CartaCapital, Ed. 670
Os escravocratas
Por Leandro Fortes
Na terça-feira 25, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançou um estudo sobre o trabalho escravo no meio rural brasileiro em busca de um perfil dos personagens da escravidão.
Finalizado o documento, a pesquisadora Adonia Prado, do Grupo de Estudo e Pesquisa Trabalho Escravo Comtemporâneo, da UFRJ, concluiu que, longe de ser um resquício do séxulo XIX, esse modo de produção compõe a cadeia de commodities e do capitalismo de ponta no Brasil. "Ele é funcional a esse modo de produção globalizado altamente concentrador de renda", diz.
Segundo a pesquisa, o perfil do trabalhador escravo é o do homem negro e nordestino, que se desloca da sua terra natal para o Centro-Oeste e Norte e acaba preso nas fazendas escravagistas - geralmente depois de contrair dívidas ou perder a noção de localização em regiõoes isoladas. Já o empregador, em sua maioria, é branco, do sexo masculino e nascido no Sudeste.
A pesquisa constatou que do total de 12 entrevistados, um dos empregadores era filiado ao PSDB, um ao PMDB e outro foi vereador e prefeito pela coligação PL-PMDB. Um deles foi filiado ao PFL, mas não é mais.
Segundo a pesquisadora, que visitou os locais e constatou condições subhumanas de trabalho, as fazendas são empreendimentos de ponta que produzem para exportação. "Vale a pena para os empregadores manter essa condição", diz. "Apesar dos milhares de casos de denùncia, até hoje ninguém foi preso."
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