Brasil 247, 13 de Setembro de 2014
Vote nas lágrimas de Marina e quem vai chorar por último será você
Por Eduardo Guimarães
A eleição presidencial começou mesmo em 13 de agosto último, nem duas horas após o anúncio da morte de Eduardo Campos – o irmão dele já se oferecia para ser vice na chapa de Marina Silva, quem, no mesmo dia, já começava a fazer seus cálculos políticos.
A partir dali, a mídia transformou Marina em viúva-honorária do falecido. Durante mais de uma semana, TV, internet, rádio, revistas, jornais e o que mais se puder imaginar inundaram a sua vida, leitor, com imagens da viúva política de campos ostentando expressão de dor que só ela sabe afetar.
E, de quebra, vestindo preto.
Por alguma razão que este que escreve jamais compreendeu, Globo, Folha, Veja e Estadão acreditaram que a disparada de Marina se daria às custas dos votos de Dilma e não dos de Aécio, porque a pessebista seria “de esquerda” como a petista.
Tolinhos…
Marina, porém, como foi previsto aqui tantas vezes, tornou-se problema imediato de Aécio, não de Dilma. Assim, tal qual vampira sugou os votos do tucano até deixa-lo literalmente exangue, eleitoralmente.
Fico só imaginando a cara desses apalermados da mídia corporativa ao perceberem o tiro de bazuca que haviam dado no próprio pé.
Eis, então, que, confiante na estupidez do eleitorado, a mídia desanda a espancar aquela em quem ainda não confiava – justamente por caírem na dela e acreditarem-na “de esquerda” –, na esperança de ressuscitar o tucano abatido em voo baixo.
Volto a ver, em pensamento, a expressão abobalhada que se estampou nas fuças dos “doutores” em tudo que infestam a imprensa brasileira.
Agora, os “geniais” apalermados e abobalhados barões da mídia tiveram mais um plano infalível: transformar em agressão torpe, baixaria, golpe abaixo da cintura Dilma meramente travar o debate político sobre as propostas vacilantes da adversária.
Querem impedir que Dilma reaja ao que fez Marina no debate da Band, que aconteceu não faz nem um mês, quando a verdinha espancou os dois principais adversários enquanto estes se encolhiam ante a agressão de alguém recém-canonizada.
Apesar dos fatos sobre quem começou a troca de críticas, a capa da Veja desta semana e as da Folha de São Paulo dos últimos dias inventaram uma santinha esmagada pela truculência de uma Dilma mostrada como destemperada, covarde e todos os outros adjetivos necessários à caricatura.
Será que vou precisar resgatar a montanha de matérias da própria grande mídia reconhecendo que quem começou a pancadaria foi Marina no debate da Band ou a mídia golpista de direita prefere reconhecer já que Marina chorar agora por simplesmente ser criticada, logo após ter partido para cima dos que só revidam, não passa da mais pura vigarice?
Quão trouxa é o eleitorado brasileiro? Já se viu que não tanto quanto pareceu no momentum da passagem de Eduardo Campos.
Aos poucos, as pessoas foram se posicionando – mais rapidamente no lado de Marina e mais lentamente no lado de Dilma –, e o país se dividiu em igualdade de partes. Como se disse aqui tantas vezes, esta eleição será decidida por margem exígua, talvez por uma casa decimal.
Nesse quadro, a eleição pode caminhar para uma loteria. Afinal, há muito trouxa no Brasil capaz de votar em lágrimas ou em viúvas de araque que chegam a fazer “selfie” sobre o caixão do “cônjuge” recém-saído desta para melhor.
Se o pior suceder, se ficar provado que a maioria do povo brasileiro é composta por trouxas e se, assim, Marina vencer a eleição presidencial, quem irá chorar por último serão eles. Muito poucos irão ganhar em um governo de banqueiros e barões da mídia.
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Brasil 247, 13 de Setembro de 2014
Lula: “Marina não precisa de inverdades para chorar”
247 – O ex-presidente Lula rejeitou as lágrimas que a candidata Marina Silva, do PSB, verteu ao falar dele, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. "Se ela quer chorar, que chore por outras coisas, não por mim", reagiu Lula, ao ser abordado sobre a atitude da ex-ministra. Ela disse ter aprendido com o ex-presidente que "a esperança vence o medo", mas que não pode "controlar o que Lula pode fazer contra mim". Neste momento, lacrimejou.
Lula, ao que se viu, não se sensibilizou nem um pouco. Ao contrário. Ao fazer campanha no bairro do Sapopemba, em São Paulo, Lula desatou uma espécie de lição de moral sobre a adversária, do alto do palanque montado para a campanha do candidato a governador Alexandre Padilha:
- Não gosto de usar nomes de adversários em palanque. Mas hoje, supreendentemente, vi numa manchete que Marina chorou ao falar do Lula. A dona Marina não precisa falar inverdades para chorar por mim. Se ela quiser chorar, que chore por outras coisas., iniciou Lula ao público:
- Nunca deixei de ter relações de amizade por causa de política. Nunca falei mal da dona Marina e vou morrer sem falar mal dela. Ela é quem tem que se explicar, porque ganhou todos os cargos do PT e agora está falando mal do PT. Um verdadeiro líder não muda de partido a toda hora, não muda de opinião. Um líder evolui, assim como Dilma evoluiu - discursou Lula. O evento teve a presença de Padilha, do candidato a senador Eduardo Suplicy e do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.
Lula deixou no ar a suspeita de que, para ele, as lágrimas de Marina tiveram origem no fato de ela não ter sido escolhida como sua sucessora política:
- Na hora que eu tinha de escolher para quem ia entregar o direito de dirigir o País, tinha de entregar para a pessoa que achava mais preparada", disse Lula, referindo-se à presidente Dilma Rousseff.
"ELA É QUE NOS ACUSOU DE TER COLOCADO LADRÃO NA PETROBRAS" - O ex-presidente se mostrou diretamente incomodado pelos ataques desferidos por Marina contra a gestão da Petrobras. Ela aproveitou a repercussão da delação premiada do ex-diretor Paulo Roberto Costa para acusar o PT de nomear diretores corruptos para a estatal. O presidente do PT, Rui Falcão, procurou justificar a dura resposta de Lula:
- Não temos atacado a candidata. Ao contrário, ela que nos acusou de ter colocado um ladrão na Petrobras. Está sendo processada por isso, inclusive, disse Falcão, que continuou:
- Temos criticado o programa dela. Não temos nada contra ela, temos contra o programa, discordamos dele. Não tem campanha do medo. Estamos dizendo que ela é apoiada pelos banqueiros. Será que o povo tem medo dos banqueiros? O programa dela fala em desmontar indústria, em dar independência ao Banco Central, em terceirização. Isso deve estar intimidando as pessoas quando conhecem o programa de governo dela. Não estamos estimulando o medo em relação a ninguém. Quem quer ser presidente da República, precisa ter mais controle, mais firmeza. Ela está com muitas idas e vindas, o que sugere insegurança na população — disse Falcão.
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