domingo, 31 de outubro de 2010

A mulher mais poderosa do mundo

Brasil elege Dilma para ser

“a mulher mais poderosa do mundo”


Serra: Amoralidade e ilegalidade até o final da campanha


http://www.viomundo.com.br/denuncias/twiteiros-denunciam-serra-ao-vivo-sabado-a-noite-no-twitcam.html


31 de outubro de 2010 às 0:24

Twiteiros denunciam: Serra ao vivo, sábado à noite, no twitcam

por Conceição Lemes

O artigo 4º da legislação eleitoral atual determina:
É vedada, desde 48 horas antes até 24 horas depois da eleição, a veiculação de qualquer propaganda política no rádio ou na televisão – incluídos, entre outros, as rádios comunitárias e os canais de televisão que operam em UHF, VHF e por assinatura –, e, ainda, a realização de comícios ou reuniões públicas (Código Eleitoral, art. 240, parágrafo único).
Ou seja, isso vale desde a zero hora de sábado. O descumprimento é crime eleitoral.
Pois nesse sábado às, 19h56 –  12 horas  antes do início da votação — o candidato José Serra (PSDB) entrou na Rede Mobiliza,  para interagir com eleitores pelo twitcam, tendo atrás dele material de propaganda.
Um eleitor do Rio de Janeiro denunciou o fato ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) antes de a transmissão começar: José Serra – Crime eleitoral ao vivo – Campanha ilegal. Mais precisamente às 19h54, quando a rede do candidato, anunciava a participação do candidato ao vivo dali a instantes.  Para comprovar, anexou imagens da transmissão.


A denúncia ganhou o twitter. NaMaria News viu e logo twitou:

Idelber Avelar (iavelar) também viu e twitou duas vezes:

Depois, @VanRegia13, que estava abordando o assunto no twitter, anunciou:

O ator José de Abreu (realjosedeabreu) ironizou:

“O Serra ficou bom tempo no ar”, revela a blogueira NaMaria, do NaMaria News. “Falou sobre aborto, religião. Ao ser perguntado por eleitor se a Dilma sabia de ‘corrupção’ na Casa Civil,  Serra respondeu que a Dilma sabia, sim.”
“Tentei, tentei perguntar sobre o Paulo Preto, não consegui, a pergunta não entrou”, prossegue NaMaria. “O Serra é tão cara de pau que admitiu que não poderia estar online, mas disse que era só um bate-papo.”
Quer uma prova? Andrea Saraiva (@andreasaraiva), retuitando @regica, faz isso por nós.

Um cara que está sempre indo



















É sapiência, já dizia o poeta




Mulher na presidência é sapiência, já dizia o poeta

Na data de hoje o refrão do sambista Aniceto deve se tornar fato consumado.

Mais uma vez, a sabedoria popular surpreende.  

Um dos fundadores da escola de samba Império Serrano,

Aniceto do Império compôs a música “Uma Mulher na Presidência”.

O disco Partido Nota 10 foi lançado em 1984. 

A letra diz, com simplicidade e sabedoria:

“Se acaso acontecer uma mulher na Presidência...” 

Um coro feminino sustenta a resposta:  

“É sapiência, oi! É sapiência”.




Falecido em 1993
, infelizmente Aniceto não poderá ver concretizado nas urnas o sonho de uma mulher na presidência.

Aproveitando a letra do saudoso sambista, o diretor Iberê Carvalho fez, de forma voluntária este belo clipe acima.

VI Festa Literária Internacional de Pernambuco







Vote com orgulho




VOTE COM ORGULHO

Hoje, a esperança progressista de todo o mundo dirige seu olhar para o Brasil.

Dois projetos de futuro confrontam-se aqui numa síntese dos antagonismos 
históricos realçados pela crise econômica mundial.

Trata-se de decidir  
a quem pertence o destino da sociedade e do desenvolvimento no século XXI:
ao escrutínio da cidadania organizada e ativa – 
que não restringe sua participação ao momento do voto 
ou à supremacia das finanças desreguladas, cujos impulsos irracionais, 
mais uma vez evidenciados nesta crise,
esfarelam ciclicamente não apenas a riqueza fictícia, 
mas os direitos que sustentam a convivência compartilhada e,
cada vez mais, os recursos que formam as bases da vida na Terra.

A América Latina representa hoje a fronteira do mundo onde o embate entre essas 
duas lógicas evolui de forma cada vez mais nítida 
e veloz a favor das forças populares.  
A eleição brasileira representa sem dúvida o grande guarda-chuva político 
que influenciará decisivasmente o passo seguinte da história regional
As diferentes concepções de desenvolvimento e de estratégia internacional 
ficaram claramente demarcadas ao longo da campanha 
que desemboca agora na urna eletrônica.

Por isso, hoje, vote 13, vote com orgulho, vote pelo Brasil.
Mas também pelo futuro de uma América Latina mais justa e solidária.

500 anos esta noite ( Poema de Pedro Tierra)





500 anos esta noite
Pedro Tierra

De onde vem essa mulher
que bate à nossa porta 500 anos depois?
Reconheço esse rosto estampado
em pano e bandeiras e lhes digo:
vem da madrugada que acendemos
no coração da noite.

De onde vem essa mulher
que bate às portas do país dos patriarcas
em nome dos que estavam famintos
e agora têm pão e trabalho?
Reconheço esse rosto e lhes digo:
vem dos rios subterrâneos da esperança,
que fecundaram o trigo e fermentaram o pão.

 
De onde vem essa mulher
que apedrejam, mas não se detém,
protegida pelas mãos aflitas dos pobres
que invadiram os espaços de mando?
Reconheço esse rosto e lhes digo:
vem do lado esquerdo do peito.

Por minha boca de clamores e silêncios
ecoe a voz da geração insubmissa
para contar sob sol da praça
aos que nasceram e aos que nascerão
de onde vem essa mulher.
 
Que rosto tem, que sonhos traz?
Não me falte agora a palavra que retive
ou que iludiu a fúria dos carrascos
durante o tempo sombrio
que nos coube combater.
Filha do espanto e da indignação,
filha da liberdade e da coragem,
recortado o rosto e o riso como centelha:
metal e flor, madeira e memória.
 
No continente de esporas de prata
e rebenque,
o sonho dissolve a treva espessa,
recolhe os cambaus, a brutalidade, o pelourinho,
afasta a força que sufoca e silencia
séculos de alcova, estupro e tirania
e lança luz sobre o rosto dessa mulher
que bate às portas do nosso coração.

As mãos do metalúrgico,
as mãos da multidão inumerável
moldaram na doçura do barro
e no metal oculto dos sonhos
a vontade e a têmpera
para disputar o país.
 
Dilma se aparta da luz
que esculpiu seu rosto
ante os olhos da multidão
para disputar o país,
para governar o país.

Brasília, 31 de outubro de 2010.

“Que nome lindo essa cidade tem: vitória e conquista”

sábado, 30 de outubro de 2010

Obra resgata pesquisa de Freyre sobre escravos

Folha de São Paulo, 08/05/2010
 
Obra resgata pesquisa de Freyre sobre escravos
 
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais do que intérprete da formação da identidade nacional, Gilberto Freyre foi também um inovador nos métodos de pesquisa de história social, sociologia e antropologia brasileiras. Se alguém esquecera dessa faceta, ela volta a público em boa hora, com o relançamento, pela editora Global, de "O Escravo Nos Anúncios de Jornais Brasileiros do Século XIX".
No trabalho, fruto de uma conferência de 1935 e publicado originalmente em 1963 (a terceira e última edição era de 1984), o sociólogo pernambucano esmiúça mensagens pagas em periódicos, principalmente "Diário de Pernambuco" e "Jornal do Commercio" (Rio), e delas extrai informação valiosa.
Entre outros feitos, ele consegue: identificar origens tribais ou geográficas de africanos trazidos para o Brasil, seus traços físicos, marcas no corpo, costumes culturais, modos de vestir e falar; constatar que havia raquitismo entre as vítimas da falta de higiene nos navios negreiros; confirmar entre os escravos a ocorrência de ainhum, doença que causa amputação de dedos dos pés; mostrar a preferência dos senhores por "escravos de tipos físicos e características culturais mais semelhantes aos da população culturalmente dominante".
Um exemplo de anúncio, na grafia da época: "Fugio desde o dia 13 de agosto do corrente anno o escravo Luiz, com os signaes seguintes: alto e bem feito de corpo, tem dentes limados e perfeitos e o dedo mínimo do pé cortado; quando falla com mêdo é bastante gago".
Freyre -o homenageado da próxima Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty, em agosto- define o método como "anunciologia" e gaba-se de, "ainda muito jovem", tê-lo introduzido no Brasil.
Há menções ao "lado benigno da escravidão no Brasil", aspecto tão caro à obra do sociólogo, mas ele próprio, no prefácio à segunda edição, escreve que os anúncios "revelam o que, na verdade, houve de cruel, em contraste com aquelas evidências de benignidade".
A nova edição tem prefácio do diplomata e historiador Alberto da Costa e Silva e incontáveis textos preliminares de edições anteriores, os quais, somados ao estilo caudaloso de Freyre, por vezes tornam a leitura redundante. Mas o maior problema do volume é não trazer a reprodução dos anúncios tais quais foram publicados à época -só a de um cartaz, na contra-capa, reproduzido ao lado. No lugar, optou-se por versões estilizadas, que ainda omitem a fonte de referência.
Não basta para embotar a relevância do relançamento. Para o historiador Manolo Florentino, da UFRJ, especialista na matéria, o livro é "um marco na historiografia nacional" e a nova edição, "muito bem-vinda". "Gilberto foi um dos primeiros a utilizar aqui a prática dos "Annales" franceses [escola ligada à revista "Annales d'Histoire Économique et Sociale'] de tratar tudo como fonte histórica. E o olhar dele -especial, refinado, elegante- tirou o máximo dessas fontes." (FABIO VICTOR)

Leia trechos de anúncios de escravos do séc. 19

www.folha.com.br/1012625


O ESCRAVO NOS ANÚNCIOS DE JORNAIS BRASILEIROS DO SÉCULO XIX

Autor: Gilberto Freyre
Editora: Global
Quanto: R$ 47 (256 págs.)

Cuidado com a cama-de-gato

Sábado, 30 de Outubro de 2010
União e olho vivo!

Beto Almeida

É cama de gato
Olha a garra dele
É cama de gato
Melhor se cuidar
No campo do adversário
É bom jogar com muita calma
Procurando pela brecha
Pra poder ganhar

Gonzaguinha

Não se trata de paranóia, mas de leis da história, pelas quais, as classes poderosas na sociedade usam de todos os métodos, inclusive armações truculentas, inventam conflitos ou os promovem diretamente, para evitar que a vontade soberana de um povo seja vencedora.

Não há aqui nenhuma novidade, nem exagero. É bom se cuidar contra a cama-de-gato e manter total calma e atenção. A própria campanha conservadora marcada pela clara linha de sufocar o debate democrático de projetos e propostas para o país, impondo uma pauta de corte moralista obscurantista, já tem a envergadura de um golpe midiático. E foi articulada junto aos laboratórios dos grandes poderes internacionais que alimentam a malignidade intrínseca da mídia comercial. A frustrada tentativa de transformar a bolinha de papel e uma fita adesiva, até agora invisível, em agressões que se equivaleriam a “terrorismo” revela uma intenção. Sinistra intenção.

Lições que ficam
Vale relembrar alguns episódios mais recentes. Em 2002, uma passeata da oposição que percorria as ruas de Caracas com autorização dos poderes públicos foi subtamente desviada em direção ao Palácio Presidencial, mesmo sabendo que nas proximidades havia já outra manifestação de partidários do governo bolivariano. Ao chegar próxima à Ponte Llaguno, num determinado horário, assim que os líderes da passeata opositora retiraram-se, emblemáticamente, da manifsetação, uma enorme balaceira vinda dos terraços dos prédios começa a atingir fatalmente muitos dos manifestantes. Dezenas perderam a vida. A responsabilidade pelos tiros foi imediatamente atribuída ao governo, antes de qualquer investigação ou prova. Mas provocou uma comoção tal que horas mais tarde estava concretizado o golpe de estado que tirou da presidência, por 47 horas, mediante sequestro, o presidente da república, Hugo Chávez. O brilhante documentário “Puente Llaguno” acessível na internet, já desmacarou a farsa. Os responsáveis já foram indentificados, processados e muitos já estão presos. Pertenciam à Guarda Municipal, comandada pelo prefeito de Caracas, atuante no grupo de articuladores do golpe de estado. Mas, Rafael Correa, presidente do Equador, acaba de ser alvo de tentativa similar. Não será perdoado nunca por ter reitirado a Base Aérea Manta do comando militar dos EUA....

Outro episódio que deixa lições: as explosões na estação ferroviária de Atocha, em Madrid, em 11 de março de 2004, às vésperas das eleições gerais na Espanha. Imediatamente, o primeiro-ministro José Maria Aznar, candidato à reeleição responsabilizou a ETA, e, de certo modo a oposição por, segundo política conservadora, que incluía o envio de tropas para o Iraque e o Afeganistão, não permitir um enfrentamento mais duro com a questão basca. Seu pronunciamento era totalmente dirigido a pesar negativamente na tendência das eleições, com o apoio dos grandes meios de comunicação, quando já se evidenciava a vitória do PSOE, do hoje primeiro ministro José Maria Zapatero. No fora uma rebelião de jovens, intelectuais, sindicalistas, usando as novas tecnologias de comunicação, conseguiu parar o intuito golpista, quem sabe o candidato direitista não tivesse sido finalmente derrotado. Vitorosioso Zapatero, alguns meses depois a Espanha retirava suas tropas do Iraque.

Nem é preciso ir tão longe. O Brasil tem lamentáveis e traumáticas histórias de ações provocadoras organizadas para justificar guinadas mais à direita, para desestabilizar governantes democráticamente eleitos, para justificar golpes, enfim, para defender os interesses do grande capital em cada momento. A popularidade de Lula é um indicador singular, nem há a mesma condição do pré golpe de 64, mas Jango tinha uma popularidade de 71 por cento ao ser derrubado da presidência.

Uma história trágica
Alguém já lembrou por aí o Crime da Rua Toneleiros, quando foi morto o Major Vaz e, como desdobramento, instala-se uma Comissão de Inquérito no Galeão, instrumento desestabilização do Governo Vargas. Era uma iniciativa combinada com uma ação midiática golpista que proclamava abertamente, diuturnamente, a deposição do presidente eleito. Este preferiu paralisar o golpe com o tiro no coração que despertou a fúria popular.

Seguindo a trilha, para nos acautelar e ter consciência, mas não para nos intimidar, vale citar que a história do Brasil tem, nestas páginas lúgubres, o Plano Cohen, o Plano da Explosão do Gasômetro do Rio, a explosão do Rio-Centro, o Proconsult e o sequestro do empresário Abílio Diniz, na antevéspera da eleição presidencial de 1989.

Nem sempre há como evitar estas sinistras ações tramadas nos porões. Nem sempre funcionam. Mas sempre que a sociedade vai avançando em conquistas democráticas, em participação popular organizada, consolidando instituições, partidos, sindicatos, há um pouco mais de possibilidade travar ou intimidar estas iniciativas golpistas. Mesmo quando os grandes meios de comunicação comercial estejam pouco dispostos a investigar a sua verdadeira autoria, ou até mesmo ecoem tais episódios com o sensacionalismo mais exacerbado, destacando eventuais coincidências com sua linha editorial, na proporção inversamente contrária aos procedimentos obrigatórios para uma verdadeira apuração jornalística. O Rio-Centro, por exemplo, permanece em penumbra até hoje....

Nunca se sabe o que irá ocorrer, mas, sabemos sempre que quando bilionários ou trilionários interesses estiverem em jogo - como os do petróleo pré-sal, da riqueza imensa do nióbio e do urãnio, paenas para dar alguns exemplos - as oligarquias internacionais que promoveram guerras, golpes de estado, ditaduras, carnificinas mil, etc, estarão sempre cogitando a utilização de meios que lhes assegurem seus nefastos e injustificáveis privilégios sobre o patrimônio de outros povos.

Fiscalização
Da mesma forma que as mobilizações de rua, muito comuns em momento tão decisivo como este, devem ser organizadas com detalhes e contar algum dispositivo adequado de segurança, feita pelos próprios militantes, prática usada em muitos países de maior estabilidade democrática.

Além do que, toda manifestação pública das forças conservadoras não deve receber qualquer impeditivo, qualquer constrangimento, muito menos uma manifestação contrária. O dia 31 está chegando.
Mas, há sim o que pode ser feito e é um procedimento em que a militância pode ter papel decisivo. Trata-se da fiscalização da votação, do começo ao fim.

As fragilidades
Deve-se estar atento às conclusões do Fórum do Voto Seguro www.votoseguro.org.br indicando que a urna eletrônica brasileira foi rejeitada por TODOS os mais de 50 países que vieram conhecê-la . Que é proibida em dezenas de países por não materializar o voto e por identificar o eleitor (exemplo: Alemanha, Holanda, Reino Unido, 40 estados dos EUA, Argentina, México e Paraguai) e que até mesmo o inventor da Assinatura Digital condena a ausência da materialização do voto. E também quando aponta que é a Autoridade Eleitoral que executa/administra ,legisla/regulamenta (a fiscalização permitida é feita com regras do próprio fiscalizado) julga e muitas vezes ignora as próprias regras, que recebe as denúncias, protela ou arquiva, e finalmente, julga-se e normalmente absolve-se , só a participação militante pode fazer alguma diferença

Especialmente nos maiores colégios eleitorais, a militância deve estar atualizada sobre as fragilidades mais evidentes e com sua presença atenta e cidadã poderá evitar a ocorrência das irregularidades mais comuns.

Urna no cerrado
Entre elas, aquela que é feita ao final da votação. Os mapas eleitorais indicam que uma grande afluxo de votação estaria ocorrendo nos momentos finais, prestes ao fechamento da urna. Será? É indispensável que o fiscal esteja até o momento da totalização de cada seção eleitoral e exija uma cópia impressa do boletim de urna, conforme reza a lei eleitoral, mas nem sempre é cumprido. Uma fiscalização ausente, omissa, facilita esta irregularidade super comum, pois, sem emissão impressa da totalização de cada seção, no transporte da urna para o Tribunal muitos eventos heteroxos podem ocorrer, desde a troca do cartão ou pura e simplesmente a troca da própria urna. O deputado federal Geraldo Magela, candidato derrotado ao governo do Distrito Federal em 2002, relatou em Comissão na Câmara Federal sobre uma certa quantidade de urnas eletrônica encontradas abandonadas em pleno cerrado que rodeia Brasília naquele pleito. Mas, com a totalização impressa em mãos, aquela emitida na seção no ato de fechamento da urna, qualquer discrepância relevante poderá ser detectada quando do ato de se fazer a totalização em escala superior, já no Tribunal.

União e olho vivo
Assim, de olho em nossa complexa história, vale manter muita calma e maracujina diante de provocações, como diz a música do Gonzaguinha. E que toda a militância que apareceu pouco até momento, apareça agora generosa, atuante, inteligente e perspicaz na fiscalização cidadã e republicana.

Sem falar que muito mais importante e agradável que qualquer empurra-empurra de rua é a tarefa de dirigir argumentos convincentes aos que se abstiveram, aos que ainda acham, apesar de tudo, que os candidatos são iguais e por isso votaram nulo ou em branco. Este contingente está na escala dos milhões. Decide qualquer eleição. E pode decidir se o país seguirá construindo sua soberania com justiça social ou se retorna à era da vassalagem internacional e “à mania de falar fino com Washington”, como disse o Chico Buarque.

A tentação de ver

Sábado, 30 de Outubro de 2010


A tentação de ver

Beatriz Kushnir (*)

O ministro da Justiça no governo Geisel, Armando Falcão, pronunciava que tanto pela Emenda Constitucional n° 1, de 1969, como pelo AI-5 o país vivia em pleno Estado de Direito e democracia. E, por isso, segundo ele, cabia a censura. Assim, relembrando a proibição ao filme Je vous salue, Marie, impunha: “Se fosse ministro, não deixaria passar. Todo mundo deve ser poupado da tentação de ver”.

Símbolo e base do governo autoritário, a extinção dos DOPS e do aparato repressivo deveriam garantir ao cidadão liberdade de expressão e de ir e vir – pilares da democracia. A difícil marca de ser fichado no DOPS e as dificuldades que esse estigma impõe a uma parcela dos que tiveram suas vidas registradas, somadas às garantias constitucionais que permitem o acesso à informação, ao mesmo tempo em que garantem a preservação da intimidade do cidadão, são os ingredientes que demonstram o quão calorosa é esta seara.

O uso e a introjeção da ideia de criminalidade política demonstra como um organismo de repressão e um governo autoritário juntos cunham a imagem do que é impróprio e, portanto, passível de ser reprimido; e como, socialmente, essa noção é aceita e passa a justificar a existência de uma instituição como o DOPS, por exemplo. A existência de uma “lógica” do censor faz dessa polícia política uma entidade “necessária”. As origens de uma sociedade baseada no autoritarismo e na exclusão dimensionam o peso e o papel de uma cultura da censura – o esforço de delimitar o legal e o ilegal. No Estado brasileiro republicano, essa foi uma tarefa, um ato de fundação.

A censura à grande imprensa nos tempos da mais recente ditadura civil-militar brasileira corrobora com a ideia de que, em um tempo de imposições e silêncio, se informar apenas pelas notícias permitidas era ficar décadas atrás de seu tempo. A “queda-de-braço” entre os meios de comunicação e os órgãos repressivos tinha um objeto de desejo: impor o que podia ser legal, por um lado, e legalizar, explicitando, o ilegal, por outro. Assim, o binômio ordem pública/segurança nacional regeu a polícia política, e estabeleceu o que se podia difundir como notícia. Aos órgãos de repressão cabia definir o que era permitido.

Lidar com o sigilo e a privacidade nos faz pensar. Alguns dos “fichados” afirmam que os “acervos da Ditadura” são fruto das incursões policiais nas suas residências, e contêm documentos extremamente íntimos, além de cartas e objetos de uso pessoal. A natureza desse arquivo impõe que alguns deles não queiram vê-los aberto ao público de maneira indiscriminada.
O ponto central é: será que algum arquivo tem o mérito de conter as informações verdadeiras acerca dos fatos por ele guardados? A formação dos “arquivos da Repressão”, e sua posterior abertura, foi pensada pelos cientistas sociais europeus para o caso da antiga URSS. A problemática para eles era como tornar aquele acervo um instrumento de pesquisa, ao mesmo tempo que refletiam tanto em manter sua organização original, como em estabelecer critérios para a sua institucionalização enquanto um instrumento de consulta pública. Era também uma questão para esses pesquisadores europeus a seara dos direitos civis, da manutenção da privacidade dos indivíduos fichados e, principalmente, do que realmente se poderia esperar daquele tipo de fonte.

Como se pode verificar, pesquisadores brasileiros e europeus enfrentam dilemas semelhantes. Mais que isso: o que esperar desse material, que perguntas fazer, e o que realmente ele poderia responder?

Nesse contexto, as ponderações são sobre as funções e os limites dos arquivos para a tessitura da história. O cerne da preocupação, de fato, é pensar o mito da “verdade histórica”. Em que situação o historiador se sente mais seguro: no registro escrito ou no depoimento a posteriori.
Quanto ao acesso aos “acervos da Ditadura” e à possibilidade de consultá-los como fonte histórica no Brasil, não podemos esquecer que, entre a sua formação e a sua constituição como um arquivo, um longo período de abandono caracterizou o material. Há limites tênues e tensos que separaram o que é permitido e o que deve ser considerado ilegal; o que é público para o corpo social e o que fere a dimensão privada da história de cada cidadão. Assim, os pesquisadores se encontram em uma encruzilhada: por um lado, dependem da informação produzida pelo Estado, que – sob a égide da segurança da nação – se entende no direito de “conhecer” os atos dos seus cidadãos; por outro, encontram-se limitados em suas pesquisas pelas pessoas alvo dessa vigilância, que desejam preservar sua vida pessoal, sua intimidade e honra.

Não sabemos quanto do conjunto original se manteve intacto após a doação às instituições de guarda, ocorrida com a extinção legal das agências repressivas. O arquivo não é apenas um lugar de reunião de documentos ou o locus de trabalho do arquivista. No caso dos “arquivos da Ditadura”, há que se ressaltar uma peculiaridade: durante a sua vigência, funcionaram como acervo interno de um órgão de segurança; após a sua extinção, assumiu o caráter de arquivo público. Esse perfil concede ao acervo uma característica própria. Se, num primeiro momento, ele é um instrumento restrito de um órgão público, “vivo” e constantemente realimentado, numa segunda fase ele é deslocado para a seara pública, e as informações ali contidas passam das mãos de poucos, para um acesso, a princípio, irrestrito.

Estes acervos, por um lado, têm como objetivo identificar o “fichado” no mundo social; por outro, trata-se de um arquivo que explicita o universo do outro a partir da lógica interna de seu titular. Ou seja, da perspectiva da polícia. O acervo permite tanto reconstituir uma trajetória do “fichado”, a partir da perspectiva do agente policial, como a do “fichador”.

Quando esses acervos passam ao domínio público, certas nuanças se explicitam. O material chega desorganizado, e certamente houve uma “limpeza” realizada por ex-agentes do órgão, o que nos leva a crer que a sua lógica interna tenha sido muitas vezes deliberadamente manipulada. Uma característica, contudo, lhes é marcante: contêm informações sobre determinadas pessoas, mas não são arquivos privados. Por pertencerem a um órgão público, sua documentação é de domínio da sociedade, sendo esta situação um nó difícil de desatar.

Outra forma de apreender o conteúdo dos “arquivos da Ditadura” é verificar as premissas que ditaram sua acumulação. As informações ali contidas foram recolhidas sob a orientação do olhar da polícia. Há, portanto, que se levar em conta a distância entre as atividades políticas outrora realizadas e o conteúdo das fichas policiais elaboradas, compreendendo-se que foi a lógica da desconfiança de um Estado autoritário que produziu o acervo. Por outro lado, foi a lógica da democracia da informação que os transformou em arquivos públicos, abertos à consulta. Esse acesso é uma forma positiva de falar de um “silêncio”, como também de permitir ao pesquisador rediscutir a constituição de uma memória.·.

A volta ao passado, para alguns, é um ato de abrandamento e de eliminação das arestas e das diferenças, é um redesenhar que deve respeitar uma lógica da harmonia e que dispensa tensões e atritos. Há que se redimensionar o fascínio que os “arquivos da Ditadura” despertaram, quando a esse deslumbre se contrapõem as dificuldades do seu manuseio.

O arrebatamento de poder consultar um material secreto em um momento de liberdade política gerou a sensação de que todo o segredo do passado seria finalmente liberto. Todavia, muito rapidamente renunciamos a essas pretensões e começamos a perceber que tudo não é assim tão simples, que os novos arquivos não falam por si sós, que, como todos os outros arquivos, eles devem ser submetidos a uma crítica exigente das fontes, que seu manuseio só pode ser feito se forem respeitadas as preocupações éticas e metodológicas elementares, e que, mesmo bem utilizados, e interrogados a partir de questões pertinentes, não dispensam o historiador de seu trabalho habitual de reconstituição e de interpretação − e não têm resposta para tudo.

Ao perceber a onipotência com que alguns os encaram e a decepção que tamanha expectativa pode gerar, poder-se-á concluir que tais arquivos são apenas mais uma fonte para as pesquisas. Uma fonte rica e que não pode ser negligenciada, mas as informações ali contidas necessitam do eterno cotejar com outras para mais bem se compreender aquele período da História. Sem dúvida, o mais importante é que, com a liberação desses acervos, houve um aumento de pesquisas e reflexões nesta temática, a exigência metodológica e ética, certa modéstia e humildade quanto aos resultados e ao requestionamento das certezas adquiridas.

Os arquivos – em especial os que contêm informações de caráter pessoal, como os dos serviços de segurança –, possibilitam duas constatações: a de que lá se encontram também informações improcedentes, inexatas e enganadoras; e a de que lá se inscreveu a história de um órgão de Estado. Os “documentos da Ditadura” não devem ser tomados como a verdade da vida dos indivíduos neles registrada, mas sim como a expressão da lógica da desconfiança que permeava um órgão com características ditatoriais. O passado, conforme lembra Henry Rousso, é uma “terra estrangeira”, que exige, no presente, o passaporte do documento conservado para nele ingressar. Nesse sentido, ”[...] acessíveis ou fechados, os arquivos são sintomas de uma falta, e a tarefa do historiador consiste tanto em tentar suprimi-la de maneira inteligível, a fim de reduzir o máximo possível a estranheza do passado”.

(*) Beatriz Kushnir é mestre em História Social pela Universidade Federal Fluminense e doutora em História Social do Trabalho pela Unicamp. É autora de "Baile de máscaras: mulheres judias e prostituição", organizadora de "Perfis cruzados: trajetórias e militância política no Brasil" (ambos publicados pela Imago) e de "Cães de guarda: jornalistas e censores, do AI-5 à Constituição de 1988" (Boitempo Editorial)

Do martelo à santa

http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/do-martelo-a-santa-a-trajetoria-de-serra.html#more-4790

Do martelo à santa


Por Rodrigo Vianna

À primeira vista, nem parece uma santa o que Serra está a beijar na capa da “Folha”. Reparem bem…

E, de toda forma, ficou claro ao longo da campanha que a devoção maior de Serra não é pelos santos ou pelos dogmas da Igreja Católica.
De 1995 a 2010. É tudo muito nítido. Serra estava muito mais à vontade nos velhos tempos da era fernandina. Em vez da santa, empunhava os martelos da privatização – pelos quais nutria verdadeira devoção.
Reparem que o olhar na foto acima é fugidio. Como se a santa estivesse a lhe escapar dos lábios.
Na foto abaixo (durante leilão do setor elétrico no governo FHC), Serra parece mais concentrado – e verdadeiramente satisfeito.

E abaixo, mais um exemplo de devoção de Serra…

A arte com Dilma























Santayana: O Brasil, além do domingo


Jornal do Brasil, 29/10/2010

Por Mauro Santayana

Na antevéspera eleitoral, peço permissão aos leitores para voltar ao tema de uma coluna publicada, neste mesmo espaço, em abril do ano passado. No Ensaio para uma Teoria do Brasil, redigido em 1966, em pleno governo militar (reeditado pela Fundação Alexandre de Gusmão), o filósofo português Agostinho da Silva revê a velha profecia de que somos o país do futuro. Stefan Zweig partia da suposição de que esse futuro seria atingir os módulos de civilização dos paises ricos e centrais. Agostinho entendeu que a civilização europeia, com sua projeção atlântica, já entrara em decadência. O Brasil é sim, o país do futuro, mas do futuro que a sua sociedade criará, com liberdade, tolerância e fraternidade. Volto a citá-lo:

O que nos interessa, agora, é realmente o problema do Brasil e da sua capacidade de liderar o futuro humano, quando se desembaraçar de tudo quanto lhe foi inútil na educação européia e exercer, com o esplendor e a vigorosa força de criação que pode demonstrar, as suas capacidades de simpatia humana, de imaginação artística, de sincretismo religioso, de calma aceitação do destino, da inteligência psicológica, de ironia, de apetência de viver, de sentido da contemplação e do tempo”.

Embora com todas as dificuldades que enfrentamos, o Brasil parece voltar a ser o país do futuro, não o futuro que então, e aqui, se imaginava. O texto de Agostinho é mais atual do que antes. Nós nos desviamos de nosso destino quando deixamos de inventá-lo. O culto à Europa e aos Estados Unidos, que teve o seu momento mais caricatural na passagem do século 19 para o 20, e se exacerbou grotescamente com o neoliberalismo das últimas décadas, vem resistindo à lógica. Passamos a importar todos os modelos de fora, dos automóveis de luxo aos processos de administração pública, neles incluídas as leis; do sistema universitário às crises bancárias; da euforia dos cartões de crédito ao consumo de drogas.

Estamos, com todas as dificuldades, construindo um caminho próprio. O conceito do Brasil cresce no mundo, também porque talvez seja, no imaginário da inteligência, o terreno – físico e espiritual – destinado a nova revolução histórica. Para isso, ele está sendo obrigado a fortalecer sua economia. O Brasil, com sua biodiversidade, é o mais importante espaço para as pesquisas que contenham o aquecimento global e permitam o usufruto da natureza, sem lhe causar dano. A comunidade científica brasileira será capaz de responder a esse e a outros desafios da preservação da espécie.

A expressão maior da soberania de um povo é a independência mental. Não podemos, a pretexto de que já se inventou a roda, deixar de buscar outros meios de deslocamento. Somos chamados a ousar, se queremos aproveitar a oportunidade histórica. Ousar na reinvenção do Estado, nas pesquisas científicas e na criação de novos modos de convivência social, que sejam solidários e dinâmicos. Chegou o momento de romper com esse modelo de civilização que já se esgotou na História. O Brasil e os outros países que sofreram a opressão do sistema, se souberem unir-se, poderão mudar o mundo. Nossa diplomacia, ao respeitar a autodeterminação dos outros, conquista amigos e não causa ressentimentos.
O passado é uma referência, mas não pode ser fardo a ser arrastado na escalada do tempo. Apesar do negativismo de alguns, o Brasil está em seu grande momento, e não pode perdê-lo. Daí a importância da reflexão de Agostinho da Silva: para fazer o futuro, devemos inventá-lo, com a alegria, o espírito universal de solidariedade, a inteligência criadora e a necessária consciência de que todos os brasileiros têm direito aos mesmos benefícios da civilização.

Não nos faltam inteligência e coragem para, além do próximo domingo, criar o nosso destino, que não pode ser o passado dos outros.

Resposta de um aposentado para um doutor

http://blogdafamliasereno.blogspot.com/


Meu caro Demétrio Magnoli,


Seu artigo na no Globo– Um mito de papel - chega a ser assustador. Uma desconstrução teórica, recheada de cópias dos clichês disparados pela grande imprensa. Vestido com o fraque do academicismo e com uma profusão de desconsiderações contra Lula, o PT e a esquerda. Mas, principalmente , contra a maior parte da população brasileira. A que não lê manchetes, muito menos graduados articulistas bissextos.
Quando digo assustador é porque, a cada dia que passa – e especialmente durante esta eleição – uma avalanche de textos na mídia me exibe pessoas que parecem habitar um país diferente do meu.
A começar pelo título. Você é outro que decidiu se apropriar da História. Sem contar a total falta de acuidade e de isenção para analisar a figura do presidente.
É muito difícil para alguns próceres da imprensa e da “alta inteligência” brasileira entender Luís Inácio. Ele não nasceu para prestar conta ao jogo de xadrex mental dos doutores. Lula é o caboclo que fala fundo, falando o raso. É um personagem sagaz, esperto, desculturado e permanentemente humano em acertos e erros. Um sujeito assim, assim, roseano do sertão de Pernambuco, cabra da peste pendurado num poste que não era para ser seu. Querer transformá-lo em mito nunca foi o mote de sua platéia. Lula é um emblema.
Seu texto, carregado pela erudição emparedada por citações e significados, tem a arrogância típica dos escritórios. Mas, quando precisa, desce fácil à linguagem dos bordéis, rebaixando os personagens que não lhe agradam: Dilma Rousseff, candidata a presidente, virou duas vezes a “mulher do Lula”. O carimbo que você lhe põe é típico de sua classe, Demétrio. Não repito arrogância para não ficar redundante. Dilma Rouseff tem nome.
O Brasil que frequento não sai nas páginas do Globo. O Brasil tingido, escrachado, cujos coadjuvantes deveriam ser os protagonistas, só tinha lugar no tanque e na pia da cozinha. Agora entrou na sala. Este é o Brasil que admira Lula. É o da mesma raça dele: brincalhão, gaiato, zombeteiro, carinhoso e às vezes brigão. E muito ruim de palavreado. Quando leva uma televisão pra consertar não fala que está estragada, fala que está “sem feição e sem proseado”. Ou seja, sem imagem e sem som. Pra entender isso é preciso ter comido calango rosado de Minas ou pastel de posto de gasolina em Juazeiro.
Um Brasil às vezes vaidoso que, em sua pobreza simbólica, pede um presente de aniversdário. Como Lula fez.
Não exagere, Demétrio. Tem coisa pior no mundo.
Seria mais fácil, quando você simplifica a esquerda brasileira, dar logo nome às reses. Aos meus ouvidos parece que você quis dizer Niemeyer, Aldir Blanc, Ziraldo, Eric Nepomuceno, Leonardo Boff etc. Transcrevo: “pela vertente dos intelectuais de esquerda que renunciaram às suas convicções básicas(...) Eles retrocederam à trincheira de um anti- americanismo primitivo e, ecoando uma melodia tão antiga quanto anacrônica, celebram uma imagem de um líder salvacionista que fala ao povo por cima das instituições da democracia.”
Ora, Demétrio, quantos chavões! Lula sempre foi um democrata, do chapéu às meias.
Você só deve ler os jornais das quatro famílias (por falar em família, lembrei-me de Marlon Brando). Vá na internet, descubra onde está hoje a imprensa independente do Brasil. A única pessoa que você deu nome, ao falar da esquerda, foi a Marilena Chauí. Rebaixando-a imediatamente a “pós-mensalão”. Saco de pancada fácil, feito o José Dirceu. Marilena vai ser, na História, com todos os seus defeitos, uma expressão brasileira. Nítida e beligerante como sempre o foi.
Não adianta seu vaticínio, ninguém mais arranca isto dela. Sugiro: desanque o Chico Buarque. Tire a toga, Demétrio.
Você fala em jornalismo honesto e eu pergunto: qual? O que você lê e o que estampa a vinte quatro quadros por segundos qualquer farsa que lhe for conveniente? O casal da Globo vibrando diante de uma foto borrada lhe trás mais prazer do que uma bolinha de papel quicando na cabeça de um político que se deixou ridicularizar ao longo da campanha?
Demétrio, não importa o resultado de domingo no qual, pelo que vejo, você opta pelo Serra ou pelo voto em branco.
Importa é que você , com todos seus considerandos e finalmentes, não vai ser outro a tentar rebaixar Lula à poeira da História.
E acrescento: Lula não “urra”, Lula grita. Erudições e submissão de Lula à sua crítica – e à de milhões de brasileiros- é uma pretensão pra cair no vazio.
Eu me apresento como Carlos Torres Moura, aposentado, 62 anos, segundo grau, artigo 99. Ex-bancário. Não para me fazer de humilde ou inferior. Só como referência. Lamento que O Globo – e a imprensa que carrega o ranço do baronato – crave no final de cada artigo uma identificação de antemão qualificatória: Demétrio Magnoli é sociólogo e doutor em Geografia Humana.
Já passou da hora de os brasileiros desqualificados deixarem de abaixar a cabeça por serem pedreiros, bancários, comerciários, açougueiros, camelôs, empregadas domésticas, comerciários, pipoqueiros, entregadores de pizza, porteiros de edifício, diaristas, comerciantes, padeiros, frentistas, operadores de telemarketing, faxineiros, lavradores, palhaços de circo, professores, carteiros, catadores de lixo, biscateiros, policiais, estivadores, garçons, camareiros, bombeiros, comerciantes, eletricistas, lanterneiros, marinheiros......

Carlos Torres Moura
Além Paraiba-MG
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Um mito de papel
DEMÉTRIO MAGNOLI


“Não me importo de ganhar presente atrasado.
Eu quero que o Brasil me dê de presente a Dilma presidente do Brasil”, conclamou Lula, do alto de um palanque, dias atrás. Não foi um gesto fortuito.
Antes, a Executiva do PT definira a campanha “Dê a vitória de Dilma de presente a Lula”. Aos 65 anos, a figura que deixa o Planalto cumpre uma antiga profecia do general Golbery do Couto e Silva. O “mago” da ditadura militar enxergara no sindicalista em ascensão o “homem que destruirá a esquerda no Brasil”. Quando o PT trata a Presidência da República como uma oferenda pessoal, nada resta de aproveitável no maior partido de esquerda do país
Lula vive a sua quarta encarnação.
Ele foi o expoente do novo movimento sindical aos 30, o líder de um partido de massas aos 40, o presidente salvacionista aos 60. Agora, aos 65, virou mito. O mito, contudo, é feito de papel.
Ele vive nos ensaios dos intelectuais que se rebaixam voluntariamente à condição de áulicos e nos artigos de jornalistas seduzidos pelas aparências ou atraídos pelas luzes do poder.
Todavia, ele só existe na consciência dos brasileiros como fenômeno marginal.
Daqui a três dias, Lula pode até mesmo ficar sem seu almejado carrinho de rolimã. A mera existência da hipótese improvável de derrota de Dilma evidencia a natureza fraudulenta da mitificação que está em curso.
“É a economia, estúpido!”, escreveu James Carville, o estrategista eleitoral de Bill Clinton, num cartaz pendurado na sede da campanha, em 1992. George H. Bush, o pai, disputava a reeleição cercado pela auréola do triunfo na primeira Guerra do Golfo, mas o país submergia na recessão. Clinton venceu, insistindo na tecla da economia.
Por que Dilma não venceu no primeiro turno, se a economia avança em desabalada carreira, num ritmo alucinante propiciado pelo crédito farto e pelos fluxos especulativos de investimentos estrangeiros? A pergunta deve ser esclarecida. Lula abordou a sua sucessão como uma campanha de reeleição. No Brasil, como na América Latina em geral, o instituto da reeleição tende a converter o Estado numa máquina partidária. A Presidência, os ministérios, as empresas estatais e as centrais sindicais neopelegas foram mobilizados para assegurar o triunfo da candidata oficial.
Nessas condições, por que a “mulher de Lula”, o pseudônimo do mito vivo, não conseguiu reproduzir as performances de Eduardo Campos, em Pernambuco, Jaques Wagner, na Bahia, Sérgio Cabral, no Rio de Janeiro, Antonio Anastasia, em Minas Gerais, ou Geraldo Alckmin, em São Paulo? “Há três tipos de mentiras — mentiras, mentiras abomináveis e estatísticas”, teria dito certa vez Benjamin Disraeli.
Os institutos de pesquisa registram uma taxa de aprovação de Lula em torno de 80%. Cerca de dois terços da aprovação recordista originam-se de indivíduos que conferem ao presidente a avaliação “bom”, não “ótimo”. Nesse grupo, uma maioria não votou na “mulher de Lula” no primeiro turno. Mas a produção intelectual do mito, a fim de fabricar uma “mentira abominável”, opera exclusivamente com a taxa agregada.
Há muito mais que ingenuidade no curioso procedimento.
As águas que confluem para o rio da mitificação de Lula partem de dois tributários principais, além de pequenas nascentes poluídas pelos patrocínios oriundos do Ministério da Verdade Oficial, de Franklin Martins. O primeiro tributário escorre pela vertente dos intelectuais de esquerda, que renunciaram às suas convicções básicas, abdicaram da meta de reformas estruturantes e desistiram de reivindicar a universalização efetiva dos direitos sociais. Eles retrocederam à trincheira de um antiamericanismo primitivo e, ecoando uma melodia tão antiga quanto anacrônica, celebram a imagem de um líder salvacionista que fala ao povo por cima das instituições da democracia. Nesse conjunto, uma corrente mais nostálgica, que se pretende realista, enxerga em Lula a derradeira boia de salvação para a ditadura castrista em Cuba. A Marilena Chauí pós-mensalão, transfigurada em porta-estandarte do “controle social da mídia”, é a síntese possível do lulismo dos intelectuais.
“As pessoas ricas foram as que mais ganharam dinheiro no meu governo”, urrou Lula num comício eleitoral em Belo Horizonte, pronunciando um diagnóstico inquestionável. O segundo tributário da mitificação desce da vertente de uma elite empresarial avessa à concorrência, que prospera no ecossistema de negócios configurado pelo BNDES e pelos fundos de pensão. Essa corrente identifica no lulismo o impulso de restauração de um modelo econômico fundado na aliança entre o Estado e o grande capital. Os empresários da Abimaq divulgaram um manifesto em defesa do BNDES, enquanto Eike Batista, um sócio do banco estatal, o cobria de elogios. Na noite do primeiro turno, os analistas financeiros quase vestiram luto fechado. Tais figuras, tanto quanto os controladores da Oi e os proprietários da Odebrecht, representam o lulismo da elite econômica.
O mito ficou nu no primeiro turno.
Todos os indícios sugerem que o aguardado triunfo de Dilma foi frustrado exatamente por Lula — que, na sequência do escândalo de Erenice Guerra, afrontou a opinião pública ao investir contra a imprensa independente.
“Nem sempre é a economia, estúpido!”: os valores também contam. Naquele momento as curvas de tendências eleitorais se inverteram, expressando a resistência de mais de metade dos brasileiros ao lulismo. O jornalismo honesto deveria refletir sobre isso, antes de reproduzir as sentenças escritas pelos fabricantes de mitos.
Os mitos fundadores pertencem a um tempo anterior à história. No fundo, desde a difusão da escrita na Grécia do século VIII a.C., só surgiram mitos de papel — isto é, frutos da obra política dos filósofos. Por definição, tais mitos estão sujeitos à desmitificação.

Já é hora de submeter o mito de Lula a essa crítica esclarecedora.

DEMÉTRIO MAGNOLI
é sociólogo e doutor em Geografia Humana.

O papa e o aborto

 

Sexta-Feira, 29 de Outubro de 2010

O Papa e o aborto

Leonardo Boff

É importante que na intervenção do Papa na política interna do Brasil acerca do tema do aborto, tenhamos presente este fato para não sermos vítimas de hipocrisia: nos catolicíssimos países como Portugal, Espanha, Bélgica, e na Itália dos Papas já se fez a descriminalização do aborto (Cada um pode entrar no Google e constatar isso). Todos os apelos dos Papas em contra, não modificou a opinião da população quando se fez um plebiscito. Ela viu bem: não se trata apenas do aspecto moral, a ser sempre considerado (somos contra o aborto), mas deve-se atender também a seu aspecto de saúde pública.
No Brasil a cada dois dias morre uma mulher por abortos mal feitos, como foi publicado recentemente em O Globo na primeira página. Diante de tal fato devemos chamar a polícia ou chamar médico? O espírito humanitário e a compaixão nos obriga a chamar o médico até para não sermos acusados de crime de omissão de socorro.

Curiosamente, a descriminalização do aborto nestes países fez com que o número de abortos diminuísse consideravelmente. O organismo da ONU que cuida das populações demonstrou há anos que, quando as mulheres são educadas e conscientizadas, elas regulam a maternidade e o número de abortos cai enormente. Portanto, o dever do Estado e da sociedade é educar e conscientizar e não simplesmente condenar as mulheres que, sob pressões de toda ordem, praticam o aborto. É impiedade impor sofrimento a quem já sofre.
Vale lembrar que o cânon 1398 condena com a excomunhão automática quem pratica o aborto e cria as condições para que seja feito. Ora, foi sob FHC e sendo ministro da Saúde, José Serra, que foi introduzido o aborto na legislação, nas duas condições previstas em lei: em caso de estupro ou de risco de morte da mãe. Se alguém é fundamentalista e aplica este cânon, tanto Serra quanto Fernando Henrique estariam excomungados. E Serra nem poderia ter comungado em Aparecida como ostensivamente o fez. Mas pessoalmente não o faria por achar esse cânon excessivamente rigoroso.

Mas Dom José Sobrinho, arcebispo do Recife o fez. Canonista e extremamente conservador, há dois anos atrás, quando se tratou de praticar aborto numa menina de 9 anos, engravidada pelo pai e que de forma nenhuma poderia dar a luz ao feto, por não ter os órgãos todos preparados, apelou para este canon 1398 e excomungou os medicos e todos os que participaram do ato. O Brasil ficou escandalizado por tanta insensibilidade e desumanidade. O Vaticano num artigo do Osservatore Romano criticou a atitude nada pastoral deste Arcebispo.

É bom que mantenhamos o espírito crítico face a esta inoportuna intervenção do Papa na política brasileira. Mas o povo mais consciente tem, neste momento, dificuldade em aceitar a autoridade moral de um Papa que durante anos ocultou o crime de pedofilia entre padres e bispos.

Como cristãos escutaremos a voz do Papa, mas neste caso, em que uma eleição está em jogo, devemos recordar que o Estado brasileiro é laico e pluralista. Tanto o Vaticano e o Governo devem respeitar os termos do tratado que foi firmado recentemente onde se respeitam as autonomias e se enfatiza a não intervenção na política interna do pais, seja na do Vaticano seja na do Brasil.
Um abraço bem fraterno.
Leonardo Boff é teólogo e escritor.
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http://www.catolicasonline.org.br/ExibicaoNoticia.aspx?cod=1135

O Papa falou em democracia?!


 
O Papa em sua última declaração, dirigida diretamente aos bispos brasileiros afirmou que os projetos políticos que contemplam a descriminalização do aborto ou da eutanásia traem o ideal democrático. Esse é o mesmo Papa que quando responsável pela Congregação da Doutrina da Fé, condenou a Teologia da Libertação por considerá-la "política".

Nossa perplexidade:  Como o chefe maior de uma Igreja que segue mantendo uma estrutura pré-moderna, piramidal e patriarcal pode falar em democracia? Como cobrar democracia dos Estados e líderes políticos, se a Igreja Católica ignora as vozes de seus/as fiéis que há tempo vem pedindo o direito de escolher seus bispos? Só é eficaz a exigência da democracia por parte de quem a vive como um ideal.
Democracia inclui o direito de opinar sobre os temas de interesse coletivo. No debate democrático se constroem posições de consensos ou se mantém o dissenso, mas todos/as têm o direito de falar. O Papa, assim como o Rabino, a Mãe de Santo, o Pastor, o Monge Budista e todos/as representantes religiosos devem ser ouvidos e tratados com igual importância. Falar, orientar seus fiéis ou quadros religiosos, não significa tornar-se impositivo, e infringir a lei para disseminar suas idéias, desde que essas orientações dirijam-se unicamente aos fiéis daquela igreja. Mesmo assim, há que respeitar a liberdade de consciência de cada cidadão/ã que deve votar a partir de suas próprias convicções. A escolha cidadã não pode ser tutelada. O bispo de Guarulhos, D. Luiz Bergonzini infringiu os princípios democráticos, a laicidade do Estado ao divulgar os 2 milhões de panfletos contra a candidata do atual governo. Tentou interferir diretamente na consciência eleitoral da população católica.  No Brasil há mais de cem anos, vivemos um regime de separação entre igreja e Estado, isso deve ser respeitado. Será que o bispo D. Luiz Bergonzini agiu de forma democrática?  O Papa entende que isto é democracia?
Há questões que correspondem tão somente aos/às cidadãos/ãs de um país. Eleição é uma delas. Trata-se de um princípio tão fundamental e "sagrado" da democracia que organismos como a ONU enviam seus representantes para que zelem pela retidão de processos eleitorais em países fragilizados do ponto de vista da democracia. Como pode então um chefe de outro Estado, que também é chefe religioso de uma igreja interferir em processos políticos do nosso país? Trata-se de um caso de desrespeito total à laicidade  do Estado!  
O Papa também fala da promoção do bem comum. Quais são os critérios e valores utilizados para definir o "bem comum"?  Diminuir o índice de mortalidade materna provocado por abortos clandestinos e inseguros não faz parte do "bem comum"?  

Nós, Católicas pelo Direito de Decidir - parte desta Igreja formada pelo povo de Deus-  vimos a público manifestar nossa divergência com a orientação papal. Afirmamos nossa fé, e entendemos que ser  católico/a é ser fiel à própria consciência, um chefe religioso não pode interferir na liberdade de consciência. Esse é um princípio básico do Cristianismo.  Jesus também falou aos homens do templo, não se conformou com os hábitos e vícios da hierarquia judaica e é a Ele, que nós seguimos. 


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"Ele me fez sentar na cadeira onde sentou Galileo Galilei, no famoso edifício, ao lado do Vaticano, do Santo Ofício e da antiga Santa Inquisição. Foi meu "inquisidor", por mais de três horas..."

(Leonardo Boff, sobre o seu encontro, em 1985, com o Papa Bento XVI, então o temível cardeal Ratzinger, determinado a destruir a igreja da Teologia da Libertação; Istoé, maio 2010)


Complacência com pedófilos na alta cúpula da Igreja sonega ao Vaticano autoridade moral sobre o voto cristão: 55% dos católicos brasileiros votam em Dilma e ignoram a aliança entre a extrema direita religiosa, política e midiática travestida em pacto anti-aborto, envelopada com ares de súmula do Santo Ofício, hoje, na primeira página da Folha.

O Vaticano encralacrado no celibato pedófilo até hoje não subscreveu a Carta dos Direitos Humanos da ONU, sob o pretexto de que ela não faz nenhuma referência a Deus e retirou seu apoio à Unicef, que defende o uso de preservativo para combater a aids e o planejamento familiar.
A mesma ala da Igreja encastelada na Opus Dei, que agora apoia Serra, abençoou Salazar, em Portugal;
Franco, na Espanha; Pinochet, no Chile; Videla, na Argentina e o Golpe de 64.

(Carta Maior 29-10)

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Quando tomou conhecimento de inúmeros casos de sacerdotes pedófilos, este senhor ficou caladinho. Nem passou perto de sua cabeça medievaluma gota de preocupação ou ação para proteger os direitos fundamentais destas crianças vitimadas por estes pederastas.

Ah, que saudades de João XXIII!


http://quemtemmedodolula.blogspot.com/2010/10/bento-xvi-lanca-teologia-do-retrocesso.html#more

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Celso Lungaretti (*)



Reunido com bispos brasileiros na manhã desta quinta-feira (28) em Roma, o patético papa Bento XVI conclamou-os a meterem o nariz em assuntos que não lhes dizem respeito, como se a separação entre a Igreja e o Estado não vigesse há 120 anos em nosso país!

Sem se dar conta de que os valores medievais hoje nada mais são do que cinzas de um passado que envergonha os civilizados, quer o Papa que a Igreja faça proselitismo político ("quando os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas"), pressionando partidos e candidatos no sentido de que:

  • seja negado às mulheres o direito de interromper, mesmo no início, uma gravidez indesejada, e aos desenganados o direito de escolherem o momento e a forma como preferem morrer ("Quando os projetos políticos contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o ideal democrático é atraiçoado nas suas bases");
  • seja imposto o ensino religioso em escolas públicas do Estado, obrigando professores a cumprirem o papel de sacerdotes e invadindo a esfera de decisão das famílias ("uno a minha voz à vossa num vivo apelo a favor da educação religiosa, e mais concretamente do ensino confessional e plural da religião, na escola pública do Estado"); e
  • sejam expostos símbolos religiosos em ambientes públicos, em gritante violação dos direitos de religiosos de outras confissões, ateus e agnósticos ("Queria ainda recordar que a presença de símbolos religiosos na vida pública é ao mesmo tempo lembrança da transcendência do homem e garantia do seu respeito").
Em tempos corriqueiros, este anúncio da  Teologia do Retrocesso  de Bento XVI já seria uma descabida incitação ao lobbismo.

Três dias antes do 2º turno de uma eleição presidencial, a interferência  indevida desse papa (cujo horizonte mental é o de um ativista da TFP...) assume gravidade ainda maior.

Pois se trata, pura e simplesmente, de uma CHANTAGEM contra a democracia brasileira.
* Jornalista e escritor. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com