A desordem financeira global e a ameaça da fome
Redação
No início da segunda década do século XXI, o mundo parece estar numa encruzilhada. A confluência de diferentes crises nas esferas econômica, energética, ambiental, política e social começa a configurar um daqueles períodos históricos repletos de tensões, contradições e possibilidades. Os acontecimentos parecem adquirir maior velocidade e muitas vezes nos pegam de surpresa. Quem diria, há um ano, que neste início de 2011 estaríamos assistindo a revoltas populares em importantes países do Oriente Médio e do norte da África? Os acontecimentos na Tunísia, Egito e Líbia, apenas para citar três casos, mostram que a história não só não terminou como parece ter se acelerado nos últimos anos. E não se trata apenas de um aumento de velocidade, mas, sobretudo, de uma articulação cada vez maior entre tais eventos e processos.
Nos últimos anos, a Carta Maior vem procurando registrar e analisar esses momentos, por meio da produção de dossiês especiais temáticos. Iniciamos 2011 com um especial sobre as revoltas árabes e, agora, estamos lançando um novo sobre a Desordem Financeira Mundial e a ameaça da Fome. Os efeitos da crise financeira e econômica de 2008 afetaram profundamente a economia global, em especial a do país mais rico e poderoso do mundo, os Estados Unidos. Na Europa, assistimos a uma sucessão de crises em países como Grécia, Irlanda, Espanha e Portugal, que estão sendo submetidos agora a receitas de austeridade propostas pelo Fundo Monetário Internacional, de triste memória para os países latino-americanos.
Um elemento agravante começou a aparecer no horizonte no segundo semestre de 2010: a tendência de alta nos preços dos alimentos. Segundo a ONU, 75 milhões de pessoas se tornaram mal nutridas em função desse aumento de preços. Os preços da comida subiram até 10% no último ano no Reino Unido e na Europa. Ainda segundo as Nações Unidas, esses preços poderão subir 40% na próxima década. Nos últimos anos, diversos economistas e autoridades têm alertado que os mesmos bancos, fundos de investimento e especuladores que causaram a crise das hipotecas sub prime são os responsáveis pela inflação no preço dos alimentos. Ao se aproveitar da desregulamentação dos preços dos mercados das commodities globais, estariam lucrando bilhões e causando fome ao redor do mundo.
Além de tratar desses temas, o novo especial também analisará os rumos da política econômica brasileira neste cenário de desordem financeira global e possibilidade de uma nova crise alimentar no mundo. Afinal de contas, como o Brasil está respondendo a esses fenômenos no terreno na economia? Estamos no rumo certo? Quais são os desafios e possíveis ameaças que estão diante da nossa economia? Essas são algumas das questões que trataremos neste especial com a colaboração de articulistas convidados e professores de Economia do Brasil e de outros países.
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