terça-feira, 2 de maio de 2017

Parente faz da OTC balcão de venda da Petrobrás

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FUP, 2 de maio de 2017


Parente faz da OTC balcão de venda da Petrobrás



Não faz muito tempo, a Offshore Technology Conference (OTC), que anualmente reúne em Houston, nos Estados Unidos, as maiores empresas do mundo de exploração e produção de petróleo no mar, era sinônimo de orgulho para a Petrobrás. Lá, a estatal brasileira foi várias vezes premiada por seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias que a levaram a descobrir o Pré-Sal, onde estão concentrados os maiores campos de petróleo da atualidade. Graças aos investimentos que recebeu nos últimos anos, a Petrobrás passou a ser referência do evento, como uma das gigantes do setor e a mais reconhecida nas atividades exploratórias em águas ultra profundas.

Em meio ao desmonte que vem fazendo de tudo o que a empresa conquistou, Pedro Parente transformou a edição deste ano da OTC em um balcão de venda de ativos. Desde ontem (01/05), quando foi aberta a Conferência, ele vem atuando como garoto propaganda, alardeando as promissoras ofertas que a Petrobrás fará "muito em breve", quando pretende colocar novamente à venda os ativos, cuja negociação havia sido suspensa pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e por ações na Justiça, devido a uma série de irregularidades, inclusive a falta de licitações públicas.

Nesta terça-feira, 02, o feirão de Parente continuou. Sua palestra na OTC teve o sugestivo tema “Oportunidades da Petrobras em um novo cenário de petróleo e gás”. O objetivo foi divulgar a cartela de ativos que estarão à venda e atrair os investidores estrangeiros para parcerias em áreas estratégicas, como o E&P e o refino.

Os golpistas já deixaram claro que o principal chamariz para os investimentos estrangeiros é o petróleo. Abriram o caminho para as multinacionais operarem o Pré-Sal, desmontaram a política de conteúdo nacional e agora correm contra o tempo para vender tudo o que puderem da Petrobrás.

As refinarias, que até então, estavam de fora dos ativos ofertados, são a novidade do novo pacote que será anunciado pela empresa. “Refino é importante para a Petrobrás. Mas acreditamos que não é bom para a empresa e nem para o país concentrar 100% do refino nas mãos de uma única empresa”, declarou Pedro Parente ontem na OTC.

Seu objetivo é vender as refinarias aos pedaços, repetindo a estratégia adotada no governo FHC, quando foi ministro do apagão e homem forte dos tucanos no Conselho de Administração da Petrobrás. A fórmula que ele quer repetir é a mesma que aplicou na Refap, quando autorizou a venda de 30% das ações da refinaria para a multinacional Repsol. Uma negociata que lesou a empresa em 2,3 bilhões de dólares e é alvo de uma ação de reparação que já corre há 16 anos na justiça. Os trabalhadores da refinaria sofreram uma série de perdas e levaram uma década para conquistar de volta o direito de serem 100% Petrobrás.

Os petroleiros já viram esse filme e não permitirão que ele seja reprisado. A categoria mostrou mais uma vez a sua força na greve geral do dia 28, deixando claro que não aceitará o desmonte da Petrobrás, nem os ataques aos direitos dos trabalhadores. Que sirva de alerta para o governo Temer e para os gestores da empresa. A cada ativo que colocarem à venda, reagiremos. 
 

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FUP, 19 de abril de 2017



Guilherme Estrella: a soberania está sob ataque



Em palestra na noite de terça-feira (18), em Belo Horizonte, o geólogo e ex-diretor de Exploração e Produção da Petrobrás, Guilherme Estrella fez um panorama do processo de industrialização do Brasil e da trajetória da Petrobrás até a descoberta das reservas de petróleo na camada pré-sal, em 2007.

No início de sua apresentação, o geólogo destacou a importância do Brasil no contexto geopolítico mundial já que o País é o quinto maior em território, possui a maior floresta tropical e perene do planeta (Amazônia), a maior bacia hidrográfica (Amazonas), os maiores aquíferos subterrâneos (um na região amazônica e o aquífero Guarani), além de ser uma potência em minério de ferro (com a mina de Carajás/PA e o Quadrilátero Ferrífero/MG).

No entanto, segundo Estrella, o país tinha um calcanhar de Aquiles. “Tînhamos um problema de energia. O País, ainda durante a industrialização, não tinha carvão, nem petróleo ainda pois não tínhamos tecnologia pra explorá-lo. Então, começamos a desenvolver a energia elétrica por meio das usinas hidrelétricas, que nos deixa refém das chuvas e das condições climáticas. E a descoberta do pré-sal era o que faltava para que o País tivesse autonomia no cenário mundial e soberania”.

Porém, com o impeachment da presidente Dilma Rousseff, a política adotada por Michel Temer à frente da Presidência da República e por Pedro Parente na gestão da Petrobrás tem sido de vender ativos da empresa e entregar a exploração das reservas brasileiras para companhias estrangeiras, inclusive abrindo mão da estatal como operadora única do pré-sal.

Nenhum País faz o que o Brasil está fazendo. Isso não é capitalismo. Um exemplo é que, nos Estados Unidos, a exportação de petróleo era proibida até o ano passado e, na França, em uma medida aprovada em 2014, restringiu a compra de empresas francesas por companhias estrangeiras. Já o Brasil caminha no sentido oposto, ao se desfazer de elos da cadeia de produção de petróleo de modo a fragilizar a Petrobrás”.

Ele acrescentou ainda que a operação única da estatal era uma política de Estado. No entanto, o atual Congresso aprovou no ano passado, o fim da obrigatoriedade de a Petrobrás ter 30% de participação nos campos de petróleo da região do pré-sal, autorizando a entrada de empresas estrangeiras no País.

Estrella estimou ainda que o tamanho do pré-sal brasileiro varie entre 50 ou 60 bilhões de barris até 150 bilhões, o suficiente para abastecer o País durante todo o século XXI. Ainda assim, o campo de Carcará, no pré-sal da Bacia de Santos, foi colocado a venda e a um preço muito aquém do que vale (o preço estimado de cada barril de petróleo em Carcará é de US$ 5 e o Brasil colocou a venda por US$ 0,35). No entanto, a negociação foi suspensa por uma liminar da Justiça na última semana.

Além do prejuízo à soberania nacional com a venda de ativos, Estrella ainda citou como a entrega da empresa prejudica toda uma cadeia que se desenvolveu em função da Petrobrás e que foi responsável pela geração de empregos, desenvolvimento da indústria nacional e crescimento do País. “Há 30 ou 40 anos, a indústria naval do País estava acabada e foi retomada graças ao investimento da Petrobrás. Também passamos a desenvolver tecnologia brasileira para atender às demandas da exploração de petróleo na camada pré-sal e em águas rasas, além da geração de empregos e riquezas dentro do País. Agora, todo esse esforço está sendo perdido”.

O evento aconteceu no Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais) e foi promovido juntamente com o Sindipetro/MG, a Frebrageo (Federação Brasileira de Geólogos) e o Singeo/MG (Sindicato dos Geólogos de Minas Gerais).

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