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Opera Mundi, 25/09/2012
Agência Efe
Dilma reafirma princípios da diplomacia lulista e defende multilateralismo
Vitor Sion | Redação
Agência Efe
Para a presidente, a revolta dos muçulmanos está ligada ao ressentimento com políticas coloniais e neocoloniais
Desde que Dilma Rousseff assumiu a Presidência, em janeiro de 2011, os holofotes da opinião pública mundial passaram a brilhar com menor intensidade para o Brasil. Mais discreta que o antecessor Luiz Inácio Lula da Silva, a primeira mulher a governar o país não tem feito tantos discursos sobre política externa. Tal fato dificulta a formulação da resposta para a seguinte pergunta: a diplomacia de Dilma difere ou é uma continuidade da de Lula?
No discurso de abertura da Assembleia-Geral da ONU deste ano, nesta terça-feira (25/09), Dilma abordou temas recorrentes nas declarações de Lula, quando este ainda era presidente. Críticas à forma como a União Europeia tem conduzido a crise econômica, argumentação em favor de uma reforma “urgente” do Conselho de Segurança da ONU, elogios às políticas de Mercosul e Unasul, defesa da criação do estado Palestino...
Algumas palavras pronunciadas hoje pela representante brasileira poderiam inclusive ser confundidas com as ditas por Lula. “Não haverá resposta eficaz à crise enquanto não se intensificarem os esforços de coordenação entre os países e os organismos multilaterais como o G-20, o FMI e o Banco Mundial”, afirmou Dilma.
Ainda em 2003, em sua primeira participação como presidente na ONU, foi a vez de Lula dizer: “Percebo nos meus interlocutores forte preocupação com a defesa e o fortalecimento do multilateralismo. (...) As tragédias do Iraque e do Oriente Médio só encontrarão solução num quadro multilateral. (...) Pode-se talvez vencer uma guerra isoladamente. Mas não se pode construir a paz duradoura sem o concurso de todos.”
A defesa do multilateralismo, assim, aparece como linha central da diplomacia dos dois governos. Mais do que representar uma continuidade em relação a Lula, porém, Dilma também reafirmou dois princípios vigentes na política externa brasileira em toda a segunda metade do século XX: o desenvolvimento nacional e a não-intervenção em outros territórios.
Princípios históricos
Como antídoto à crise econômica mundial, a presidente recomendou incentivos ao crescimento e citou por diversas vezes os investimentos brasileiros em infra-estrutura, colocando em destaque a questão do desenvolvimento nacional.
Sobre a Síria, Dilma defendeu o diálogo por meio do mediador internacional da ONU para o país, o argelino Lakhdar Brahimi. A negociação já é vista com ressalvas por boa parte dos membros do Conselho de Segurança e a intervenção militar só não foi aprovada por insistência de China e Rússia.
“A Síria produz um drama humanitário de grandes proporções no seu território e em seus vizinhos. (...) Não há solução militar para a crise síria. A diplomacia e o diálogo são não só a melhor, mas, creio, a única opção.”
As cutucadas nos países considerados mais poderosos do mundo não pararam por aí. A revolta dos últimos dias contra o filme “A Inocência dos Muçulmanos” foi definida como uma “marca do ressentimento histórico com as políticas coloniais e neocoloniais”.
Por fim, há que se destacar também a posição de Dilma sobre a crise política paraguaia. Mesmo sem citar diretamente o golpe que tirou o presidente Fernando Lugo do poder, em junho passado, a mandatária mostrou a que veio.
“Nossa região é um bom exemplo para o mundo. O Estado de Direito que conquistamos com a superação dos regimes autoritários que marcaram o nosso continente está sendo preservado e fortalecido. Para nós, a democracia não é um patrimônio imune a assaltos, temos sido firmes, - Mercosul e Unasul - quando necessário, para evitar retrocessos, porque consideramos integração e democracia princípios inseparáveis.”
Dilma Rousseff, assim, optou por seguir, ao menos em parte, o caminho deixado por Lula. A análise da coincidência entre as políticas externas, no entanto, só poderá ser concluída ao final do mandato de Dilma. Até pela escassez de discursos da atual presidente sobre diplomacia, sua segunda participação na abertura da Assembleia-Geral da ONU serviu para mostrar que o Brasil continuará sugerindo alternativas para os principais problemas da geopolítica mundial, como tem ocorrido desde 2003. Resta saber se seremos ouvidos.
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