A cara da dignidade
Por Emir Sader
Que bom que uma foto como essa reflita um momento como esse, com essa cara de dignidade, enfrentando seus algozes, que escondem seus rostos!
Que bom que essa foto reflita a cara de uma militante depois de 22 dias e noites das torturas mais cruéis – de pau de arara, choque elétrico, afogamento e outras violências físicas -, como não se quebra a coragem de um ser humano que se decidiu a lutar contra as injustiças!
Que bom que as novas gerações possam ver isto, quem estava de cada lado, quem dava a cara e quem escondia a cara!
Que bom que uma foto como esta venha a público quando a Comissao da Verdade está prestes a começar a funcionar e alguns ainda pretendem passar a ideia de que eram dois grupos armados digladiando-se, como se não houvesse quem estava do lado da ditadura e quem estava do lado da democracia!
Que bom que os jovens de 22 anos possam hoje ver o que foi a vida daquelas gerações dos que lutamos contra a ditadura!
Que bom que pudemos ter gerações com aquela, que lutaram com dignidade, não medindo sacrifícios, para que pudéssemos derrotar a ditadura!
Que bom que se possa romper a censura da velha mídia e publicar fotos como essa e outras daquela época, de tão triste memória para o país, e que os que estiverem implicados nela querem fazer esquecer.
Que bom que existam pessoas que enfrentaram e seguem enfrentando as injustiças com essa coragem e essa dignidade.
Que bom que tenhamos uma mulher assim como Presidenta do Brasil!
.....
UOL, 03/12/2011
O livro “A vida quer coragem”, de Ricardo Amaral, biografia da presidente Dilma Rousseff,traz uma foto até hoje inédita de quando ela prestava depoimento em novembro de 1970. O lançamento do livro, da Editora Primeiro Plano, está previsto para este mês de dezembro.
Dilma tinha 22 anos e estava presa acusada de subversão contra o regime militar, uma ditadura. O interrogatório ocorreu na sede da Auditoria Militar do Rio de Janeiro, embora ela tivesse sido presa em São Paulo. Eis a foto de 1970:
Além dessa foto de 1970 há uma outra, de 1972. Foi publicada originalmente pelo jornal “Estado de Minas”, mas depois esquecida. Na imagem estão no banco dos réus da Justiça Militar, da esquerda para a direita, começando pela fileira de cima: Ageu Lisboa, Fernando Pimentel (de óculos, atual ministro da Indústria), Gilberto Vasconcelos, o Giba (pai de Beto Vasconcelos, atual subchefe da Subchefia de Assuntos Jurídicos da Casa Civil) e Dilma Rousseff.
Embaixo, na primeira fila, da esquerda para a direita, Marco Antonio Rocha (de óculos escuros e braços cruzados, jornalista da Manchete na época), José Raimundo Alves Pinto e Guido Rocha.
No texto dessa reportagem, o jornal “Estado de Minas” relatava que Dilma e os outros os condenados foram considerados culpados por terem “atentado contra o regime para a tomada do poder pela luta armada, dentro de um plano com outras organizações terroristas, através [sic] do incitamento, propaganda subversiva e posse de armas e outros atos terroristas”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário