Domingo, 29 de Setembro de 2013
Jornadas de junho: jovens, trabalhadores e descrentes da ascenção social
Antonio Lassance
Os manifestantes das jornadas de junho deste ano eram sobretudo jovens trabalhadores e descrentes da ascenção social . Essa é uma das conclusões da pesquisa coordenada pelo professor Marcelo Ridenti, da Universidade de Campinas (Unicamp), apresentada em mesa do encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs).
Segundo Ridenti, os manifestantes souberam se expressar nos moldes da sociedade do espetáculo e da cultura da celebridade, disse fazendo referência a Guy Debord (1931-1994) e sua obra, "A Sociedade do Espetáculo" (DEBORD, Guy. La société du spetacle. Paris, Buchet-Chastel, 1967).
O professor destaca a diferença essencial dos protestos ocorridos no Brasil em relação a outros países. Por aqui, são jovens com emprego. A maioria trabalha, são recém-formados e nem sempre encontram, no trabalho, a possibilidade de manter o mesmo padrão de vida familiar ao qual estavam acostumados em suas famílias de classe média. Desconfiam de suas próprias possibilidades de ascensão social pelo estudo.
Uma pesquisa anterior, feita pelo Ibope, trouxe dados similares ao do perfil encontrado pelos pesquisadores da Unicamp. Cerca de 63% dos manifestantes tinham entre 14 a 29 anos, enquanto 18% tinham entre 30 a 29 anos. Cerca de 93% tinham o ensino fundamental completo e nível superior incompleto ou já completo. Em torno de 76% trabalham. A maioria ganha entre 2 a 5 salários mínimos, sendo que 26% estão na faixa de remuneração de 5 a 10 salários mínimos.
É uma contradição da própria melhoria das condições sociais do país na última década. Hoje, conforme lembra Ridenti, existem quase 7 milhões de universitários, o dobro do que era, uma década atrás.As chances de ascensão, nesse sentido, exigem mais dos jovens de classe média, hoje, do que no passado. Seu futuro é incerto. A única coisa segura é que eles vieram para ficar.
Antonio Lassance é cientista político e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). As opiniões expressas neste artigo não refletem necessariamente opiniões do Instituto.
Segundo Ridenti, os manifestantes souberam se expressar nos moldes da sociedade do espetáculo e da cultura da celebridade, disse fazendo referência a Guy Debord (1931-1994) e sua obra, "A Sociedade do Espetáculo" (DEBORD, Guy. La société du spetacle. Paris, Buchet-Chastel, 1967).
O professor destaca a diferença essencial dos protestos ocorridos no Brasil em relação a outros países. Por aqui, são jovens com emprego. A maioria trabalha, são recém-formados e nem sempre encontram, no trabalho, a possibilidade de manter o mesmo padrão de vida familiar ao qual estavam acostumados em suas famílias de classe média. Desconfiam de suas próprias possibilidades de ascensão social pelo estudo.
Uma pesquisa anterior, feita pelo Ibope, trouxe dados similares ao do perfil encontrado pelos pesquisadores da Unicamp. Cerca de 63% dos manifestantes tinham entre 14 a 29 anos, enquanto 18% tinham entre 30 a 29 anos. Cerca de 93% tinham o ensino fundamental completo e nível superior incompleto ou já completo. Em torno de 76% trabalham. A maioria ganha entre 2 a 5 salários mínimos, sendo que 26% estão na faixa de remuneração de 5 a 10 salários mínimos.
É uma contradição da própria melhoria das condições sociais do país na última década. Hoje, conforme lembra Ridenti, existem quase 7 milhões de universitários, o dobro do que era, uma década atrás.As chances de ascensão, nesse sentido, exigem mais dos jovens de classe média, hoje, do que no passado. Seu futuro é incerto. A única coisa segura é que eles vieram para ficar.
Antonio Lassance é cientista político e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). As opiniões expressas neste artigo não refletem necessariamente opiniões do Instituto.
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