Causa Operária, 19/03/17
A Operação deflagrada pela Polícia Federal na última semana tomou conta dos noticiários. Cada operação um setor da indústria nacional é desmontado.
Em seu caminho, a Operação Lava Jato foi arrasando a Petrobras, com o objetivo de concluir a privatização que FHC iniciou; a Odebrecht, para entregar o mercado brasileiro e os nichos que ela havia conquistado no exterior para as empresas estrangeiras; o desenvolvimento da indústria nuclear, naval, entre outras. A Lava Jato é a operação golpista por excelência, que tocou nos ramos mais vitais da economia brasileira que também é a que o imperialismo mais deseja dominar.
A 'Carne Fraca' é um desenvolvimento do ataque do imperialismo à indústria nacional. A JBS e a BRF são as principais empresas do setor e disputam há anos o mercado nacional. Elas tiveram enorme crescimento durante os governos do PT, que aumentou o investimento estatal, por meio do BNDES.
Com isso, o Brasil se tornou líder mundial em exportação de carne bovina e de frango. A JBS tem 200 mil funcionários; é o maior frigorífico do mundo e exporta para 150 países. Já a BRF exporta para 120 países e domina 14% do mercado mundial de aves.
A grande preocupação das empresas, e expectativa dos outros dois grandes exportadores de carne, Estados Unidos e Austrália, é que a Operação cause um sério abalo à posição conquistada no mercado internacional.
As denúncias ocorrem em um momento em que, embora tenha sofrido uma perda nos lucros, as empresas estão procurando expandir sua atuação para ainda mais países, inclusive os próprios Estados Unidos, e não um momento de declínio, o que deixa evidente que se trata de uma operação comercial que tem como objetivo derrubar um competidor.
Enquanto jornais norte-americanos, como o New York Times, torcem pela queda da indústria de carnes brasileira, a União Europeia, grande compradora dos produtos, ameaça restringir a entrada da carne brasileira. As Associações agro-pecuaristas já consideram que a operação levará o setor à maior crise da sua história.
A Polícia Federal e a Justiça agiram rápido. Prenderam um diretor da BRF nesse sábado, bloquearam bens dos investigados e cumpriram mais de 300 mandados judiciais no que é considerada a maior operação da história da Polícia Federal, envolvendo mais de mil policiais.
A imprensa capitalista faz o “marketing” da operação, cujo foco não é a corrupção, como no caso da Lava Jato, mas a adulteração dos produtos, o uso de produtos químicos e a venda de carne vencida. Tais denúncias só podem ter como resultado a demolição desse setor da indústria. O que significa a perda da liderança do Brasil no ramo, a destruição dessas empresas gigantescas, o fechamento de fábricas, milhares de demissões e uma crise enorme no campo brasileiro.
É evidente que a Polícia Federal não está causando tamanho estrago em razão da corrupção e pela preocupação com o bem-estar da população.
Os maiores interessados nos efeitos da operação são os Estados Unidos, um dos países que competem com o Brasil pela liderança desses mercados e que está ávido por dominar todos os nichos ocupados hoje pelas empresas brasileiras.
Junto com o ataque às empresas, está o ataque ao próprio PMDB, já mencionado como responsáveis nos esquemas de corrupção. O golpe caminha no sentido de tirar o PMDB e colocar setores mais ferozmente pró-imperialistas.
O plano dos golpistas é transformar o Brasil numa verdadeira terra arrasada. Um país sem indústria, mergulhado numa incrível situação de miséria, obrigado a importar os bens de consumo mais elementares, ou seja, completamente dependente dos países imperialistas. Detrás das supostas boas intenções estão os monopólios estrangeiros, corruptos, criminosos e genocidas.
Operação Carne Fraca: mais um passo para a destruição da indústria nacional
A Operação deflagrada pela Polícia Federal na última semana tomou conta dos noticiários. Cada operação um setor da indústria nacional é desmontado.
Em seu caminho, a Operação Lava Jato foi arrasando a Petrobras, com o objetivo de concluir a privatização que FHC iniciou; a Odebrecht, para entregar o mercado brasileiro e os nichos que ela havia conquistado no exterior para as empresas estrangeiras; o desenvolvimento da indústria nuclear, naval, entre outras. A Lava Jato é a operação golpista por excelência, que tocou nos ramos mais vitais da economia brasileira que também é a que o imperialismo mais deseja dominar.
A 'Carne Fraca' é um desenvolvimento do ataque do imperialismo à indústria nacional. A JBS e a BRF são as principais empresas do setor e disputam há anos o mercado nacional. Elas tiveram enorme crescimento durante os governos do PT, que aumentou o investimento estatal, por meio do BNDES.
Com isso, o Brasil se tornou líder mundial em exportação de carne bovina e de frango. A JBS tem 200 mil funcionários; é o maior frigorífico do mundo e exporta para 150 países. Já a BRF exporta para 120 países e domina 14% do mercado mundial de aves.
A grande preocupação das empresas, e expectativa dos outros dois grandes exportadores de carne, Estados Unidos e Austrália, é que a Operação cause um sério abalo à posição conquistada no mercado internacional.
As denúncias ocorrem em um momento em que, embora tenha sofrido uma perda nos lucros, as empresas estão procurando expandir sua atuação para ainda mais países, inclusive os próprios Estados Unidos, e não um momento de declínio, o que deixa evidente que se trata de uma operação comercial que tem como objetivo derrubar um competidor.
Enquanto jornais norte-americanos, como o New York Times, torcem pela queda da indústria de carnes brasileira, a União Europeia, grande compradora dos produtos, ameaça restringir a entrada da carne brasileira. As Associações agro-pecuaristas já consideram que a operação levará o setor à maior crise da sua história.
A Polícia Federal e a Justiça agiram rápido. Prenderam um diretor da BRF nesse sábado, bloquearam bens dos investigados e cumpriram mais de 300 mandados judiciais no que é considerada a maior operação da história da Polícia Federal, envolvendo mais de mil policiais.
A imprensa capitalista faz o “marketing” da operação, cujo foco não é a corrupção, como no caso da Lava Jato, mas a adulteração dos produtos, o uso de produtos químicos e a venda de carne vencida. Tais denúncias só podem ter como resultado a demolição desse setor da indústria. O que significa a perda da liderança do Brasil no ramo, a destruição dessas empresas gigantescas, o fechamento de fábricas, milhares de demissões e uma crise enorme no campo brasileiro.
É evidente que a Polícia Federal não está causando tamanho estrago em razão da corrupção e pela preocupação com o bem-estar da população.
Os maiores interessados nos efeitos da operação são os Estados Unidos, um dos países que competem com o Brasil pela liderança desses mercados e que está ávido por dominar todos os nichos ocupados hoje pelas empresas brasileiras.
Junto com o ataque às empresas, está o ataque ao próprio PMDB, já mencionado como responsáveis nos esquemas de corrupção. O golpe caminha no sentido de tirar o PMDB e colocar setores mais ferozmente pró-imperialistas.
O plano dos golpistas é transformar o Brasil numa verdadeira terra arrasada. Um país sem indústria, mergulhado numa incrível situação de miséria, obrigado a importar os bens de consumo mais elementares, ou seja, completamente dependente dos países imperialistas. Detrás das supostas boas intenções estão os monopólios estrangeiros, corruptos, criminosos e genocidas.
Opera Mundi, 20/03/17
Por Gilberto Maringoni
1. A espetacular ação do Ministério Público e da Polícia Federal contra alguns frigoríficos instaurou uma polêmica nas redes: qual a extensão do problema e que tipo de punição aplicar às empresas e seus controladores?
Carne Fraca: defender as empresas não significa defender o que elas fazem
Por Gilberto Maringoni
1. A espetacular ação do Ministério Público e da Polícia Federal contra alguns frigoríficos instaurou uma polêmica nas redes: qual a extensão do problema e que tipo de punição aplicar às empresas e seus controladores?
2. A primeira questão é decisiva, mas está quase fora da pauta. Não se sabe, estatisticamente, se os problemas demonstram que as carnes das gigantes do agronegócio configuram uma amostragem científica de que toda a produção está comprometida, ou não. A detecção de um problema em cidades do Paraná expressaria uma tendência da produção nacional?
3. Sem responder a essa questão, tudo o mais fica comprometido como análise séria;
4. No entanto, com o espetáculo midiático, outro tema entrou em tela: caso se comprovem as acusações de venda de produtos contaminados, quimicamente manipulados com substâncias nocivas à saúde ou corrupção de agentes públicos e privados, quais devem ser e contra quem devem incidir as sanções legais.
5. Aqui surge uma falsa questão, no âmbito da esquerda. De um lado, há os que julgam imprescindível a penalização das empresas, por degradarem o meio ambiente, explorarem trabalhadores, cometerem crimes contra a população etc. etc.
6. De outro, há os que – como eu – entendem que empresas não são entes dotados de vontade própria e que penalizá-las – com bloqueio de acesso a créditos oficiais, veto a compras governamentais, não emissão de certificados de qualidade, boicote aos produtos e tudo o mais – implica a quebra não apenas destas, mas de toda a cadeia do agronegócio, que vai do pequeno produtor, rede de fornecedores de insumos, equipamentos e tecnologia, indústria de grãos, milhares de empregos e, principalmente, tecnologia acumulada ao longo de décadas.
7. Assim, punidos deveriam ser donos, acionistas, técnicos e responsáveis por essa sequência produtiva. Punidos com afastamento da direção dos negócios, multas, arresto de bens e prisão, de acordo com a legislação vigente. No limite, intervenção oficial ou estatização dos negócios.
8. A defesa das empresas não significa a defesa das empresas tal como elas são, mas a defesa de conhecimento acumulado e nichos de mercado na e pela economia brasileira. Não vi, até agora, entre a esquerda, ninguém defendendo a salvação de uma incerta “burguesia brasileira” ou da “fraude nacional”, como, com evidente má-fé, alguns fizeram por aqui.
9. Não se está tampouco defendendo uma “conciliação de classes”, a partir de um raciocínio plano.
10. O que seria penalizar uma empresa? Seria destruí-la? Vender seus ativos a retalho? Detonar as marcas? Isso tem sido feito na cadeia da indústria naval e da construção civil, deixando donos e controladores – esses sim responsáveis por escândalos de corrupção – livres, leves e soltos. E essas fatias do mercado começam a ficar livres para serem ocupadas por conglomerados transnacionais.
11. Os que dizem professar um marxismo puro logo alegam a desimportância do processo. Repetem bordões como “capital não tem pátria” e “isso seria uma agressão aos trabalhadores”. Cumpre lembrar que capital realmente não tem pátria, mas a sede da enorme maioria das corporações globais se situa no hemisfério Norte, para onde migram lucros, recolhimento de impostos e mais-valia acumulada no sul.
12. Há evidentes diferenças entre empresas aqui sediadas e que reinvestem seu lucro aqui e as que remetem a maior parte dele para fora e só se expandem mediante créditos, desonerações e subsídios oficiais. Assim, não se trata de alardear que quem defende a não destruição das empresas desposa a tese de que empresas nacionais exploram menos o trabalhador que suas congêneres globais;
13. Denunciar os males do agronegócio, suas relações de trabalho e danos ambientais não é difícil. A maior parte de tais denúncias é verdadeira, e ninguém – entre a esquerda – parece desejar encobri-los. São relações encontradiças em qualquer empresa capitalista. O que está em tela no caso Carne Fraca – me parece – não é a superação do capitalismo, mas a investigação de possíveis fraudes.
14. Lamentavelmente, até onde sei – não li ainda os jornais de hoje – o socialismo não está na agenda imediata. Assim, qualquer solução colocada para as empresas estará inscrita no universo de uma economia de mercado, com os instrumentos que o Estado (burguês!) dispõe.
15. Quebrar as empresas equivale a desnacionalizá-las. Nada garante que, por serem companhias de capital aberto, o processo de desnacionalização não aconteça com as mesmas nas mãos de seus atuais controladores, como elas estão. Os casos da TAM e da Ambev estão aí, frescos na memória de todos. Logo, manter as coisas como estão tampouco é solução.
16. Se destruir empresas que incidiram em práticas corruptas fosse solução, Lockheed, Alstom, Siemens, Samsung, IBM, ITT, Volkswagen e tantas outras não mais estariam entre nós. Achar que JBS e outras expressam a corrupção inata do Brasil, existente desde a Carta de Caminha, é incidir na velha teoria das classes dominantes de que este seria um país inviável;
17. A solução – repetindo – é punir exemplarmente proprietários, acionistas e responsáveis pela possível bandalha e preservar marcas, ativos, mercados e conhecimento acumulado. A carne brasileira não teria entrada em mais de uma centena de países – a maioria com duras regras de fiscalização fitossanitária – se alguma qualidade não tivesse.
18. O mercado da carne é extremamente competitivo em termos globais. Perdê-lo seria um harakiri econômico de difícil reversão num país em crise. Trata-se da produção de commodities? Sim. Mas não é detonando a produção doméstica que se reverterá a primarização acelerada da economia brasileira.
19. Por fim, alguns contrapõem a produção das empresas-gigante – nociva e podre – à de pequenos produtores – virtuosos e higiênicos. Além de ingênuo, o raciocínio não leva em conta o processo de extrema monopolização do setor, operado na última década. Pequenos e médios produtores fazem parte hoje – em sua maioria – da cadeia produtiva das grandes. Quebrariam todas juntas, como carreira de dominó. No caso dos "orgânicos", sua produção, por falta de escala e fatores logísticos, não supre nem em médio prazo a demanda e têm preços inacessíveis para a grande massa da população.
20. No mais, defender empresas não tem nada a ver com defender burguesias nacionais, internas ou rurais.
Tijolaço, 19/03/17
Temer, o imbecil, leva embaixadores para comer carne importada
Por Fernando Brito
Michel Temer não consegue deixar de ser o que é: um medíocre, um imbecil, um falso.
O Estadão foi perguntar aos garçons da churrascaria para onde levou os representantes dos importadores de carne brasileira, em Brasília, depois de uma reunião em que, de prático, anunciou uma “auditoria” sobre a fiscalização sanitária, como se os frigoríficos que, porventura, estivessem praticando irregularidades não estivessem, desde sexta-feira, mais apertados que boca de bode.
Não deu outra, no governo da piada pronta: a tal churrascaria só serve carne bovina importada da Argentina, Uruguai e Austrália.
Muito mais sério, porém, e nada hilariante, é a acusação de que a Polícia Federal agiu “de orelhada”, que não tem laudos para dar suporte às acusações que fez e que pôs, assim, não apenas o Governo como pateta – afinal, posição que não lhe é estranha – mas um importante segmento da indústria brasileira sob sério risco.
Com picanha argentina e “t-bone” australiano na “boca livre” dada aos gringos, é claro que isso não vai ficar na base do “mal-entendido”.
O ministro-Salmonella, Osmar Serraglio, nem sequer foi convidado – nem para a reunião, nem para o regabofe – porque ele, sim, já exala maus cheiro que não há vitamina C que disfarce. Tudo indica que já foi descartado.
O diretor da PF, por conta de bois, porcos e frangos, está a ponto de pagar o pato e o delegado Maurício Moscardi e a turma da Lava-Jato deram mais um passo para o controle do Ministério da Justiça.
Ou alguém acha que há peito para afastar e adotar providências disciplinares para afastar um delegado “lavajateiro”, mesmo que ele tenha feito uma “caca” de centenas de milhões de dólares?
Não podem, senão vão dizer que caiu por proteção aos frigoríficos, com apoio até de uma pseudo-esquerda, pela cabeça da qual passa a esdrúxula ideia de que o policialismo pode trazer alguma coisa de bom.
E por uma imprensa que, depois de dizer que a carne estava “envenenada” com ácido ascórbico (vitamina C) agora se emenda para dizer que é por ácido sórbico, outra besteira, porque é uma substância retirada de plantas e que serve para matar o agente do botulismo nas carnes.
Então, o domingo, o do amigo de Temer, o Faustão, termina com as hilárias “pegadinhas”, onde o estafermo que nos preside prova, com risco de sua própria vida, a sanidade da carne brasileira comendo carnes importadas.
Se tivessem elaborar um roteiro de comédia não conseguiriam fazer tão bom quando fizeram de improviso.
Brasil 247, 20/03/17
E Temer conseguiu desmoralizar o Brasil
Por Brasil 247
Desde o golpe parlamentar de 2016, o Brasil não tem um governo reconhecido como legítimo por grande parte da população brasileira. Agora, a crise da carne revela que o problema é ainda mais grave: o Brasil, simplesmente, não tem governo.
Nesta segunda-feira trágica, nada menos que a China, a Coreia, a União Europeia e até mesmo o vizinho Chile já anunciaram o embargo à carne brasileira.
Tudo isso em decorrência de uma operação pirotécnica da Polícia Federal, batizada de 'Carne Fraca', que lançou acusações falsas contra grandes empresas brasileiras. Algumas delas, primárias, como a venda de carne de frango misturada com papelão.
De verdadeiro, descobriu-se que frigoríficos pagavam propinas para liberar mercadorias. Isso porque os cargos do Ministério da Agricultura há décadas são loteados entre políticos do PMDB, de Michel Temer, e do PP, do ministro Blairo Maggi.
Suspeita-se até que o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, que chamava o líder da máfia dos fiscais de "grande chefe", esteja no esquema.
Até agora, Temer não tomou nenhuma providência concreta, a não ser convidar embaixadores para uma churrascaria de carne importada. Ele ainda não demitiu Osmar Serraglio – indicado por Eduardo Cunha para o cargo – nem convocou o diretor-geral da Polícia Federal para esclarecer o caso. Limitou-se a dizer que, "se Deus quiser", o problema será resolvido.
Enquanto isso, jornais, como o New York Times destacam que a propina dos fiscais ia para o partido de Temer, o PMDB. Desmoralizado, o Brasil perderá bilhões com a combinação entre a Operação Carne Fraca e a ausência de governo.
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