladimir Putin, o primeiro-ministro russo, e Silvio Berlusconi, o primeiro-ministro italiano, que está causando intensa suspeição nos Estados Unidos. Os telegramas detalham de  supostos “presente suntuosos” a contratos lucrativos no setor de energia e o uso, por Berlusconi, de um sombrio italiano que fala russo como intermediário.
•  Alegações de que a Rússia e seus serviços de inteligência estão usando chefes da máfia para praticar operações criminosas, com um telegrama falando que a relação é tão próxima que o país se tornou “um virtual estado mafioso”.
• Críticas devastadoras das operações militares britânicas no Afeganistão por comandantes militares dos Estados Unidos, pelo presidente afegão e por autoridades locais de Helmand. Os despachos revelaram desprezo particular pelo fracasso de dar segurança a Sangin — a cidade que custou mais baixas britânicas que qualquer outra no país.
• Declarações imprópria de um integrante da família real britânica sobre uma agência de segurança do Reino Unido e um país estrangeiro.
Os EUA têm contatos particularmente íntimos com a Grã-Bretanha e alguns dos telegramas saídos da embaixada de Londres em Grosvenor Square serão lidos com extremo desconforto em Whitehall e Westminster. Incluem desde sérias críticas políticas contra David Cameron até pedido para que a embaixada fornecesse informações especiais de inteligência sobre membros do Parlamento britânico.
O arquivo de telegramas inclui denúncias específicas de corrupção contra líderes estrangeiros, e duras críticas, feitas pelo pessoal diplomático de embaixadas dos EUA, aos governantes de países onde estão instaladas, desde pequenas ilhas do Caribe até a China e a Rússia.
O material inclui uma referência a Vladimir Putin como “um cão alfa”, a Hamid Karzai como doido, “homem de reações paranóicas” e a Angela Merkel, da qual os norte-americanos dizem que “evita riscos e raramente tem alguma ideia criativa”. E há telegrama em que Mahmoud Ahmadinejad é comparado a Adolf Hitler.
Os telegramas incluem nomes de países envolvidos no financiamento de terroristas e descreve “quase desastre ambiental” há cerca de um ano, com uma carga de urânio enriquecido de um “estado bandido” [ing. “rogue state”]. Há telegramas em que se expõem detalhadamente negociações secretas entre EUA e Rússia sobre um míssil nuclear em Genebra; há também um perfil do líder líbio Muammar Gaddafi, o qual, segundo diplomata dos EUA, andaria por toda parte acompanhado de uma “voluptuosa loira” enfermeira ucraniana.
Os telegramas cobrem as atividades da secretária de Estado Hillary Clinton no governo Obama, e há milhares de arquivos do governo de George Bush. A secretária Clinton comandou pessoalmente essa semana uma tentativa frenética de limitação de danos em Washington, preparando governos estrangeiros para as revelações. Contatou líderes na Alemanha, Arábia Saudita, no Golfo, na França e no Afeganistão.
Embaixadores dos EUA em outras capitais foram instruídos a informar antecipadamente seus respectivos hospedeiros sobre os vazamentos e sobre relatos pouco lisonjeiros ou relatórios cruamente francos de transações entre eles e os EUA, que foram escritos para serem mantidos sob eterno sigilo. Washington enfrenta agora a difícil tarefa de convencer contatos em todo o mundo de que, no futuro, alguma conversação será mantida sob regras confiáveis de sigilo.
“Estamos nos preparando para o que vier e condenamos WikiLeaks pela divulgação de material secreto”, disse o porta-voz do departamento de Estado PJ Crowley. “Porão sob ameaça vidas e interesses. É atitude irresponsável”.
O conselheiro jurídico do Departamento de Estado escreveu ao fundador de Wikileaks Julian Assange e a seu advogado londrino, advertindo que os telegramas foram obtidos por meios ilegais e que a divulgação geraria risco a vida de incontáveis inocentes (…) a operações militares em andamento (…) e à cooperação entre países”.
O arquivo eletrônico contendo os telegramas diplomáticos de embaixadas dos EUA em todo o mundo, ao que se sabe, foi recolhido por um soldado norte-americano no início do ano e entregue a WikiLeaks. Assange repassou o arquivo ao jornal britânico Guardian e a quatro outros jornais: o New York Times, Der Spiegel na Alemanha, Le Monde na França e El País na Espanha. Os cinco jornais planejam publicar excertos dos telegramas mais significativos, mas decidiram nem divulgar o arquivo completo nem publicar nomes que ponham em risco a vida de indivíduos inocentes. WikiLeaks diz que, ao contrário do que teme o departamento de Estado, também planeja divulgar só alguns excertos de telegramas e encobrir as identidades.
Os telegramas divulgados hoje revelam como os EUA usam suas embaixadas como parte de uma rede global de espionagem, com diplomatas encarregados de arrancar não só informações dos seus contatos, mas também detalhes pessoais, como números e detalhes de cartões de créditos, de telefones e, até, material para exames de DNA.
Instruções secretas sobre “inteligência humana” assinadas por Hillary Clinton ou sua antecessora, Condoleeza Rice, instruem os funcionários a reunir informações sobre instalações militares, detalhes de armas e veículos de líderes políticos, além de scans de íris, impressões digitais e DNA.
Os mais controversos alvos dessas ações são os líderes da ONU. Essa específica instrução exigia especificação de “sistemas de telecomunicações e de tecnologia de inteligência usados pelos mais altos funcionários da ONU e respectivas equipes e detalhes das redes VIP privadas usadas para comunicação oficial, incluindo upgrades, medidas de segurança, senhas e chaves pessoais de decodificação”.
Quando o Guardian informou Crowley sobre o conteúdo dos telegramas específicos, o porta-voz do departamento de Estado disse:Permita-me garantir a você: nossos diplomatas são apenas isso, diplomatas. Não se envolvem em atividades de inteligência. Representam nosso país em todo o mundo, mantêm contatos abertos e transparentes com outros governos e com figuras do mundo privado e reportam ao nosso governo. É o trabalho dos diplomatas há centenas de anos.
Os telegramas também lançam luz sobre questões diplomáticas mais antigas. Um telegrama, por exemplo, revela que Nelson Mandela ficou “furioso” quando um alto conselheiro impediu que ele se encontrasse com Margaret Thatcher para explicar por que o Conselho Nacional Africano tinha objeções à política britânica de “engajamento construtivo” com o regime do apartheid.
“Entendemos que Mandela desejasse muito encontrar-se com Thatcher, mas [o secretário Zwelakhe] Sisulu argumentou persuasivamente contra o encontro”, segundo o telegrama. E continua: “Mandela já várias vezes dissera o quanto desejava encontrar-se com Thatcher para manifestar as objeções do CNA à política britânica. Surpreendeu-nos portanto que o encontro não tenha acontecido em sua visita a Londres em meados de abril e desconfiamos que os linhas-duras do CNA intrometeram-se nos planos de Mandela”.
Os telegramas diplomáticos dos EUA levam a marca “Sipdis” secret internet protocol distribution. Foram compilados como parte de um programa que seleciona telegramas considerados moderadamente secretos, mas que podem ser partilhados com outras agências e os descarrega automaticamente nos websites protegidos das embaixadas, e linkados com o sistema de internet Siprnet militar.
São classificados em vários níveis, até “SECRET NOFORN” [ing. no foreigners, “proibidos para estrangeiros”]. Mais de 11 mil telegramas são marcados como “secretos e cerca de 9,000 são “noforn”. As embaixadas de origem da maioria dos telegramas são Ancara, Bagdá, Amã, Kuwait e Tóquio.
Mais de 3 milhões de funcionários e soldados norte-americanos, muitos deles extremamente jovens, têm credencial que lhes dá possibilidade de acesso a esse material, apesar de os telegramas conterem nomes e identificação de informantes estrangeiros e contatos considerados sensíveis em regimes ditatoriais. Alguns dos telegramas são identificados como “protegido” ou “estritamente protegido”.
Na primavera passada, um analista de inteligência de 22 anos, Bradley Manning, foi acusado de ter vazado muitos desses telegramas, junto com um vídeo em que se via a tripulação de um helicóptero Apache matando dois repórteres da agência Reuters em Bagdá, em 2007; material que, depois, foi distribuído por WikiLeaks. Manning está preso e é provável que seja julgado por uma corte marcial. (…)
Um ex-hacker, Adrian Lamo, que denunciou Manning às autoridades norte-americanas, disse que o soldado lhe dissera, em mensagens por chat, que os telegramas diplomáticos mostravam “como o primeiro mundo explora o terceiro, em detalhes”.
Disse também, segundo Lamo, que Clinton “e vários milhares de diplomatas em todo o mundo vão ter um ataque do coração quando acordarem, um belo dia, e descobrirem que todo o arquivo de toda a política externa está acessível ao grande público, em formato que permite pesquisas” (…) “onde quer que haja um posto norte-norteamericano, ali há um escândalo diplomático que será revelado”.
Perguntado sobre por que material tão sensível circulava em rede acessível a milhares de funcionários do governo, o porta-voz do departamento de Estado disse ao Guardian:Os ataques de 11/9 e o período imediatamente posterior revelaram falhas no sistema de distribuição de informações dentro do governo. Desde os ataquea de 11/9, o governo dos EUA tomou medidas para facilitar significativamente a partilha de informações. Esses esforços visaram a oferecer aos especialistas da diplomacia, aos militares e aos agentes de inteligência e da justiça acesso mais rápido e mais fácil a mais dados, para que pudessem fazer seu trabalho com mais eficácia”.
E acrescentou: “Temos tomado medidas agressivas nas últimas semanas e meses para aumentar a segurança de nossos sistemas e para evitar vazamento de informações”.

.....

São Paulo, segunda-feira, 29 de novembro de 2010
PF disfarça prisão de terroristas, dizem EUA  
WikiLeaks começa a vazar telegramas secretos, e Folha obtém primeiro lote

Jornal teve acesso com exclusividade a papéis despachados pela diplomacia dos Estados Unidos a partir do Brasil

FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA

A Polícia Federal do Brasil "frequentemente prende pessoas ligadas ao terrorismo, mas os acusa de uma variedade de crimes não relacionados a terrorismo para evitar chamar a atenção da imprensa e dos altos escalões do governo", relatou de maneira secreta em 8 de janeiro de 2008 o então embaixador dos Estados Unidos em Brasília, Clifford Sobel.
Essa informação faz parte de um lote de 1.947 telegramas produzidos pela diplomacia norte-americana durante a última década, em Brasília. A organização WikiLeaks teve acesso a eles. Vai divulgá-los gradualmente a partir desta semana no site www.wikileaks.org.
Ao todo, são 251.287 telegramas produzidos pela diplomacia dos EUA a partir de vários países de 28 de dezembro de 1966 até 28 de fevereiro deste ano. O WikiLeaks afirma ser "o maior conjunto de documentos confidenciais a ser levado a público na história".
A Folha leu com exclusividade seis dos 1.947 telegramas despachados a partir de Brasília. Tratam de possíveis ações de ativistas de origem árabe no país. No comunicado secreto de 2008, o embaixador Clifford Sobel confirma de maneira indireta alguns relatos já conhecidos, mas sempre negados pelo governo brasileiro.
A intenção da administração do presidente Lula de negar a existência de células terroristas no país se daria por duas razões, segundo o norte-americano. Primeiro, um temor de "estigmatizar" a comunidade árabe no Brasil. Segundo, o receio de "prejuízo para a imagem" da chamada tríplice fronteira (entre Brasil, Argentina e Paraguai) como destino turístico.
Clifford Sobel escreveu que a atitude do governo brasileiro também "visa a evitar uma associação muito próxima ao que é considerado como uma demasiada agressiva guerra ao terror".
No seu telegrama secreto, o diplomata revela que a PF "monitora as atividades de extremistas suspeitos que podem estar ligados a grupos terroristas no exterior e compartilha essas informações" com os Estados Unidos.

TERRORISMO
Os seis telegramas a que a Folha teve acesso não listam suspeitos de terrorismo que teriam sido detidos pela polícia no Brasil. Há, entretanto, uma menção direta a dois casos já revelados com exclusividade pelo jornal.
Os documentos da diplomacia dos EUA citam a ligação de um libanês preso em abril de 2009 e acusado de ter ligações com o grupo Al Qaeda. O episódio foi noticiado na Folha pelo colunista Janio de Freitas. A outra menção é sobre uma operação da PF em Santa Catarina, quando foi presa uma pessoa suspeita de ligações com extremistas sunitas.
Em maio de 2006, o então embaixador dos EUA, John Danilovich, relatou em telegrama secreto uma conversa que manteve com Jorge Armando Felix, ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência.
O diplomata faz uma revelação curiosa. Diz que o governo do Brasil estimularia a delação entre integrantes da comunidade árabe: "O governo brasileiro está apelando a árabes moderados de segunda geração, muitos dos quais empresários bem sucedidos no Brasil, para observarem de perto outros árabes que poderiam ser influenciados por extremistas", relata.
Em dois trechos dos telegramas aos quais a Folha teve acesso há menções críticas à então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. O assunto é a inexistência de legislação no Brasil para tipificar atos terroristas -algo pelo qual os EUA fazem forte lobby em vários países.
Dilma é apresentada como a responsável por ter impedido o envio de uma proposta de lei antiterror ao Congresso. Num telegrama classificado como confidencial, de 4 de novembro de 2008, Clifford Sobel cita um especialista e diz que seriam mínimas as chances de ter essa legislação porque o governo Lula estava "amontoado de militantes esquerdistas".

Documentos revelam infiltrações políticas dos EUA em diferentes países  
JULIAN ASSANGE
ESPECIAL PARA A FOLHA

Esses documentos mostram a verdadeira história do império americano de 1966 a 2010, da maneira como foi relatada pelas embaixadas de todo o mundo.
São cerca de 285 milhões de palavras sobre intriga diplomática. Se fossem impressas, daria para preencher mais de 3.000 livros.
Os documentos mostram infiltrações políticas dos Estados Unidos em quase todos os países, mesmo naqueles considerados "neutros", como a Suécia e a Suíça. As embaixadas observam de perto a mídia local, o serviço de inteligência, a indústria de armas e de petróleo e fazem forte lobby para todo tipo de empresas americanas.
Os telegramas das embaixadas dos EUA são a coisa mais interessante que eu já li e o vazamento de informações secretas mais importante da história.
É uma riquíssima documentação sobre como o mundo funciona de fato. Antes mesmo do lançamento do Cablegate, os EUA alertaram quase todos os governos do mundo, tal é o medo que regimes abusivos e relações escusas sejam expostos.

CENSURA
O Reino Unido emitiu uma notificação à imprensa, o DA-notice (um pedido oficial para revisar todo material sobre o tema antes da publicação), o que pode ser visto como uma censura velada.
Assim, nas próximas semanas, vamos poder julgar o clima político em dezenas de países através da maneira como eles respondem.
Será que vão se empenhar numa campanha para desviar as atenções ou será que vão fazer uma campanha para mudar a maneira como as coisas são feitas?
Para esse lançamento, começamos a produzir também reportagens em português no nosso site, porque o WikiLeaks tem muitos apoiadores no Brasil.
A filosofia da nossa organização é compartilhada pelos grupos brasileiros que lutam por liberdade na mídia, na imprensa e na internet.
Temos parceria com o "New York Times" e o "Guardian" para chegar ao público que fala inglês, o "El Pais" para os que falam espanhol, o "Le Monde" para francês e "Der Spiegel" para alemão.

PORTUGUÊS
Mas o português também é uma língua muito importante, e a publicação deste material é de grande interesse para os brasileiros -e de grande interesse para definir os rumos do novo governo.
Desde o começo o WikiLeaks foi construído para ajudar a todo o mundo. Injustiça em qualquer lugar é injustiça em todo lugar.
Nós acreditamos que a internet é uma ferramenta que permite que pessoas corajosas se reúnam para lutar por justiça e vencer. Com a ajuda dos internautas, podemos exigir que a nação superpoderosa preste contas a todos.


JULIAN ASSANGE é editor do WikiLeaks


.....


UOL, 28/11/2010 - 16h36

EUA ordenaram espionagem da ONU; WikiLeaks divulga arquivos secretos da diplomacia

DE SÃO PAULO
Autoridades americanas foram instruídas a espionar líderes da ONU (Organização das Nações Unidas). Líderes árabes pediram um ataque aéreo ao Irã. No Paraguai, os EUA pediram até o DNA de quatro candidatos à Presidência.
Essas informações diplomáticas começaram a ser divulgadas neste domingo pela imprensa internacional, a partir de mais de 250 mil comunicados confidenciais de embaixadas americanas --a maioria dos três últimos anos-- vazados pelo site WikiLeaks.

A divulgação pode jogar os EUA em uma crise diplomática mundial, já que os documentos revelam a avaliação de Washington sobre vários assuntos internacionais extremamente delicados. Isso inclui, segundo o jornal britânico "Guardian", uma grande mudança de relações entre a China e a Coreia do Norte, o aumento da instabilidade no Paquistão e detalhes de esforços clandestinos dos EUA para combater a rede terrorista Al Qaeda no Iêmen.
Os EUA queria conhecer a rotina dos funcionários da ONU, seus cartões de crédito, emails e telefones, informa o "El País", jornal espanhol que teve acesso aos documentos vazados pelo WikiLeaks.
O Departamento de Estado americano pediu no ano passado aos funcionários de 38 embaixadas e missões diplomáticas uma relação detalhada de dados pessoais e de outra natureza sobre as Nações Unidas, inclusive sobre o secretário-geral, Ban Ki-moon, e especialmente sobre os funcionários e representantes ligados ao Sudão, Afeganistão, Somália, Irã e Coreia do Norte, segundo o jornal espanhol.
A equipe diplomática e consular credenciada na ONU e nos países afetados pelas instruções foram encarregados de realizar a "espionagem branda", segundo comunicados classificados como secretos, afirma o "El País". Os despachos pedem "inteligência humana", dados conseguidos em contatos pessoais ou em relações informais.
Também foram solicitadas informações biográficas, biométricas e financeiras sobre líderes palestinos.
O WikiLeaks revelou, em outubro, 391 mil documentos sobre a Guerra do Iraque que continham várias denúncias de torturas e abusos que os Estados Unidos nunca averiguaram, morte de civis que não foram informadas e a ajuda iraniana a milícias iraquianas. Em julho, o portal publicou 70 mil documentos da guerra do Afeganistão.
Os EUA criticam o WikiLeaks pelos vazamentos de documentos, alegando que eles colocam em risco a segurança nacional e de indivíduos.

Instruções para uma espionagem semelhante foi enviada a outros países, informa o jornal. A embaixada de Assunção teve que recolher dados físicos dos aspirantes à Presidência do Paraguai em 2008. Isso incluiu até scanner da íris, impressões digitasis e DNA de quatro candidatos presidenciais.
Na região dos Grandes Lagos, na África, foram pedidos detalhes sobre instalações militares e compra e venda de armas, afirma o "El País".
Algumas das informações solicitadas pelo Departamento de Estado, segundo o jornal:
  • "Planos, intenções, objetivos e atividades palestinas relacionadas com as políticas dos EUA sobre o processo de paz e o combate ao terrorismo";
  • "Informação biográfica, biométrica e financeira sobre os líderes palestinos e do Hamas, incluindo os dos movimentos jovens, dentro e fora de Gaza e Cisjordânia";
  • "Planos e atividades concretas do Reino Unido, França, Alemanha e Rússia sobre as políticas da Agência Internacional de Energia Atômica";
  • "Planos e intenções dos líderes e países mais influentes da ONU, especialmente Rússia e China, sobre direitos humanos no Irã, sanções ao Irã, fornecimento de armas iranianas ao Hamas e Hizbollah e sobre as candidaturas que o Irã apresenta para ocupar postos-chave na ONU".
LÍDER EXCÊNTRICO
Um despacho enviado pela embaixada em Trípoli dá detalhes curiosos sobre o ditador Muammar Gaddafi, sob o assunto "Uma espiada nas excentricidades do líder líbio Gaddafi".

Reuters - 23.set.09
Gaddafi folheia livreto durante o primeiro e longo discurso que fez à ONU; ditador está no poder há 40 anos
Gaddafi folheia livreto durante o primeiro e longo discurso que fez à ONU; ditador está no poder há 40 anos

"Ele também parece ter uma intensa rejeição ou medo de ficar em andares superiores, supostamente prefere não voar sobre água, e parece gostar de corrida de cavalos e de dança flamenca", informa o comunicado, divulgado pelo jornal "The New York Times".
"Finalmente, Gaddafi conta extremamente com sua enfermeira ucraniana de longa data, Galyna Kolotnytska, que foi descrita como uma "loira voluptuosa". (...) Gaddafi não pode viajar sem Kolotnytska, já que só ela 'conhece sua rotina'."

Nenhum comentário:

Postar um comentário