04/09/2012
TELECOMUNICAÇÕES: O TAMANHO DO BURACO
Segundo
O Estado de S. Paulo, as empresas de telefonia que operam no Brasil
tiveram uma expansão de sua receita em 8,3% ao ano, desde 2005, e só
reinvestiram 3% ao ano, no mesmo período. Mais grave ainda é a revelação de que,
desde a privatização do sistema Telebrás, em 1998, as empresas investiram 390
bilhões, contra uma receita calculada em quase dois trilhões de reais. Esse
número é obtido pela informação dos dois principais dirigentes da Oi e da Vivo,
de que foram investidos mais ou menos 20% da receita total. Se os investimentos
foram de 390 bilhões, basta multiplicar por cinco, para obter a receita total
destes 14 anos. É bom lembrar que boa parte dos investimentos foram bancados
pelo BNDES, a juros de mãe amorosa.
O Brasil
é o paraíso dos investidores estrangeiros, nesse sistema de colonialismo
dissimulado. Há poucos dias, outro jornal, O Globo, divulgava que as
montadoras de automóveis lucram 3 vezes mais em nosso país do que nos Estados
Unidos. A margem de lucro dessas empresas, no Brasil, é de 10%, enquanto nos
Estados Unidos não passa de 3%. E não só nos Estados Unidos os carros são muito
mais baratos. Há modelos que custam duas vezes mais no Brasil do que na França,
e 30% mais barato ali mesmo, na Argentina.
A defesa
do interesse nacional recomenda medidas mais fortes de parte do Estado. O
governo, no entanto, caminha lentamente. A restauração da Telebrás, iniciada
timidamente, timidamente se desenvolve. Há visível desinteresse do Ministro
Paulo Bernardo em dar à velha empresa nacional os instrumentos de sua
reorganização e funcionamento, para a universalização da banda larga no
país.
A
privatização das empresas estatais brasileiras foi decidida, como todos sabemos,
em Washington, com a articulação dos economistas neoliberais, no famoso
Consenso, que não ouviu os povos, nem examinou criteriosamente os efeitos da
globalização exacerbada da economia. Como se recorda, o objetivo, claro e
desaforado, da nova ordem que propunham era o de acabar com a democracia
política e sua substituição por um governo de gerentes a serviço do sistema
financeiro mundial. Nesse sentido, chegou-se a um Acordo Mundial de
Investimentos que, simplesmente, colocava o dinheiro sem pátria acima dos
estados nacionais. Muitas das cláusulas desse acordo foram cumpridas pelo
governo neoliberal de então. E só a reação da França e do Canadá impediu que o
tratado espúrio fosse assinado, oficialmente, pelos governos vassalos daquela
época, entre eles, o do Brasil.
Hoje, os
mais lúcidos economistas do mundo demonstram o erro cometido pelos países que
privatizaram suas grandes empresas. Entre eles, dois prêmios Nobel – Joseph
Stiglitz e Paul Krugman.
Se a
privatização fosse realmente uma vantagem, os Estados Unidos já teriam
privatizado a TVA – fundada por Roosevelt, em 1933 – e a Amtrak.
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