sábado, 8 de outubro de 2011

Sobre Steve Jobs e sua morte

Estou pasmo, para não dizer estarrecido, sobre alguns adjetivos e sentenças que têm sido dirigidos a SJ, bem como ao espaço que a mídia e as pessoas têm lhe dado com o seu falecimento.

"Ele tornou a humanidade ( o mundo) melhor"... "Um exemplo para os homens"...  Entre outras tantas sandices.

Pelo amor de Deus! O que este senhor fez ou criou que tornou este mundo ou a nossa espécie melhor. Nem filantropo sequer o foi!

A fome diminiu graças a SJ? A miséria? As guerras tornaram-se mais raras? A sociedade americana ou mundial tornou-se mais justa?

São estas as pessoas que devemos ter por exemplos?!  De minha parte, permaneço admirando infinitamente mais um Louis Pasteur, um Mandela, um Frei Tito, ou qualquer homem, por mais humilde que seja,  que tenha dedicado sua vida a um mundo mais justo e mais humano.

E da obra de SJ, de suas invenções, vejo que absolutamente nada foi direcionado para tornar nosso mundo mais justo e humano.

Vamos aprender a valorizar a quem realmente merece, minha gente! E procurar seguir-lhes os exemplos!









Steve Jobs: inimigo da colaboração

8/10/2011 10:10,  Por Rodrigo Savazoni, no sítio NovaE - de São Paulo



Steve Jobs morreu, após anos lutando contra um câncer que nem mesmo todos os bilhões que ele acumulou foram capazes de conter. Desde esta quinta-feira, após o anúncio de seu falecimento, não se fala em outra coisa. Panegíricos de toda sorte circulam pelos meios massivos e pós-massivos. Adulado em vida por sua genialidade, é alçado ao status de ídolo maior da era digital. É inegável que Jobs foi um grande designer, cujas sacadas levaram sua empresa ao topo do mundo. Mas há outros aspectos a explorar e sobre os quais pensar neste momento de sua morte.Jobs era o inimigo número um da colaboração, o aspecto político e econômico mais importante da revolução digital. Nesse sentido, não era um revolucionário, mas um contra-revolucionário. O melhor deles.
Com suas traquitanas maravilhosas, trabalhou pelo cercamento do conhecimento livre. Jamais acreditou na partilha. O que ficou particularmente evidente após seu retorno à Apple, em 1997. Acreditava que para fazer grandes inventos era necessário reunir os melhores, em uma sala, e dela sair com o produto perfeito, aquele que mobilizaria o desejo de adultos e crianças em todo o planeta, os quais formam filas para ter um novo Apple a cada lançamento anual.
A questão central, no entanto, é que o design delicioso de seus produtos é apenas a isca para a construção de um mundo controlado de aplicativos e micro-pagamentos que reduz a imensa conversação global de todos para todos em um sala fechada de vendas orientadas.
O que é a Apple Store senão um grande shopping center virtual, em que podemos adquirir a um clique de tela tudo o que precisamos para nos entreter? A distopia Jobiana é a do homem egoísta, circundado de aparelhos perfeitos, em uma troca limpa e “aparentemente residual”, mediada por apenas uma única empresa: a sua. Por isso, devemos nos perguntar: era isso o que queríamos? É isso que queremos para o nosso mundo?
Essa pergunta torna-se ainda mais necessária quando sabemos que existem alternativas. Como escreve o economista da USP, Ricardo Abramovay, em resenha sobre o novo livro do professor de Harvard Yochai Benkler The Penguin and the Leviathan, a cooperação é a grande possibilidade deste nosso tempo.
“Longe de um paroquialismo tradicionalista ou de um movimento alternativo confinado a seitas e grupos eternamente minoritários, a cooperação está na origem das formas mais interessantes e promissoras de criação de prosperidade no mundo contemporâneo. E na raiz dessa cooperação (presente com força crescente no mundo privado, nos negócios públicos e na própria relação entre Estado e cidadãos) estão vínculos humanos reais, abrangentes, significativos, dotados do poder de comunicar e criar confiança entre as pessoas”.
Colaboração: essa, e não outra, é a palavra revolucionária. E Jobs não gostava dela.

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