São Paulo, sexta-feira, 11 de março de 2011
China deve superar PIB dos EUA até 2020
PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO
Os Estados Unidos vão perder seu posto de líderes da economia mundial bem antes do que se esperava, caso estejam certos os mais recentes relatórios dos grandes bancos globais.
No relatório original sobre os Brics, de 2003, o Goldman Sachs projetava que a China iria ultrapassar os EUA até 2041. Em 2009, o Goldman reviu suas projeções e passou a acreditar que o PIB chinês será maior que o americano já em 2027.
O Citigroup, em seu relatório "3 G - Geradores Globais de Crescimento", divulgado no fim de fevereiro, é ainda mais ambicioso: a projeção é que a China supere os EUA antes de 2020. E mais: até 2050, a Índia terá ultrapassado a China e se tornará a maior economia mundial, com os EUA em terceiro.
A economista Karen Ward, autora de o "O Mundo em 2050", o oráculo do HSBC divulgado em janeiro deste ano, é bem mais conservadora. Para ela, a China só supera os EUA em 2045.
Afora distinções metodológicas - o HSBC usa valores em dólares nominais, o Citi usa paridade de poder de compra -, a diferença entre as previsões se deve ao otimismo de alguns sobre a trajetória do crescimento chinês daqui para a frente.
EMERGENTES
Para Willem Buiter, economista-chefe do Citi e um dos autores do relatório, a China é um dos chamados "Geradores Globais de Crescimento", ao lado de Bangladesh, Egito, Índia, Indonésia, Iraque, Mongólia, Nigéria, Filipinas, Sri Lanka e Vietnã.
Esses países saem de bases baixas de renda per capita e são destinos atraentes para investimentos devido a seu perfil demográfico favorável -muitas pessoas em idade produtiva-, taxa de investimento, nível educacional, qualidade das instituições e abertura comercial.
"Apesar das recentes altas taxas de crescimento, a China e a Índia ainda têm décadas ou gerações de "atraso para tirar'", diz Buiter.
A revista "Economist" desta semana dá capa ao chamado "Capitalismo de bambu", destacando como os novos empreendedores chineses, e não só a intervenção do Estado, alimentam o incrível crescimento do país.
Já a projeção do HSBC é mais cuidadosa em relação ao avanço chinês. A China também ultrapassa os EUA, mas demora mais. E, em 2050, para Karen, os EUA ainda serão duas vezes e meia maiores do que a Índia.
Para o HSBC, tem mais peso a política de filho único da China, que está levando a um envelhecimento da população. Enquanto a Índia vai ter crescimento de 40% na população em idade produtiva até 2050, a China terá queda de 10%. Até 2050, a população com mais de 60 anos na China vai passar de 12% do total para 31%. "Nossas estimativas são mais conservadoras, achamos que vai levar um pouco mais de tempo para os mercados emergentes alcançarem os países desenvolvidos", diz Karen.
PERDEDORES
Os grandes perdedores, nos dois estudos, são as ditas economias ricas do Ocidente. Um a um, Itália, Espanha, França, vão sair das primeiras colocações no ranking. A participação do ocidente industrializado no PIB mundial vai despencar dos atuais 41% para 18% em 2050.
"Os EUA vão se segurar bem, porque têm a seu favor a demografia", diz Karen. A taxa de natalidade dos EUA é de 2,1 filhos por casal, suficientemente alta para evitar o colapso em fertilidade que atinge a Europa e a Ásia. "Na UE, o envelhecimento da população gera estagnação."
Para o Citi, em 2050 a Indonésia terá um PIB equivalente às economias da Alemanha, da França, da Itália e do Reino Unido combinadas. Juntas, as economias da China e da Índia serão quatro vezes maiores que os EUA.
Mas nem todos os emergentes serão histórias de sucesso. A Rússia terá crescimento decepcionante por causa de perfil demográfico ruim e governança precária. A Argentina sofrerá com instituições fracas e políticas protecionistas e populistas.
- Sábado, 12 de Fevereiro de 2011
Por Redação, com agências internacionais - de Washington
O déficit comercial dos Estados Unidos aumentou em dezembro para o maior nível em quatro meses, segundo dados do governo divulgados nesta sexta-feira. No ano, o déficit subiu quase 33%, à medida que as importações da China atingiram nível recorde. O saldo negativo da balança comercial em dezembro cresceu quase 6%, para US$ 40,58 bilhões, levemente acima da mediana das previsões de economistas.
As importações de bens e serviços como um todo atingiram o maior nível desde outubro de 2008 no último mês do ano, enquanto as exportações foram as maiores desde julho de 2008. As exportações de produtos norte-americanos para a China atingiram o valor recorde de US$ 10,1 bilhões em dezembro, acumulando US$ 91,9 bilhões no ano, valor também recorde.
Mas o fluxo forte de vendas no final do ano foi ofuscado por um volume recorde de importações vindas da China, que totalizaram US$ 364,9 bilhões em 2010 como um todo. Os números levaram o déficit comercial dos EUA com a China no ano para o recorde de US$ 273,1 bilhões. A alta dos preços de petróleo também ajudou a ampliar o déficit dos EUA em 2010. O preço médio de petróleo importado subiu para US$ 74,66 o barril, ante US$ 56,93 em 2009.
A importação de bens de consumo, alimentos, ração e bebidas também bateu recordes no ano passado. No geral, as importações de bens e serviços cresceram 19,7% em 2010, para US$ 2,33 trilhões. As exportações dos EUA aumentaram 16,6%, para US$ 1,83 trilhão. Se o ritmo de alta foi mantido, ele permitirá que o país atinja a meta do presidente Barack Obama de dobrar as exportações até 2013.
As exportações de serviços, fornecimentos industriais, bens de consumo e petróleo também alcançaram níveis recordes. O forte desempenho em serviços levou o superávit do setor para o recorde de US$ 148,7 bilhões em 2010
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