quinta-feira, 25 de setembro de 2014

A Rússia dá o golpe de misericórdia à União Européia (e ao dólar)




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Setembro.2014



A Rússia dá o golpe de misericórdia à União Européia (e ao dólar)



Por Alberto Cruz - Via Rebelión



O Servilismo da União Européia em relação aos EUA manda a conta. As sanções que a Rússia impôs sobre importações agrícolas, carne e pescado vão dar o golpe de misericórdia à UE. Os primeiros sintomas já estão aí: A Alemanha e França estagnam, a Itália entra em recessão e a tão propagandeada “melhoria econômica” não é mais do que fumaça.

As sanções da Rússia sobre o setor primário da economia européia vão supor perdas de entre 6 e 7 bilhões de euros, e colocam em risco a 130 mil empregos vinculados à exportação de alimentos (1). Ainda é preciso acrescentar os prejuízos potenciais para as empresas fornecedoras de artigos e serviços auxiliares, como o transporte.

Apesar de nos meios de comunicação estar sendo lançada a versão de que está tudo sob controle, e de que a Política Agrícola Comum  tem previstas situações desse tipo, a realidade é que o orçamento para compensação de perdas é de 400 milhões de euros, o que supõe um percentual que não chega a 8% do total das perdas estimadas.  Polônia, Lituania, Finlândia, Espanha, França e a República Tcheca já pediram que o fundo de compensação seja usado. Quanto irá para cada país, 70 milhões? E se nos próximos dias houverem mais pedidos?

Além disso, e como reconhece a Organização para a Agricultura e a Alimentação (FAO), os EUA, a União Européia, o Canadá, a Austrália e a Noruega – os afetados pelas sanções russas -, têm que “rapidamente” reorientar sua produção agropecuária. Mas a pergunta é: Para onde? Para a China, um sócio estratégico da Rússia neste momento, e um inimigo potencial no futuro – e para os EUA já o é? Para a América Latina, um continente produtor de frutas e verduras, assim como de carne? Para a África? A UE está numa situação da qual não tem escapatória, não tem mercados para onde acorrer, o que supõe um golpe que pode ser irremediável para o setor agrícola e de criação de gado.

A decisão da Rússia tem um impacto direto claro, e ao mesmo tempo  outras implicações indiretas. O impacto direto: proibição de frutas polonesas, produtos lácteos finlandeses e bálticos, peixe norueguês....Indiretamente: os agricultores franceses já avisaram que não permitirão a expansão para o oeste das frutas polacas, e começam os movimentos de protestos em outros países, como na Espanha. À longo prazo, as sanções com a duração de um ano que Rússia impôs, no momento podem modificar a forma de toda a estrutura de produção e de consumo da UE. Não é uma afirmação precipitada, por que já, a curto prazo, está se produzindo uma saturação do mercado por uma coisa tão simples como não haver onde armazenar toda a produção que era destinada à Rússia.

Embora a União Europeia tenha anunciado uma ajuda de 125 milhões de euros para a retirada e distribuição gratuita de algumas verduras e frutas perecíveis, é preciso levar em conta que se está em plena temporada de alguns produtos, e que não há planos de armazenamento nem margem para buscar novos mercados.

Os europeus, numa espécie de alucinação coletiva, somaram-se às sanções que os EUA impuseram à Rússia, defendendo, não esqueçam, um golpe neofascista em Kiev e pensando que, como costumava ser habitual, não haveria resposta. Pensavam que a Rússia teria seu PIB afetado, e esfregavam as mãos com isso. Contudo, não foi assim. O PIB também era o indicador que a Rússia esperava, e quando viu que ele continuava crescendo, a um ritmo não muito impressionante, mas subindo (no primeiro trimestre deste ano cresceu 0,9%, e no segundo 0,8%), assestou o golpe. Um golpe de misericórdia à União Européia.

Embora as sanções russas tenham apenas um mês de implementação, já se pode dizer que são um fator determinante para que a UE esteja a ponto de entrar em uma nova recessão, uma vez que se produzem num momento em que sua economia está em profunda crise e assentada na estagnação. O Ministério das Finanças da Alemanha acaba de publicar seu relatório mensal (2), no qual reconhece que “é provável que a diminuição do PIB tenha que ver com os efeitos das sanções e os efeitos negativos sobre a confiança, devido à crise com a Ucrânia”. E acrescenta que “se a crise na Ucrânia não se agravar mais e não se impuserem sanções mais graves, é de esperar-se que a atual desaceleração econômica seja somente temporária”. Ao que ele está se referindo? Pois é ao fornecimento de petróleo e gás que chega da Rússia. A produção industrial da Alemanha caiu 0,2%, e uma recessão nesse país arrastaria não somente o sul da Europa (Portugal, Espanha e Grécia, especialmente), mas também os que estão sob sua influência mais próxima: República Tcheca, Hungria e Polônia.

Aqui está uma das razões por que a Europa tem se sentido desconfortável com as críticas à decisão russa de enviar um comboio humanitário par Lugansk. Não passou das críticas verbais, por que a UE não pode ir além delas. Fazer isso significaria fazer um  haraquiri como ente político e econômico, e já se está muito perto disso.

O relatório também acrescenta que “outras tensões geopolíticas”, não especificadas, embora seja de supor que se refira à confrontação entre EUA e China e ao Oriente Médio, e o “débil desenvolvimento econômico na zona do euro contribuíram para a contração na região européia”. Mais claro do que isso, somente água.

À recessão da Alemanha, ou “desaceleração”, como tem dito os alemães, há que se acrescentar que a França viu como sua produção industrial está se reduzindo, e o mesmo está ocorrendo em toda a União Européia (0,3% na zona do euro, e 0,1% no conjunto da UE). É evidente que o golpe assestado pela Rússia desmontou o discurso da recuperação, e a situação econômica da UE demonstrou que é demasiadamente frágil para resistir a impactos externos e tensões geopolíticas.

Além disso, estão começando a ser conhecidas pesquisas de opinião onde se reflete o pensamento da população, e na Alemanha 46% dela se opõe às políticas de Bruxelas e Bonn a respeito da Ucrânia e Rússia, por que estão enxergando as orelhas do lobo. Os sindicatos consideram que podem ser perdidos 21 mil postos de trabalho, e isso afetaria de forma considerável o governo de coalizão que os cristãos democratas e os social democratas, uma vez que estes se veriam muito pressionados pelos sindicatos, que foram seu grande apoio nas eleições passadas(3). Mas não são somente esses índices que assustam. Economistas críticos elevam essas possíveis perdas de postos de trabalho para 400 mil, por que esse é o número de pessoas que trabalha nas empresas ligadas ao comércio com a Rússia, não somente na área de agropecuária.

Essa é uma das razões pelas quais a Alemanha, juntamente com a França, está tentando, quase com desespero, algum acordo entre a Rússia e Ucrânia que permita livrar a cara da UE por seu apoio ao regime neofascista de Kiev. A França também vê como sua produção industrial está caindo, o desemprego aumenta, o PIB está com números próximos aos de uma recessão, e ainda se encontra envolvida em uma custosa maquinaria colonial-militar na África, além de ter um de seus principais bancos sancionado e sofrer uma constante ameaça à sua indústria militar pelos acordos com a Rússia.

Não são os únicos países a passar por apuros. Seguindo somente sob o ponto de vista trabalhista, a Polônia vai perder 23 mil empregos, França, Itália e Espanha 10 mil, e assim até chegar aos 130 mil estimados pela consultoria dinamarquesa. Contudo, a única reação até o momento tem sido a da Finlãndia, que já disse que não vai somar-se à política de sanções da União Européia e se desvincula das decisões dessa comunidade porque “a cooperação com a Rússia é, sem exagerar, uma questão de sobrevivência econômica”. Quem diz isso não é qualquer um, mas o próprio primeiro-ministro. Não é a toa – a Rússia representa 10% do comércio exterior da Finlândia, e 25% do total das suas exportações de alimentos vai para a Rússia. Se a Finlândia se somasse à política de sanções da UE, seria literalmente um suicídio. A oportunidade para a América Latina.

A Rússia propôs um plano de desenvolvimento mútuo, uma área de desenvolvimento geral com um regime comercial preferencial de Lisboa a Vladivostock. Essa proposta foi desprezada pela União Européia, que em troca apostou na Associação Transatlântica de Livre Comércio. Portanto, é muito pedir que plutocratas de Bruxelas façam alguma autocrítica a respeito de sua submissão e vassalagem aos EUA, e o primeiro que teriam que reavaliar é a proposta norte-americana de criar a ATLC. Se ela já estivesse em vigor, a UE já teria ficado presa como um inseto em uma teia de aranha, e se ela não mudar de tática política e o enfrentamento com a Rússia for mais longe, em seguida virão complicações políticas a nível externo e interno. Uma delas, o fortalecimento do euro-ceticismo e dos sentimentos anti-norte-americanos. Outra será a debilitação do euro paralelamente ao declínio do dólar. Sobre isso também falarei mais adiante.

As revoltas dos agricultores, embora ainda pequenas e mais bem simbólicas, estão sendo aproveitadas pelos plutocratas de Bruxelas para ameaçar outros países com sua habitual política intimidatória. A União Européia está recorrendo à suas habituais táticas de opressão política com os países que considera mais débeis. É o caso da América Latina. Já houveram ameaças nada veladas a respeito de que a AL não deve aumentar seu fornecimento de alimentos à Rússia para cobrir o déficit gerado pelas sanções aos alimentos europeus, norte-americanos, canadenses e europeus.

A neolíngua da burocracia da EU- diz que está “negociando” com os países latino-americanos para “federar” o maior número possível deles com a finalidade de pressionar a Rússia. Esses rapazes não tem remédio. Esquecem que 19 países, dos 42 que compõem a América Latina e Caribe,ou  votaram com a Rússia ou se abstiveram quando a anexação da Criméia foi votada na Assembléia Geral da ONU. E são justamente esses países os que mais interesse tem em suprir a Rússia com produtos ocidentais. O argumento de Bruxelas é curioso: diz que não é oportuno tratar com um sócio “pouco confiável” como Moscou, e que “seria um erro” que os países latino-americanos “sacrificassem uma relação econômica já extensa por vantagens à curto prazo”.

É preciso fazer uma pergunta: Há algum átimo de inteligência na União Europeia? O comportamento é claramente colonial. Há gente que não muda, e a única forma de que o faça é a pauladas. A América Latina perderia o trem da história se não aproveitasse a oportunidade, ainda mais tendo em conta que há não muito tempo, somente a um par de meses, tanto Putin como o presidente chinês Xi Jiping realizaram uma gira pelo continente e nela ambos, sobretudo Putin, falaram da questão comercial.

Foi o caso do Brasil, sem ir mais longe. Agora, os brasileiros vêem o céu limpo com as sanções à UE e aos EUA, e os empresários falam de “revolução” com as possibilidades que a decisão russa abriu. O mesmo acontece com a Argentina, imersa numa batalha de vida ou morte contra os fundos-abutre e ameaçada pelos EUA. A presidenta Cristina Kirchner é muito consciente, e disse que o governo vai gerar as condições para que o setor privado, com o impulso do Estado, possa incrementar as exportações e satisfazer as demandas do mercado russo. A Argentina se afastou de forma espetacular do campo político europeu-estadunidense há mais de uma década, e aproximou-se tanto da ALBA como dos BRICS. Certamente a batalha que está travando contra os ”fundos-abutre” tem muito a ver com tudo isso.

As relações da Rússia com o Brasil e com a Argentina conduzem inevitavelmente a relações positivas com o Uruguai, o vizinho menor de ambos os países e sócio do Mercosul. Também esse país afirmou que está disposto a aumentar suas exportações para a Rússia. O mesmo acontece com o Equador, onde o presidente Rafael Correa já disse que não vai pedir autorização alguma à União Européia para comercializar com a Rússia e irá aproveitar essa oportunidade para abrir novos mercados para os produtos equatorianos, sobretudo frutas e flores. O Equador tem muito que ganhar, ainda mais tendo em conta que a Rússia tem a intenção de investir 1,5 bilhões de dólares no setor de energia do país.

O comércio entre o Brasil e a Rússia representa mais de 3 bilhões de dólares ao ano, dois quais 563 milhões foram em carne bovina. Agora, esses valores podem quase duplicar. Muito similares são os valores do comércio entre a Argentina e a Rússia, 2,677 bilhões de dólares. Assim, pode-se ir de país a país e comprovar que as possibilidades de Chile, Peru, México, Colômbia... são imensas.

Os casos de Peru e Chile são curiosos. Membros da Associação Transpacífico, um bloco neoliberal afinado com os EUA, e do qual também fazem parte a Colômbia, Costa Rica e México, querem entrar no mercado russo desafiando tanto seus patronos estadunidenses como a União Européia. Não é o momento para nos aprofundar-nos no assunto, mas a relação que ambos os países mantém com a China – os dois tem acordos de livre comércio assinados com ela - tem muito a ver com sua pretensão de aproveitar as sansões que a Rússia impôs para comerciar com os EUA. E, com certeza, a China pressionou para isso.

No momento em que esta pequena análise é escrita, a Rússia já autorizou a empresas brasileiras e chilenas a exportação de carne, peixe e mariscos para seu território.

Tudo isso é o que a União Europeia quer evitar, como demonstra seu comportamento colonial. Contudo, já é tarde. A Rússia e a China têm importantes acordos bilaterais com Venezuela, Cuba, Nicarágua, Argentina e Brasil; os BRICS já tem reuniões com a UNASUR e com a CELAC... Os novos blocos regionais estão se constituindo em novos blocos de poder, e nada será mais igual.

Não obstante, a postura valente da América Latina não está isenta de riscos, já que quem aparecer como “sócio da Rússia” aos olhos dos EUA estará marcado e será vulnerável a qualquer desestabilização patrocinada por Washington. O caso da Venezuela é um bom exemplo, por que o papel desse país, principalmente durante toda a presidência de Hugo Chávez, na reinserção da Rússia no continente americano, foi essencial. Na hora de falar na desestabilização da Venezuela, municiada e estimulada pelos EUA, é preciso levar em conta esse fator geopolítico.


A volta ao padrão ouro

Junto a essas importantíssimas mudanças nas relações econômicas, há outra consequência letal para a União Européia e, a longo prazo, para os EUA, como decorrência das sanções impostas pela Rússia: muitos países estão “reconsiderando” a prepotência do dólar nas relações econômicas,  e a Rússia está dando os passos para que, pelo menos, hajam outras moedas. Isso preocupa, e muito, aos EUA. Joseph Quinlan, diretor estratégico do Bank of America, disse que “esse incômodo retrocesso nas relações da Rússia com o Ocidente por culpa das sanções pode ser o catalisador do início de um mundo multi-divisas(4).

Ainda que o papel das sanções ainda não possa ser avaliado em toda sua amplitude, e isso já foi visto com o exemplo alemão, não é precipitado dizer que foi o passo mais importante já dado para a desaparição do dólar como moeda de reserva do mundo. A União Européia, mais cedo do que tarde, se dará conta de que não poderá continuar subvencionando as enormes dívidas do governo dos EUA somente para receber pauladas e mais pauladas, como as sanções contra os bancos franceses, por exemplo, por que outra das medidas que a Rússia está colocando em andamento é diversificar seu intercâmbio comercial fora do euro e do dólar.

Uma das maneiras com que está fazendo isso é admitindo a compra e a venda de produtos nas moedas dos países com os quais comercia.  É o caso da China, onde cada vez em maior medida as transações são em rublos ou yuans. A mesma coisa acontece com outros países BRICS. Outra, é a compra de ouro.

Acontece que três dos países BRICS (China, Rússia e África do Sul) produzem quase 40% do ouro do mundo, assim que aqueles que duvidaram que a colocação em funcionamento do Banco de Desenvolvimento dos BRICS sirva para alguma coisa devem reconsiderar sua postura. Não é preciso olhar somente o momento imediato, mas sim à longo prazo.

Além de tudo, é preciso considerar que a Rússia tem a quinta maior reserva de divisas do mundo, e tem a sexta maior reserva de ouro. No primeiro semestre de 2014,o Banco Central da Rússia decidiu reduzir em 25% suas reservas em moedas estrangeiras, e anunciou que essa tendência continuaria no futuro. Junto a esse aviso, outro: o a aumento de 54 toneladas em suas reservas de ouro em somente cinco anos.

Comparemos esses movimentos com as da União Europeia, que está se vendo obrigada a vender suas reservas de ouro como consequência da crise: A Alemanha vendeu 29 toneladas, e Itália, França e Espanha fizeram a mesma coisa.

Não são muitos os que na Alemanha e França dão se conta de onde os levará a dependência e a vassalagem aos EUA, embora algum dos últimos movimentos de Ângela Merkel com a Ucrânia parecem dar a entender que há uma certa saturação com Washington, o que não significa ainda ruptura e sequer autonomia.
François Hollande é um palhaço, mas não tanto como para ignorar o que está em jogo com a pressão norte-americana contra o BNP Paribas, multado em 9 bilhões de dólares por supostamente comerciar com Cuba e com o Irã, e tentando que a França não venda à Russia dois porta-aviões da classe Mistral. Embora a capitulação francesa tenha sido total, aceitando, pela boca do governo, “a responsabilidade” do banco na violação de leis estadunidenses, não européias, o mal-estar em amplos setores da França é tal que não escasseiam as vozes “para uma recuperação da pátria”. Seja o que seja essa frase e signifique o que signifique, embora o caso do BNP Paribas tenha servido para que agora o governo diga que vai cumprir o contrato com a Rússia, apesar das pressões que está recebendo dos EUA e da OTAN para que não o faça.

O sentimento europeu de saturação a respeito da submissão aos EUA  cresce com a atitude que os leva a atuar gratuitamente como policiais de Washington, enquanto tem que pagar bilhões de dólares em multas cada vez que tentam realizar algum negócio que desagrade aos EUA. Isso vai traduzir-se em uma paulatina distância do dólar como moeda financeira.

O euro já está nas cordas, e um enfrentamento maior com a Rússia precipitará sua queda juntamente com a do dólar. Ainda minoritárias, mas significativas, são as vozes que estão começando a ser notadas sobre o papel do dólar na economia europeia, em recuperar a soberania nacional e na necessidade de se oporem às leis de mercado que somente tem como limites os que os EUA assinalam como próprios.


Notas:
(1) Relatório da consultoria dinamarquesa ING Groep, citado por RBC Daily em 22 de agosto de 2014.
(2) Reuters, 22 de agosto de 2014.
(3) Alberto Cruz, “Alemanha e Portugal: dois exemplos para a esquerda? http://www.nodo50.org/ceprid/spip.php?article1768
Alberto Cruz  é jornalista, politólogo e escritor. Seu novo livro é “Las brujas de la noche. El 46 Regimiento 'Taman' de aviadoras soviéticas en la II Guerra Mundial”, editado por La Caída com a colaboração do CEPRID.


Tradução do espanhol: Renzo Bassanetti

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