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Carta Maior, 18/09/2014
Discurso do medo, uma ova!
Por Saul Leblon
Marina precisa esconder a questão principal em jogo nestas eleições. Por
isso é crucial expô-la, como Dilma começou a fazer no debate da CNBB,
nesta 3ª feira:
‘A principal lição da crise de 2008 é a necessidade de impor uma regulação ao sistema financeiro, não o contrário, não o hiperliberalismo’, resumiu a Presidenta, fuzilando o projeto do BC independente , do voto e da democracia, encampado pela candidata do PSB.
Não é um assunto palatável. Mas é traduzível. Prova-o a tentativa do PSB de interditá-lo no horário eleitoral.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encampou o pedido de Marina de suspender a propaganda petista, na qual se relaciona o impacto dessa proposta num lar assalariado.
Se agiu honestamente, Janot subestima o poder de fogo do arsenal que hoje mantem 100 milhões de desempregados no mundo.
A Europa é uma advertência em carne viva.
Outrora referência do Estado do Bem Estar Social, o continente não resistiu ao moedor da supremacia financeira. Paga em libras de carne humana a purga da desordem neoliberal, sob o comando dos bancos que a causaram.
O saldo da reciclagem até o momento sugere que a propaganda de Dilma é até cautelosa.
São mais de 20 milhões de desempregados na zona do euro; 119,6 milhões de pessoas (24,2% da população) transitam no limiar da pobreza em toda a Europa; US$ 1,3 trilhão foram entregues aos bancos europeus para salvá-los deles mesmos, enquanto as filas da Cáritas fornecem mais de um milhão de pratos de comida só na Espanha.
A contradição que a propaganda de Dilma condensa metaforicamente pode ser constatada de outra forma e ao vivo aqui mesmo.
Quando Marina Silva sobe nas pesquisas, as bolsas disparam; as consultorias exultam; as ações de bancos escalam píncaros de valorização. Manchetes faíscam sulfurosas.
Quando a ONU informa que no ciclo de governos do PT o Brasil reduziu a miséria em 75% e praticamente erradicou a fome (restrita a 1,7% da população), qual é a receptividade do glorioso jornalismo de economia?
Modesta, para sermos generosos.
A saúde dos mercados e a deriva da sociedade, como se vê em diferentes latitudes do planeta, não são contraditórias com essa concepção de eficiência econômica excludente. A mesma encampada agora pelo PSB que um dia foi de Arraes, hoje é o cavalo onde floresce o enxerto do hiperliberalismo denunciado por Dilma.
A confusão semântica entre um partido socialista tomado pela ideologia rentista e uma ex-seringueira que a isso empresta sua biografia não é involuntária.
Sem um lubrificante à altura do estupro, seria muito difícil vender ao eleitor agenda de um neoliberalismo desmoralizado.
O mundo conspira contra Marina, mas ninguém diz.
O jornal Valor desta 4ª feira (17/09) informa-nos em rodapé discretíssimo: ‘Os Estados Unidos sofreram mais um ano de estagnação da renda, uma vez que a recuperação da economia não consegue se traduzir em aumento da prosperidade para a média das famílias (...) cuja renda real aumentou apenas 0,3% em 2013...’.
Significa dizer que a renda média na principal economia capitalista do planeta encontra-se abaixo daquela de 25 anos atrás.
Mas os níveis de desigualdade regrediram ao padrão da Europa no início do século XX. Informa o livro de Thomas Piketty (‘O capital’), estranhamente ausente do debate eleitoral brasileiro.
Não é uma tragédia sem causa.
O lucro combinado dos seis maiores bancos americanos- JPMorgan Chase, Goldman Sachs, Citigroup, Wells Fargo, Morgan Stanley e Bank of America – saltou em 2013 para o seu maior patamar desde 2006: um aumento de ganho líquido de 21% ; ou US$ 74,1 bilhões em moeda sonante , segundo informou a Bloomberg.
A dificuldade da recuperação norte-americana, a mais lenta de todas, que fez o Fed, nesta 4ª feira, sinalizar a manutenção das taxas de juros baixas por ‘tempo indeterminado’ - para decepção do rentismo local e global - , não tem têm origem, porém, na crise de 2008.
O fio que interliga a persistente disseminação da pobreza nos EUA antes, durante e depois do colapso de 2008, é a hipertrofia do poder financeiro - que Marina quer vitaminar no Brasil.
É esse o elo entre a rastejante recuperação atual sob a batuta de Obama, a etapa aguda da crise que a antecedeu - capitaneada por Bush Jr - e, antes ainda, o período de apogeu que originou o desmonte regulatório do sistema financeiro legado por Roosevelt. Obra demolidora iniciada por Reagan (1981-1989), seguida da consolidação da hegemonia rentista sob a batuta do democrata Bill Clinton (1993-2001).
Radiografar essa espiral e traduzi-la para o idioma político destas eleições não é recorrer ao discurso do medo, como querem alguns.
São fatos que a retrospectiva norte-americana ilustra exaustivamente. Por exemplo:
1. Os salários da força de trabalho nos EUA estão em queda ou estagnados desde os anos 90;
2. Para 60% dos trabalhadores americanos , o valor da hora/trabalho estagnou ou caiu;
3. Em 1996 a renda média familiar já era inferior a de 1986 (uma corrosão que persiste);
4. O emprego estável esfarelou; a fatia dos trabalhadores com cerca de 10 anos no mesmo emprego caiu de 41% em 1979 para 35,4% em 1996 ( e embicou nos anos mais recentes);
5. A desigualdade se acentuou: a renda de uma família padrão de classe média encolheu, apesar do borbulhante fastígio rentista; apenas 10% dos lares abocanharam 85% dos ganhos propiciados pela farra financeira dos anos 80/90;
6. O trabalho se degradou: ao conquistar uma nova vaga, um desempregado ganha, em média, 13% menos que no trabalho anterior; em 1997, 30% dos empregos já operavam em tempo parcial, evidenciando uma economia que simultaneamente abdicou da indústria em troca dos ‘custos chineses’;
7. Nessa mutação estrutural , enquanto a fatia da renda apropriada pelos lares mais ricos (o 1% dos aplicadores em ativos) cresceu de 37,4% para 39%, o universo de lares sem ingressos ou com rendimento negativos saltou de 15,5% para 18,5%; na população negra, 31% dos lares tinham renda zero ou negativa em 1995.
Repita-se: tudo isso antes do colapso da subprime.
Esse paradoxo feito de desmonte industrial e exploração extrema, de um lado, e bonança rentista, do outro, só não explodiu antes graças à válvula de escape do endividamento maciço das famílias, que atingiu seu limite no estouro da bolha imobiliária, em 2008.
Os antecedentes mostram que a advertência feita pela propaganda de Dilma não é descabida.
É crucial para um projeto de desenvolvimento equitativo recompor e aprofundar a regulação do sistema financeiro, incluindo-se aí o controle sobre a mobilidade de capitais.
Foi isso que Dilma começou a dizer na CNBB. E Precisa continuar a dize-lo, de forma cada vez mais clara.
É isso que faz a propaganda vetada pelo procurador Janot.
Sem desmontar a supremacia financeira – e isso significa dar ao governo, ao Estado e à democracia os instrumentos de comando sobre o capital - será impossível consolidar um novo ciclo de investimento e alterar a redistribuição do excedente econômico no país.
Esse é um dos maiores desafios do desenvolvimento no século XXI
Mas para Marina o nome da crise é PT, não capitalismo destrambelhado.
Para Marina não existe conflito entre o fastígio dos banqueiros, e dos mercados financeiros, e os interesses populares.
O conflito que existe na sua constrangedora leitura da história é entre bons e maus; entre corruptos e elites bacanas; entre dilmas gerentonas e necas solícitas; entre o PT degenerado – que “colocou um diretor para assaltar os cofres da Petrobrás” - e a virtuosa turma de novos amigos dos mercados.
É nessa toada que Marina, Aécio e seus apêndices pretendem levar a flauta da campanha até o fim.
As candidaturas progressistas não podem sancionar essa anestesia do discernimento popular.
Discurso do medo, uma ova, é preciso dizer, mimetizando a sagaz Luciana Genro.
A crise evidenciou que na ausência de regulação estatal da finança, a genética autodestrutiva do sistema passa a operar em condições de baixa demanda efetiva, elevado desemprego e especulação suicida.
A superação do impasse só virá se e quando o Estado detiver maior poder de comando para exercer seu papel indutor do crédito e do investimento produtivo.
Contra isso se insurge o conservadorismo. E ao seu desfrute se oferece Marina Silva e o seu tripé: BC independente; desregulação do pré-sal e desmonte da CLT.
Discurso do medo? Uma ova.
‘A principal lição da crise de 2008 é a necessidade de impor uma regulação ao sistema financeiro, não o contrário, não o hiperliberalismo’, resumiu a Presidenta, fuzilando o projeto do BC independente , do voto e da democracia, encampado pela candidata do PSB.
Não é um assunto palatável. Mas é traduzível. Prova-o a tentativa do PSB de interditá-lo no horário eleitoral.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encampou o pedido de Marina de suspender a propaganda petista, na qual se relaciona o impacto dessa proposta num lar assalariado.
Se agiu honestamente, Janot subestima o poder de fogo do arsenal que hoje mantem 100 milhões de desempregados no mundo.
A Europa é uma advertência em carne viva.
Outrora referência do Estado do Bem Estar Social, o continente não resistiu ao moedor da supremacia financeira. Paga em libras de carne humana a purga da desordem neoliberal, sob o comando dos bancos que a causaram.
O saldo da reciclagem até o momento sugere que a propaganda de Dilma é até cautelosa.
São mais de 20 milhões de desempregados na zona do euro; 119,6 milhões de pessoas (24,2% da população) transitam no limiar da pobreza em toda a Europa; US$ 1,3 trilhão foram entregues aos bancos europeus para salvá-los deles mesmos, enquanto as filas da Cáritas fornecem mais de um milhão de pratos de comida só na Espanha.
A contradição que a propaganda de Dilma condensa metaforicamente pode ser constatada de outra forma e ao vivo aqui mesmo.
Quando Marina Silva sobe nas pesquisas, as bolsas disparam; as consultorias exultam; as ações de bancos escalam píncaros de valorização. Manchetes faíscam sulfurosas.
Quando a ONU informa que no ciclo de governos do PT o Brasil reduziu a miséria em 75% e praticamente erradicou a fome (restrita a 1,7% da população), qual é a receptividade do glorioso jornalismo de economia?
Modesta, para sermos generosos.
A saúde dos mercados e a deriva da sociedade, como se vê em diferentes latitudes do planeta, não são contraditórias com essa concepção de eficiência econômica excludente. A mesma encampada agora pelo PSB que um dia foi de Arraes, hoje é o cavalo onde floresce o enxerto do hiperliberalismo denunciado por Dilma.
A confusão semântica entre um partido socialista tomado pela ideologia rentista e uma ex-seringueira que a isso empresta sua biografia não é involuntária.
Sem um lubrificante à altura do estupro, seria muito difícil vender ao eleitor agenda de um neoliberalismo desmoralizado.
O mundo conspira contra Marina, mas ninguém diz.
O jornal Valor desta 4ª feira (17/09) informa-nos em rodapé discretíssimo: ‘Os Estados Unidos sofreram mais um ano de estagnação da renda, uma vez que a recuperação da economia não consegue se traduzir em aumento da prosperidade para a média das famílias (...) cuja renda real aumentou apenas 0,3% em 2013...’.
Significa dizer que a renda média na principal economia capitalista do planeta encontra-se abaixo daquela de 25 anos atrás.
Mas os níveis de desigualdade regrediram ao padrão da Europa no início do século XX. Informa o livro de Thomas Piketty (‘O capital’), estranhamente ausente do debate eleitoral brasileiro.
Não é uma tragédia sem causa.
O lucro combinado dos seis maiores bancos americanos- JPMorgan Chase, Goldman Sachs, Citigroup, Wells Fargo, Morgan Stanley e Bank of America – saltou em 2013 para o seu maior patamar desde 2006: um aumento de ganho líquido de 21% ; ou US$ 74,1 bilhões em moeda sonante , segundo informou a Bloomberg.
A dificuldade da recuperação norte-americana, a mais lenta de todas, que fez o Fed, nesta 4ª feira, sinalizar a manutenção das taxas de juros baixas por ‘tempo indeterminado’ - para decepção do rentismo local e global - , não tem têm origem, porém, na crise de 2008.
O fio que interliga a persistente disseminação da pobreza nos EUA antes, durante e depois do colapso de 2008, é a hipertrofia do poder financeiro - que Marina quer vitaminar no Brasil.
É esse o elo entre a rastejante recuperação atual sob a batuta de Obama, a etapa aguda da crise que a antecedeu - capitaneada por Bush Jr - e, antes ainda, o período de apogeu que originou o desmonte regulatório do sistema financeiro legado por Roosevelt. Obra demolidora iniciada por Reagan (1981-1989), seguida da consolidação da hegemonia rentista sob a batuta do democrata Bill Clinton (1993-2001).
Radiografar essa espiral e traduzi-la para o idioma político destas eleições não é recorrer ao discurso do medo, como querem alguns.
São fatos que a retrospectiva norte-americana ilustra exaustivamente. Por exemplo:
1. Os salários da força de trabalho nos EUA estão em queda ou estagnados desde os anos 90;
2. Para 60% dos trabalhadores americanos , o valor da hora/trabalho estagnou ou caiu;
3. Em 1996 a renda média familiar já era inferior a de 1986 (uma corrosão que persiste);
4. O emprego estável esfarelou; a fatia dos trabalhadores com cerca de 10 anos no mesmo emprego caiu de 41% em 1979 para 35,4% em 1996 ( e embicou nos anos mais recentes);
5. A desigualdade se acentuou: a renda de uma família padrão de classe média encolheu, apesar do borbulhante fastígio rentista; apenas 10% dos lares abocanharam 85% dos ganhos propiciados pela farra financeira dos anos 80/90;
6. O trabalho se degradou: ao conquistar uma nova vaga, um desempregado ganha, em média, 13% menos que no trabalho anterior; em 1997, 30% dos empregos já operavam em tempo parcial, evidenciando uma economia que simultaneamente abdicou da indústria em troca dos ‘custos chineses’;
7. Nessa mutação estrutural , enquanto a fatia da renda apropriada pelos lares mais ricos (o 1% dos aplicadores em ativos) cresceu de 37,4% para 39%, o universo de lares sem ingressos ou com rendimento negativos saltou de 15,5% para 18,5%; na população negra, 31% dos lares tinham renda zero ou negativa em 1995.
Repita-se: tudo isso antes do colapso da subprime.
Esse paradoxo feito de desmonte industrial e exploração extrema, de um lado, e bonança rentista, do outro, só não explodiu antes graças à válvula de escape do endividamento maciço das famílias, que atingiu seu limite no estouro da bolha imobiliária, em 2008.
Os antecedentes mostram que a advertência feita pela propaganda de Dilma não é descabida.
É crucial para um projeto de desenvolvimento equitativo recompor e aprofundar a regulação do sistema financeiro, incluindo-se aí o controle sobre a mobilidade de capitais.
Foi isso que Dilma começou a dizer na CNBB. E Precisa continuar a dize-lo, de forma cada vez mais clara.
É isso que faz a propaganda vetada pelo procurador Janot.
Sem desmontar a supremacia financeira – e isso significa dar ao governo, ao Estado e à democracia os instrumentos de comando sobre o capital - será impossível consolidar um novo ciclo de investimento e alterar a redistribuição do excedente econômico no país.
Esse é um dos maiores desafios do desenvolvimento no século XXI
Mas para Marina o nome da crise é PT, não capitalismo destrambelhado.
Para Marina não existe conflito entre o fastígio dos banqueiros, e dos mercados financeiros, e os interesses populares.
O conflito que existe na sua constrangedora leitura da história é entre bons e maus; entre corruptos e elites bacanas; entre dilmas gerentonas e necas solícitas; entre o PT degenerado – que “colocou um diretor para assaltar os cofres da Petrobrás” - e a virtuosa turma de novos amigos dos mercados.
É nessa toada que Marina, Aécio e seus apêndices pretendem levar a flauta da campanha até o fim.
As candidaturas progressistas não podem sancionar essa anestesia do discernimento popular.
Discurso do medo, uma ova, é preciso dizer, mimetizando a sagaz Luciana Genro.
A crise evidenciou que na ausência de regulação estatal da finança, a genética autodestrutiva do sistema passa a operar em condições de baixa demanda efetiva, elevado desemprego e especulação suicida.
A superação do impasse só virá se e quando o Estado detiver maior poder de comando para exercer seu papel indutor do crédito e do investimento produtivo.
Contra isso se insurge o conservadorismo. E ao seu desfrute se oferece Marina Silva e o seu tripé: BC independente; desregulação do pré-sal e desmonte da CLT.
Discurso do medo? Uma ova.
Carta Maior, 18/09/2014
Neoliberalismo no Brasil, Capítulo III: Marina
Por Emir Sader
“O projeto neoliberal nunca foi tão claro como com a Marina.” (Dilma)
Capitulo I: Fernando Collor de Mello
O neoliberalismo chegou no Brasil no projeto do Collor. Seus carros-chefes midiático foram:
* os “marajás”, como forma de desqualificar aos servidores públicos e ao Estado em geral, estendendo a eles a situação de alguns privilegiados, para atacar o Estado e promover a centralidade do mercado;
* as “carroças”, como forma de promover a abertura do mercado nacional, desqualificando a produção brasileira e exaltando a globalização neoliberal.
A economia brasileira entrou numa profunda crise recessiva, como resultado de uma política aventureira, que confiscou as poupanças dos brasileiros. Foi o começo do escancaramento do mercado interno e a quebra das indústrias brasileiras diante da avalanche de ingresso de capitais estrangeiros. O Estado começou a ser desarticulado, pela adoção de políticas de privilégio do mercado.
Mas a queda de Fernando Collor se deu pelas denúncias de corrupção, como parte do saque do Estado. Deixou apenas começado o projeto neoliberal no Brasil.
Capítulo II: Fernando Henrique Cardoso
FHC retomou o projeto interrompido do Fernando Collor. O Plano Real foi a forma concreta de privilegiar o ajuste fiscal, tomando como objetivo central do seu governo a estabilidade monetária, o combate à inflação.
Nessa sua segunda versão, a estabilidade monetária promoveria distribuição de renda e retomaria o crescimento econômico, pela atração de capitais externos. O controle da inflação se transformou em dívida pública, que foi multiplicada por 10, enquanto a estabilidade monetária não se traduziu em distribuição de renda mas, ao contrário. A centralidade do mercado, a abertura ao mercado internacional, o desmonte do Estado, a precarização das relações de trabalho, acentuaram a desigualdade e a exclusão social.
O governo FHC foi derrotado pelo seu fracasso até mesmo em controlar a inflação, deixando uma herança maldita para o governo Lula, incluindo uma profunda e prolongada recessão. Os candidatos do seu partido foram sucessivamente derrotados, como expressão do fracasso do governo neoliberal de FHC.
Capitulo III: Marina Silva
Marina ocupa o lugar do tucano Aécio, que já havia demonstrado que pretendia assumir o projeto interrompido de FHC, incorporando a equipe econômica daquele governo. Sua iminente derrota e um acidente aéreo – de contornos obscuros – levou a que Marina Silva assumisse esse projeto.
Seu objetivo expressamente mencionado seria desalojar o PT do governo, mediante uma “nova política”, que na verdade se traduz na desqualificação do Estado e da política, assim como da polarização entre esquerda e direita.
O enunciado do seu programa contém postulados clássicos do neoliberalismo: independência do Banco Central, mudança da política de integração regional pela de livre comércio – expressa na Aliança para o Pacífico -, com a particularidade de rebaixamento do perfil do Pré-sal, como forma de abertura aos capitais estrangeiros na área petrolífera.
Esse projeto trata de não incorrer no erro de Aécio Neves, procurando revestir o projeto no envoltório de uma “nova política”, mas os traços neoliberais ficam perfeitamente à vista. Se faltasse algo, a equipe central da campanha é composta por uma banqueira e dois ideólogos típicos do neoliberalismo.
Os dois primeiros capítulos do neoliberalismo no Brasil se deram no auge desse modelo em escala mundial e latino-americano. O projeto da Marina seria de um neoliberalismo tardio, tendo fracassado no Brasil, na América Latina e no mundo.
Capitulo I: Fernando Collor de Mello
O neoliberalismo chegou no Brasil no projeto do Collor. Seus carros-chefes midiático foram:
* os “marajás”, como forma de desqualificar aos servidores públicos e ao Estado em geral, estendendo a eles a situação de alguns privilegiados, para atacar o Estado e promover a centralidade do mercado;
* as “carroças”, como forma de promover a abertura do mercado nacional, desqualificando a produção brasileira e exaltando a globalização neoliberal.
A economia brasileira entrou numa profunda crise recessiva, como resultado de uma política aventureira, que confiscou as poupanças dos brasileiros. Foi o começo do escancaramento do mercado interno e a quebra das indústrias brasileiras diante da avalanche de ingresso de capitais estrangeiros. O Estado começou a ser desarticulado, pela adoção de políticas de privilégio do mercado.
Mas a queda de Fernando Collor se deu pelas denúncias de corrupção, como parte do saque do Estado. Deixou apenas começado o projeto neoliberal no Brasil.
Capítulo II: Fernando Henrique Cardoso
FHC retomou o projeto interrompido do Fernando Collor. O Plano Real foi a forma concreta de privilegiar o ajuste fiscal, tomando como objetivo central do seu governo a estabilidade monetária, o combate à inflação.
Nessa sua segunda versão, a estabilidade monetária promoveria distribuição de renda e retomaria o crescimento econômico, pela atração de capitais externos. O controle da inflação se transformou em dívida pública, que foi multiplicada por 10, enquanto a estabilidade monetária não se traduziu em distribuição de renda mas, ao contrário. A centralidade do mercado, a abertura ao mercado internacional, o desmonte do Estado, a precarização das relações de trabalho, acentuaram a desigualdade e a exclusão social.
O governo FHC foi derrotado pelo seu fracasso até mesmo em controlar a inflação, deixando uma herança maldita para o governo Lula, incluindo uma profunda e prolongada recessão. Os candidatos do seu partido foram sucessivamente derrotados, como expressão do fracasso do governo neoliberal de FHC.
Capitulo III: Marina Silva
Marina ocupa o lugar do tucano Aécio, que já havia demonstrado que pretendia assumir o projeto interrompido de FHC, incorporando a equipe econômica daquele governo. Sua iminente derrota e um acidente aéreo – de contornos obscuros – levou a que Marina Silva assumisse esse projeto.
Seu objetivo expressamente mencionado seria desalojar o PT do governo, mediante uma “nova política”, que na verdade se traduz na desqualificação do Estado e da política, assim como da polarização entre esquerda e direita.
O enunciado do seu programa contém postulados clássicos do neoliberalismo: independência do Banco Central, mudança da política de integração regional pela de livre comércio – expressa na Aliança para o Pacífico -, com a particularidade de rebaixamento do perfil do Pré-sal, como forma de abertura aos capitais estrangeiros na área petrolífera.
Esse projeto trata de não incorrer no erro de Aécio Neves, procurando revestir o projeto no envoltório de uma “nova política”, mas os traços neoliberais ficam perfeitamente à vista. Se faltasse algo, a equipe central da campanha é composta por uma banqueira e dois ideólogos típicos do neoliberalismo.
Os dois primeiros capítulos do neoliberalismo no Brasil se deram no auge desse modelo em escala mundial e latino-americano. O projeto da Marina seria de um neoliberalismo tardio, tendo fracassado no Brasil, na América Latina e no mundo.
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