Folha de São Paulo, 07/08/2010
Redescoberta do sambista
RUY CASTRO
Você conhece esses sambas. Só não se lembra do autor, certo?
"Você conhece o pedreiro Valdemar?/ Não conhece?/ Pois eu vou lhe apresentar..." ("O Pedreiro Valdemar"). "Louco/ Pelas ruas ele andava/ O coitado chorava/ Transformou-se até num vagabundo..." ("Louco"). "Etelvina, minha nega/ Acertei no milhar/ Ganhei 500 contos/ Não vou mais trabalhar..." ("Acertei no Milhar").
"Aquele mundo de zinco que é Mangueira/ Desperta com o apito do trem..." ("Mundo de Zinco"). "Quem trabalha é quem tem razão/ Eu digo e não tenho medo de errar/ O bonde São Januário leva mais um operário/ Sou eu que vou trabalhar..." ("O Bonde São Januário"). "Lá vem a mulher que eu gosto/ De braço com o meu amigo/ Ai, meu Deus/ Até parece castigo..." ("A Mulher Que Eu Gosto").
"Hoje não tem ensaio/ Na escola de samba/ O morro está triste, o pandeiro, calado/ Maria da Penha, a porta-bandeira/ Ateou fogo às vestes/ Por causa do namorado..." ("Mãe Solteira"). "Alô, padeiro/ Bom dia/ De amanhã em diante/ Eu vou suspender o pão..." ("Alô, Padeiro"). "Flamengo joga amanhã, eu vou pra lá/ Vai haver mais um baile no Maracanã..." ("Samba Rubro-negro").
"Meu chapéu de lado/ Tamanco arrastando/ Lenço no pescoço/ Navalha no bolso..." ("Lenço no Pescoço"). "Quero uma mulher/ Que saiba lavar e cozinhar/ E que de manhã cedo/ Me acorde na hora de trabalhar..." ("Emilia"). "Cheguei cansado do trabalho/ Logo a vizinha me chamou/ Oh, seu Oscar/ Tá fazendo meia hora/ Que a sua mulher foi embora..." ("Seu Oscar").
De quem são? De Wilson Batista (1913-1968), com parceiros. Outros 30 sambas poderiam ser citados. O Rio está redescobrindo um de seus maiores sambistas, num show de Rodrigo Alzuguir e Claudia Ventura, dedicado a Wilson Batista, num teatro do Leblon. Já era tempo.
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