A Rua da Consolação ficou desconsolada
Texto e fotos: Matheus José Maria / Vídeo: Camila Pastorelli
Quero contar uma pequena e triste história ilustrada por essas fotos.
Descendo a rua da Consolação (São Paulo), enquanto seguíamos uma parte do ato realizado no dia 15 de março em São Paulo, nos deparamos com essa ocupação que exibia na sacada uma faixa que, como vocês podem ver, faz apoio aos professores e não menciona nada a respeito do PT, Dilma, Petrobrás ou qualquer outro tema que estivesse sendo alvo dos protestos de domingo.
Isso bastou para que vários manifestantes começassem a chamar essas pessoas de “vagabundos, petistas, miseráveis, bandidos, pobres, filhos do bolsa miséria, filhos da puta” e outras ofensas.
Em frente a casa — fechada com uma corrente — eu e outros dois amigos também fotojornalistas (Gabriel Chaim e Wesley Passos) além de dois rapazes que estavam por ali, nos posicionamos em frente a porta, impedindo que algumas pessoas mais exaltadas tentassem invadir o prédio.
Durante a sequência de gritos e ofensas, um membro de um grupo skin head socou a porta de aço e, quando foi contido por algumas pessoas da manifestação, virou para os fotógrafos presentes e os desafiou a fotografá-lo.
Uma senhora mais exaltada exibiu o seio enquanto gritava que os moradores “mamavam na teta do governo e se eles não queriam mamar na teta dela”. Vale destacar que haviam crianças tanto entre os manifestantes quanto na casa ocupada.
Agora eu pergunto: O que nessa bandeira faz alusão ao PT ou Dilma de modo que — não que isso justifique, mas talvez explique — desse o direito aos manifestantes de ofender essas pessoas dessa forma? É esse o estado democrático que eles pretendem instaurar no Brasil para que ele seja “salvo”?
Alguma coisa está muito errada e não é com o Brasil. É com os brasileiros.
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