quinta-feira, 12 de maio de 2016

Das próximas etapas do golpe

CartaCapital, 09/05/16


Editorial

Brasil? Lilliput



Por Mino Carta



O impeachment de Dilma Rousseff não passa de uma etapa do golpe, outras hão de vir.

Há quem exclame, não é golpe. Como há de ser chamado então todo esse entrecho que agora sacramenta o impeachment tirado da cartola, ao longo de um complô, a unir juízes, promotores, polícia, empresariado e mídia para rasgar a Constituição ao derrubar a presidenta legitimamente eleita sem prova do crime de responsabilidade. Do alto da sua hipocrisia, a casa-grande recorre a tecnicalidades para justificar suas mentiras.

Nunca aos meus olhos foi tão evidente a prepotência dos eternos donos do poder, prontos a aproveitar o momento de fragilidade de um país, por eles mesmos condenado a não passar de exportador de commodities, para desferir um golpe de feitio inédito.


Os conspiradores vitoriosos não hesitam em se apresentar como patriotas quando nada fizeram por sua terra ao satisfazer apenas e tão somente a sua ganância.

Elite da pior qualidade.

Devemos à dita elite nativa a permanência da senzala, a educação precária do povo, a saúde mais ainda. Mas os próprios autores da desgraça não primam pela sabedoria, pela cultura, pela visão profunda das coisas da vida e do mundo. Em geral, toscos até a medula, embora arrogantes.

De certa forma criaram o país que lhes convém, e tragaram na esteira dos seus comportamentos quem haveria de resistir e apontar a direção certa.

Na tentativa de imaginar o que virá, é fácil antever o futuro. O loteamento dos bens brasileiros, o distanciamento dos BRICS para a alegria de Tio Sam, Alca em lugar de Mercosul. Etc. etc.

Antes ainda, a punição do trabalho, e aqui a alegria será da Fiesp e quejandos. Antes de tudo, a punição do Brasil e da maioria abandonada ao seu destino, em boa parte incapaz de perceber e avaliar a imponência da tragédia.

O que espanta é a profusão de bandeiras desfraldadas, a enfeitarem fachadas e carros, ou envolverem cidadãos ignaros. Celebra-se, igual à conquista de uma Taça do Mundo, o enterro do Estado de Direito. O espetáculo é assustador sem deixar de ser patético, reação parva, para não dizer demente, à fatal prepotência cometida contra qualquer propósito democrático. Se quiserem, contra quem se embandeira.

Suponho que, se Gulliver decidisse hoje partir na rota de Lilliput, não teria maiores dificuldades ao aportar no Brasil.



Conversa Afiada, 12/05/16


O pit-bull e o vetusticida



De Leandro Fortes, no facebook



O novo ministério é de notáveis !

O ministério das Comunicações continuará, como foi nos Governos Lula e Dilma, sob o controle da Globo: agora, com o mutante Gilberto Kassab, que saiu por uma porta e entrou pela outra, sem ir em casa trocar de cuecas.

O Banco Central é do Itaú (Goldfajn).

Natural.

O Itaúúú financiou a reeleição do Fernando Henrique, aquela mega-pedalada – que o Palmério Dória descreve em “O Príncipe da Privataria– e não haveria de faltar ao Temer, agora.

Eliseu “Quadrilha”, segundo ACM.

Geddel, que a Bahia conhece de todas as suas fazendas.

O gatinho angorá deve estar em busca da senha do cofre, diria o FHC, segundo o ACM.

Jucá.

Sem aditivos.

Cerra, que deve ter recebido com orgasmo incontido a posição do Obama: não foi Golpe!

Mas, há alguns pontos de interjeição.

Ricardo Barros vai para a Saúde.

Os pobres estão fritos.

Na Comissão de Orçamento da Câmara, Barros quis tirar a verba do Bolsa Família.

Imaginem o que fará com as velhinhas do SUS.

Mendonça Filho, cuja cultura e erudição se tornam o espelho do novo Ministério da Educação e Cultura.

Mendoncinha foi o pai da emenda (comprada) da reeleição do FHC – e, portanto, tem a ossatura moral para acabar com o ENEM, o FIES, o ProUni, Ciências sem Fronteiras e todas essas safadezas lulo-petistas.

Jungmann na Defesa é uma ofensa a Caxias e Tamandaré !

E a todos nós, portanto !

Mas, o ansioso blogueiro gostaria de chamar a atenção de dois novos ministros e suas atribuições.

Um é o “pit-bull” do Temer, o Ministro da Justiça Alexandre Moraes, homem de confiança do Temer, do Alckmin (é do PSDB) e do Eduardo Cunha, porque seu advogado foi.

Quem o chama de “pit-bull” é uma colonista do PiG cheiroso,  Maria Cristina Fernandes.

Lembra que o pit-bull já ameaçou o Stédile e o Boulos com cacete.

E não é do tipo de Secretário de Segurança que deixa a policia avisar de uma operação quando ela ja foi disparada (é o que a PF, sede da sedição, fazia com o Cardozo).

Moares teve um traço interessante como Secretário de Segurança de São Paulo: uma enorme dificuldade para apurar os crimes cometidos por seus subordinados.

Nenhuma polícia mata mais que a polícia de São Paulo.

E é a mais impune !

A repressão feroz será um eixo dominante do governo Temer.

Ainda mais se o General Etchegoyen  assumir a ABIN, à semelhança do SNI do Golbery.

O outro eixo dominante será essa soma de Fazenda e Previdência, sob as ordens de um único ministro, o Henrique Meirelles.

(Ah, se o Meirelles soubesse o que o Delfim acha dele ...)

Só na ditadura militar houve, de fato, essa subordinação da Previdência à Economia, com Roberto Campos e Otavio Gouveia de Bulhões.

(Embora, formalmente existisse um ministério do Trabalho e da Previdência)

Foi quando os militares acabaram com a estabilidade de Vargas e os institutos de Previdência.

É o que volta agora.


A fusão dos ministérios significa que o Temer e o Meirelles acreditam que, se não derem um pau nos velhinhos, o “mercado” não vai acreditar neles.

Pau nos velhinhos e as agências de risco exultarão.

Como na Grécia, na Espanha e nos países sob a ocupação das botas Giorgio Armani dos “técnicos” do FMI.

É por aí que a roda vai girar.

Com o pit-bull e o vetusticida.

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