sábado, 27 de setembro de 2014

O jacaré abriu a boca




http://terezacruvinel.com/2014/09/27/dois-aspectos-da-pesquisa-datafolha/



27/09/2014



O jacaré que abriu a boca....e os grilos falantes



Por Tereza Cruvinel
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1. O jacaré abriu a boca….

O resultado da última pesquisa Datafolha, quando traduzido em gráfico, configura a situação que os analistas resumem com a metáfora “o jacaré abriu a boca”. Ou seja, a curva de quem está na frente vai para cima, como a mandíbula superior do réptil, e a do candidato adversário em declínio faz o oposto. Como acontece agora entre Dilma e Marina Silva. Entre as mandíbulas do bicho existem agora 13 pontos porcentuais.



         

Numa campanha o jacaré pode “fechar a boca” e as linhas podem se cruzar e se inverter mas esta situação hoje se delineia é entre Marina e Aécio. A diferença entre eles caiu de 20 pontos percentuais para 18, depois para 13 e agora é de apenas nove pontos.
           
Marina, nesta pesquisa, continua no segundo turno, mas agora em segundo lugar, num empate técnico que já depende do malabarismo de considerar que Dilma estaria na banda mínima e Marina na banda máxima da margem de erro. Nesta simulação as curvas se inverteram e há também um jacarezinho abrindo a boca. O problema para Marina é que o tempo ficou muito curto para reversão destas duas tendências.   Quando o jacaré abre a boca nesta altura da campanha, faltando uma semana para o dia da votação, a tendência é abrir mais e não fechar, a não ser nas situações excepcionais de tropeço ou acidente na reta de chegada.




           
2. Luciana e Eduardo Jorge: os grilos falantes

A pesquisa Datafolha captou uma tendência já observada por trackings e observadores da cena eleitoral. Eduardo Jorge, do PV, e Luciana Genro, do PSOL, podem ser o desaguadouro de votos da juventude que, no primeiro turno, não querem votar em nenhum dos três candidatos do que Eduardo Jorge chama de G3: Marina, Dilma e Aécio.

Os dois pontuaram 1% cada, juntamente com o Pastor Everaldo, do PSC, ao passo que os demais nanicos, juntos, alcançaram o mesmo índice. Everaldo já teve 3%, está em declínio, talvez perdendo votos evangélicos para Marina.

Eduardo Jorge vem se constituinte em alternativa de voto de um segmento que se identifica com seu perfil libertário: ecologista, defensor da legalização das drogas, do abordo e de outros temas que aterrorizam os candidatos do G3.

Luciana vem atraindo jovens de ultra-esquerda, decepcionados com o PT e talvez com Marina, em quem muitos com este perfil votaram em 2010. Mas agora ela mudou o discurso e anda em outras companhias. Luciana é um corajoso grilo falante das consciências de esquerda. Diz com a maior tranquilidade que as mesmas empreiteiras dão dinheiro para o PT, o PSDB e o PSB. Que os banqueiros são amigos de todos eles e daí para frente.
Eles podem se diferenciar dos outros nanicos mas estão longe de galvanizar o voto jovem como Marina em 2010. Mesmo assim, se forem mais bem votados que os outros, estarão apontando certa pulsação política a ser observada.

​*Tereza Cruvinel atua no jornalismo político desde 1980, com passagem por diferentes veículos. Entre 1986 e 2007, assinou a coluna “Panorama Político”, no Jornal O Globo, e foi comentarista da Globonews. Implantou a Empresa Brasil de Comunicação - EBC - e seu principal canal público, a TV Brasil, presidindo-a no período de 2007 a 2011. Encerrou o mandato e retornou ao colunismo político no Correio Braziliense (2012-2014). Atualmente, é comentarista da RedeTV e agora colunista associada ao Brasil 247.


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Mais um excelente texto do Prof. Gilson Caroni Filho. 

Recomendo fortemente que leiam o que ele publica.

Ivan





"Jovens, muito orgulho de vocês.

Não costumo comentar pesquisas, mas a de ontem, do Datafolha, me obriga a abrir uma exceção. Dilma cresceu nas pesquisas com intenções de voto que migraram de Marina para ela. Os analistas da grande imprensa rapidamente arrumaram uma explicação: "a candidata da Rede perdeu votos nos extratos mais pobres". É o desejo se confundindo com a análise. É a tentativa de ocultar o mais significativo: parcela da juventude que estava com Marina da Siva entendeu que ela nada mais é que " a velha direita" disfarçada de " nova política". Mas vocês, jovens que são, sabem o que é velho, mesmo que o disfarce tenha maquiagem da grande mídia.

Tentaram instrumentalizá-los nas suas legítimas manifestações de junho do ano passado. Mas ali, com o apoio inestimável da Mídia Ninja, vocês começaram a entender que queriam transformá-los em massa de manobra para interesses reacionários. Pregavam ódio à política.

No primeiro momento, vocês até que se confundiram ao gritar 'não à política'. Mas com o tempo, mostrando, mais uma vez, que só se aprende na ação, viram que a alternativa que lhes propunham era dizer 'sim' a uma imprensa que abandonou o jornalismo para virar panfleto partidário do PSDB.
 
A opção que lhes ofereciam era deixar tudo com o mercado e ficarem brincando com celulares, aplicativos e joguinhos.

E foi aí, mostrando que não se deixariam infantilizar, que se deu o que chamarei de 'a grande recusa': vocês estão começando a vida, mas não são mais crianças. São jovens cidadãos que não são estão acorrentados ao cabresto dos fetiches. Conheceram as ruas e entenderam que é nela que se faz a grande política.

Confesso que na minha juventude era muito mais fácil optar por um caminho. As coisas eram claras ou escuras, pois vivíamos em uma ditadura brutal. Para vocês, foi mais difícil : vivemos uma crise de representação e todos se dizem democratas, velhos corruptos falam de uma indignação que não sentem e escravocratas resolveram posam de vestais da República.

Mostrando discernimento, aprenderam a ler a grande imprensa e passaram a ignorá-la. A edição da revista " Veja" desta semana é um exemplo. Prometeram uma 'bala de prata' e produziram uma matéria patética, um tiro de espoleta que evidencia a tarefa dos estudantes jornalismo: recriar a imprensa, pois a que aí está jogou sua credibilidade no ralo.

Por fim, e isso foi maravilhoso, compreenderam que nada é mais novo e revolucionário do que dar continuidade a três governos que reduziram substancialmente as desigualdades com políticas de inclusão. Nada é mais importante do que continuar tirando milhões de pessoas da miséria, dando-lhes condições de frequentar uma escola e, posteriormente, ingressar em uma faculdade. 

Vocês, mais do que eu, sabem como é rica a convivência, em ambiente acadêmico, de pessoas de classe média alta com jovens oriundos de comunidades carentes. Como o a gente aprende com isso, como vencemos preconceitos. E é isso que faremos juntos: continuaremos vencendo preconceitos e construindo um mundo novo.
Em vários posts os concitei à reflexão. Hoje é diferente. Venho aqui para externar meu orgulho pelos jovens que não se renderam ao discurso do ressentimento, do ódio de classe reproduzido pela mídia, por algumas escolas, igrejas e alguns professores portadores de discursos pseudo-modernos.

Meu orgulho é como pai, avô e professor. Seguiremos unidos até a vitória.

Um grande abraço."

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