Jornal GGN, 23/05/17
Por Samuel Pinheiro Guimarães
1. A vitória ideológica/econômica/
· induzir a adoção, por
acordos bilaterais e pela imposição, por organismos “multilaterais”, dos
princípios da economia neoliberal;
· manter a liderança
tecnológica e controlar a difusão de tecnologia;
· induzir o desarmamento
e a adesão “forçada” dos países periféricos e frágeis ao sistema militar
americano;
· induzir a adoção de
regimes democráticos liberais, porém de forma seletiva, não para todos Estados;
· garantir a abertura ao
controle externo da mídia.
3. As dimensões e as características da população e do mercado interno; de território e de recursos naturais (ampliada de forma extraordinária pela descoberta do pré-sal); a localização geográfica na área de influência americana; a capacidade empresarial do Estado e da iniciativa privada (BNDES, Petrobrás, Vale do Rio Doce, Embraer) a capacidade tecnológica em áreas de ponta (nuclear, Embrapa, etc) tornariam o Brasil uma área de atuação prioritária para a política exterior americana, que articulou:
· apoio à redemocratização
política controlada pelas classes hegemonicas no Brasil;
· a luta ideológica e
midiática contra a política de desenvolvimento econômico e industrial que é
identificada com o autoritarismo militar;
· apoio aos movimentos sociais
(ONGs etc);
· retaliação contra as
políticas nacionais de desenvolvimento (nuclear, informática, espacial);
· mobilização ideológica para
a implantação das regras do Consenso de Washington:
§ disciplina fiscal;
§ redução dos gastos públicos;
§ reforma tributária;
§ juros de mercado;
§ câmbio de mercado;
§ abertura comercial;
§ investimento estrangeiro sem restrição;
§ privatização;
§ desregulamentação econômica e trabalhista;
§ direito à propriedade intelectual.
· desarmamento.
5. A eleição de Lula e seu Governo colocaram em risco o objetivo permanente norte-americano de implantar políticas neoliberais em toda a América Latina e de incorporar as economias latino-americanas à sua economia, de forma subordinada.
6. A articulação política e econômica de Lula/Kirchner/Lugo/Correa/Evo/
7. Os Estados Unidos, em cooperação com grupos internos em cada um desses países, iniciou campanhas de desestabilização política.
8. No Brasil, esta campanha se inicia com o processo do “mensalão” e com a aceitação pelo judiciário da “doutrina” do domínio do fato, aplicado contra José Dirceu, em caráter exemplar e como possível sucessor de Lula.
9. Apesar da campanha Anti-Lula e Anti-PT, os índices de popularidade do Presidente e do Partido atingiram níveis recorde e permitiram a eleição de Dilma Rousseff.
10. O Governo Dilma Rousseff, sem capacidade política, aderiu gradualmente ao programa neoliberal de ajuste fiscal, de faxina ética e de contração do Estado.
11. A incapacidade de articulação, de trato político e de mobilização social facilitou a articulação e o sucesso do processo de impeachment.
12. De outro lado, a Operação Lava Jato, em articulação com o Departamento de Justiça americano, e com as agências de inteligência (espionagem) americanas como a NSA, a CIA, o FBI), através de procedimentos ilegais, tais como prisões arbitrárias, vazamento seletivo de delações de criminosos confessos, a desobediência ao princípio fundamental de presunção de inocência, a mobilização da opinião pública contra pessoas delatadas, colocando em risco a ordem jurídica e criando ódio na sociedade, com a conivência do STF, foi um instrumento de ataque ao Partido dos Trabalhadores contra o PT e a candidatura do Presidente Lula.
13. A gradual autonomia e fanatização moralista da força tarefa de Curitiba levou a denúncias contra outros políticos, em especial do PMDB e do PSDB.
14. A característica de “radicais livres” e o conflito com a Procuradoria Geral levou à investigação de Temer pela PF (também radical) e, como a PGR, aliados principalmente ao PSDB contra o PMDB.
15. Os objetivos básicos das classes hegemônicas brasileiras, em estreita articulação com as classes hegemônicas norte-americanas, são:
· consolidar na legislação, de
preferência na Constituição, as políticas neoliberais do Consenso de
Washington;
· reduzir a possibilidade de
vitória do Presidente Lula em 2018 e a vitória dos candidatos progressistas nas
eleições para o Congresso;
· impedir a revisão por um
novo governo das reformas conservadoras, em especial a EC95;
· reduzir a capacidade de ação
externa e interna, do Estado brasileiro;
· destruir a política
sul-americana de formação de um bloco regional e de inclusão no Conselho de
Segurança da ONU;
· integrar o Brasil à economia
americana e criar a obrigatoriedade de execução no Brasil de políticas
econômicas neoliberais;
· impedir a industrialização,
ainda que apenas parcialmente “autônoma”, do Brasil por empresas de capital
brasileiro;
· consolidar este programa
econômico ultra neoliberal através de compromissos internacionais, a começar
pela adesão do Brasil à OCDE.
17. Trata-se, agora, para as classes hegemônicas de substituir “funcionários”, a começar por Temer, e substituir o comando do processo das reformas por “funcionários” menos envolvidos no sistema tradicional de aquisição e controle de poder político pelas classes hegemônicas, minoritárias ao extremo. (caixa 2, compra de votos, propinas a Partidos e a pessoas, nomeações na Administração, liberação de verbas)
18. A decisão de afastar Michel Temer diante de gravações difíceis de refutar já foi tomada pelas classes hegemônicas, como revela o editorial de primeira página do Jornal O Globo e, portanto, do sistema Globo de Comunicação.
19. A posição da Folha de São Paulo e do Estado de São Paulo refletem ainda certa ausência de consenso, porém nada significam em termos de impacto diante do poder da Globo.
20. Não foi ainda decidido pelas classes hegemônicas o método de afastamento e substituição de Michel Temer:
· renúncia;
· decisão do TSE sobre a Chapa
Dilma/Temer;
· processo do STF.
· o processo no STF seria
muito longo, e permitiria a mobilização popular;
· a decisão do TSE levaria a
eleições diretas, sobre o que há dúvidas;
· a solução mais viável e em
tempo mais útil seria negociar com Temer sua renúncia, a “recompensa” pelos
serviços prestados e sua imunidade.
23. Nas eleições indiretas os mais prováveis candidatos seriam Tasso Jereissati, pelo PSDB, e Nelson Jobim, pelo PMDB.
24. Os objetivos estratégicos das classes hegemônicas, que orientam e controlam seus “funcionários” no sistema político, continuam a ser os mesmos:
· acelerar a aprovação das
“reformas” ultra neoliberais;
· desmoralizar Lula e o PT;
· “construir” um
candidato “gestor”, apolítico, como João Doria, para 2018.
26. Estas classes hegemônicas contam que mesmo com a vitória de Lula em eleições diretas este se encontrará manietado pela EC95.
27. Quanto mais cedo Michel Temer deixar o poder pior será para a Oposição pois sua saída acelerará a aprovação das “reformas”.
28. O que interessa agora é retardar a saída de Temer, enfraquecendo e dificultar e adiar o mais possível a aprovação das “reformas”.
29. A luta pelas Diretas Já é fundamental para mobilizar a militância e conscientizar a população dos efeitos dessas “reformas”.
30. Realismo: a queda imediata de Temer atende aos interesses das classes hegemônicas assim como ocorreu com o afastamento de Eduardo Cunha da Presidência da Câmara.
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