Cão carrega uma placa com a frase
"Gananciosa Wall Street, pare de furtar meu osso"
durante protesto do movimento Ocupe Wall Street em Manhattan, em Nova York (EUA)
durante protesto do movimento Ocupe Wall Street em Manhattan, em Nova York (EUA)
Sexta-Feira, 23 de Dezembro de 2011
2011/2012: PERGUNTAS QUE GRITAM
Os bancos estatais brasileiros mais que dobraram seus empréstimos desde o início da crise mundial, em setembro de 2008. Nesses três anos, o saldo das carteiras do BB, Caixa Econômica e BNDES, entre outros, cresceu 123%; a banca privada registrou um avanço bem mais modesto no período: 55%. O pressuposto que orientou a contração dos empréstimos, e que levaria a uma dramática recessão não fosse o contrapeso da liquidez estatal, foi uma avaliação de risco que se revelou errada. Em vez de aumentar, como previam os altos executivos dos bancos privados, a inadimplência, segundo informa o jornal Valor desta 5ª feira, diminuiu no período.
No caso do BNDEs, por exemplo, o maior banco estatal de desenvolvimento do Ocidente, alvo permanente da fuzilaria ortodoxa pelos critérios desenvolvimentistas de suas liberações, a taxa de inadimplência acima de 90 dias é de irrisórios 0,12%. Na média,a inadimplência no sistema financeiro estatal é hoje inferior à metade da registrada nas corporações de crédito privadas (2,1% e 4,8%).
Resumindo, na decisiva artéria do crédito à economia, os bancos estatais reagem mais depressa e com maior acerto diante de uma crise; dispõem de analistas de conjuntura mais competentes e administram com maior eficácia o risco da inadimplência.
Uma das perguntas que a crise grita aos ouvidos da esquerda brasileira e mundial - que até agora fez ouvidos moucos a ela - argui precisamente isso. Por que uma área tão importante quanto o fornecimento do crédito à economia deve permanecer predominantemente em mãos particulares se quando a sociedade mais precisa dela ouve um esférico ' salve-se quem puder'? Sobretudo numa Europa agônica, cuja economia encontra-se travada pelo espectro do esfarelamento bancário - que só respira a custa de gigantesca transfusão de meio trilhão de euros dos contribuintes, a juros de pai para filho de 1% ao ano - por que a estatização do setor financeiro continua ausente do discurso da esquerda?
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