quinta-feira, 4 de julho de 2013

Os vassalos do império e a covardia contra Evo


Quinta-Feira, 04 de Julho de 2013


Os vassalos do império



Jeferson Miola


A União Européia é a terceira potência econômica do mundo, mas suas elites conservadoras a colocam no 201º lugar em matéria de dignidade e civilidade. Acabam de promover uma ação que escandaliza não só por ofender o ordenamento jurídico internacional, mas por revelar a vassalagem da elite europeia aos caprichos imperiais dos EUA. Frente à hiperpotência dominante, se mostraram uma hipocolônia submissa.

Os dirigentes da Itália, França, Espanha e Portugal proibiram o avião do Presidente do Estado Plurinacional da Bolívia, Evo Morales - que retornava da Rússia depois de participar de um encontro de países exportadores de gás -, de sobrevoar os respectivos espaços aéreos dos seus países, por suspeita de estar dando carona a Edward Snowden.

Colocaram a vida do maior mandatário da Bolívia em risco, cometendo o crime de tentativa de magnicídio. O governo de François Hollande, embora tenha autorizado o plano de voo do avião de Evo em 27/06, cancelou a autorização quando a aeronave já se aproximava do espaço aéreo francês ontem, 02/07, obrigando o avião presidencial fazer um pouso emergencial em Viena, na Áustria.

O “preço de captura” de Edward Snowden vale o atentado contra um presidente de uma nação latino-americana porque ele é um cidadão estadunidense que foi técnico da CIA, depois trabalhou para uma empresa prestadora de serviços de segurança e espionagem para a CIA e denunciou ao mundo que seu país [EUA] bisbilhota e controla o tráfego de informações da telefonia, internet e redes sociais em todo o planeta.

François Hollande é daquelas lendas urbanas criadas pela mídia faceira e colonizada. Assim como com Barack Obama, que se revelou uma decepção monumental correspondente às ilusões superlativas da sua eleição, com François Hollande se sucedeu o mesmo. O alívio subjetivo do povo francês com o fim do período soturno de Sarkozy gerou mais que expectativas positivas com a vitória de Hollande, mas uma verdadeira miragem dum deserto previsível da tradição conservadora do Partido Socialista Francês, que é parte da equação neoliberal da Europa, e não alternativa a ela.

Hollande, subserviente, se agachou ante a hiperpotência que espia ilegalmente seu próprio povo através do Facebook, Google, Skype, Youtube, Twitter. Desonra a França do iluminismo, da ilustração, da racionalidade, das luzes, da democracia. E mancha a história do país com as marcas do obscurantismo obsessivo-paranoico dos EUA.
A Presidenta Dilma correspondeu ao gigantismo moral deste Brasil que “não fala fino com Washington, nem fala grosso com a Bolívia e Paraguai”, como afirmou Chico Buarque, e expressou a “indignação e repúdio ao constrangimento imposto ao Presidente Evo Morales por alguns países europeus, que impediram o sobrevoo do avião presidencial boliviano por seu espaço aéreo, depois de haver autorizado seu trânsito”.

Afirmando que essa “atitude inaceitável é grave desrespeito ao Direito e às práticas internacionais e às normas civilizadas de convivência entre as nações”, a nota da Presidenta Dilma completa que “causa surpresa e espanto que a postura de certos governos europeus tenha sido adotada ao mesmo momento em que alguns desses mesmos governos denunciavam a espionagem de seus funcionários por parte dos Estados Unidos, chegando a afirmar que essas ações comprometiam um futuro acordo comercial entre este país e a União Européia”.

E, finalizando, diz que “o constrangimento ao Presidente Morales atinge não só à Bolívia, mas a toda América Latina. Compromete o diálogo entre os dois continentes e possíveis negociações entre eles. Exige pronta explicação e correspondentes escusas por parte dos países envolvidos nesta provocação”.

A manifestação do governo brasileiro honra a grandeza do país e reforça seu papel ativo na construção de um mundo multipolar, com paz, respeito às soberanias, liberdade de expressão, sem impérios, sem imperialismos e sem colonialismos. O Brasil bem que poderia conceder o asilo político solicitado por Edward Snowden - daria um salto na afirmação desses valores e na liderança positiva do Brasil na região e no mundo.

Fossem outros os tempos, como na época de FHC, aquele Brasil colonizado e subserviente não só falava fino com Washington, como sofria a humilhação de ver seu Chanceler tirar o sapato em procedimento de revista para poder ingressar nos EUA em missão oficial!


(*) Analista político.




A covardia europeia contra o presidente Evo Morales


Eduardo Febbro



 
Paris - Os europeus são incorrigíveis. Para não ficar mal com o império norteamericano são capazes de violar todos os princípios que defendem nos fóruns internacionais. O presidente boliviano Evo Morales foi o último a experimentar as consequências dessa política de palavras solidárias e gestos mesquinhos. Um rumor infundado sobre a presença no avião presidencial boliviano do ex-membro da Agência Nacional de Segurança (NSA) norteamericana, o estadunidense Edward Snowden, conduziu a um sério incidente diplomático aeronáutico entre Bolívia, França, Portugal e Espanha.

Voltando de Moscou, onde havia participado da segunda cúpula de países exportadores de gás, realizada na capital russa, Morales se viu forçado a aterrissar no aeroporto de Viena depois que França, Portugal e Espanha negaram permissão para que seu avião fizesse uma escala técnica ou sobrevoasse seus espaços aéreos. Os “amigos” do governo norteamericano avisaram os europeus que Morales trazia no avião Edward Snowden, o homem que revelou como Washington, por meio de vários sistemas sofisticados e ilegais, espionava as conversações telefônicas e as mensagens de internet da maioria do planeta, inclusive da ONU e da União Europeia.

O certo é que Edward Snowden não estava no avião de Evo Morales. No entanto, ante a negativa dos países citados em autorizar o sobrevoo do avião presidencial, Morales fez uma escala forçada na Áustria. As capitais europeias coordenaram muito bem suas ações conjuntas para cortar a rota de Evo Morales. Surpreende a eficácia e a rapidez com que atuaram, tão diferente das demoradas medidas que tomam quando se trata de perseguir mafiosos, traficantes de ouro, financistas corruptos ou ladrões do sistema financeiro internacional.
Segundo a informação da chancelaria boliviana, o avião havia obtido a permissão da Espanha para fazer uma escala técnica nas Ilhas Canárias. Essa autorização também foi cancelada e, finalmente, o avião teve que aterrissar no aeroporto de Viena. Segundo declarou em La Paz o chanceler boliviano David Choquehuanca, “colocou-se em risco a vida do presidente que estava em pleno voo”. “Quando faltava menos de uma hora para o avião ingressar no território francês nos comunicam que tinha sido cancelada a autorização de sobrevoo”. O ministro pediu uma explicação tanto da França quanto de Portugal, país que tomou a mesma decisão que a França.

“Queriam nos amedrontar. É uma discriminação contra o presidente”, disse Choquehuanca. Em complemento a esta informação, o portal de Wikileaks também acusou a Itália de não permitir a aterrisagem do avião presidencial boliviano. Em Paris, o conselheiro permanente dos serviços do primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault disse que não tinha nenhuma informação sobre esse assunto. Por sua vez, a chancelaria francesa disse que não estava em condições de comentar ocaso. Bocas fechadas, mas atos concretos.

Ao que parece, todo esse enredo se armou em torno da presença de Snowden no aeroporto de Moscou. Alguém fez circular a informação de que Snowden estava no aeroporto da capital russa com a intenção de subir no avião de um dos países latino-americanos dispostos a lhe oferecer asilo político. Snowden é procurado por Washington depois de revelar a maneira pela qual o império filtrava as conversações no mundo. O chanceler boliviano qualificou como uma “injustiça” baseada em “suspeitas infundadas sobre o manejo de informação mal intencionada” o cancelamento das permissões de voo para o avião de Evo Morales. “Não sabemos quem inventou essa soberana mentira; querem prejudicar nosso país”, disse Choquehuanca. “Não podemos mentir à comunidade internacional e não podemos levar passageiros fantasmas”, advertiu o responsável pela diplomacia boliviana.

Em La Paz, as autoridades adiantaram que não receberam nenhum pedido de asilo por parte de Edward Snowden. Evo Morales havia evocado a possibilidade de conceder asilo a Snowden, mas só isso. O mesmo ocorreu com outra vítima da informação e da perseguição norteamericana, o fundador do Wikileaks, Julian Assange. O mundo ficou pequeno para Edward Snowden.

Assange está refugiado na embaixada do Equador em Londres e Snowden encontra-se há dez dias na zona de trânsito do aeroporto de Sheremétievo, em Moscou. Segundo Dmitri Peskov, o secretário de imprensa do presidente Vladimir Putin, o norteamericano havia solicitado asilo a Rússia, mas depois “renunciou a suas intenções e a sua solicitação”. Peskov esclareceu, porém, que o governo russo não entregaria o fugitivo para a administração norte-americana: “o próprio Snowden por sincera convicção ou qualquer outra causa se considera um defensor dos direitos humanos, um lutador pelos ideais da democracia e da liberdade pessoal. Isso é reconhecido pelos ativistas e organizações de direitos humanos da Rússia e também por seus colegas de outros países. Por isso é impossível a entrega de Snowden por parte de quem quer que seja a um país como os EUA, onde se aplica a pena de morte.

Quando se referiu ao caso de Snowden em Moscou, Evo Morales assinalou que “o império estadunidense conspira contra nós de forma permanente e quando alguém desmascara os espiões, devemos nos organizar e nos preparar melhor para rechaçar qualquer agressão política, militar ou cultural”. Os europeus, os campeões da defesa da democracia, do Estado de Direito e da liberdade, demonstraram que suas relações com a Casa Branca estão acima de tudo e que podem pisotear os direitos de um avião presidencial caso isso seja preciso para que o grande império não se incomode com eles.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer


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Todos de joelhos?



Elizabeth Carvalho



Dia 1º de julho, depois do vendaval das revelações publicadas na revista alemã Der Spiegel, foi o dia da indignação; dia 2 foi o dia do temor, a hora de encarar a realidade dos fatos. Depois da verborragia dos governantes europeus que fizeram coro contra o sistema de vigilância americano contra países amigos, o silêncio evidencia apenas uma pergunta: que país, entre aliados e nem tanto aliados dos Estados Unidos, está realmente disposto a desafiar a nação mais poderosa do mundo e conceder asilo a Edward Snowden, o jovem que revelou ao mundo como cada um deles é severamente espionado a cada respiro de seus governos e de seus cidadãos?

Snowden é hoje um homem sem pátria, confinado no aeroporto de Moscou. Postou um depoimento no site do WikiLeaks, contando que pediu asilo a 21 países, entre eles a França, a Noruega, a Polônia, a Austria, a Finlandia, a Irlanda e a Alemanha, que ontem falou grosso a Obama: Chanceler Angela Merkel mandou dizer que o monitoramento de amigos é inaceitável e não vai ser tolerada. Mas agora todos dizem a mesma coisa: pedidos de asilo devem ser feitos dentro do território onde se pretende asilar, e assim vão fechando suas portas.
Snowden ficaria na Rússia, se o Secretário de Estado americano John Kerry não tivesse explicitado ao seu colega russo as implicações dessa decisão. O presidente Wladimir Putin disse que daria o asilo, desde que o rapaz abandonasse o que chamou de “atividades antiamericanas”. Snowden não quer ficar. E até agora, não tem para onde ir.

Na Alemanha, o partido Verde saiu na frente na defesa do asilo a Snowden, seguido pelo Die Linke e pelo SPD. O líder do partido, Jurgen Trittin, se referiu ao ex-agente da SNA como alguém que deveria ser protegido porque serviu aos europeus e à causa democrática, tornando pública a massiva violação dos direitos humanos da humanidade pelo serviço secreto americano.

A sociedade alemã tem uma relação historicamente traumática com violentos processos de espionagem. O regime nazista tinha absoluto controle sobre a vida de seus cidadãos. A condição de nação derrotada e ocupada depois da Segunda Guerra Mundial oficializou a espionagem como direito incontestável da OTAN. E seus museus ainda exibem a monumental coleta de dados da STASI, o serviço secreto da antiga RDA, que acumulava informações inúteis sobre a rotina de vida de cada alemão do Leste. Para uma parcela considerável desta sociedade, é na Alemanha que Snowden deve aportar. Acredita-se mesmo que este seria o “pulo do gato” de Angela Merkel: acolher um jovem que em última instância lhe prestou um favor, porque oferece a ela a chance de provar ao mundo a emancipação da tutela americana. Uma chance inédita de colar em sua campanha eleitoral a imagem de uma líder poderosa e astuta.

Mas tudo não passa de mera conjectura. As consequências das revelações de Snowden para as relações norte-atlânticas, sempre tào íntimas, continuam imprevisíveis. Será tudo apenas indignação e orgulho ferido? Estarão os europeus realmente prontos para colocar em ponto morto o tratado bilateral de livre comércio que os Estados Unidos desejam para combater a força emergente da China? Der Tagespiegel, o jornalão do mainstream alemão, pergunta em seu editorial de hoje se os Estados Unidos podem ser considerados uma democracia. Pouco importa. A realidade dos fatos é que o mundo continua de joelhos diante do poder americano, apesar da crença – mais desejo do que crença - de seu inexorável declínio.
O único país que acenou imediatamente com a possibilidade de asilo foi a Venezuela. Em visita a Moscou, o presidente Nicolas Maduro usou palavras enaltecedoras para descrever o homem que prestou um serviço para a humanidade e merece a proteção do mundo. Se Maduro fala sério e não cede às pressões terríveis por que deve estar passando, estaremos diante de um pequeníssimo, mas importante, deslocamento da placa tectônica da geopolítica mundial do século XXI.


*Elizabeth Carvalho é jornalista correspondente em Berlim.


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CartaCapital online, 03/07/2013


 

A lei dos mais fortes nunca é diplomática


 
Por Gabriel Bonis




Na noite de terça-feira 2, o avião do presidente da Bolívia, Evo Morales, foi impedido de ingressar no espaço aéreo de França, Itália, Portugal e Espanha devido à suspeita de que Edward Snowden, o ex-agente da CIA, a principal agência de inteligência dos Estados Unidos, estivesse a bordo. Morales voltava de uma viagem a Moscou, na Rússia, onde se refugia Snowden, responsável pela revelação da existência de um sistema de espionagem internacional dos EUA. O norte-americano pediu asilo a 21 países, entre eles a Bolívia (e também o Brasil), o que despertou dúvidas se Morales o ajudaria a escapar do pedido de extradição dos EUA.
Impedir o trânsito de um chefe de Estado, ainda que em meio a esse contexto, viola a lógica diplomática da cordialidade, sem mencionar tratados internacionais de imunidade a estas figuras. O episódio evidencia também a importância de um país ter poder de barganha (econômico, político e militar) no sistema internacional para amenizar situações diplomáticas embaraçosas.
A Bolívia, contudo, tem pouco ou quase nenhuma musculatura neste quesito. Isso significa que, na prática, países mais importantes no sistema internacional não evitarão atritos ou tensões, visto que não há grandes possibilidades de perdas comerciais ou constrangimento.
Esse quadro pode ser melhor demonstrado em números. Segundo dados da Organização Mundial do Comércio (OMC), a Bolívia exportou para mundo 10,9 bilhões de dólares em mercadorias em 2011 e importou 8,1 bilhões. A maioria absoluta das vendas bolivianas (81,4%) vem dos combustíveis (gás) e produtos minerais. Em seguida, aparecem a agricultura (14,4%) e os manufaturados (4,2%), produtos com maior valor agregado.
Os números indicam que a Bolívia pode ser encarada por alguns países centrais como um ator pouco relevante no comércio internacional, mesmo para aqueles em crise profunda, como Portugal e Espanha. Este fator reflete diretamente no poderio diplomático de um Estado.
Para a União Europeia, da qual fazem parte os países que bloquearam o acesso de Morales, a Bolívia tem pouca relevância comercial. O país importou 76,1% de seus bens manufaturados em 2011, mas a União Europeia é apenas o 5º maior parceiro comercial boliviano. Ou seja, dos 8,1 bilhões importados em mercadorias, 604 milhões de dólares foram gastos entre os 27 países do bloco europeu.
Supondo que esse valor foi gasto igualitariamente entre todos os Estados do bloco, cada um teria recebido 22 milhões de dólares vindos da Bolívia. Uma venda simples de uma produção de trigo de um grupo de agricultores franceses para a China ou os EUA superaria esse valor.
Somado ao fator comercial, há também a pressão dos EUA sobre a Europa para evitar que Snowden fuja para um lugar que lhe ofereça asilo político. Sobre o episódio, Morales reagiu com clareza: "Os Estados Unidos e quase todos os países da Europa têm serviços de inteligência e este senhor não é uma maleta ou uma mosca que eu possa colocar no avião e levar à Bolívia", disse.
A Bolívia poderia ter algum poderio de barganha se oferecesse produtos indispensáveis ao comércio mundial, como o seu gás. Por questões geográficas, no entanto, a commodity é vendida em geral para os países vizinhos. Além disso, a Bolívia tem um PIB de apenas 27 bilhões de dólares (2012) e figura na 108ª posição do Índice de Desenvolvimento Humano da ONU.
O tipo de violação diplomática representada pelo impedimento de Morales de seguir viagem, forçando-o a fazer uma escala de 13 horas em Viena, na Áustria, é o exemplo clássico de coisas que acontecem apenas com países pobres e sem musculatura econômica e diplomática.
Recaísse a suspeita de que Snowden estivesse em um avião da avião da Força Aérea Brasileira (FAB) com a presidenta Dilma Rousseff e a história seria outra. A começar pelo poderio econômico brasileiro (PIB de 2,2 trilhões de dólares em 2012, a sétima maior economia do mundo), que atrai olhares de investidores de todo o mundo, em um cenário de crise na Europa e nos EUA.
Segundo a OMC, o Brasil é um dos maiores parceiros comerciais da União Europeia. Apenas em 2011, o País comprou em mercadorias do bloco o equivalente 46 bilhões de dólares. É quase o PIB da Eslovênia (2011). Esse nível de comércio é superado por poucos parceiros como a China (172 bilhões importados do bloco) e EUA (329 bilhões).
Isso faz do Brasil um parceiro chave para a União Europeia e afasta o País de constrangimentos diplomáticos como o de Morales. Quanto os empresários franceses perderiam em uma retaliação brasileira caso a França fechasse seu espaço aéreo para Dilma? Certamente os 10 bilhões de reais previstos pelo governo federal para a compra de 36 caças aéreos, sob os quais a Dassault, produtora do Rafale, tem grande interesse. E quanto à Renault, montadora de carros, que teve no Brasil um dos maiores lucros das franquias internacionais? Some a essa conta os investidores do mercado financeiro.
E a Espanha, que envia para o Brasil milhares de profissionais qualificados sem emprego em seu país, arriscaria uma já não amigável relação de imigração? O que dizer então de Portugal, que segundo a Câmara de Comércio lusitana no Brasil esperava negócios de 500 bilhões de dólares entre os dois países em 2012?
É difícil acreditar que os governos destes países tomariam qualquer medida que pudesse colocar em risco os negócios de empresários de Estados em crise econômica. Contra a Bolívia e outras nações pobres, no entanto, não há tantos riscos.
Após conseguir autorização, Morales saiu de Viena, reabasteceu nas Ilhas Canárias, território espanhol no Atlântico, e seguiu para La Paz, capital da Bolívia (Acompanhe AQUI a rota do voo). Por volta de 18h30, o avião do presidente boliviano fez uma parada para abastecimento no aeroporto de Fortaleza.
O governo boliviano decidiu denunciar na ONU e no Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos a atitude de França, Itália, Portugal e Espanha, por violação do direito internacional, do direito aéreo e por colocar em risco a vida do presidente.
Os governos de Cristina Kirchner (Argentina), José Mujica (Uruguai), Nicolás Maduro (Venezuela) e Daniel Ortega (Nicaragua), entre outros, condenaram a atitude dos quatro países europeus. E Dilma expressou indignação e repúdio ao constrangimento imposto a Morales.
Em meio a todo esse cenário, se destaca a fala de 27 de junho do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de que não teria a intenção de interceptar algum avião para capturar Snowden. “Não vou abordar voos para capturar um hacker de 29 anos.” Será mesmo?

Com informações Agência Brasil e AFP

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